"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quinta-feira, outubro 04, 2012

O majestoso Mundo da Imagem Verdadeira

Masaharu Taniguchi


Se interpretarmos o "vazio" como "nada", então deveremos dizer que a Imagem Verdadeira (Jissô) não é vazia. O que é vazio é o fenômeno. O mundo da Imagem Verdadeira é um mundo infinitamente majestoso e belo. O budismo anterior à Sutra do Lótus diz que "tudo é vazio". Na sutra Buddhabhadra existe um trecho que diz: "Não há diferença entre a mente, Buda e as criaturas, sendo todos eles vazios. A mente, quando desperta, torna-se Buda; e este, quando cai em ilusão, torna-se criatura. Buda também é vazio; é como se nada existisse". Se assim fosse, de nada adiantaria o homem alcançar o despertar e retornar à Imagem Verdadeira, pois isso seria o mesmo que se tornar vazio, aéreo. Seria preferível suicidar-se de uma vez. Não seria necessário praticar nem o zen nem qualquer forma de concetração mental. Não haveria razão de viver. Essa interpretação errônea dos ensinamentos de Sakyamuni é a causa da decadência do budismo.

Entretanto, a Sutra do Lótus não fala de tal mundo vago, vazio, aéreo. O mundo da Imagem Verdadeira descrito nessa sutra é um mundo de suma beleza, e não um mundo homogêneo e monótono. É um lugar onde existem belos jardins, bosques, templos ornados de pedras e metais preciosos, árvores carregadas de flores e frutos. Enfim, é um lugar onde todas as pessoas vivem alegres e felizes. Assim é o mundo da Imagem Verdadeira. As palavras não são sufucientes para descrever toda a sua beleza. Podemos fazê-lo apenas metaforicamente. Entretanto, o maravilhoso mundo da Imagem Verdadeira, visto através da "lente" dos sentidos, apresenta-se como este mundo terreno onde se emaranham o belo e o feio, o amor e o ódio, etc., devido ao fato dessa "lente" estar embaçada por ilusões da mente humana. Neste mundo há pessoas sadias e bonitas, mas também há pessoas enfermas, de aspecto deplorável. Porém, na essência, todas as pessoas são perfeitas, pois o Eu verdadeiro de todo ser humano é infinitamente vigoroso e belo.

Na verdade, todos nós somos seres sublimes, repletos de vigor e beleza, e estamos vivendo aqui e agora, no maravilhoso mundo da Imagem Verdadeira. Muitos pensam que o homem "passa" para esse mundo maravilhoso somente após a morte do corpo carnal, mas estão equivocados. Mesmo quando aparentemente estamos sendo assolados por uma calamidade, ou estendidos num leito miserável e consumidos pelos sofrimentos da doença, na verdade vivemos saudáveis, felizes e tranquilos no maravilhoso mundo da Imagem Verdadeira. Qualquer que seja nossa situação no aspecto fenomênico, na verdade vivemos, aqui e agora, no perfeito mundo da Imagem Verdadeira.

Porém, o mundo que captamos através de nossos sentidos é um mundo limitado, de apenas três dimensões: comprimento, largura e altura. Em outras plavras, nossos sentidos só conseguem captar o mundo tridimensional, não sendo capazes de alcançar o mundo que se expande infinitamente além dessas três dimensões. Mesmo assim, se ao menos captássemos o aspecto tridimensional sem distorcer a forma original, não veríamos tantas imperfeições neste mundo. Porém, lamentavelmente, vemos o aspecto tridimensional através de nossa "lente mental" cheia de falhas e irregularidades, e por isso temos a visão distorcida do mundo ao nosso redor. Assim, o que é reto parece torto, a vista imperfeita parece imperfeita, etc. Eliminando as falhas (ilusão) da "lente mental", as imperfeições aparentes deixam de existir. Por exemplo, o míope deixa de ser míope, o doente deixa de ser doente, e assim por diante. Contudo, mesmo que a pessoa fique curada da miopia ou de qualquer doença e passe a ter saúde perfeita, não estará manifestada ainda a sua verdadeira imagem enquanto ela continuar sendo um ser humano do mundo fenomênico visível aos olhos carnais. Toda pessoa é, por assim dizer, apenas uma imagem tridimensional do "homem da Imagem Verdadeira", o qual é infinitamente belo e majestoso, não havendo palavras para descrevê-lo. Por ser apenas uma imagem tridimensional, o homem fenomênico não apresenta a sublime beleza do homem de infinitas dimensões. Mas, quando essa imagem tridimensional é produzida sem distorções, manifesta-se como uma pessoa sadia. Também no tocante à vida familiar, há muitos casos de adeptos que afirmam que seus respectivos lares se tornaram um lugar tão maravilhoso quanto o paraíso, desde que passaram a praticar os ensinamentos da Seicho-No-Ie. Pois eu afirmo que, mesmo o mais paradisíaco dos lares, ainda está longe de ser um verdadeiro paraíso. O paraíso do mundo fenomênico não se compara ao verdadeiro paraíso do mundo da Imagem Verdadeira. Vendo o aspecto fenomênico, não pensemos que isso é tudo. Devemos apreender a Imagem Verdadeira - a Essência divina, harmoniosa e perfeita que existe por trás do aspecto fenomênico - e contemplá-la com profundo sentimento de reverência. Conta-se que o grande sacerdote Rennyo costumava dizer que "mesmo uma simples folha de papel pertence a Buda" e aconselhava usá-la com sentimento de reverência. É importante que tenhamos essa atitude mental.

Nos volumes 2 e 8 desta coleção A Verdade da Vida, nos trechos em que é abordada a teoria econômica da Seicho-No-Ie, consta a afirmação de que "a matéria é provisão ilimitada de Deus; portanto, ela aumenta quanto mais a usamos". Talvez algumas pessoas, interpretando erroneamente essa afirmação, pensem: "Se é assim, posso usar e abusar de tudo. Por exemplo, se cometer um erro ao escrever algo, posso inutilizar a folha e jogá-la no cesto de lixo, mesmo que o papel esteja praticamente em branco. Desse modo, gastarei muitas folhas de papel e isso será bom, pois estarei contribuindo para tornar a economia mais ativa". Isso é um equívoco.

Mesmo em uma simples folha de papel, devemos contemplar e reverenciar a Vida de Deus, a Luz (sabedoria) infinita de Deus e o Amor infinito de Deus que atuam sobre ela. Devemos, pois, usar com sentimento de reverência mesmo uma simples folha de papel. No japão, era comum, até há pouco tempo, a idéia de que valorizar algo é deixá-lo bem guardado, em vez de usá-lo. Assim, muitos pensavam "Este doce é bom demais, tenho pena de comê-lo", "Esta roupa é boa demais, tenho pena de usá-la", etc., e preferiam deixar bem guardados os artigos considerados finos. Tal procedimento não é correto. Todas as coisas são manifestações da Vida de Deus, e é claro que a Vida de Deus não é algo que se gasta quando utilizada. Portanto, se temos algo valioso, devemos usá-lo, permitindo que a Vida de Deus nele manifestada atue plenamente. Assim, esse algo valioso "aumenta quanto mais o utilizamos", isto é, quanto mais o utilizamos, mais evidencia o seu valor. Mas é errado inutilizar as coisas e jogá-las fora, contando com a provisão ilimitada de Deus. Como já disse, em todas as coisas está manifestada a Vida de Deus; portanto, quanto mais usarmos as coisas segundo suas respectivas finalidades, mais nitidamente se manifesta nelas a Vida de Deus. Isso é provisão ilimitada, e é o significado da afirmação: "As coisas aumentam quanto mais as usamos".

A afirmação "a matéria não existe" não significa que a matéria é o mesmo que "nada"; significa que as coisas não são simples matéria, mas sim manifestações da Vida de Deus, da força vivificadora de Deus. Significa que, por trás do aspecto material, existe a Imagem Verdadeira. A interpretação errônea da afirmação "A matéria não existe" acarreta graver erros.

A Vida é vibrante e ativa. E viver é manifestar, aqui e agora, a vibrante e ativa força da Vida. Conforme afirmei anteriormente, uma vez que tenhamos compreendido que somos filhos de Deus, devemos passar a manifestar ativamente, aqui e agora, a Vida de Deus que atua em nós. Também nas coisas do mundo a nosso redor atua a Vida de Deus. Tomemos como exemplo uma folha de papel. Aparentemente é mera matéria, mas nela atua a Vida de Deus. Vivificar essa folha de papel é fazer com que ela manifeste plenamente a Vida de Deus que nela atua. Isso é usá-la corretamente; e quanto mais a usarmos, mais ela aumentará, ou seja, mais se valorizará. Como se pode perceber, mesmo uma simples folha de papel, se a usarmos de modo que atinja plenamente a finalidade para a qual foi criada, manifestará plenamente a Vida de Deus que nela atua; e então se concretizará a provisão ilimitada.

Logo depois que foi fundada a Sociedade para a Difusão do Pensamento Iluminador, hoje Fundação Seikai Seiten Fukyu Kyokai, necessitande de várias pessoas para completar nosso quadro de funcionários, publicamos um anúncio oferecendo diversas vagas. Atendendo ao anúncio, apresentaram-se muitos candidatos. Formamos um cadastro com fotografias e curriculum vitae de todos eles, a fim de selecionar e chamar as pessoas adequadas, à medida que os serviços aumentassem. Atualmente (década de 60, época em que o autor escreveu este livro), temos mais de cem funcionários. Recentemente, uma dos candidatos que ainda não foram chamados procurou-nos e disse: "Desde que me tornei adepto da Seicho-No-Ie, passei a ter plena confiança em mim e acreditar que tudo que eu desejar se concretizará infalivelmente. Assim, candidatei-me para trabalhar na Sociedade para a Difusão do Pensamento Iluminador e, como estava certo de que seria admitido, fiquei esperando a chamada sem exercer nenhum trabalho, chegando a recusar algumas ofertas de emprego. Mas o tempo foi passando, e acabei ficando sem um tostão. Por isso vim pedir-lhes que me empreguem imediatamente". Por que esse pessoa ficou sem trabalhar apesar de ter tido outras ofertas de empregos? Como já afirmei antes, uma vez que tenhamos compreendido que somos filhos de Deus, devemos passar a manifestar ativamente, aqui e agora, a Vida de Deus que atua em nós. Mesmo uma simples folha de papel vivifica a si mesma quando desempenha plenamente sua função. Que dizer, então, do ser humano?

Lamentavelmente, a pessoa acima citada, em ver de viver plenamente o agora, ficou sem trabalhar, pensando: "Com certeza, meu desejo de conseguir esse emprego será concretizado. Quando isso acontecer, me dedicarei ao trabalho. Até lá, ficarei em disponibilidade". No funcionalismo público e no Exército, é possível ficar "em disponibilidade"; mas na "Empresa da Grande Vida Universal" não há tal situação. Já que nascemos como manifestação da Vida, estamos sempre em "serviço ativo". Não há ninguém que possa permenecer inativo. No entanto, algumas pessoas resolvem se colocar "em disponibilidade" por conta própria e, como decorrência disso, começam a empobrecer ou ter problemas de saúde. "Colocar-se em disponibilidade" é deixar que a Vida fique inativa. Deixando a Vida inativa, é natural que ocorram dificuldades econômicas e problemas de saúde. Precisamos ter a consciência de que pertencemos à "Empresa da Grande Vida Universal" e que estamos permanentemente em "serviço ativo". Tendo essa consciência, não podemos deixar de trabalhar ativamente, aqui e agora, qualquer que seja a circunstância. E isso é essencial.

No atual quadro de funcionários da Sociedade para Difusão do Pensamento Iluminador, há pessoas que, muito antes de sua admissão, já vinham trabalhando voluntariamente, ajudandono empacotamento e expedição dos livros e revistas, e divulgando os ensinamentos em diversos círculos. Tais pessoas, embora viessem a ser admitidas como funcionários muito mais tarde, já estavam trabalhando ativamente como funcionários efetivos da "Empresa da Grande Vida Universal" no plano da Imagem Verdadeira. Muito diferente destas são as pessoas que, tendo permanecido inativas e ficado sem recursos, vêm implorar emprego, dizendo: "Mentalizando que haveria de ser admitido infalivelmente, fiquei esperando a chamada sem procurar outro emprego, e acabei ficando sem um tostão. Aguardei pacientemente durante todo este tempo, acreditando que, tendo fé na Seicho-No-Ie, teria a provisão ilimitada. Levem isso em consideração e me contratem o mais rápido possível". Essas pessoas não têm a real compreensão do que seja a provisão ilimitada.

É essencial empenharmo-nos sempre em manifestar plenamente a nossa Vida e em vivificar todas as coisas. Precisamos ser pessoas capazes de trabalhar ativamente na "Empresa da Grande Vida Universal", mesmo quando não estivermos empregados numa empresa humana. Quem não é capaz disso não estará apto a trabalhar verdadeiramente quando for efetivamente admitido numa empresa.


(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 28"; pgs. 17 à 24)

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente texto, me ajudou muito para entender melhor como devemos reverenciar a nossa Imagem Verdadeira...