Divinos Amigos,
Permitam-me compartilhar uma Percepção. Ela será útil em qualquer estudo sobre Deus, em toda prática de meditação e no próprio ato de viver a vida cotidiana, ou seja, será útil em como viver.
O mundo fenomênico, o mundo percebido pelos cinco sentidos, é uma Representação Divina! Por ser uma Representação Divina é bastante/extremamente realística para quem estamos sendo... ou seja, é bastante realística para o personagem que estamos representando.
Contudo, não somos o personagem, somos o Ator Divino subjacente ao nosso personagem...
Cabe enfatizar que não somos “quem estamos sendo”, não somos o personagem que estamos representando, somos Quem realmente Somos; somo o Ser Real subjacente ao “personagem”.
A Percepção aqui compartilhada é que não é possível perceber a nossa real identidade a partir dos cinco sentidos. Isto é assim porque os cinco sentidos estão no domínio da Representação. É por este motivo que a prática da Meditação Shinsokan começa com: “Neste momento deixo o mundo dos cinco sentidos e entro no mundo da Imagem Verdadeira.” É também por este motivo que Jesus iniciou seu Ministério com a Percepção compartilhada pelo profeta Isaías, lendo na Sinagoga a passagem das Escrituras Sagradas onde está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim e me ungiu para evangelizar os pobres, regatar a visão aos cegos, dar liberdade aos contritos, libertar os cativos e anunciar o Ano do Senhor.” Tudo isso parte da Percepção dAquele que realmente faz, a saber, o Espírito do Senhor, que é Quem está acima [está sobre mim], que é Quem dá sustentação e fundamento a toda ação, que é Quem unge. A unção vem do Alto, vem dAquele que está acima, que está no Céu, na Realidade, não vem da Representação.
Notem que o Ator subjacente ao personagem é Aquele a Quem o personagem busca! Aquele a Quem o personagem busca não está fora do próprio personagem, não está além, mas não está no mundo!
Este Ator subjacente a quem estamos sendo é chamado na linguagem cristã de Espírito Santo.
Assim, a Percepção aqui compartilhada parte deste Ator Divino subjacente ao personagem e tem como objetivo sintonizá-Lo no personagem! Alguns poderiam questionar: Isto é possível? Pode o irreal (o personagem) sintonizar o real (o Ator)? A resposta está na elucidação dada por Jesus a Simão, a quem Jesus disse: “Isto Quem te revelou não foi carne e sangue, mas meu Pai, que está no Céu.”
Notem! Simão era um personagem comum que teve uma Percepção vinda do Ator subjacente! Mas Simão não percebeu que isto estava acontecendo. Por isso Jesus enfatizou esse fato, de que esta Percepção não era da “mente” do “personagem” Simão”, mas sim, do próprio Ator! E Jesus enfatizou que este Ator Divino, ou seja, que o Ser Real, está no Céu, está na Realidade e não na “Representação”.
Eis o ponto central, o objetivo da religião, o objetivo do “religare”! Por isso, diante desse fato, diante da Percepção de Pedro, Jesus enfatizou este detalhe a ser notado! Essa é a ponte que une as “margens do rio”, na linguagem budista, na qual de um lado do rio estão os que buscam a iluminação e do outro estão os iluminados! Esta separação aparente entre margens do rio, entre iluminados e não iluminados existe apenas na Representação; Não é real!
Essa possibilidade de o personagem ter a própria Percepção do Ator é que deve ser focalizada!
Quando a mente do personagem pensa imediatamente entra na dimensão da Representação. Por isso o ato de pensar é, em quase cem por cento das vezes, um obstáculo à Percepção. E é assim porque o simples ato de pensar aciona o personagem; por assim dizer, o ato de pensar faz o “download” do personagem.
O “cogito ergo sum” não deveria ser um penso, logo existo, mas sim um penso, logo, desisto...
A menos que o personagem esteja sintonizado nos “pensamentos de Deus” seus pensamentos o levarão a entrar na Representação, cujo cartaz é sempre o mesmo “filme”: A expulsão de Adão do Paraíso...
Há duas versões para a criação do homem: Aquele feito à Imagem e Semelhança de Deus e aquele feito do barro da Terra... Terra é Representação! O homem feito do “barro da Terra”, ou seja, feito da “essência da Representação”, é pó! E, como pó, ao pó retorna...
O Homem feito à Imagem e Semelhança de Deus é feito da essência da Realidade, ou seja, é Realidade; É, na linguagem bíblica, “obra permanente de Deus”, e jamais deixa a Realidade! Jamais deixa o Céu, que é a Realidade! Ainda que esteja aparecendo como um personagem na Representação este Homem feito à Imagem e Semelhança de Deus sabe que aquilo que subjaz à Representação é a própria Realidade. Ele sabe que a Representação não tem existência real. É uma Representação. Na Representação existe (aparentemente e realisticamente) evolução. Na Representação existe matéria. Na Representação existe tempo e espaço. Na Representação existe mundo físico e mundo espiritual; ou seja, na Representação existe mundo dos espíritos encarnados (mundo dos vivos) e mundo dos espíritos desencarnados (mundo dos mortos). Na Representação existe ainda uma multifacetada gama de seres, seres deste planeta e seres de outros planetas; seres desta dimensão e seres de outras dimensões; seres celestiais e muitos outros seres...
Mas, subjacente à Representação há a Realidade! E a Percepção da Realidade permeia a tudo!
A Percepção da Realidade é chamada de Consciência Divina ou Mente de Cristo, na linguagem cristã, e aparece na Representação como sendo a presença e revelação de seres iluminados... Notem bem! O único Real iluminado é o Ator subjacente a qualquer personagem e ao cenário! Apenas a partir do Real o que é Real pode ser percebido! E o Real, subjacente ao personagem, é o Ator! Por isso não é possível partir da “mente do personagem” [da mente em ilusão] para perceber o Ator!
Assim, divinos Amigos, sempre que estiverem diante de um ensinamento espiritual, sempre que estiverem diante do ensinamento de um Mestre, sintonizem a Percepção deste Mestre em vocês! Sintonizar a Percepção do Mestre em nós não significa concordar com o Mestre... Isto é assim porque nesta Percepção não há um eu separado (eu do personagem) para concordar com o Eu do Mestre! É o próprio Eu do Mestre, a própria Percepção do Mestre, que Se Percebe! Isto acontece quando as certezas mentais, quando os “pensamentos da mente do personagem”, não estão em foco, mas sim os “pensamentos do Ator”! Isto é estar sintonizado no Mestre.
Masaharu Taniguchi expressa esta sintonia afirmando que Deus Se "aloja em nós". Esta afirmação é uma Revelação!
Na linguagem cristã sintonizar o Mestre em nós significa sintonizar o Espírito Santo em nós e viver por Ele, ou seja, viver segundo Seus pensamentos, que são os "pensamentos elevados", que são as “Percepções”!
Gratidão Àquele que aparece como cada UM de nós e nos dá a possibilidade de compartilharmos a Sua Percepção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário