DEUS, A SUBSTÂNCIA DE TODA A FORMA
(Joel S. Goldsmith)
Capítulo 2
CONSTRUINDO A NOVA CONSCIÊNCIA
CONSTRUINDO A NOVA CONSCIÊNCIA
Muitos dos aspirantes ao caminho espiritual passam a experimentar um desenvolvimento interior ou a receber revelações quando começam a compreender o que vem a ser a meditação. Meditação é o método disponível para a construção de uma nova consciência, uma consciência da verdade. Meditação é a nossa forma de prece. Antes, contudo, precisamos entender que a prece não é algo que dizemos a Deus, mas aquilo que Deus nos diz. Os ruídos do mundo têm-nos impedido de ouvir aquela pequena voz suave e receber os benefícios da Presença, assim precisamos aprender a nos tornar silenciosos e receptivos.
APRENDENDO A MEDITAR
O objetivo da meditação é obter a conscientização da presença de Deus – uma conscientização de nossa unidade com Deus que nos dê uma visão real da verdade do ser. Embora a meditação bem sucedida requeira silêncio e receptividade, nunca devemos tentar aquietar a mente humana, paralisar os pensamentos ou deixa-los em branco. Isto não pode ser feito. Se no início da meditação surgirem pensamentos desordenados, devemos deixar que eles venham; não nos perturbaremos por eles. Tais pensamentos são do mundo e não nossos pensamentos. Tomemos a atitude de ficar sentados observando-os. É preciso que os vejamos impessoalmente. Logo eles não poderão mais perturbar-nos e poderemos nos sentar e ficar em paz.
Há muitas escolas ensinando métodos adequados de meditação, contando com algum processo delineado para os principiantes. Se for lembrado que durante a meditação toda a nossa atenção estará focalizada em Deus e nas coisas de Deus, é fácil perceber que se o corpo estiver numa posição confortável, aquela atenção não se desviará inconscientemente para ele. Não nos esqueçamos, porém, de que a postura assumida ou o método empregado não é o importante. Qualquer processo adotado visa somente facilitar-nos reter a atenção em Deus e tornar receptivos ao infinito poder de nossa própria consciência. Sejamos pacientes na meditação, procurando superar qualquer senso de inquietação.
Nenhuma verdade que já não conheçamos nos será dada do exterior, mas a luz que incide sobre aquela verdade no interior de nossa Alma torna-a aplicável em nossa experiência. A verdade que parece vir do exterior é um raio da verdade, mas este raio imbuído da própria consciência torna a nós mesmos e a todos os que vêm à sua faixa de ação a “luz do mundo”. “E eu, quando for levantado às alturas, atrairei todos a mim.” (João 12: 38). A meditação, sendo uma consciência da presença de Deus, poderá erguê-lo ao lugar de apreensão da palavra da Verdade em seu sentido interior. Não se torne impaciente quanto ao seu progresso. Você está a aprender um novo modo de viver e está a desenvolver uma consciência inteiramente nova da existência.
UMA CONSCIENTE EXPERIÊNCIA
A meditação é uma experiência consciente. Aqueles que têm dificuldades em meditar e chegam às vezes a dormir não estão fazendo dela uma experiência consciente. Não tente paralisar o processo de pensar durante a meditação. Nada há de errado com o pensamento. Na verdade, até pode ser útil dar início à meditação com alguma pergunta ou ideia específica sobre a qual você deseja alguma luz, e assim, não haverá possibilidade de dormir. Pode ser que sua meditação tenha por objetivo receber orientação para aquele dia. Nesse caso, aquela questão seria levada à meditação e por ser pronunciada ou pensada, iria deixa-lo consciente do fato de estar meditando para receber orientação. Você não irá conseguir dormir mantendo a mente aberta e a espera de instrução.
Do mesmo modo, se antes da meditação sua mente voltar-se para os seus negócios, ou os negócios de seu marido, você não dormirá. Você estará meditando com a ideia de receber uma revelação de Deus, uma revelação da Sabedoria interior alojada em seu ser. Aquela Sabedoria poderá dar a você ou ao seu marido, pai ou filho, um envolvente sentido de proteção.
Você não poderá sentir sonolência enquanto medita, se compreender que a meditação é uma atividade consciente de sua mente e Alma. Não pode ser um sentar de forma indolente que diz: “Muito bem, Deus, siga em frente”. E é o que fazem muitos dos metafísicos que se dizem tentados a dormir. Se o estudante dorme enquanto medita, isto se deve ao fato de ele não perceber que deve estar alerta para algo específico, para receber alguma orientação interna, alerta para ouvir a voz de Deus. Devemos nos dirigir ao Ego interior com a atenção focalizada em algo específico, em alguma ideia específica sobre a qual Deus tenha algo a nos revelar: “Aqui estou, Pai, alerta e desperto para Tua orientação.”
O SONO COMO UM REPOUSO NA CONSCIÊNCIA
Tenho observado, neste trabalho, que quanto mais próximos estivermos do sentido espiritual da existência, menor será o tempo de sono requerido. De minha própria experiência e da experiência de outros que estão há algum tempo nesse caminho, foi notado ser quase impossível dormir continuamente durante oito horas. É possível que, dentre as vinte e quatro horas, nós consigamos dormir as oito horas, se houver a oportunidade, mas raramente iremos dormi-las consecutivamente. Após duas ou três horas nós despertamos, e, dependendo de como este período em que estamos despertos é tratado, podemos obter algum desenvolvimento, ou algum sentido de paz ou de harmonia. Porém, se esses períodos forem combatidos e forem feitos esforços para voltar a dormir, eles não trarão benefício algum. Somente quando aquele acordar for aceito como atividade da Sabedoria divina e houver boa vontade e paciência suficiente para permitir àquela Sabedoria revelar-Se, é que será visto ser aquele período o mais benéfico dentre as vinte e quatro horas.
Outro aspecto interessante é que quando o despertar no meio da noite é proveniente da atividade espiritual da consciência, mesmo que diminuam as horas de sono a que estamos acostumados a ter, no dia seguinte não sentiremos qualquer sinal de fadiga. Vim observando isso por muitos anos, em minha experiência e na de homens de negócios, donas de casa e pessoas de diversos ramos de atividade, e sei que quando a consciência espiritual provoca os períodos despertos durante a noite e eles são aceitos alegremente como oportunidades para a manifestação de paz e harmonia, o dia seguinte é preenchido pela consciência do Espírito divino que supera qualquer sensação de fadiga.
Os que se encontram neste caminho necessitam de muito poucas horas de sono para exercerem suas atividades. A razão disso é que tais pessoas conseguem obter os benefícios do sono mesmo quando estão despertos. O sono não passa de uma forma suave de morte ou inconsciência; é uma perda de consciência, e esta é uma porta próxima da morte, ou ao menos um degrau a menos rumo a ela.
Do ponto de vista do Espírito, contudo, o sono não é um estado de inconsciência, mas é um repouso na consciência. O pensamento é preenchido com o Espírito, com a compreensão espiritual, com um sentido real do Espírito do Cristo, que traz como consequência uma pessoa bem desperta, cheia de vitalidade, quase elétrica. Na realidade, o que estamos a fazer neste trabalho é entrar em contato com o Espírito do Cristo; o Espírito que é Deus e que torna a pessoa vivaz e dinâmica. O sono nada tem a ver com a vivacidade, mas o repouso – o repousar na consciência – tem muito a ver com ela. E é como podemos receber o influxo total do repouso mesmo quando estamos acordados.
O NASCIMENTO DO CRISTO NA CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL
Através da meditação nós abrimos a nossa consciência ao fluxo da Verdade e nos tornamos uma transparência para o surgimento do bem infinito no mundo. Perdemos aquele senso de que nós, como pessoas, podemos realizar algo e passamos à compreensão de que o Cristo, o Espírito de Deus, vive em nós e realiza todas as obras. Quem produz, causa, anima e permeia toda forma e creação é o Espírito. O Espírito é a lei sobre todo efeito.
Nós precisamos conscientizar a presença e poder de Deus agindo e aparecendo como nossa consciência individual, e saber que esta consciência é a lei, substância e realidade de nosso universo, seja na forma de nosso corpo, nosso negócio ou nosso lar. Nossa falha tem sido em não reconhecer esta verdade e nossa falta de reconhecimento vem da mente humana, que se rebela por tal verdade aniquilar o suposto poder que ela tem assumido.
Considerando que o Cristo é a revelação da unidade de Deus e Sua creação, vamos ponderar sobre o sentido espiritual do nascimento de Jesus registrado na Escritura. Jesus nasceu numa manjedoura, provavelmente o mais baixo nível daquela época. Esta manjedoura pode ser interpretada como símbolo da mente humana, o nível mais baixo em que pode o Cristo nascer. Quando o pensamento humano é desperto para ir em busca de luz o alcance torna-se maior e, provavelmente, é então que o Cristo cresce nesse “estábulo” da mente humana.
O bebê, Jesus, foi envolto em panos, e assim também é feito conosco quando o Cristo começa a nascer na mente humana. Ele é envolto nas mais suaves verdades; é vestido com os mais simples pensamentos que pudermos alimentar para o nosso crescimento e desenvolvimento, até passar o perigo de “Herodes” que ameaça destruí-lo – até que tenhamos crescido a uma compreensão tal que as perguntas e dúvidas do mundo não venham mais a nos oprimir. O pensamento humano irá sempre se esforçar para destruir o Cristo.
José e Maria conduziram seu pequeno filho ao Egito, onde o mantiveram escondido até passar a fase de perigo da destruição. Esta é uma grande lição de sabedoria para nós. Devemos esconder esta doce verdade, não a mostrando em palavras, mas somente em efeitos. Não devemos sair pronunciando-a, mas deixar que ela apareça da mesma forma com que apareceu a Jesus aos doze anos de idade, quando maravilhou os rabis do templo com sua sabedoria. Doze anos após o nascimento de Jesus é que Cristo tornou-Se manifesto.
Assim, também, após nove anos de sua iluminação é que Paulo saiu a pregar e ensinar. O Cristo recém-nascido não deve ser exposto nas avenidas e ruas, mas deve crescer e ser fortalecido em nossa consciência, e então veremos que não serão necessários os proselitismos. O mundo irá sempre opor resistência ao ensinamento da unidade, onipresença e onipotência, mas quando a presença do Cristo tiver sido sentida, nós poderemos falar d’Ele sem risco de perdê-Lo.
O melhor é manter essa verdade dentro de nosso próprio ser e deixar que ela se torne visível ao mundo através dos resultados, em vez de sair a pregá-la. É surpreendente como o mundo percebe o que está-se passando sem que tenhamos dito algo a respeito. O próprio Cristo, o próprio Espírito de Deus, manifesta-Se como a paz de nosso ser, como a prosperidade de nosso bolso e como a alegria de nossas faces. E é então que o mundo reconhece que nós possuimos algo e é quando o trabalho de cura se processa sem que façamos uso de pensamentos – “não pela força, nem pelo poder, mas por meu Espírito” (Zacarias 4: 6), que age através da mente serena por nós encontrada.
É através da meditação que desenvolvemos a conscientização da presença e poder de Deus e passamos a sentir aquela Presença conosco, dia e noite, a nos guiar e a nos proteger. O nosso trabalho visa a conscientização de que “Eu e o Pai somos um” (João 10: 30), e que onde eu estou, Deus está presente. Quando esta conscientização é atingida, nenhuma diferença fará para nós que tipo de quadro nos estará sendo apresentado:
Há uma Presença e um Poder instantaneamente acessíveis a mim. Onde eu estou, Deus está, portanto, o lugar onde eu estou é solo sagrado. “Para onde irei a fim de me subtrair ao teu Espírito? E para onde fugirei da tua Presença? Se subo ao céu, tu lá estás; se desço ao inferno, nele te encontras” (Salmos 139: 7-8) Mesmo que eu desça ao inferno, esta Presença estará lá. Podem vir problemas, pecado, doença, falta ou limitação. A natureza do quadro não me interessa, pois sempre me recordo: “Tu lá estás”, e consequentemente este é solo sagrado. Como poderia eu sair de Tua presença, se este EU é Deus?
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