"Um motivo pelo qual o silêncio
nos é tão perturbador é este: Assim que começamos a nos tornar silentes, experimentamos a relatividade
de nossa mente comum cotidiana. Com essa mente medimos nossas coordenadas de espaço e de
tempo, calculamos as probabilidades e contabilizamos nossos erros e acertos.
Trata-se de um nível de consciência muito útil e importante. É um estado mental tão útil e familiar que, facilmente, acreditamos seja tudo o que somos: a totalidade de nossa mente, nosso verdadeiro eu, nossa inteira significação.
A vida, o amor e a morte, frequentemente nos ensinam o contrário. Encontramos-nos inesperadamente com o silêncio, em muitas reviravoltas inesperadas da estrada da vida, de maneiras imprevisíveis, em pessoas improváveis. Sua saudação possui um efeito que é, ao mesmo tempo, emocionante, pleno de maravilhamento, ainda que frequentemente apavorante.
A cada momento, nossos pensamentos, medos, fantasias, esperanças, raivas e atrações, estão todos surgindo e desaparecendo. Identificamos-nos, automaticamente, com esses estados, sejam eles passageiros ou compulsivamente recorrentes, sem pensar o que pensamos. Quando o silêncio nos ensina o quão transitórios e, portanto pouco confiáveis, na verdade, são esses estados, confrontamo-nos com o terrível questionamento de quem somos nós. No silêncio precisamos lutar com a terrível possibilidade de nossa própria irrealidade.
O pensamento budista faz dessa experiência, denominada anatman (ou o "não eu"), um dos principais pilares de sabedoria em seu caminho de libertação do sofrimento, e um de seus meios de iluminação essenciais. Incentiva-se o praticante budista a buscar essa experiência da transitoriedade interior e, em vez de fugir dela, mergulhar nela de cabeça, assim como fizeram Meister Eckhart e os grandes místicos cristãos.
É compreensível que anatman seja a idéia budista que representa o maior problema para as outras pessoas. Tão absurdo, tão terrível, tão sacrílego dizer que eu não existo. De fato, muito do antagonismo cristão ao anatman é infundado ou fundamentado em interpretação errônea.
Não quer dizer que não existimos, e sim que não existimos em autônoma independência, que é o tipo de existência que o ego gosta de imaginar que tem; o tipo de fantasia de ser Deus, com que a serpente tentou Eva. Trata-se da arrogância que, frequentemente, acomete as pessoas religiosas.
Não existo independentemente, pois Deus é o fundamento de meu ser. À luz desse entendimento, lemos as palavras de Jesus no Novo Testamento, com percepção aprofundada: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me..., mas, o que perder a sua vida por causa de mim, a salvará" (Lc 9, 23-24).
Caso, através do silêncio, possamos abraçar esta verdade do anatman, faremos importantes descobertas acerca da natureza da consciência. Descobriremos que a consciência, a alma, é mais do que o fantástico sistema cerebral que computa, calcula e, julga. Somos mais do que aquilo que pensamos. A meditação não é o que pensamos.
Medite por Trinta Minutos...
Trata-se de um nível de consciência muito útil e importante. É um estado mental tão útil e familiar que, facilmente, acreditamos seja tudo o que somos: a totalidade de nossa mente, nosso verdadeiro eu, nossa inteira significação.
A vida, o amor e a morte, frequentemente nos ensinam o contrário. Encontramos-nos inesperadamente com o silêncio, em muitas reviravoltas inesperadas da estrada da vida, de maneiras imprevisíveis, em pessoas improváveis. Sua saudação possui um efeito que é, ao mesmo tempo, emocionante, pleno de maravilhamento, ainda que frequentemente apavorante.
A cada momento, nossos pensamentos, medos, fantasias, esperanças, raivas e atrações, estão todos surgindo e desaparecendo. Identificamos-nos, automaticamente, com esses estados, sejam eles passageiros ou compulsivamente recorrentes, sem pensar o que pensamos. Quando o silêncio nos ensina o quão transitórios e, portanto pouco confiáveis, na verdade, são esses estados, confrontamo-nos com o terrível questionamento de quem somos nós. No silêncio precisamos lutar com a terrível possibilidade de nossa própria irrealidade.
O pensamento budista faz dessa experiência, denominada anatman (ou o "não eu"), um dos principais pilares de sabedoria em seu caminho de libertação do sofrimento, e um de seus meios de iluminação essenciais. Incentiva-se o praticante budista a buscar essa experiência da transitoriedade interior e, em vez de fugir dela, mergulhar nela de cabeça, assim como fizeram Meister Eckhart e os grandes místicos cristãos.
É compreensível que anatman seja a idéia budista que representa o maior problema para as outras pessoas. Tão absurdo, tão terrível, tão sacrílego dizer que eu não existo. De fato, muito do antagonismo cristão ao anatman é infundado ou fundamentado em interpretação errônea.
Não quer dizer que não existimos, e sim que não existimos em autônoma independência, que é o tipo de existência que o ego gosta de imaginar que tem; o tipo de fantasia de ser Deus, com que a serpente tentou Eva. Trata-se da arrogância que, frequentemente, acomete as pessoas religiosas.
Não existo independentemente, pois Deus é o fundamento de meu ser. À luz desse entendimento, lemos as palavras de Jesus no Novo Testamento, com percepção aprofundada: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me..., mas, o que perder a sua vida por causa de mim, a salvará" (Lc 9, 23-24).
Caso, através do silêncio, possamos abraçar esta verdade do anatman, faremos importantes descobertas acerca da natureza da consciência. Descobriremos que a consciência, a alma, é mais do que o fantástico sistema cerebral que computa, calcula e, julga. Somos mais do que aquilo que pensamos. A meditação não é o que pensamos.
Medite por Trinta Minutos...
Lembre-se: Sente-se.
Sente-se imóvel e, com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxado,
mas, atento.
Em silêncio, interiormente,
comece a repetir uma única
palavra. Recomendamos a palavra-oração "Maranatha". Recite-a em
quatro silabas de igual
duração. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas
continuamente.
Não pense nem imagine nada, nem de ordem
espiritual, nem de qualquer outra ordem. Pensamentos e imagens provavelmente afluirão, mas
deixe-os passar. Simplesmente continue a voltar sua atenção, com humildade e simplicidade,
à fiel repetição de sua palavra, do início ao fim de sua meditação."
2 comentários:
Sempre me simpatizei pelo catolicismo,minha familia eh catolica e frequentei a igreja como muitos fizeram e tb fiz catequese, um dia fui meditar e entendi, passou algum tempo e so agora vejo um padre falar disso. Porque nao falou antes? Agora a igreja ta falando como qlq monstrinho q fala de consciencia botando video no youtube, nao q nao tenha pessoas seria por lá. Não é facil largar o osso.
Pelo que sei, parece que a Igreja Católica está se abrindo cada vez mais no sentido de dialogar e admitir outros ensinamentos (como o budismo, hinduísmo, etc.) como válidos. Místicos cristãos sempre se valeram da mística da meditação e da oração. Não é toda a Igreja que está reconhecendo a prática da meditação como válida, mas apenas uma pequena parte. Pelo menos a abertura já começou. E, com o tempo, através da meditação, talvez os cristãos (aqueles simples, que se limitam a ir a missa e não questionam ou procuram aprofundar o conhecimento, mas apenas seguem o que é dito) consigam entender entender as palavras da Bíblia de uma maneira diferente, de uma forma mais aproximada da sabedoria oriental (que é a mais antiga). A mesma sabedoria explicada de formas diversas, cada qual à sua maneira, ou seja, com sua linguagem própria. Nesse ponto, o mundo deverá perceber existir uma essência, unidade/unicidade comum a todos os ensinamentos. E reconhecerão que as religiões falam do mesmo Deus. É o que eu acho.
Namastê!
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