- Núcleo -
Divinos personagens!
Permitam-me compartilhar algo sobre a meditação.
Considerem a água do oceano. Mantenham a água do oceano sob o foco de sua atenção e acompanhem o ciclo que se inicia a partir dela.
A água do oceano se vapora, sobe para a atmosfera e na presença de núcleos higroscópicos de condensação formam as nuvens, que são levadas pelas correntes de ar e se precipitam sob a forma de chuva sobre vários relevos, sejam montanhas, vales, planícies, etc. Esta mesma água nutre tanto rios quanto correntes subterrâneas, assim como lagos, nascentes e fontes de água mineral, bem como as poças de água que se estagnam.
O algo a ser aqui notado é que se trata da mesma água do oceano em diferentes situações. Ou seja, trata-se da mesma água “aparecendo como” chuva, como lago, como nascentes, como correntes subterrâneas e até como a água estagnada em poças.
Façamos uma analogia da água do oceano que “aparece como” com o Eu, o Eu real que também “aparece como”... Notem que o Eu que “aparece como” o Gugu disse: "Eis o que deve ser notado: o que está aqui sendo expressado sou Eu! O Eu Real que todos somos está aparecendo como aquele que pergunta, está aparecendo como aquele que responde, e está também aparecendo como aquele que lê/acompanha o artigo. Essa é a percepção que devemos ter, isso é o que deve ser percebido. Tudo o que ocorre, sem exceção, provém de Mim."
Foi dito: “Mantenham a água do oceano sob o foco de sua atenção”. Qualquer que seja a forma em que ela aparece, mantê-la sob o foco de atenção nos mantém conscientes de que se trata da água do oceano!
De modo análogo, qualquer que seja a forma em que o “Eu Real” aparece, mantê-lo sob o foco de atenção nos mantém conscientes de que se trata do nosso “Eu Real”, da nossa real identidade!
Na passagem em que os judeus questionam Jesus: “Você ainda não tem cinquenta anos e conheceu nosso pai Abraão?”. Jesus responde: “Antes que Abraão existisse Eu Sou.”
Esta passagem evidencia que a visão que os judeus tinham sobre Quem era Jesus era uma visão limitada e temporal; e que a visão que Jesus tinha sobre Quem ele era, era uma visão ilimitada e atemporal.
Jesus mantinha sob o foco de atenção o “Pai”, Deus, o Eu Real, por isso ele se mantinha consciente de sua origem e real identidade de filho de Deus, ou seja, de que era emanado de Deus e de que era Um com Deus! Por isso declarou: “Eu e o Pai somos Um”.
Nesse exemplo fica claro que os judeus tinham uma “percepção mental” de Jesus, enquanto ele tinha a “percepção consciencial” sobre si mesmo. É de se notar que Jesus iniciou seu ministério compartilhando na Sinagoga a leitura da passagem da Escritura onde está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, e me ungiu...” tornando claro que ele sabia “Quem faz”, “Quem realiza as obras”.
Essa percepção consciente de Quem Somos e de Quem faz é a meditação.
A declaração de sua origem divina, de sua unidade com Deus, e de Quem realiza as obras é a evidência de que Jesus vivia em constante meditação.
Assim, qualquer que seja a forma em que o “Eu Real” aparece, mantê-lo sob o foco de atenção nos mantém conscientes de que se trata do nosso “Eu Real”, da nossa real identidade. E também nos mantém conscientes de que é o Eu Real Quem faz, que é “Quem realiza as obras”.
É preciso aqui notar que a palavra meditação no sentido em que é usada no Núcleo, como sinônimo de percepção consciencial, não tem o mesmo significado que comumente lhe é atribuída, como sendo sinônimo de um “estado alterado de consciência” no qual o indivíduo se funde no Todo ou se percebe em unidade como o Todo. Segundo o ensinamento do Núcleo a meditação é a própria “percepção da Consciência”, é o “estado natural” de percepção do Eu Real. Nesse sentido, a “percepção mental” é que seria um “estado alterado de consciência” ou de percepção; só não o é porque ela não é uma real percepção, pois, não sendo real o personagem, não é real a percepção da mente do personagem, ou seja, a percepção mental.
Mas, na “representação” e para o personagem a percepção mental é real. Isto ocorre devido ao realismo, à perfeição da “representação divina”.
Inclusive é comum que na “representação” a maioria dos personagens que são tidos como iluminados passem por um episódio em que se iluminam.
Conta-se, por exemplo, que o jovem Sathya Narayana quando tinha uns 14 anos de idade foi picado por um escorpião; que ficou dias sem consciência e quando despertou declarou: “Eu sou Sai Baba” - nome de um iluminado, mas que era desconhecido na região onde vivia o jovem Sathya Narayana. Mais tarde, Sai Baba declarou que sempre teve a consciência de Quem ele É, e de Quem Somos; e que o episódio do escorpião nem mesmo foi real.
Outro exemplo é o do divino iluminado personagem Masaharu Taniguchi, que teve uma experiência de iluminação na qual percebeu que, tal como Sakyamuni, sempre foi um ser búdico. O próprio Sakyamuni teve uma experiência de iluminação sob uma árvore na qual percebeu que era Buda.
Da mesma forma outros iluminados descrevem as experiências nas quais se tornaram conscientes da Realidade divina e de suas reais identidades.
Desses exemplos clássicos de “personagens que se iluminaram” surgiu a ideia de que, para se iluminar, todo personagem tem necessariamente que passar por um processo de iluminação, que culmina com a experiência de iluminação. Assim surge o pensamento guiado pela razão e pela lógica de que o personagem precisa fazer algo para se iluminar. Então aparentemente se apresentam dois caminhos para a iluminação:
1) O primeiro parte de um pensamento, fundado na razão e no raciocínio de que há algo a ser feito pelo personagem para que ele se ilumine. Nesse caminho, é como se a “iluminação” fosse o momento do encontro da água do rio com a água do oceano, que se funde e se torna um com a água do oceano. Nesse caminho é como se a água do rio (que está prestes a se fundir ou já se fundindo com o oceano, ou seja, se iluminando), dissesse às outras águas: "Há um caminho a ser trilhado. Vocês têm que fazer algo; têm que continuar se movendo até se fundirem com o oceano". Ou como se dissesse à água das poças: "Vocês têm que morrer, têm que nascer novamente, têm que se evaporar para se livrar da condição estagnada em que se encontram ou jamais se fundirão no oceano; jamais se perceberão unidas ao oceano".
2) O segundo caminho para a iluminação parte de uma percepção, aquela na qual qualquer que seja a água... “mantém a água do oceano, a sua real origem e identidade, sob o foco de sua atenção”. Assim, qualquer que seja a forma em que a água apareça, manter a água do oceano sob o foco de atenção a mantém consciente de que é e sempre foi a própria água do oceano! É isso o que perceberam os personagens que se iluminaram. Perceberam sua real identidade e a real identidade de todos os seres; perceberam que não é “quem estavam sendo” quem percebe, ou seja, perceberam que não é o personagem (a água das nascentes, a água das poças, a água dos rios) quem percebe, mas a própria água do oceano.
Jesus, ao dizer que: “Eu deste mundo não sou, vós também não sois”, tornou evidente que segue o caminho da fé, o caminho da certeza das coisas que não se veem, que é o caminho da percepção, o caminho do segundo tipo, que é o caminho revelado e compartilhado no Núcleo, que diz: “Parta da percepção: da percepção do Ser, da real identidade. Não parta do pensamento, das razões, da lógica, da mente do personagem.”
A propósito esta é justamente a diferença entre os dois caminhos: é que o caminho que parte do pensamento, da lógica, da razão humana, parte da “mente do personagem”; ao passo que o caminho que parte da percepção (ou seja, que parte da percepção da Consciência do Ser), parte do próprio Ser, do “Eu real”.
A esse respeito há um texto do Núcleo, cujo título é: “Diálogos conscienciais - Grande encontro que nos proporciona este Divino Presente”, publicado no nucleu.com em http://nucleu.com/2012/09/25/dialogos-conscienciais-grande-encontro-que-nos-proporciona-este-divino-presente/, que ressalta essa diferença entre partir do pensamento ou da percepção, cuja leitura é aqui sugerida.
Pra finalizar, a percepção compartilhada por Daniel no livro da Bíblia é: "Em imagens noturnas tive esta visão: Entre as nuvens do céu vinha alguém semelhante a um filho do homem" (Dn 7:13). “Alguém semelhante a um filho do homem” é uma alusão ao Cristo, à Consciência ou percepção crística, iluminada, ou consciencial. Essa percepção vem “entre as nuvens do céu”. Significa que vem do céu; vem da Realidade divina; não vem da terra, não vem da representação. Ou seja, não vem do pensamento, nem da lógica, nem das razões humanas.
Há muitas outras passagens nas Escrituras que apontam a origem desta percepção. Contudo, o que importa é ressaltar o que foi dito por Aquele que “aparece como” Gugu: "Eis o que deve ser notado: o que está aqui sendo expressado sou Eu! O Eu Real que todos somos está aparecendo como aquele que pergunta, está aparecendo como aquele que responde, e está também aparecendo como aquele que lê/acompanha o artigo. Essa é a percepção que devemos ter, isso é o que deve ser percebido. Tudo o que ocorre, sem exceção, provém de Mim."
Namastê!
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