"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, julho 12, 2013

Iluminação pela via do Conhecimento - 1/5

Swami Vivekananda
 
 
INTRODUÇÃO
 
O Hinduísmo, que é a religião mais completa do mundo, pela universalidade de sua estrutura ético-filosófica e amplitude de seu estrito de união e tolerância, oferece a seus adeptos quatro caminhos (Margas) fundamentais de libertação individual, mais conhecida entre os cristãos como salvação. São denominados Karma-marga, a caminho da ação ou das obras; Jnana-marga, o caminho do conhecimento; Bhakti-marga, o caminho da devoção ou amor a Deus, e Dhyana-marga, o caminho da meditação, Marga também se aplica como sinônimo de Yoga, termo mais em voga no Ocidente, e mais generalizado na Índia para designar uma de suas seis escolas filosófica fundada pelo famoso Rishi Patanjali.
 
Uma das características notáveis do Hinduísmo, e que geralmente se considera uma das principais responsáveis pela longa sobrevivência dessa religião milenar, é a ampla liberdade intelectual que outorga a seus adeptos em matéria de crença ou mesmo descrença numa Divindade Suprema, que todavia ali se considera imanente em toda a natureza. Nessa conformidade, o hinduísta tem plena liberdade de pensar, contanto que sua conduta seja ortodoxamente hinduísta em seus princípios fundamentais. Daí suas seis escolas filosóficas, das quais três baseadas no Espírito e três na Matéria, porém todas visando o aperfeiçoamento individual através da auto-realização. Daí os seus quatro Margas ou métodos individuais de auto-aperfeiçoamento. Daí também o seu sistema de castas, hoje anacrônico e quase obsoleto ali, porém que em passado remoto teve sua motivação, para efeito de educação, preparação e integração social. São as castas dos Brâmanes, os sacerdotes e instrutores; dos Kshatriyas, os militares e estadistas; os Vaishyas, os comerciantes e agricultores; e os Rudras, os servidores ou artesãos. Essa divisão ainda hoje subsiste em todo o mundo e em toda a sociedade, porém sem a rigidez de outrora. Swami Vivekananda, brilhante expoente da escola filosófica Vedanta, uma das seis e a mais elevada do sistema hindu, é um magnífico expositor da cultura hinduísta. E sabe fazê-lo com extraordinária maestria de quem vive e domina perfeitamente o assunto, e num estilo elegante, claro e enriquecido de ilustrações com exemplos os mais oportunos e sugestivos. Nesta obra ele expõe sinteticamente esses famosos quatro caminhos ou métodos de auto-
aperfeiçoamento, numa linguagem ao alcance de todos, de sorte que todos possam estudá-los, e uns poucos, os mais práticos ou decididos, possam experimentá-los e adotar aquele que melhor lhes convenha, consoante sua natureza e tempo disponível.
 
Por certo os métodos não são iguais entre si, pois visam sobretudo a natureza do indivíduo, e suas necessidades e possibilidades. Os métodos do conhecimento e domínio da mente exigem mais estudos e meditação, ao passo que os métodos do serviço altruísta e amor a Deus requerem mais prática do que teoria. Os exercícios específicos de cada um deles variam, porém é a mesma a finalidade de todos eles: levar o estudante e o praticante a um estado de libertação que se lhe traduz em paz e felicidade como também o preparam e fortalecem para enfrentar os momentos mais cruciais de sua vida. Um ponto, porém, o autor procura tornar bem claro: é que se os métodos diferem, não divergem entre si, mas, antes, completam-se e auxiliam-se em alguns pontos e circunstâncias da vida. E isso é muito lógico, pois não pode haver teoria eficaz sem a colaboração e comprovação da prática, nem prática inteligente se divorciada de estudos e da meditação. Há, portanto, uma mútua interdependência, e se houver uma conjugação da teoria com a prática, os meios se tornarão mais fáceis e os resultados mais rápidos e seguros.
 
Tal é o escopo desta síntese, que é um real compêndio de auto-realização místico-filosófica posto a serviço dos que aspiram aprofundar a solução de seus problemas internos, e assim experimentar e estabelecer em si aquela "paz que ultrapassa o entendimento", de que tanto nos têm falado os místicos e yogues.
Cont...
 
 

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