"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sexta-feira, novembro 05, 2010

O meio de captar a Sabedoria Infinita - Parte 1

Masaharu Taniguchi

O Deus verdadeiro de que fala a Seicho-No-Ie é o Criador de tudo, a Grande Fonte da Sabedoria infinita, da Vida infinita, da Provisão infinita. A Sapiência de Deus não é coisa pequena como a inteligência humana. Uma Sabedoria infinita enche todo o Universo - isto é a Sapiência de Deus. E, na mesma proporção que abrimos a porta do coração para Ele, a Sua Sabedoria flui para dentro de nós. Quanto mais diminui em nós o sentimento egoísta, quanto mais diminui o sentimento arbitrário, mais diretamente a Sabedoria de Deus flui para o nosso interior, e torna-se o nosso guia em todos os aspectos.

Por isso, não temos necessidade de pôr em funcionamento a inteligência humana e, através dessa pequenina sabedoria, ficar preocupando-nos com os problemas da vida. À medida que deixarmos de agir pelo raciocínio humano, a limitação individual da nossa inteligência se desfaz, e à proporção que ela se desfaz manifesta-se a Sabedoria universal - isto é, a Sabedoria de Deus, sabedoria sem arbítrio, sabedoria de grandeza imensurável. Se nós podemos obter esta Sabedoria, por que motivo precisaríamos tentar obter a orientação para a vida apenas do pequeno círculo do nosso eu?

Imensa quantidade de ar puro preenche o espaço todo. Se esse ar está ao nosso alcance, por que teríamos de respirar apenas o ar do interior do estreito quarto? Se existe o oxigênio natural em abundância, por que teríamos de respirar o oxigênio artificial? Precisamos confiar na Natureza. Se não saímos para respirar o ar de fora é porque não acreditamos no seu valor. Se acreditássemos, não poderíamos deixar de escancarar as portas e as janelas e respirar o ar de fora. Então, se não buscarmos a fonte da sabedoria na Grande Sabedoria de Deus que preenche o Universo, deve ser, em última análise, porque não confiamos nessa Grande Sabedoria. Se confiássemos nela, não poderíamos deixar de escancarar as portas e as janelas do coração para respirar a Grande Sabedoria de Deus.

Pois bem, quando assim escancararmos totalmente as portas e as janelas do coração e buscarmos na Grande Sabedoria de Deus a orientação direta, em nós próprios já estará manifestada a Imagem Verdadeira do filho de Deus, e já não seremos mais escravos da pequena inteligência, da ciência, do poder, tornando-nos o próprio filho de Deus, que encerra em si a Sabedoria infinita e que é por ela orientado.

O grande poeta inglês Browning, sendo profundo conhecedor da Verdade, escreve em seus versos:


"A Sabedoria está sempre dentro de nós.
Por mais que confiemos nas coisas externas,
das coisas externas não nasce a Sabedoria.
Nós temos nosso centro no âmago de nós mesmos.
Nesse centro aloja-se a Verdade infinita.
Escavar essa Verdade -
a isso chamamos extrair a Sabedoria".



Deus Se aloja no nosso interior, a Verdade se aloja no nosso interior. Se Deus, a Sabedoria e a Verdade não estivessem alojados no nosso interior e existissem apenas fora de nós, os homens não conseguiriam eternamente a sua liberdade. Se Deus ou a Verdade existissem somente fora de nós, obedecer a eles significaria ficarmos amarrados pelas coisas exteriores, e portanto nunca seríamos livres. Exatamente porque Deus ou a Verdade é a Natureza Divina que se encontra latente em nosso interior, obedecer a Deus ou à Verdade significa fazer com que a verdadeira natureza que se encontra oculta se manifeste livremente.

Quando abrimos os ouvidos para o "apelo" da Verdade que se aloja em nós, recebemos a orientação da Sabedoria infinita de Deus. Esse "apelo" da Verdade que se aloja em nós manifesta-se como consciência e como revelação divina. A consciência e a revelação divina são frente e verso de uma mesma coisa; são manifestações que vêm do "eu superior", indícios da "natureza verdadeira" de nós próprios, a voz de Deus que se aloja em nós mesmos. A "revelação divina" é de natureza absoluta, isto é, na linguagem xintoísta tradicional, é a ação do espírito naobi, ou seja, a ação resultante da unificação harmônica de quatro espíritos que são kushi-mitama, nigi-mitama, sachi-mitama e ara-mitama. Em contrapartida, a "revelação espiritual" consiste em sermos orientados através da propagação da vibração espiritual proveniente de um mundo espiritual; por esse motivo, dependendo do grau em que é manifestada a "natureza divina" desse orientador do mundo espiritual, ou se o orientador é ainda um amontoado de apegos, haverá variações nas características e no valor dessa revelação.

A "revelação espiritual", por ser orientação de um espírito com apego, às vezes pode ser um bom conselheiro se o problema envolve apego; mas justamente por ter apego, outras vezes pode se tornar um mau conselheiro.

A revelação divina é aquilo que se revela de dentro de nós à medida que nos livramos do apego, à medida que esquecemos o nosso livre arbítrio, à medida que lapidamos a nós próprios - algo como um diamante que irradia intensa luz do seu interior. Desejar receber a revelação divina com o sentimento de apego é o cúmulo da contradição. Nós, por sermos Deus em nossa essência, somos perfeitamente capazes de ouvir a revelação divina independentemente de termos ou não dons mediúnicos, à medida que nos afastamos do apego. O verdadeiro homem é Deus. Por isso, se nos despirmos do revestimento que se chama egoísmo e deixarmos surgir o revelação divina tudo o que nós pensarmos e sentirmos será revelação divina. Em certa religião, chama-se a isso de afluxo da qualidade divina, considerado diferente da revelação espiritual obtida através dos médiuns.

A revelação divina, sendo afluxo interior, transmite-se ao cérebro, revelando-se geralmente de modo intuitivo. Já a "revelação espiritual" é transmitida para o metencéfalo, e geralmente se manifesta através dos médiuns ou em forma de dupla personalidade. A revelação divina brota de dentro de nós, e não pressupõe nenhum confronto; mas a "revelação espiritual" é a opinião de uma segunda ou terceira pessoa que se confronta com a nossa. A revelação divina não atende ao egoísmo, e se revela espontaneamente quando o abandonamos, mas a "revelação espiritual" atende também ao egoísmo, podendo dar respostas oportunas ou, às vezes desapontarnos com respostas totalmente sem nexo.

Seja como for, é bom consultamos o professor humano, no caso de educação escolar, ou então o professor do mundo espiritual, através do médium; mas pode haver erro nos ensinamentos do professor da escola, assim como nas respostas do médium. Só não há erro na revelação da nossa "qualidade divina" ou "natureza divina" que aflui de dentro de nós. Por isso, devemos agir sempre de conformidade com a revelação advinda do interior da nossa própria "qualidade divina".

Se nos habituarmos a anular o egoísmo e a ouvir atentamente o sussurro da qualidade divina que aflui do nosso interior, gradativamente esse sussurro começará a ser captado mais nitidamente. Se nos limitarmos a ouvir esse sussurro e o ignorarmos, deixando de colocá-lo em prática, estaremos menosprezando a nossa própria natureza divina; por isso, prosseguindo dessa forma, o sussurro passará a não ser ouvido, por mais que o tentemos. Portanto, se pretendemos ouvir constantemente a revelação da nossa própria natureza, precisamos obedecer sempre à "revelação que vem de dentro", anular a nós próprios e colocá-la em prática na vida cotidiana.

Se digo que devemos obedecer à "revelação que vem de dentro", anulando a nós próprios, e tudo praticar na forma como surge, sem a interferência da inteligência humana, talvez surjam dúvidas sobre dever ou não praticar obedientemente atos imorais, no caso de algo desse gênero ser revelado de dentro; mas afirmo que não há tal perigo. Mesmo porque, de maneira geral, o "mal" ou a "imoralidade" surgem porque o "ego" se sobressai, ou seja, porque o ego não está anulado. Querer conseguir vantagem somente para si, sem se importar com os outros - isso é que é o "mal", a "imoralidade". Portanto, uma vez anulado o ego, não há como surgir na mente o "mal" ou a "imoralidade" ao ouvir a "revelação que vem de dentro". Ao recorrermos a um médium na busca da revelação espiritual para a solução de um certo problema, geralmente não o fazemos para "esquecer de nós próprios", mas sim para consultar sobre interesses particulares, preocupados em "como dar vantagem ao ego"; por isso, tanto podemos fracassar como ser bem sucedidos.

Se você, estando diante de um problema, sentar-se silenciosamente e praticar a Meditação Shinsokan, e nesse momento surgir algum pensamento vantajoso para si mas em detrimento de outrem, este não é o verdadeiro "afluxo da sua natureza divina". Em outras palavras, não é a voz de Deus, mas sim a revelação do "eu falso" que usa a máscara do "eu verdadeiro". Por isso, não deve obedecer tal revelação.

A "consciência" é o afluxo da qualidade divina que se aloja em nosso interior, por isso não podemos desprezar a "consciência". A revelação divina é maior do que a chamada "consciência"; é um esplendor que vem do interior de modo a abranger ampla e totalmente o interior e o exterior; mas na sua essência ela provém da mesma fonte que a "consciência". Portanto, aquilo que não condiz com o sussurro da consciência não pode ser revelação divina de maneira alguma. Isso não passa de sugestão de algum espírito baixo, ou de sussurro do subconsciente duvidoso do "eu falso".

A fonte da nossa "Vida" é alimentada pela "Vida" que corre com Deus; por isso, se procurarmos, da melhor forma, escutar com os ouvidos da mente a sabedoria da fonte sem criarmos barreiras mentais contra essa fonte, toda sabedoria que se fizer necessária a nós fluirá para o interior de nossa mente.

Nós precisamos apenas abrir a janela e contemplar a paisagem: o mundo belo já se encontra neste lugar, antes mesmo de abrirmos a janela. Basta abrirmos a janela que a paisagem desse mundo belo torna-se nossa. Isto é uma alegoria que mostra que o mundo ideal da Imagem Verdadeira já existe, e que, se abrirmos a janela do coração, ele se tornará o nosso mundo presente. Ao mesmo tempo, ela é uma alegoria que simboliza o fato da fluência da Sabedoria de Deus para dentro de nós. Abra, portanto, a janela do coração, e a Sabedoria de Deus passará a ser sabedoria sua. Para abrir a janela do coração, é preciso saber o que está travando essa janela. Essa trava que mantém fechada a janela do coração é a sagacidade humana medíocre. Abandonando a sagacidade humana medíocre estaremos abrindo também a porta do coração.

A Higiene da Seicho-No-Ie é considerada higiene dos bobalhões. Bobalhão e sábio se identificam. Se há frequentes casos de pessoas que se restabelecem de doenças antes incuráveis, que abandonaram os tratados de fisiologia e moderníssimos métodos de profilaxia por terem conseguido aceitar o que diz o livro sagrado A Verdade da Vida e colocaram-no em prática, qual poderá ser a razão disso senão o fato de ter fluído para o interior dessas pessoas a verdadeira sabedoria, a Sabedoria de Deus, a sabedoria que tudo vivifica, quando elas conseguiram desvencilhar-se da medíocre sagacidade humana?

Quando compreendemos profundamente a Verdade contida no livro sagrado A Verdade da Vida, quando vivemos e agimos acreditando nela, não apenas são curadas as doenças incuráveis pela medicina, como também resolvem-se os problemas econômicos, sociais, familiares, enfim, todos os tipos de problemas. Isto porque a Sabedoria de Deus explanada nesse livro sagrado é ilimitada, e porque o interior da Imagem Verdadeira do filho de Deus já está provido de tudo. Quem não consegue acreditar na Verdade de que "a natureza real do homem é filho de Deus, e no interior dele tudo está contido em quantidade infinita, seja amor, Vida ou provisão", não poderá receber a corrente da perfeita provisão que vem de Deus. Quer dizer, recebendo pouca Sabedoria e provisão de Deus, nós fracassamos em tudo; recebendo pouco amor, a relação com os familiares torna-se fria e os amigos distanciam-se de nós; recebendo pouca "Vida", surgem vários tipos de doença; recebendo pouca provisão, seja de que espécie for, nada vem a nós em abundância.

Quem não conhece a provisão infinita e inesgotável que se encerra dentro de si próprio comete pecado (encobrimento) contra si próprio. Quem não permite aos outros conhecerem que tal provisão encontra-se alojada no interior deles comete pecado (encobrimento) contra esses semelhantes. Dentre todas as caridades, a maior é permitir que o outro descubra o reservatório do inesgotável tesouro que se encontra dentro de si. Quando nós doamos dinheiro ou tesouros materiais a alguém, estamos doando coisas que "desaparecem" tão logo a pessoa os utilize; mas, se nós o fazermos despertar para o inesgotável tesouro interno, este jamais desaparecerá, jamais se esgotará.
Cont...


(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 08"; pgs. 57 à 65)


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