"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

sábado, março 21, 2009

Aprenda a ouvir o Silêncio


ESPERE PELA CLAREZA


Buda está passando por uma floresta. É um dia quente de verão e ele está com sede; então ele pede a Ananda, seu guardião: "Ananda, volte. A uns três ou quatro quilômetros daqui, passamos por um pequeno riacho. Leve minha cumbuca e traga um pouco de água para mim. Estou com muita sede e muito cansado".

Ananda volta, mas, quando chega ao riacho, alguns carros de boi estão acabando de passar por ele e deixam todo o pequeno riacho cheio de lama; folhas mortas que repousavam no fundo do riacho estão boiando por toda parte. Não é mais possível beber a água, ela está muito suja. Ele volta com as mãos vazias e diz: "Você terá de esperar um pouco. Eu seguirei em frente, pois ouvi dizer que a apenas dois ou três quilômetros há um grande rio. Trarei água de lá".

Mas Buda insiste: "Volte e traga a água daquele riacho".

Ananda não consegue entender a insistência, mas se o mestre assim diz, o discípulo precisa seguir. Ele vai, mesmo percebendo o absurdo daquilo: de novo ter de caminhar três a quatro quilômetros e sabendo que a água não é boa para beber.

Quando ele está partindo, Buda diz: "E não volte se a água ainda estiver suja. Se ela estiver suja, simplesmente sente-se à margem em silêncio. Não faça nada, não entre no riacho. Sente-se tranquilamente na margem e observe. Mais cedo ou mais tarde a água ficará limpa de novo, e então encha a cumbuca e volte".

Ananda vai, e Buda está certo: a água está quase limpa, as folhas foram embora e a lama se assentou. Mas ela ainda não está absolutamente limpa, então ele se senta à margem observando o riacho fluir, e lentamente a água fica cristalina. Então ele volta dançando, entendendo agora por que Buda foi tão insistente. Havia uma certa mensagem para ele naquilo, e ele entendeu a mensagem. Ele dá a água a Buda, agradece-lhe e toca os seus pés.

Buda diz: "O que você está fazendo? Eu é que deveria lhe agradecer por ter trazido a água para mim".

Ananda diz: "Agora posso entender. Primeiro eu fiquei com raiva, embora não tivesse demonstrado, mas fiquei com raiva porque era um absurdo ter que voltar. Mas agora entendo a mensagem. Aquilo que era o eu, na verdade, precisava naquele momento. O mesmo acontece com a minha mente; ao ficar sentado na margem daquele pequeno riacho, fiquei consciente de que o mesmo acontece com a minha mente. Se eu pular no riacho, novamente o deixarei sujo. Se eu mergulhar na mente, mais barulho será criado, mais problemas começarão a surgir, a aflorar. Ao ficar sentado ao lado do riacho, aprendi a técnica.

"Agora também ficarei sentado ao lado da minha mente, observando-a com todas as suas sujeiras, problemas, folhas mortas, mágoas, feridas, memórias, desejos... Sem me envolver, eu me assentarei à margem e esperarei pelo momento em que tudo estiver cristalino."
(Osho)


O SILÊNCIO REVELADOR
DA VERDADE

Os mestres de todos os tempos enfatizaram a importância da Prática do Silêncio para o conhecimento da Verdade. Muitos acham que “silêncio” é ficar sem ruídos por perto; porém, o sentido é outro: trata-se de silenciar a mente humana, para que a Consciência Iluminada, a nossa Consciência verdadeira, possa ser percebida. E, quando a percebemos, descobrimos ser ela a Verdade que somos, eternamente dentro de nós mesmos.

A dificuldade apontada por muitos está justamente em “como paralisar a mente humana”. Você não deve ficar preocupado com isto! Durante os minutos no Silêncio, os pensamentos vêm e vão; não é preciso que lute para paralisá-los. Basta não se identificar com eles; e, para tanto, tome algum princípio espiritual ou tema, e retenha-o na mente para ponderar sobre seu sentido mais profundo; em seguida, naturalmente, identifique-se com a Mente de Cristo, discernindo a presença da Consciência iluminada consciente de ser VOCÊ. Este é o “Silêncio Contemplativo” propriamente dito.

Escreve Allen White: “A dificuldade sentida para aquietar a mente se deve ao fato de darmos início às meditações como se fôssemos um “ser humano”, esperançoso de aquietar uma “mente humana”, o que faz prevalecer, do início ao fim da prática, uma verdadeira batalha.”

Allen sugere que comecemos reconhecendo: “eu de mim mesmo não posso meditar ou contemplar, e não posso me aquietar.” Em seguida, que nos posicionemos em condição de “escuta interior”. Os pensamentos estranhos serão desprezados, pelo lembrar constante dessas sugestões, até que uma quietude interna até então nunca sentida seja espontaneamente percebida. Será o próprio Deus em Autocontemplação. Esta é a verdadeira “Prática do Silêncio”.
-Dárcio Dezolt-


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