"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, junho 23, 2008

Encobrimento da Natureza Divina do Homem (fim)

Masaharu Taniguchi


O PECADO CONCRETIZA-SE

Algumas pessoas afirmam "Pecado nem sempre é punido. Castigo de Deus é coisa que não existe", e citam exemplos dos que prosperaram apesar de serem iníquos. A Seicho-No-Ie também não reconhece a existência do castigo de Deus. Não é Deus quem castiga. O que nos parece castigo é a consequência do fato de o próprio pecado (o aspecto em que a Imagem Verdadeira perfeita está encoberta) revelar sua imperfeição sob forma concreta no "espelho" do mundo exterior. Também nos tempo bíblicos houve pessoas que perguntaram a Jesus acerca da relação entre o pecado e a ocorrência de infelicidades, doenças, etc. A resposta de Jesus Cristo foi a seguinte: "Pensais que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros galileus, por terem padecido estas cousas? Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependeres, todos igualmente perecereis. Ou cuidais daqueles dezoito, sobre os quais desabou a torre em Siloé e os matou, era mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis" (Lucas 13,2-5).

O pecado acaba sempre se manifestando concretamente. Mesmo que as consequências do pecado não estejam manifestadas em vocês agora, devem arrepender-ser, pois, caso contrário, o pecado -- "o aspecto imperfeito" -- fatalmente acabará por se manifestar concretamente e chegará a hora de vocês sofrerem as consequências infelizes. Este foi o ensinamento de Jesus Cristo.

Nos primeiros trechos do capítulo 9 do Evangelho Segundo João, consta que os discípulos de Jesus, vendo um homem cego de nascença, perguntaram "Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?", ao que Jesus respondeu: "Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifeste nele a glória de Deus". Subentende-se, aqui, que nem sempre a causa da doença está relacionada com o pecado. Em princípio, o pecado tem relação com a infelicidade, pois, sendo ele o aspecto em que a Imagem Verdadeira está encoberta, reflete-se no mundo externo sob a forma de estado imperfeito (infelicidade). E isso ocorre sob uma condição, que é: "Se não nos arrependermos". Se não nos arrependermos, cumprir-se-á a lei da concretização dos pensamentos, e a incontável quantidade de pensamentos iníquos que temos tido no passado, e que formam um carma negativo latente, passarão a se materializar no mundo real, não se extinguindo enquanto não punirmos a nós mesmos.


O MEIO PARA EXTINGUIR OS PECADOS

Por que o pecado se manifesta concretamente como infelicidade no mundo fenomênico? Não é para que ele próprio possa comprovar a sua existência.

Para melhor compreensão da explicação que darei a seguir, peço ao leitor que interprete o pecado como um "papel de embrulho" -- já que o pecado é "aquilo que encobre a Imagem Verdadeira e impede a sua revelação". Se um embrulho é dado a alguém, é para que ele remova o invólucro e receba com gratidão o presente que está dentro dele, e não para ficar olhando o embrulho em si. Se ele deixar o embrulho escondido numa prateleira, sem o abrir, a "Imagem Verdadeira" (isto é, o conteúdo) desse embrulho não se revelará. Quando o embrulho for trazido para um lugar claro e o invólucro for retirado, revelar-se-á o seu conteúdo. O mesmo acontece com o homem: somente quando ele for exposto à Luz da Verdade e for desfeito o "invólucro" do pecado, é que surgirá a Imagem Verdadeira de filho de Deus.

Assim sendo, mesmo que alguém seja cego, não é para mostrar o seu pecado que ele sofre de cegueira. Pelo contrário, pode-se dizer que ele expõe sua cegueira para revelar a sua Imagem Verdadeira de filho de Deus, ou, em outras palavras, para manifestar a glória de Deus. Se o pecado se concretiza em forma de infelicidade, é para que, com essa manifestação, ocorra sua "auto-desintegração". Se um pacote vem embrulhado, é para que o embrulho seja desfeito. Se a doença manifesta sintomas, é para que, através deles, se processe a cura. A sensação desagradável de formigamento nos pés ocorre quando o entorpecimento está começando a passar. Assim também é o pecado. Não é para comprovar sua existência que o pecado se manifesta no mundo fenomênico em forma de infelicidade. Podemos dizer que ele se manifesta para que, através de sua desintegração, se revele a Imagem Verdadeira perfeita criada por Deus, isto é, a glória de Deus.

Portanto, se "nos arrependermos", isto é, se a nossa mente se voltar completamente para a nossa Imagem Verdadeira, ou, em outras palavras, se apreendermos na prática a nossa Imagem Verdadeira de filho de Deus e o Paraíso da Imagem Verdadeira criado por Deus, todos os pecados se extinguirão imediatamente. O "embrulho" será desfeito num instante e o seu conteúdo se revelará imediatamente; então, o invólucro não terá mais importância, qualquer que seja a aparência dele, e será removido e jogado fora.


O PECADO CONTRA O PRÓXIMO

Pecar é deixar de manifestar a Imagem Verdadeira, mantendo-a encoberta. Peca contra Deus aquele que não conscientiza a verdadeira relação entre Deus e si mesmo, e não manifesta plenamente a sua Imagem Verdadeira de filho de Deus. Foi por isso que Jesus admoestou o povo, dizendo: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu espírito. este é o máximo e o primeiro mandamento". Com essas palavras, Jesus quis dizer que nós, seres humanos, devemos despertar para a nossa Imagem Verdadeira, a qual é originariamente um com Deus. Amar a Deus acima de todas as coisas constitui a base da doutrina de Cristo. E quando conseguimos cumprir esse primeiro mandamento, virá por si mesmo o cumprimento dos demais mandamentos.

Mas vejamos qual é o segundo mandamento citado por Jesus: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo". O pecado contra o próximo consiste em não cumprir este mandamento. Mas porque é pecado "não amar o próximo como a nós mesmos"? É que o "próximo" é parte de nós. Em outras palavras, nós e o outro somos, na verdade, uma só vida. Quando compreendemos a Verdade Primeira e Suprema, ou seja, que "somos um com Deus", chegamos à natural conclusão de que "nós e o outro somos originariamente um". Se A é um com Deus, B é um com Deus, C é um com Deus e eu também sou um com Deus, é claro que A, B, C e eu somos um com Deus. Se uma pessoa não ama o seu próximo, é porque ela não vê a Imagem Verdadeira, em cujo plano ela e os outros são uma só Vida. Vendo a nós próprios e aos outros unicamente com os nossos olhos carnais, será inevitável a conclusão de que nós e os outros somos indivíduos separados, cada qual com sua própria cabeça, seus próprios braços e pernas, etc. A idéia de que "cada indivíduo é um ser isolado dos outros" é fruto da mente presa à ilusão dos cinco sentidos. Quando afastamos os cinco sentidos, ou em outros termos, quando contemplamos o mundo além dos cinco sentidos carnais, compreendemos que nós e os outros somos, na verdade, uma só Vida.

Sei que existem pessoas que parecem apreciar a solidão. Aliás, eu próprio fui um menino que procurava evitar as pessoas e, sempre que possível, ficava sozinho no quarto, lendo ou escrevendo. Mas acho que, no fundo, eu não gostava da solidão, pois costumava enviar pequenos artigos para revistas juvenis e ficava exultante quando os via sendo publicados. A verdade é que todo ser humano, mesmo aquele que diz gostar da solidão, procura de alguma forma ligar-se a outras pessoas, e fica contente quando consegue concretizar a Imagem Verdadeira, em que ele e os outros são um. Existem diversas espécies de amor: o amor entre homem e mulher, o amor entre amigos, o amor entre os irmãos, o amor que une os compatriotas, o amor que une os componentes de um grupo literário ou de um partido político, o amor que une as pessoas que possuem um mesmo ideal, etc. Cada tipo de amor é uma manifestação parcial da Imagem Verdadeia, em cujo plano todos os seres constituem essencialmente uma só Vida.


A PURIFICAÇÃO DO AMOR

A formação de pequenos e imperfeitos grupos de pessoas ligadas por uma determinada espécie de amor é a manifestação parcial, e não total, da Imagem Verdadeira, da Verdade de que todos os seres humanos são uma só Vida. Ao se ligarem através de uma ou outra forma de amor, as pessoas estão manifestando até certo ponto a Imagem Verdadeira. E, na medida em que exteriorizam a Imagem Verdadeira, elas estão contribuindo para o progresso da humanidade. Quando um homem e uma mulher se amam, eles sentem, do fundo do coração, que são um. Mas, como esse sentimento de unidade fica restrito aos dois apaixonados, estes tendem a se isolar dos demais e a agir egoísticamente. Eis porque às vezes ocorrem casos de pessoas apaixonadas que entram em choque com a família e com a sociedade, ameaçando a tranquilidade do lar e prejudicando a ordem social estabelecida. Todavia, quando os apaixonados procuram harmonizar a "pequena unidade de apenas duas pessoas" com a "unidade maior" formada pelo círculo familiar, sociedade, nação, etc., através dos esforços para integrar essa unidade maior, eles conseguem progredir espiritualmente. A esse esforço para integrar a pequena unidade em uma unidade maior, dá-se o nome de purificação do amor.

Não só o amor entre um homem e uma mulher, como também os sentimentos que unem os amigos, os compatriotas, os integrantes de um grupo literário fechado, os membros de um partido político, etc., são na verdade sentimentos de unidade restritos a um determinado âmbito (às vezes pequeno, outras vezes maior, porém sempre limitado). Mas, à medida que seus limitados sentimentos de unidade forem evoluindo para um sentimento de unidade mais grandioso e elevado, essas pessoas irão abandonando o egoísmo e passarão a contribuir mais para o bem de toda a humanidade. E, na medida em que elas contribuírem para isso, irá se purificando o seu sentimento de amor. Em suma, a purificação do amor consiste em elevar o sentimento de unidade restrito a um círculo para um sentimento de unidade de maior alcance.


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