"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

segunda-feira, abril 17, 2017

O Caminho para manifestar a Provisão Infinita - 6/6

- Masaharu Taniguchi -


PARA QUEM ESTÁ PROCURANDO EMPREGO

Quando você estiver desempregado, o que deve fazer para encontrar emprego?

O que vou explanar a seguir talvez signifique pedir para as pessoas desempregadas acreditarem em algo no momento incompreensível, uma vez que, se já compreendessem realmente o que vou abordar agora, não estariam sofrendo por falta de emprego.

A primeira coisa que você deve fazer para consegui emprego, é crer, antes de mais nada, que o Amor de Deus Eterno o protege sempre, que a Sabedoria de Deus Eterno o orienta sempre e que Ele está se esforçando ao máximo para torná-lo rico. Você será capaz de fazê-lo?

Não se trata de um método especial que precise ser escrito em capítulo específico.É uma questão de fé, e, se você conseguir compreender o que venho dizendo até agora, esse problema também se resolverá por si. No caso de procurar emprego, da mesma maneira que em outros problemas, a crença de que você atua ligado a Deus onipotente age com mais força do que a fé individual.

Mesmo você, quando conseguiu os empregos anteriores, com certeza tinha fé que o emprego lhe seria concedido. Você talvez tenha publicado anúncio pedindo emprego. Ou talvez tenha recorrido a parentes e conhecidos. Mas por que fez isso? Ainda que haja diferença em grau, você o fez porque tinha “fé” de que assim conseguiria uma colocação profissional. A sua “crença” está correta. Neste mundo não há ninguém que, tendo nascido humano, não receba algum emprego de Deus. Se Deus fez o homem surgir na Terra foi para fazê-lo realizar algum trabalho, de modo que é absolutamente impossível que não haja emprego.

O único problema é se ultimamente você veio pensando em trabalhar de acordo com a vontade de Deus, isto é, em “ajudar os outros”. No momento em que deixa de existir no homem o espírito de “dedicação aos outros”, deixa de haver onde trabalhar. Portanto, é preciso reexaminar profundamente a sua alma. Não é que não haja onde trabalhar; o que lhe falta é a vontade de ajudar os outros.

Para começar, a origem da palavra japonesa mookeru (lucrar) é mookeru (construir); não significa obter rendimentos. Lucrar é construir algo que beneficie os outros, e a intenção de “construir” vai fazendo a pessoa naturalmente lucrar. Trabalhar pelo bem dos outros será, em consequência, enriquecer a si próprio. Se você perdeu o emprego, faça um exame de si próprio: ou está lhe faltando vontade de trabalhar pelos outros porque está se tornando egoísta, ou você já está diplomado no trabalho que executou até agora e, para lapidar o seu espírito, é necessário um novo trabalho.

Um novo invento jamais roubará o emprego do homem. Sendo este um mundo de evolução infinita, por mais que sejam inventadas novas máquinas extraordinárias, serão necessários novos planos, novos projetos, novas instalações, e o trabalho aparecerá infinitamente num processo sucessivo. Se as máquinas evoluírem, o tempo disponível dos homens ficará proporcionalmente maior, os bens distribuídos a casa um serão mais fartos e a riqueza aumentará; consequentemente, poderá aumentar a demanda de artigos de luxo. Como os artigos de luxo não têm limite, para produzi-los serão novamente necessário novos projetos, invenções e fábricas e infinito número de pessoas que trabalhem. Por isso, mesmo que acabem os grãos de areia das praias, os trabalhos que beneficiam os outros jamais acabarão. O que acaba é unicamente a disposição de querer ser útil aos outros.

Por essa razão, desde que a pessoa tenha vontade de trabalhar, não acontecerá algo tão absurdo como ficar desempregado. Acima de tudo, acredite que Deus é a evolução infinita, e que por isso as profissões deste mundo são infinitas e evoluem infinitamente. Acredite que o homem, uma vez nascido neste mundo, com certeza tem um trabalho a ele atribuído. Acredite que você conseguirá infalivelmente realizar um trabalho útil aos outros e que, desde que o queira, encontrará emprego. E vá executando algo que beneficie aos outros, independente de receber ou não remuneração; ajudando os outros, seja no que for e quão pequeno for. Comece por fazer faxina de um banheiro, ou limpar um vidro embaçado, varrer a calçada da casa dos outros, ou limpar o recinto de um templo. Por mais insignificante que seja trabalho, ou mesmo que não receba remuneração, sinta-se grato pelo fato de ser-lhe permitido cumprir a missão de trabalhar, para a qual você nasceu neste mundo, e trabalhe com sentimento de gratidão.

Não leve em consideração a qualidade do serviço. Por maior que seja o empreendimento do ponto de vista humano, comparado à infinita história do Universo não passa de uma simples página. Diante do trabalho do Grande Universo, tanto o maior quanto o menor dos trabalhos têm praticamente o mesmo valor. Mas, se em vez de compará-los relativamente pudermos nos colocar na posição absoluta, e ver que o nosso trabalho realiza a vontade de Deus, e que dentro desse nosso trabalho está se manifestando a força da Grande Vida do Universo, compreenderemos que mesmo que seja insignificante é o trabalho da Grande Vida do Universo, e passaremos a sentir o seu imenso valor.

Se você for pedir emprego, de nada adiantaria pedir a uma pessoa pobre, desempregada, que está passando necessidade. No entanto, se pedir emprego a um empresário bem-sucedido, com amplo círculo de amizade e grande influência no mundo dos negócios, ele logo lhe providenciará emprego. Então eu lhe pergunto: quem, neste mundo, tem círculo de amizade mais amplo, tem relacionamento com todas as pessoas e exerce mais influência sobre todas as pessoas? É Deus, naturalmente. Não há ninguém que tenha um círculo de amizade tão amplo como Deus, nem tampouco que tenha tanto poder sobre todas as pessoas. Então, se você não tem emprego a melhor coisa é pedi-lo a Deus. Deus é onipotente, está presente em todos os lugares, e pode sussurrar no fundo da alma de alguém: “Ei, meu caro, empregue aquela pessoa”; e então, naturalmente ele sentirá vontade de empregá-lo.

Seja como for, o necessário é mudar totalmente a sua atitude mental. Se você veio para este mundo, não foi para executar um trabalho só para você, desligado da Grande Vida. Antes de tudo, abandone essa ideia de que é você quem faz. É preciso tornar-se humilde e dócil, disposto a “fazer com todo prazer qualquer tarefa dada por Deus”. Quando você se tornar o canal de saída do trabalho da Grande Vida, que é Deus, jamais lhe acontecerá de ficar sem emprego.

Por outro aspecto, querer obter emprego considerando-se um desempregado é o mesmo que desejar ouvir a transmissão radiofônica de JOAK deixando o aparelho sintonizado com JOBK. Não é possível obter emprego enquanto você estiver emitindo a vibração de que é um “desempregado”. No momento em que você adquirir a fé de que já está empregado e que, com certeza, seu emprego já existe, ele será encontrado concretamente. “Não ter emprego” não passa de superstição. Só não o consegue quem com ele não se sintoniza. Quando você acreditar que “o emprego existe com certeza”, mentalizar: “Eu vou expulsar da minha mente a ideia de que sou desempregado”, e fizer algum trabalho ao seu alcance que ajude os outros, por si só o trabalho que já existe no mundo da mente virá a se concretizar.

Aquele que não executa com sinceridade o trabalho que lhe foi atribuído no momento, mesmo que não seja remunerado, não receberá o importante trabalho que virá a seguir.

Mude totalmente o seu espírito, de pessimista para otimista. O espírito pessimista só atrai coisas deploráveis. O espírito otimista atrai coisas auspiciosas. Você precisa procurar ver o lado positivo das coisas. Acredite que Deus jamais deixará o homem, que é Seu filho, na condição de desempregado. É muito eficaz mentalizar: “Se Deus me pôs no mundo, foi para eu ter um trabalho. O emprego já está dado a mim. Deus já ouviu a minha prece. O emprego já está dado a mim. Muito obrigado”.

Afinal, mentalizar dessa maneira não significa rogar piedade a Deus; é fazer com que você transforme o pessimismo de sua mente em otimismo; é entrar em sintonia com o trabalho que já lhe está atribuído como sua missão e fazer co que esse trabalho surja concretamente.

Se a pessoa acreditar que já recebeu aquilo que deseja e o agradece, isso se realiza, e são inúmeros os casos verídicos que comprovam.

Um desses casos é o de um dentista da cidade de Nagasaki. Chegou-lhe a notificação do imposto de renda a pagar, cujo valor era tão alto que não podia ser pago com o dinheiro que ele possuía. Mas, sendo adepto da Seicho-No-Ie, agradeceu considerando-se já possuidor dessa importância. Ao acordar na manhã seguinte, foi até a porta e, apesar de não haver nenhum cliente, agradeceu: “Ó, sejam bem-vindos. São dois? Ambos desejam fazer a dentadura completa? Providenciarei imediatamente. Muito obrigado”. Disse-o, como se de fato tivesse recebido o pedido da dentadura de duas pessoas. Quer dizer, ele seguiu fielmente o ensinamento de Jesus que disse: “... tudo quanto em oração pedirdes, credes que recebestes, e será assim convosco”.

Assim, ele agradeceu considerando que já houvera o pedido de dois pares de dentaduras. Acontece que nesse dia vieram de fato dois clientes que precisavam ambos de dentadura completa. Como era a primeira vez que recebia dois pedidos de dentadura completa no mesmo dia, ele mesmo ficou assustado ao ver realizar-se tão rapidamente o seu pedido, e assim teve o testemunho de sua fé. Orando coisas semelhantes nas manhãs subsequentes, estranhamente ocorreram todos os dias coisas semelhantes, e, dentro em pouco, ele conseguiu a importância necessária para pagar o imposto de renda.

Quando eu relatei este fato no auditório de Osaka, a proprietária de certo restaurante ouviu e pensou em experimentar esse método, pois ultimamente em seu restaurante havia se reduzido a freguesia. Assim, de manhã, ao acordar, foi para a entrada do restaurante e, embora não houvesse ninguém, curvou-se respeitosamente e cumprimentou: “sejam bem-vindos. São vinte pessoas? Dirijam-se ao primeiro andar, por favor”. Conta ela que nesse dia houve de fato uma reserva para uma festa de um grupo de vinte pessoas. Como vimos, mesmo as coisas ainda não manifestadas no mundo concreto, se acreditarmos que já estão realizadas e agradecermos, vêm a se realizar.

O que escrevo a seguir é o relato de uma experiência que passei, conseguindo emprego através da oração.

Perdendo a casa no incêndio decorrente do grande terremoto de Kantô, em 1922, voltei para Kobe, minha terra natal, protegendo minha esposa que estava no último mês de gravidez. Passei a ganhar a vida traduzindo textos do inglês e redigindo a revista “Mundo Espiritual”, que foi antecedente do periódico do Grupo de Estudos da Ciência Espiritual, “O Espírito e a Vida”. Mas não era tarefas que propiciassem rendimento digno de ser chamado de rendimento e, como a maior parte era trabalho que podia ser executado em casa, eu lá ficava. Mas, ficando em casa, minha mãe achava que eu estava sem trabalho; se eu na trabalhasse fora e não trouxesse o envelope de pagamento, ela achava que eu estava desempregado e morria de preocupação com a minha situação financeira. Nessa época eu estava começando a acreditar na “força da mente”. Estava começando a compreender que a matéria era o nada, e que era algo que surgia e desaparecia, vinha e ia embora em obediência à lei da mente.

Foi nessa época que eu me propus a instituição da “Federação da Transmissão de Pensamentos Iluminadores” através da Reikô (Luz Espiritual), do meu amigo sr. Masasuke Seki, sustentando que, se este mundo se mostrava tenebroso, era porque o pensamento dos homens era tenebroso; que para melhorar este mundo era preciso purificar o nosso pensamento. Por isso, sugeri aos leitores que transmitíssemos o pensamento iluminador, marcando para isso uma hora determinada com intuito de iluminar o mundo. Também publiquei a seguinte teoria: “Se somos pobres, é porque a nossa mente é pobre. Não adianta corrermos a esmo em busca da riqueza, pois só ganharemos o cansaço e desperdiçaremos dinheiro em condução. Em primeiro lugar, precisamos enriquecer mentalmente. Se pobre não é virtude do homem. Sendo Deus a provisão ilimitada, é natural que a pessoa que reconhece Deus enriqueça espontaneamente. Conseguiremos enriquecer, só de nos sentarmos em silêncio e reconhecer Deus”.

Nessa época, havia um habitante nativo da ilha de Formosa chamado Chao Shak Kei, o qual ficou extremamente entusiasmado ao ler a minha obra “Ao Caminho Sagrado” e vivia me escrevendo e enviando produtos típicos de Formosa. Mas quando publiquei essa teoria ele pensou que eu tinha me corrompido, pois eu, que fora preconizador da “exaltação à pobreza”, falava em obter a riqueza sentado em silêncio. Talvez ele não pudesse compreender que o meu estado mental da época que preconizava a “exaltação à pobreza”, reconhecendo a existência da matéria e a possibilidade de ela poder macular o homem, era inferior ao estado mental que, reconhecendo a inexistência da matéria, diz que chamando pela riqueza em direção ao vazio ela virá naturalmente. Ele me mandou uma carta dizendo: “O professor é um Dom Quixote”, e desde então nunca mais me deu notícias.

Mas eu não esmorecia com essas coisas. No mundo de Deus nada é inexistente. Só deixamos de ter algo porque não tomamos a iniciativa que deveríamos tomar. No caso do meu emprego, a decisão de tomar iniciativas nesse sentido tornava-se cada vez mais firme. Não é que eu vivesse ociosamente dentro de casa; eu executava trabalhos que não tinham como objetivo a remuneração. E, como fazia tradução e redação da revista de graça, dessa Seara de Bênçãos recebia o estritamente necessário para a subsistência. Mas, já que minha mãe se preocupava tanto comigo, achando que eu estava levando uma vida sem estabilidade, para não preocupá-la decidi tornar-me assalariado. Eu passei a trancar-me uma vez por dia, durante cerca de uma hora, num quarto do andar superior e a praticar a Meditação Shinsokan, como é denominada atualmente. “Deus é o todo de tudo, Deus possui todas as coisas. Não é possível que o emprego de que necessito não esteja nas mãos de Deus. Se eu existo aqui, com uma determinada capacidade, certamente haverá pessoas que necessitam dessa minha capacidade. Como o ser que procura e o ser que é procurado estão dentro de Deus, ligados um ao outro, Deus fará infalivelmente com que eles se descubram um ao outro. Deus, permita-me descobrir.”

Havia decorrido cerca de um mês desde que eu começara a orar assim, profundamente concentrado. Eu estava pedindo a Deus que me concedesse uma colocação apropriada, mas nunca pedi ajuda a ninguém para arranjar-me emprego, nem sequer enderecei um só curriculum-vitae. Foi realmente muita “comodidade”. Nessa época, na casa dos meus pais levava-se uma vida bastante carente e não se assinava jornal, mas certo dia – talvez alguém tomara emprestado o jornal de outrem – encontrei o jornal “Osaka Asahi” aberto à minha frente. Eu folheei esse jornal para me distrair e, como no íntimo não era minha intenção procurar emprego, logicamente nem olhei para a seção de anúncios de emprego. Quando acabei de ler um conto e olhei para baixo, havia um anuncio especial, bem grande, onde se lia: “Procura-se tradutor de alta categoria”. Quanto ao anunciante, só fornecia o número da caixa postal e não se podia saber que empresa era. No mesmo instante, ouvi uma voz que sussurrava: “Candidate-se a essa vaga”. Então escrevi um curriculum-vitae em japonês e inglês, enderecei àquela caixa postal e imediatamente enviaram um contínuo com uma carta dizendo que queriam me entrevistar.

Chegando lá, como se tratava de uma firma estrangeira, a capacidade era mais importante do que a escolaridade, mas por sorte passei no teste. Eu deixara escrito no espaço para salário pretendido “cem ienes”, achando que isso seria suficiente para tranquilizar minha mãe; mas o encarregado da seleção disse: “No curriculum-vitae consta a pretensão salarial de cem ienes, mas resolvemos pagar-lhe cento e setenta ienes, e queremos que comece a trabalhar a partir de amanhã”. Eles ficaram satisfeitos porque encontraram a pessoa que procuravam, e propunham-se a pagar desde o início 70% a mais do que eu pretendera. Como podemos ver, não é que não exista emprego; emprego existe, e existem também pessoas adequadas para esse trabalho. Não se consegue emprego, apenas porque ambas as partes não se atraem mutuamente; se atraírem-se firmemente, tudo é muito simples.

Mas o que vem a ser essa força que faz com que o homem e o emprego se atraiam reciprocamente? É o fato de “o eu e o outro” serem “um só” – isto é “amor”. Por serem ambos em princípio um só corpo, quando age a força do “amor”, isso faz com que se traiam mutuamente. Sendo Deus o Amor e a origem de todas as coisas, estando dentro de “Deus”, o “eu” e o “outro” são um só, e o “homem necessário” e o “emprego necessário” atraem-se mutuamente como se fossem ímãs. O acerto monetário é como uma faísca que chispa quando o “homem necessário” e o “emprego necessário” se encontram e, havendo concordância mútua, haverá remuneração superior à desejada.

Por isso, quem se diz desempregado ou que não encontra emprego, na minha opinião, não está conseguindo “ir ao encontro” do empregador que lhe foi designado porque não se funde com Deus, que é um em princípio, e fica procurando desesperadamente o emprego somente no mundo fenomênico, que não é um em princípio.

Testemunhos de que, só por praticar a Meditação Shinsokan e entrar para o mundo em que tudo é “um em princípio”, foram facilmente encontrados objetos perdidos, são-nos enviados frequentemente pelos adeptos da Seicho-No-Ie. Em se tratando de emprego que se conseguiu após entrar no “mundo e que tudo é um em princípio”, por maior que seja a remuneração, jamais estará roubando o lugar de outrem, pois ele é designado a essa pessoa por Deus, e Ele próprio a chama, fazendo questão que seja essa pessoa mesmo. Em oposição a isso, mesmo sendo mal remunerado, se o emprego foi obtido sem mergulhar no que é “um em princípio” (Deus), a pessoa pode estar roubando o lugar de alguém mais apropriado, já designado por Deus, da mesma maneira que aquele milionário acabou roubando o lugar de um pobre. Por isso, até que consigamos as coisas no mundo fenomênico, precisamos mergulhar em Deus, que é um em princípio, para d’Ele obtermos as coisas.

A experiência de conseguir emprego mergulhando em Deus não é só minha. Também no livro de Waldo Trine consta o seguinte episódio, com o qual podemos constatar que a Verdade é a mesma, tanto no Ocidente como no Oriente.

Certa senhora se viu em dificuldades para arrecadar dinheiro. Como esse dinheiro seria utilizado para um fim benéfico, ela acreditou que Deus não deixaria de dá-lo. Ela acreditou que “dentro de Deus” aloja-se um tesouro inesgotável, e que através da força da mente pode-se trair o que é necessário. Por isso, certa manhã, em seu quarto, mergulhada em Deus, orou por algum tempo: “Deus me dará infalivelmente o que me é necessário”. Então, nesse mesmo dia, um senhor, seu conhecido há tempo, visitou-a e disse-lhe: “Surgiu um trabalho que eu faço questão de que seja realizado pela senhora; por isso vim pedir-lhe que o execute”. Ela pensou por um momento. Não conseguia encontrar nenhum motivo humano para aquele senhor vir pedir especialmente a ela tal serviço. Após breve momento de reflexão, percebeu: “Realmente, isto é a vontade de Deus. Deus respondeu à minha oração matinal de hoje”. E fez o trabalho com toda dedicação, com toda sinceridade. A importância que o tal senhor lhe entregou como “recompensa” quando o trabalho ficou pronto era de tal monta que ultrapassava o necessário à finalidade que ela tinha em mira.

Se pedirmos a Deus, tudo surgirá. Não as coisas más, ou que se destinam a satisfazer os desejos carnais, mas tudo o que for bom. É uma Verdade a frase “Pedi, e dar-se-vos-á”. Deus está nos dando mais do que pedimos. Não precisamos ter receio de pedir a Deus. O importante é encontrarmos no coração de Deus – buscar as coisas mergulhando em Deus. A maioria das pessoas busca, mas não em Deus e sim nos homens. Não busca no “absoluto”, mas no “relativo”. Como, em vez de buscar dentro de si, busca fora, não consegue obter um décimo sequer do que deseja e acaba vivendo a se queixar.

Então alguém dirá: “Explique-me detalhada e concretamente o que devo fazer para buscar em Deus em vez de buscar nos homens”. Bem, quanto ao modo de pedir orando, basta seguir o meu exemplo, que citei anteriormente, e o dessa senhora estrangeira. Mas, explicando mais detalhadamente:

Primeiro junte as mãos em posição de prece, feche os olhos, recite o Canto Evocativo de Deus como se faz na Meditação Shinsokan; depois, mergulhe em Deus. Para isso, repita dezenas de vezes concentradamente o verso do Canto Evocativo de Deus: “Eu vivo, não pela minha própria força, mas pela Vida de Deus-Pai, que permeia os céus e a terra”. E mergulhe todo o espírito no significado do verso. Se assim fizer, emergirá a consciência de que o fato de você estar vivendo não se deve à pequena força física, que até então você acreditava ser o seu “eu”, mas sim à Grande Vida, poderosa, imensurável, que existe imanente no Universo grandioso. Quando sentir profundamente essa consciência, repita dezenas de vezes o verso seguinte do Canto Evocativo de Deus: “As minhas obras, não sou eu quem as realiza, mas a força de Deus-Pai, que permeia os céus e a terra”.

Criando assim sentimentos profundos de que não existe entre o céu e a Terra um trabalho sequer que seja feito pelo “ego”, mas sim que o que você faz, as transformações que ocorrem na Terra, tudo se deve à força do Deus-Pai onipresente e imensurável, sinta do fundo da alma:

“Não há nem eu nem o outro; todo o Universo está dentro de Deus que é um só. Eu busco, não com a pequena força do ego, mas com a força do Universo inteiro. Por isso, ao mesmo tempo em que eu busco, infalivelmente em algum lugar do Universo está nascendo um objeto desta busca; se eu o busco, o objeto buscado também me busca e, assim, estamos nos aproximando um do outro. Como essa atração mútua se deve à Força de Deus, à força imensurável, graças a ela o que eu busco será infalivelmente encontrado”.

Mentalize assim durante uns dez minutos, e depois, com o espírito calmo, renda graças ao Pai do Universo, terminando assim a Meditação Shinsokan. Após isso, não deve ficar se preocupando com a realização ou não do seu desejo. Uma vez que durante a Meditação Shinsokan você já negou a existência de qualquer trabalho feito pelo “ego” e confiou o seu desejo ao juízo do Universo, ao manifestar o juízo do ego toda aquela oração resultará em desperdício. Já que confiou tudo a Deus, jamais acontecerá algo que não seja bom – ainda que por um momento pareçam vir-lhe coisas más ou que lhe seja dado o que não satisfaz o teu desejo, isso é um trampolim que fará surgir algo superior ao desejado. Portanto, é necessário que se dedique sinceramente a esse trabalho. No caso da senhora que acabamos de citar, ela precisava de dinheiro, mas em vez do dinheiro propriamente dito veio um trabalho. Se nesse momento a senhora, pensando que lhe surgiu algo diferente do que desejava, deixasse de fazer esse serviço com honestidade, acabaria não conseguindo o dinheiro de que precisava. O segredo para realizar aquilo que deseja é, primeiro orar e confiar em Deus e, seja o que for, receber com gratidão aquilo que vier através das mãos da providência, dedicando-lhe total sinceridade e honestidade.

Seja o que for que lhe venha antes, mesmo que seja sofrimento, não deve se deixar derrotar por ele. Deve considerar esse fato como processo de transformação do destino e, antevendo um futuro alegre, desbravar a sua sorte futura usando a todo instante a força de Deus que se aloja em você. Não deve pensar que desbrava com sua própria força, mas acreditar que o faz com a força de Deus que se aloja em você.

O sr. Takeo Iwashi, professor da Faculdade de Kansei Gakuin e filósofo, cego, apesar da sua condição física conseguiu concluir todos os estudos e manifestar a glória de Deus, comovido pela frase da Bíblia: “... foi para que se manifestasse nele a glória de Deus”. A cegueira à qual nos referimos é o símbolo da grande adversidade que é imposta na vida. Mesmo havendo uma adversidade tão grande como a cegueira, há dentro de você uma força grandiosa de Deus, que transpõe até isso – nesse caso, a adversidade está sendo um instrumento para mostrar quão poderosa é a Força de Deus que se aloja em seu interior. Por isso, seja qual for o tipo de sofrimento que advenha, não precisamos temê-lo, não devemos nos queixar.

Se temermos, a nossa força vital diminuirá; se nos queixarmos, a nossa força vital também diminuirá. Se tiver tempo para lamuriar, para temer, utilize-o para aperfeiçoar-se gradativamente com todo o zelo, a fim de manifestar a glória de Deus que se aloja em você. Avance, antevendo tranquilamente a realização da glória de si próprio, que é filho de Deus. O pensamento é a luz que ilumina o caminho a seguir, ao mesmo tempo em que é a mola propulsora que impulsiona para cima a vida atual. Acredite, acredite em Deus que se aloja dentro de você. Acredite que existe dentro de você algo que é invencível.

Cumprindo sempre honestamente as obrigações de cada dia, prossiga desenhando na mente aquilo que deseja. Dessa forma, a força do Universo agirá espontaneamente, e concretizará as coisas e fatos que você deseja, de acordo com o protótipo delineado em pensamento. O pensamento é força. Se for um pensamento que não visa apenas a satisfação própria, mas o auto-aperfeiçoamento para ser mais útil aos outros, ele se realizará ao orar a Deus confiando este desejo a Ele e cumprindo todas as obrigações do dia-a-dia. Caso sobrevenham adversidades inesperadas, pratique a Meditação Shinsokan repetindo os versos do Canto Evocativo de Deus, sinta-se um com Deus e, em seguida repita:

“O estado em que me vejo agora é uma etapa que Deus me proporcionou como pré-requisito para a vinda da coisa almejada. Em breve deixarei este estado para entrar naquele que eu realmente desejo. Como Deus o fará com sua onipotência, não há necessidade de eu duvidar ou de me preocupar.”

Permaneça assim mais dez minutos, com toda a sua Vida convergida para essa “ideia”. Repetindo isso todos os dias, em pouco tempo o estado adverso se desfará, e surgirá um estado que permite desenvolver a Vida livremente.

O princípio para superar a pobreza resume-se a uma frase muito simples: “A matéria é originariamente inexistente; assim sendo, conforme a mente, pode manifestar-se tanto de modo inesgotável como escassamente”. Desejo que, pela aplicação desse princípio simples, você próprio vá superando a pobreza, concretizando neste mundo fenomênico o estado da provisão infinita e inesgotável, inerente ao filho de Deus, até que toda a humanidade enriqueça.

Mas como é próprio do homem comum prender-se às matérias quando elas se avolumam, quanto mais se acumularem matérias, mais devemos lembrar-nos da Verdade de que “a matéria é originariamente nada”. Enquanto a pessoa se mantém consciente da Verdade de que “a matéria é originariamente nada”, tanto faz ser grande ou pequena a quantidade de matéria em suas mãos, ela estará possuindo a riqueza infinita. Mas se a pessoa se prender à riqueza que está em seu nome e considerar essa matéria existente, mesmo que ela seja multimilionária, a partir desse instante sua riqueza se tornará finita; e ela passará a achar que, cedida, ela diminui, e a não compreender a maravilha da riqueza que aumenta quanto mais é utilizada, desde que a mente seja rica.

Aí está a cilada em que os ricos caem: só pelo fato de ter a ideia de que gastando-a ela diminui, a pessoa se torna prisioneira da matéria. Sendo a matéria originariamente inexistente, por mais que a acumulemos, depois da morte não nos será possível usá-las. Ainda que estejamos de posse de todas as coisas possíveis neste mundo, tal posse não pode durar mais do que duzentos anos. Um dia deixaremos este mundo, e neste dia teremos de nos transferir para o mundo espiritual, abandonando todas as posses materiais.

Há pessoas que pensam que, transferindo-nos para o mundo espiritual, poderemos ir imediatamente ao Paraíso ou ao Reino dos Céus; mas, de acordo com os estudos espirituais recentes, isso não acontece. O nosso espírito mesmo depois de passar para o mundo espiritual, mantém o hábito da mente por um tempo considerável. E o espírito que tem o hábito mental de apegar-se às coisas exteriores, tanto no mundo espiritual como no mundo terreno continua apegado à posse e, tentando em vão obter o que não consegue, mantém-se na condição de “alma penada”, sem poder ser salva. Em parapsicologia, chama-se isso de “espírito preso à terra” (Earth bound spirit). Mesmo no mundo espiritual, está amarrado às coisas e fatos da Terra devido ao hábito mental do apego, isto é, desejar obter o que não é possível, e não há coisa mais penosa para quem está no mundo espiritual.

Ter posses exteriores acreditando que são existentes, sejam elas poucas ou muitas, é bastante perigoso. Por isso, precisamos, desde agora, enquanto estamos neste mundo, treinarmos para não considerar a posse exterior como existente. A Seicho-No-Ie não proíbe as pessoas de ter posses exteriores, nem as obriga a delas se desfazerem; apenas diz que as coisas exteriores são originariamente “inexistentes” – são existências falsas, que se manifestam como sonho ou miragem, de acordo com a mente, e que, embora aparentem existir, são originariamente inexistentes.

Se não compreendermos que, independentemente da quantidade, as posses exteriores são originalmente “inexistentes”, acabaremos pensando que são “existentes”; com isso a mente não conseguirá a liberdade e se prenderá. Ainda que abandonemos todas s posses e fiquemos nus, se pensarmos que ainda existe o “corpo”, prendemo-nos a ele. Por isso, há pessoas que, mesmo desfazendo-se de todos os bens, como fazem os adeptos da seita Ittoen, ainda se prendem ao seu corpo carnal, preocupando-se em como se desfazer dele. É o caso daquele milionário que, ao tornar-se adepto dessa religião, ficou com a mente presa em só viajar no vagão de segunda classe, preocupando-se em como se ver livre do vagão de primeira no qual fora obrigado a viajar.

Pensando bem, se a pessoa não compreende a “inexistência” originária das posses exteriores, ainda que sejam poucas, é natural que sua mente se prenda a elas. Mas, se compreender a Verdade da “inexistência” originária dos bens exteriores, não há como se prender a algo que não existe. Por maiores que sejam as suas posses, é impossível que a mente se prenda a ele. Além disso, a pessoa que compreende essa Verdade não paralisa a circulação acumulando riquezas ao seu redor. Movimenta apenas o necessário para o momento e deixa o restante depositado no Banco do Grande Universo fundado por Deus, vivendo cada dia com gratidão, sem preocupar-se desnecessariamente com o futuro. Tal pessoa não está de posse de matérias, mas do princípio fundamental que faz surgir as matérias. Por isso, se chamar o que necessita com a força do pensamento, qualquer que seja a riqueza surgirá de acordo com a necessidade e desaparecerá quando não houver necessidade. Se ela não está de posse das matérias, mas sim do “princípio fundamental” que faz surgir as matérias, não relutará em abandonar as coisas do mundo quando chegar a hora de deixar este mundo para entrar no mundo espiritual, e lá conseguirá, de novo, fazer surgir livremente as coisas necessárias ao seu ambiente, através da força do “pensamento”. Esta é a pessoa que conhece a Verdade. Somente quem conhece a Verdade nada possui e, ao mesmo tempo, é milionária, possuidora da riqueza inesgotável.


(Do livro: “A Verdade da Vida, vol. 8”, pp. 163-183)

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