"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Sabedoria: a Luz de Deus

Masaharu Taniguchi


(Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade)

SABEDORIA

A sabedoria é Luz de Deus,
é Luz perfeita que acompanha a Realidade,
é Luz infinita e onipresente que desconhece restrições;
porque não conhece restrições,
está presente em todas as coisas
e ilumina todas as coisas.


A sabedoria é a luz divina que elimina a treva da ilusão. A ilusão não entende a Imagem Verdadeira. Não entender é ignorância, e ignorância é treva. A função da Sabedoria é iluminar a Imagem Verdadeira, eliminando essa treva, razão pela qual é chamada luz. Onde há Realidade, infalivelmente há luz, há sabedoria. Onde há Realidade, jamais surgem situações caóticas por falta de sabedoria. Se existe caos, é sinal de que nesse lugar não há Realidade. Por isso se diz que a sabedoria é a luz perfeita que acompanha a Realidade, ou seja, Deus. "Luz infinita" é a luz impecável e infalível que está presente em tudo e tudo ilumina. Essa luz é infinita, onipresente e desconhece restrições. Sendo infinita e onipresente, é óbvio que possa estar presente em todas as coisas, iluminando-as. O trecho seguinte diz que o homem é "filho da Luz":


O homem, sendo filho da Luz, e porque está sempre na Luz,
desconhece a escuridão,
desconhece tropeços,
desconhece embaraços;
como anjos que passeiam no céu,
como peixes que nadam no oceano,
passeia no Mundo da Luz, pleno de Luz e cheio de Alegria.


A Realidade é tudo. Logo, uma vez que existimos, a Luz da Realidade está também dentro de nós e, por conseguinte, a treva não existe para nós. Somos filhos da luz. Nascemos da luz, estamos dentro da luz e ao mesmo tempo temos a luz dentro de nós. Se a luz está dentro de nós e estamos dentro da luz, a treva não pode existir. Não conhecemos a treva. Não existe nenhuma espécie de treva. Não existe empecilho algum que nos faça tropeçar. Portanto, somos seres totalmente livres e vivemos sem tropeços nem embaraços, tal como os anjos que voam livremente no céu ou como os peixes que nadam na água. Esta é a verdadeira imagem da nossa vida. Os peixes nadam à vontade, com desenvoltura, como se nem percebessem a existência da água ou sentissem sua resistência. Da mesma forma, o homem, na verdade, está passeando livremente no mundo da luz, sem encontrar treva nem obstáculo algum, transbordante de luz e alegria. Esta é a imagem do viver do homem verdadeiro, do homem-Imagem-Verdadeira. Se, no entanto, surgem inúmeros obstáculos que tolhem nossa liberdade, é porque não manifestamos plenamente a luz e permitimos que a "treva" mostre sua falsa existência e apresente obstáculos que não existem, como se fossem existência verdadeiras. Manifestando a luz da sabedoria, a situação embaraçosa desaparece automaticamente porque não é existência verdadeira.

A sutra diz em seguida:


Sendo a Sabedoria Luz da iluminação espiritual,
é a Verdade que ilumina e extingue as trevas da ilusão.


A sabedoria é luz da iluminação espiritual; portanto, quando ela se manifesta, desaparecem todas as ilusões e trevas e surge a imagem verdadeira da Realidade, que é perfeita e impecável. Mas a sabedoria neste contexto não é a sagaz inteligência do cérebro humano, nem a faculdade de conhecer os fatos e as coisas deste mundo; é a faculdade de conhecer a Imagem Verdadeira. Não é aquela que vem do homem em ilusão; é a sabedoria verdadeira que vem de Deus. Sob a luz dessa sabedoria, todos os tipos de ilusão e treva desaparecem irremediavelmente. Se a ilusão aparenta existir, é porque não manifestamos a sabedoria. A treva parece existir realmente e pensamos que ela existe, mas ela não é algo que existe em oposição à luz. A treva não passa de estado de ausência de luz. Da mesma forma, as infelicidades não passam de estados de ausência de luz da sabedoria.

Não raro encontramos pessoas que dizem: "Estou doente há mais de vinte anos. Nenhum tratamento me cura porque esta doença é crônica". Assim dizem por pensarem que a doença é existência verdadeira. Pensam que sua doença, sendo produto de causas cármicas acumuladas durante muito tempo, não será curada facilmente. Até perderam a esperança de cura. Acham que o carma formado há várias encarnações não será extinto tão facilmente por meio da fé ou práticas espirituais. Elas estão segurando firmemente a doença com a mente, considerando-a existente, razão pela qual nunca saram.

Vejamos mais um trecho:


Somente a Verdade é Realidade.
A ilusão, sendo apenas falta de conhecimento da Verdade,
é tal qual um pesadelo.
Despertai do pesadelo.
Ocorrendo a iluminação espiritual,
imediatamente este mundo se torna Paraíso pleno de Luz,
e o homem revela a sua Imagem Verdadeira
que é Vida plena de Luz.


O carma não é algo que existe de verdade. Ele é formado pelo acúmulo de ilusões que aparenta existir devido à treva mental e falta de luz. Por isso, mesmo o mais pesado carma desaparece quando se acende a luz da sabedoria, assim como a mais densa treva desaparece quando se acende uma lâmpada. Não importa se é um carma formado há dez ou vinte anos: uma vez acesa a luz da sabedoria, a vida se ilumina.

Poderá alguém pensar que uma treva formada há pouco tempo pode desaparecer diante de uma luz mais facilmente do que uma treva antiga que vem durando séculos. Contudo, tanto a treva recente como a antiga desaparecem igualmente quando se acende a luz. A treva não é existência verdadeira; ela é inexistente. Treva é inexistência. E não há inexistência recente nem antiga. Assim também é a ilusão (treva mental). Esta é um estado de ausência de sabedoria, sendo portanto inexistente. No budismo se diz sabiamente que a "ilusão" é "ausência de iluminação", para explicar que ela é um estado em que a luz da sabedoria está ausente. Por conseguinte, quando ocorre a iluminação espiritual (despertar), desaparecem todos os carmas, desejos egoísticos, ressentimentos e insatisfações.

"Então, de onde surge a ilusão?" - perguntam alguns. Fazem tal pergunta porque ainda pensam que a ilusão existe. Se compreenderem que não existe, não surgirá tal dúvida. partindo-se da premissa de que "a ilusão existe", jamais se pode provar sua inexistência. Compreendendo que a ilusão não surge de lugar algum porque não é existência verdadeira (nada), desaparecerá tal questionamento. Se alguém perguntar "De onde vem a treva?", só poderemos responder que ela não vem de lugar algum, pois a treva é um estado de ausência de luz. A questão se torna difícil quando se pensa que a treva seja algo consistente, que sai de um lugar para se apresentar diante de nós. Mas felizmente a treva, assim como a ilusão, é um estado em que a luz está ausente.

A Seicho-No-Ie diz, portanto, que os estados de ausência de luz, tais como o pecado, o carma, a ilusão, etc., são na verdade inexistentes, e que o fato de eles parecerem existentes não passa de pesadelo. Por isso, o trecho da sutra diz: "A ilusão, sendo apenas falta de conhecimento da Verdade, é tal qual um pesadelo. Despertai do pesadelo". Viver pensando que existem ilusão e pecado a serem levados em consideração é o mesmo que estar tendo pesadelo. Se alguém pensa que a ilusão existe - isto é, considera real o pesadelo que está tendo -, é porque nele não está se manifestando a sabedoria. A treva mental parece existir quando não está presente a luz da sabedoria, isto é, a luz de Deus. Quando brilha a luz da sabedoria, desaparece a ilusão. Se considerarmos real a imagem ilusória que se formou na mente e não abrirmos os olhos da mente, ela não desaparecerá nunca. Porém, se abrirmos os olhos mentais, a imagem ilusória desaparecerá instantâneamente.

Ilusão é o não-reconhecimento da Verdade. Não é que existe algo chamado ilusão. Por exemplo, daqui ouvimos as cigarras cantando nas árvores lá fora. Devido à acústica deste salão, muitas vezes esse chiado das cigarras é confundido com o barulho da chuva, e muitas pessoas poderão pensar que está chovendo. Isso é a ilusão. E se alguém lhes explica que o ruído não é de chuva mas de cigarras, as pessoas percebem a verdade e, simultaneamente, desaparece a "ilusão de que está chovendo". Então pergunto: "Onde está a "ilusão de que está chovendo"? Ela não existe mais. Existe unicamente a verdade de que as cigarras estão cantando. Conclui-se, portanto, que a "ilusão de que estava chovendo" não existia; simplesmente a verdade de que "as cigarras estão cantando" estava oculta, devido à falta de reconhecimento dessa verdade. Esta é a natureza da ilusão.

Abrindo os olhos da mente, isto é, compreendendo a Verdade, a ilusão desaparece instantaneamente. É como diz o trecho da sutra: "Ocorrendo a iluminação espiritual (o despertar), imediatamente  este mundo se torna Paraíso pleno de Luz, e o homem revela a sua Imagem Verdadeira, que é Vida plana de Luz". Se alguém pensa que neste mundo existem muitos sofrimentos e desgraças, é porque não conhece a Imagem Verdadeira, isto é, a Verdade de que este mundo é o paraíso de luz. Se tal pessoa ouvir os ensinamentos da Seicho-No-Ie, conhecer a Imagem Verdadeira e perceber que os sofrimentos e desgraças são ilusões, portanto inexistentes, o mundo se transformará imediatamente em paraíso de luz e ela manifestará sua Imagem Verdadeira, que é Vida plena de luz.

Ontem à tarde esteve em nossa reunião o sr. M. A., que trabalha no Departamento de Obras da Prefeitura de Tóquio. Ele relatou, diante do público presente, que viera à Seicho-No-Ie para se curar de bronquite. Quando ele tinha três anos de idade, ficou com o rosto boerto de eczemas e, após a cura, a epiderme facial ficou repuxada e cheia de cicatrizes. Durante quarenta e sete anos ele viver assim e pensava: "Sou uma criatura repugnante". entretanto, conheceu a Seicho-No-Ie, leu a obra A Verdade da Vida e mudou seu pensamento. certo dia, quando praticava a Meditação Shinsokan, surgiu-lhe de dentro a seguinte convicção: "Sou originariamente filho de Deus, portanto, não sou repugnante; meu rosto é belo e harmônico!". Então, surpreendentemente, a pele do rosto começou a se descontrair, e as cicatrizes começaram a desaparecer. Normalmente, pensa-se que tal tipo de deformação da pele é incurável porque não é uma doença, e sim cicatrizes deixadas por uma doença que se curou. Entretanto, a pele do rosto do sr. M.A., que esteve repuxada e cheia de cicatrizes há quarenta e sete anos, está voltando ao normal. "Meu rosto ainda não está perfeitamente normal, mas já está muito bonito como podem notar", disse ele alegre e humoristicamente.

Como vimos, a face que estava deformada durante quarenta e sete anos voltou ao normal graças à compreensão da Verdade. Tal transformação não será possível enquanto a pessoa estiver considerando seu corpo como matéria e a matéria como existência verdadeira. A matéria é "sombra" da mente. O rosto disforme era projeção do pensamento: "Isto são cicatrizes que vão ficar pelo resto da vida". O sr. M.A. compreendeu que seu rosto não era incorrigível. Ou melhor, compreendeu que não precisava corrigir nada, pois a face repuxada pelas cicatrizes não era existência verdadeira; que sua verdadeira imagem não tinha deformação alguma. Quando compreendeu isso, mudou seu filme mental e passou a se projetar neste mundo fenomênico a imagem perfeita de sua Imagem verdadeira.

A importância desse fato não se restringe apenas ao desaparecimento das cicatrizes de 47 anos. Todos os problemas da vida são como essas cicatrizes. Citei este caso como exemplo para solucionar todos os tipos de problema. Todos os sofrimentos e imperfeitções são "cicatrizes" e "deformidades" da vida. As pessoas em geral pensam que o homem é uma massa formada de elementos materiais e que toda avaria nela ocorrida deve ser corrigida por meios materiais. Pensam que as cicatrizes resultantes de eczema são anormalidades materiais ocorridas no corpo material e que, portanto, para eliminá-las, é preciso cirurgia plástica, substituindo a pele irregular por pele lisa retirada da coxa ou de alguma outra parte. em suma, pensam que o homem é um ser material, uma massa feita de matéria. Este é o pensamento comum da maioria das pessoas, mas é um modo de pensar errôneo.

Vejamos mais um trecho da sutra:


Deus, Luz de infinita e universal Sabedoria,
Bem sem limitação,
Vida sem limitação,
Substância de todas as coisas,
é também Criador de todas as coisas;
por isso, Deus está presente em todos os lugares.
Deus, é a onipresente Substância e também o Criador.
Por isso:
unicamente o Bem é Força,
unicamente o Bem é Vida,
unicamente o Bem é Realidade;
logo, não existe Força que não seja Bem,
não existe Vida que não seja Bem, e também
não existe Realidade que não seja Bem.
Força que não seja Bem, isto é, força que traz
infelicidade, não passa de pesadelo.
Vida que não seja Bem, isto é, a doença, não
passa de pesadelo.

Todas as desarmonias e imperfeições nada mais
são que pesadelos.

Sendo o pesadelo aquilo que dá força ativa à
infelicidade, à doença, à desarmonia, à imperfeição,
estas se assemelham às diabólicas opressões que, em
sonho, podem nos fazer sofrer. Mas, ao despertarmos,
percebemos que não existe força alguma para nos
oprimir; nós é que nos oprimimos com a nossa própria
mente.
Em verdade, as forças maléficas, a força que oprime a
nossa vida , a força que nos faz sofrer, não são forças
que realmente existem de modo objetivo;
nada mais são que dores criadas em nossa própria mente
sofridas pela nossa própria mente.


Compreendendo o que acabamos de ler, a ilusão revelará sua inexistência e não nos poderá causar dano algum. Mais que isso: conseguiremos manifestar a imagem perfeita de nossa Imagem Verdadeira, livremente, de acordo com nosso pensamento. Em outras plavras, o homem manifestará sua imagem bela exatamente como foi criado por Deus, e este mundo será o paraíso de luz, refletindo fielmente o mundo da Imagem Verdadeira, o mundo de Deus.

O trecho seguinte diz que "Deus é Luz de infinita e universal sabedoria". Realmente, a Sabedoria de Deus é infinita e não existe outra sabedoria além da divina. Logo, a sabedoria que se aloja em nós é, na verdade, a infinita Sabedoria de Deus. Porém, é um grande erro pensar que essa sabedoria esteja dentro do nosso corpo carnal. A Seicho-No-Ie diz que "o corpo carnal não existe". Compreendendo-se que "o corpo carnal não existe", não está dentro do corpo carnal. Também no que se refere à iluminação (despertar espiritual), é um grande erro pensar que a limitada inteligência do homem carnal envolto em ilusão, apreendendo aos poucos a Verdade, irá se elevar até alcançar a iluminação. O despertar (iluminação) consiste em deixar emergir e brotar subitamente do nosso interior a Sabedoria de Deus. Não é a mente cerebral que desperta. Se o despertar espiritual fosse uma conquista da inteligência cerebral, ele desapareceria com a morte física e decomposição do cérebro, e não poderia ser considerado uma salvação do homem inclusive após a morte carnal.

Certas pessoas podem insistir dizendo "Não, a sabedoria está no cérebro", mas ela não está. O órgão chamado cérebro é um instrumento criado por nossa mente para nos servir; estamos apenas utilizando-o. Não é do órgão físico chamado cérebro que vem a sabedoria.

Além disso, a sabedoria do eu e a do outro não estão isoladas uma da outra; estão inseparavelmente ligadas à sabedoria universal. Perceber isso constitui o despertar segundo a Seicho-No-Ie. Conscientizando que nossa sabedoria e a sabedoria universal - que preenche e vivifica todos os seres do Universo - são uma só, compreendemos que ela não é algo diminuto que caiba neste pequeno eu, mas infinitamente grandioso, e que aquilo que mentalizamos é imediatamente captado pela sabedoria (Providência) que rege o Universo.

Frequentemente adeptos da Seicho-No-Ie relatam graças recebidas, esclarecendo que, quando pensam em determinada coisa que desejam, alguém traz exatamente o objeto desejado. Isso não é nada estranho. Na verdade, assim deve ser quando despertamos para a verdadeira sabedoria, que não está apenas em nosso cérebro, mas presente em todo o Universo. Quando precisamos de algo, nosso desejo é captado pela sabedoria universal, que então diz "Vamos enviar isto ao fulano, que ele está precisando" e envia alguém para nos entregar a coisa desejada. Portanto, quando alcançamos o despertar, o que nos é necessário começa a aparecer na medida da necessidade, graças à ação da sabedoria universal, da sabedoria onipresente.

Como diz o trecho da sutra, Deus é tudo e somente Ele é existência verdadeira. Deus é a suprema perfeição, portanto, é bom e jamais pode ser mau. Se somente Deus, somente o bem é existência verdadeira, não pode existir uma força que não seja bem. Entretanto, existem muitos cristão que acreditam na existência de uma força que não seja bem. Certos segmentos do cristianismo acreditam na existência de Satanás como força que se contrapõe a Deus. Conheço uma médica, fervorosa adepta da Seicho-No-Ie, que tem uma amiga cristã. Desejando trazer essa amiga à Seicho-No-Ie, falou-lhe deste ensinamento, citando inúmeras curas milagrosas que ocorrem. Mas a amiga retorquiu: "Essas curas milagrosas devem ser obra de Satanás, pois este é o segundo mais poderoso depois de Deus". Pessoas que têm esse pensamento consideram-se fiéis a Deus e pensam que veneram a Deus como o Ser mais poderoso do Universo, mas admitem a existência de Satanás, que se opõe a Deus e Lhe dá muito trabalho. Elas dividem o "mundo da existência verdadeira" em duas partes: um território de Deus e outro de Satanás. Se ela reduzem à metade o reino de Deus, não sabemos se estão venerando ou desprezando Deus. E quando dizemos que "o pecado não existe", certas pessoas retrucam: "Como não!? Então para que serve a religião? A religião é necessária justamente porque existe o pecado!".

Muitos religiosos pensam que "a religião é necessária porque existe o pecado". Mas eu afirmo que a religião é necessária justamente para ensinar ao homem que o pecado não existe. Para que Jesus Cristo veio? Ele veio para dizer: "Estão perdoados os teus pecados. (...) Levanta-te!". Para que Buda veio? Ele veio para dizer: "Serás perdoado dos pecados e nascerás no Paraíso". Eles não vieram para afirmar que o pecado existe. Poderá alguém argumentar que "se o pecado não existisse, não haveria também necessidade de perdoar o pecado". Mas, para libertar da ideia do pecado as pessoas que pensam obstinadamente que "o pecado existe", é mais eficaz dizer "o pecado foi perdoado" do que afirmar "o pecado não existe". Dizendo-lhes que "o pecado foi perdoado", elas conseguem pensar: "Ah! Então meu pecado já desapareceu". É por esta razão que os religiosos dizem: "Seus pecados foram perdoados". Se o pecado fosse existência verdadeira, não desapareceria nem mesmo ao ser perdoado. Se ele desaparece com as palavras "teus pecados foram perdoados", é porque não existe verdadeiramente.

Cristo salvou as pessoas dizendo: "Estão perdoados os teus pecados". Se inúmeras pessoas foram purificadas de seus pecados e curadas de suas doenças apenas com as palavras "Estão perdoados os teus pecados", é porque o pecado não é existência verdadeira. Se o pecado fosse algo criado por Deus e existisse verdadeiramente, nem as palavras de Cristo nem a sua crucificação conseguiriam extingui-lo. O pecado é uma vibração mental negativa e, por isso, pode ser neutralizado e eliminado pela vibração mental positiva.

Parece que há muitos cristãos que pensam que o ser humano é por natureza pecador e que a religião é necessária para absolvê-lo dos pecados. Mas o pecador não é o Homem-Imagem-Verdadeira, o homem verdadeiro; é o aspecto falso (sombra) do homem. Estão confundindo a Imagem Verdadeira com a falsa aparência, e por isso consideram o homem pecador. Dizem que "a religião não seria necessária se o pecado não existisse, assim como a luz elétrica seria desnecessária se não existisse a escuridão". Esse argumento não deixa de ter certa lógica. Mas, então pergunto: a escuridão é uma existência positiva? Sabemos que não. Escuridão é o estado de ausência de luz. Se ela fosse existência verdadeira e positiva, não desapareceria, por mais luz que incidisse sobre ela. O mesmo acontece com o pecado: apenas parece existir. Na verdade, o pecado é o estado em que está ausente a Imagem Verdadeira do homem. Não significa que o pecado tenha existência própria. Nesta sala, por exemplo, vemos sombras atrás dos móveis e objetos. Esses lugares estão escuros. Também a minha face esquerda parece escura aos olhos dos senhores ouvintes porque a luz está à minha direita. Mas isso não quer dizer que minha face esquerda seja escura; simplesmente parece escura porque a luz não atinge este lado. Podemos dizer o mesmo em relação ao pecado.

Logo, é um erro evidente pensar que o pecado seja uma existência positiva e que a religião seja necessária para salvar o homem desse pecado. Somos filhos de Deus - esta é a realidade. Dizer que existe pecado em nós é uma falsidade. E a falsidade não é existência verdadeira, embora o pareça. Mesmo que uma face de nosso rosto pareça escura, ela em si não é escura. O que está escuro é a própria sombra. E o homem não é sombra. O homem em si não é escuridão. da esma forma, no homem em si não existe pecado. O que existe é unicamente o homem perfeito que Deus criou. Pensar que existe algo além do que foi criado por Deus, isto é, algo criado pela ilusão, é um erro. Acreditar que além de Deus existe Satanás é colocar Deus em confronto com Satanás. O Deus daquele que pensa assim não é Deus absoluto, mas um Deus relativo. considerar Deus como um ser relativo é o mesmo que aviltá-lo (rebaixá-lo). Se acreditarmos em tal Deus relativo, não conseguiremos alcançar a tranquilidade absoluta. Se podemos confiar tranquilamente em Deus, é porque Ele é absoluto. Se recorrermos a um ser relativo que pode ser atacado de surpresa por um inimigo poderoso, estaremos sempre inseguros e jamais teremos a verdadeira tranquilidade. Esta pode ser alcançada somente quando acreditamos em eus absoluto.

O pecado, se fosse proveniente de Deus, isto é, se fosse criação de Deus, seria existência verdadeira. Acreditando que Deus seja um ser imperfeito capaz de criar o pecado, um mundo mal feito ou um homem deficiente, é impossível viver com tranquilidade. Para alcançarmos a tranquilidade absoluta, não temos outro meio senão acreditar em Deus absoluto que criou somente o mundo e os seres perfeitos.

Somos filhos de Deus. Deus é infinito Bem; portanto, é impossível que Ele tenha criado o pecado ou o mal. somos vivificados pela Vida de Deus que habita em nós como nossa Imagem Verdadeira; logo, somos a própria Vida infnitamente boa e bela de Deus. Quando alcançamos esta grande convicção, desaparecem todos os temores, pecados e sofrimentos, manifesta-se a nossa Imagem Verdadeira, que é o infinito Bem, e este mundo se transforma em paraíso de luz.


Do livro: A Verdade da Vida, vol. 21", pp. 101-119

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