"MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS DO QUE O QUE ESTÁ NO MUNDO." (I JOÃO 4:4)

terça-feira, abril 17, 2012

Toda aparência é ilusão

Siddharameshwar Maharaj


Toda a aparência é ilusão (Maya) e o "presenciador" é Brahman. O que é visto, ou seja, a aparência, é falsa; e o que vê é Brahman. Há uma declaração nos Vedas que diz que existem somente duas entidades, aquilo é visto e Aquele que vê. O Vedanta declara isso de maneira contundente. Neste mundo não há nada além do observador e do observado. Aquele que reside no coração de cada um é Brahman, e Ele é "Real".

Quem se refugia no que é visto, perece; e quem se refugia em Brahman, alcança o estado Dele. Se você concentrar a atenção no visto (no mundo objetivo), você será destruído assim como aquilo que é visto (o mundo objetivo). A pergunta é: se aquilo que é visto não é verdadeiro, por que é visível então? O que é visto é falso, porque tudo o que é visto é a magia criada pelo olho. É por isso que não é verdadeiro. No espelho vemos um rosto, isso implica que parecem existir dois rostos; significa então, que existe de fato dois "você"? O fato é que "você" é somente um, mas, entretanto, parecem existir dois. Um pintor pinta quadros com tinta, e diz: "esta é uma montanha, este é o Sr. Vishnu, esta é a Deusa Lakshmi". Você aceita isso como real? Você é o criador. O que na realidade é madeira (a tela) aceitamos como se fosse carne. É o milagre do olho. Aquele que adorar o "Eu Real" desvendará o próprio "Eu Real". 

Este mundo mortal é feito de terra e será reduzido a poeira apenas. O corpo humano vem da maternidade e vai para a tumba. Devemos comer o interior do côco e jogar a casca. Aquele que come a casca consegue só quebrar os dentes.


sexta-feira, abril 13, 2012

Evidência e Aparência

Dárcio Dezolt


Bastante conhecido, na Metafísica, é o exemplo do lápis colocado dentro de um copo com água. Visto de fora, ele aparenta estar torto e quebrado. Que é a evidência? É a manifestação imediata daquilo que já é, ou seja, o lápis inteiro, em estado perfeito. E que é aparência? Como o próprio nome diz, é aparência, uma ilusão de imperfeição, que apenas aparenta existir, e que é inexistente.

A mente humana vê aparências, e nunca a evidência. Que é a Evidência? é O UNIVERSO INFINITO, PRESENTE AQUI E AGORA, impossível de ser discernido pela mente humana.

Em I Cor. 2:9-12, lemos que "As coisas que o olho não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo Seu Espírito:... Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo que só vê as coisas do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus."

Paulo estava aqui neste mundo, quando teve a revelação. O reino de Deus é aqui mesmo, quando deixamos de lado a aparência vista pela mente humana para focalizarmos a atenção completamente no Espírito de Deus, a Mente do Cristo, que recebemos de Deus. A citação diz que não recebemos o espírito do mundo, ou seja, a chamada mente humana. A mente humana vê a ilusão que ela aceita como real; o Espírito de Deus, em NÓS, já vê a realidade: O UNIVERSO PERFEITO!

Na Metafísica, temos a Prática do Silêncio, períodos que reservamos para reconhecer a totalidade de Deus e seu Universo Perfeito. Após estes períodos, precisamos, no dia-a-dia, manter esta percepção. Como? Separando o que a mente humana vê daquilo que o Espírito de Deus em nós vê. Por exemplo, se estivermos presos num congestionamento de trânsito, poderemos reconhecer: "a mente humana, não a MINHA MENTE, vê um congestionamento; entretanto, eu não tenho mente humana. Assim, enquanto ela vê o congestionamento, a minha Mente, que é o Espírito de Deus em mim, vê a Realidade espiritual sempre presente." Isto não é mentalização. É um reconhecimento que promove uma soltura da crença em mente humana, enquanto a Presença de Deus e Seu Universo é percebida. Retornando à ilustração do lápis dentro do copo com água, é como se percebêssemos: "A mente humana vê o lápis quebrado, mas a minha Mente sabe que ele está como sempre esteve: perfeito."

Precisamos reconhecer que as revelações são válidas para todos nós. Se Paulo diz que "recebemos não o espírito do mundo (mente humana), mas o Espírito de Deus", devemos levar a sério tais afirmações, para "podermos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus".

Em geral, diante de uma aparência desarmônica vista pela mente humana, desejamos reverter o quadro, mudando-o para uma situação harmônica. Não é esta a prática correta. "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito". Reconheçamos que a mente humana vê o quadro imperfeito; porém, não reconheçamos que ela seja a NOSSA MENTE. Enquanto ela vê e dá testemunho da mentira, toda a nossa atenção estará na Realidade imutável: Temos a Mente do Cristo, que reconhece, aqui e agora, a TOTALIDADE DE DEUS e SEU REINO PERFEITO E IMUTÁVEL. Quem se dedicar a esta prática de reconhecimento da Realidade, desprezando os quadros ilusórios apresentados pela mente humana a ela mesma, dará testemunho da Verdade. E, esta Verdade aparecerá também visivelmente. DEUS É, DE FATO, TUDO O QUE EXISTE.


quarta-feira, abril 11, 2012

Não lute com a ilusão

Joel S. Goldsmith


Se for chamado a dar ajuda espiritual a alguém, tente abandonar a prática de fazer afirmações e negações. É uma verdade sagrada que Deus é o único agente de cura. Uma ilusão deverá ser dissipada; porém, seria tolice crermos que isso possa ser feito pela mente humana. Assuma como absoluta a frase de Jesus: "Eu, de mim mesmo, nada faço."

Eis a atitude que devemos tomar: sentados, de olhos fechados, deixamos que o Verbo se manifeste. O trabalho será assim realizado. A cura ocorrerá por não depender de conhecimento ou de compreensão humana da Verdade. A confiança em Deus, na própria Verdade, dissipará a ilusão da mente mortal. O Verbo divino expresso será a prece. Não há nada neste mundo humano que não se possa realizar mediante o recebimento do Verbo divino no pensamento.

O erro, ou o mal, sendo irreal -- um sentido ilusório -- não pode ser exteriorizado (nunca pode ser uma pessoa, lugar ou coisa). Você não viverá harmoniosamente enquanto não entender a natureza da ilusão como sendo uma forma de hipnotismo universal, ou crença universal. Até então, irá temer ou odiar esta ou aquela forma de ilusão.

Mas a ilusão, independentemente da forma com que possa aparecer -- se como pessoa ou condição -- não é para ser temida, odiada, vencida ou destruída: é simplesmente para ser conhecida como NADA.

Pecado, doença, morte - não são problemas: são as formas sob as quais a ilusão ÚNICA aparece. O mal é sempre ilusão, embora possa aparecer como pessoa, condição, falta ou limitação.

Quando a ilusão é tratada como hipnotismo -- o NADA pretendendo ser alguma coisa -- ela desaparece em sua nulidade. Lutar contra seria fatal. Sempre aquilo que estiver aparecendo como mal estará sendo meramente uma sugestão mental agressiva. E você, com esta percepção, irá vê-la se auto-destruindo. Assim, diante de qualquer tipo de ilusão de mal, lembre-se: ela não tem poder algum para ser algo além do que é: miragem, nada. Para ilustrar essa nulidade do mal, analisemos uma parábola oriental do homem que confundiu uma corda enrolada com uma cobra:

"Por volta de 500 A.C. foi escrito: É fácil acontecer de um homem, ao se banhar, pisar numa corda e imaginar que se trate de uma serpente. Ficará aterrorizado e tremerá de medo, antecipando todo o sofrimento causado pelo veneno dentro de seus pensamentos. Que alívio não irá sentir ao perceber que a corda não é uma serpente! A razão de seu susto era o seu erro, sua ignorância, sua ilusão. Se a natureza verdadeira da corda for reconhecida, ele recuperará a sua tranquilidade mental: ficará alegre e feliz. Este é o estado mental daquele que reconhece que não existe nenhum ego pessoal, e que a causa de todos os seus problemas e cuidados é uma miragem, uma sombra, um sonho."

Ao senso material, pecado e doença aparecem como entidades reais, tendo substância, lei, causa e efeito. Ao senso material, o pecado e a doença parecem sólidos e pessoais. Mas, para a consciência espiritual, ambos são irrealidades, existindo apenas como o produto da crença universal numa identidade apartada de Deus.

Na metafísica, as curas do pecado e doença surgem à medida da conscientização da infinitude - da totalidade absoluta da eterna Vida e suas manifestações, e da irreal natureza de qualquer forma da ilusão.


sexta-feira, abril 06, 2012

Distinguir entre o Eu verdadeiro e o "falso eu"

Masaharu Taniguchi


Hayashino – Como podemos distinguir entre as ações do Eu verdadeiro e as do falso eu?

Noda – Uma ação do falso eu é proveniente do pequeno eu, contém interesses egoísticos e não traz consigo a alegria do prazer espiritual. Como não é uma ação para atender o todo, contém certa insegurança, agitação, certa irritação. Como o Eu verdadeiro provém do Eu Maior, isto é, do Eu Universal, sua ação deixa uma impressão harmoniosa no geral, e a pessoa tem a sensação de estar crescendo espiritualmente de modo pacífico, alegre e natural.

Taniguchi – Quando temos um determinado pensamento, este permanece latente, constituindo a força motriz que gera outro pensamento semelhante. É como a corda do relógio do despertador: seus ponteiros giram agora porque foi-lhe dado corda no passado. Assim como o alarme do despertador soa quando os ponteiros indicam uma determinada hora devido ao desenrolar da corda, temos turbulências na mente ou iramo-nos ou entristecemo-nos em determinadas oportunidades devido ao desenrolar da “corda cármica” que demos no passado. Por isso o carma não se eliminará enquanto a corda cármica não se desenrolar e se manifestar concretamente. Se manifestamos ira ou tristeza, é porque no passado formamos um carma correspondente a estes sentimentos. Mas tal manifestação nos ´r preciosa. A corda do relógio, ao se desenrolar, esgota-se e, após certo tempo, cessa o alarme. Da mesma forma, nosso carma também se esgota ao se manifestar.

Porém, a maioria das pessoas torna a dar corda ao carma quando este está se desintegrando. É por isso que essa força maligna do carma nunca se esgota. O que significa tornar a dar corda quando o carma está se desintegrando? É pensarmos, quando estamos zangados, “Estou zangado” ou, durante uma reflexão, “Sou um ser mau que fica facilmente zangado”. Com isso, confessamos a nossa culpa e as gravamos novamente em nossa própria mente. Costuma-se considerar como boa atitude do ponto de vista religioso e moral refletir sobre si próprio como sendo um ser mau. Mas não existe esse eu que a pessoa diz ser mau. Não existe o eu mau – esta é a visão fundamental da Seicho-No-Ie acerca do homem. Já que todos os homens são filhos de Deus, todos são bons.

Então, quem é mau? Não é o nosso eu. O que parece mau é simplesmente um processo através do qual um carma maléfico formado no passado está se manifestando para se desintegrar. Por isso, quem conhece esta verdade, mesmo que fique zangado ou tenha pensamentos e sentimentos maus, não pensa “Eu sou mau”, mas mentaliza “Está se extinguindo o carma; extinto o falso eu, manifesta-se o meu Eu verdadeiro, minha natureza verdadeira de filho de Deus, perfeito, harmonioso. Doravante não mais ocorrerá isso comigo” e deixa que a força do carma desapareça por si mesma. Pensando desta forma, anulamos a força do carma que nos leva a repetir maus pensamentos e más ações. Creio que foi nesse sentido que o apóstolo Paulo disse: “Nem eu tampouco julgo a mim mesmo”. E nem há necessidade de se julgar, pois se trata de um falso eu, isto é, uma imagem projetada pelo carma, que não provém da natureza divina originária, algo inexistente que em breve se extinguirá. Basta assim refletir e jogá-lo fora. E sendo o Eu Verdadeiro filho de Deus, este também não precisa ser julgado.

Kawamoto – Se aprovarmos os maus pensamentos, achando-os ótimos porque são desintegração do carma, não estaremos formando um carma maléfico e assim perpetuando-o?

Taniguchi – Conscientizando que o “eu que comete o mal” não existe, desaparece também a ideia de aprovar esse falso eu. O viciado em bebida alcoólica, por exemplo, não deixa esse vício porque ele pensa que existe o “eu que é dominado pela bebida” e tenta reprimi-lo; mas, compreendendo realmente que não existe um eu que seja dominado pela bebida, deixará de ser dominado por ela.

Há pouco surgiu a pergunta sobre como distinguir o Eu verdadeiro do falso eu. Pois bem, o eu dominado pela matéria é o falso eu; e o eu que domina a matéria é o Eu verdadeiro. E, ainda, uma ação que parte do princípio de que “eu e o outro somos um” é uma manifestação do Eu verdadeiro. E essa atuação do Eu verdadeiro se dá através dos pequeninos atos do cotidiano. Colocar amor nos pequenos atos diários – nesta atitude amorosa é que Deus Se manifesta. Esperando apenas por grandes acontecimentos, talvez a pessoa nunca tenha uma oportunidade na vida para pôr o Eu verdadeiro em ação. E na mente de quem aspira a uma grande obra, a um trabalho de destaque, tende a perpetrar a vaidade do falso eu – a vaidade de querer vencer os outros.

Sempre podemos fazer o Eu verdadeiro atuar nos pequenos atos da vida prática. Mesmo na escolha do lugar onde jogar a água com que lavamos o arroz, podemos manifestar amor. Podemos colocar em prática a gentileza e a atenção em pequenos atos como este, pensando na morte que causaríamos a grande número de insetos se jogássemos água em determinado ponto, e na alegria que proporcionaremos às plantas se a jogarmos num outro. Essa prática de gentileza e atenção é que significa manifestar Deus. É por isso que existem ensinamentos exortando a todos a praticar a sinceridade e a atenção, considerando-as como virtudes número um.


Do livro “A Verdade da Vida, vol. 16”, p. 85-88.


quarta-feira, abril 04, 2012

Filosofia da inexistência originária do conflito

Masaharu Taniguchi



A "FILOSOFIA QUE ADMITE A EXISTÊNCIA DO CONFLITO" E A "FILOSOFIA DA INEXISTÊNCIA ORIGINÁRIA DO CONFLITO"

Taniguchi – O senhor é o sr. Kozu, do 13º templo de Ozaka, cujo nome sai de vez em quando na revista Sei do sr. Masao Takahashi?

Kozu – Sim, sou Eisaboru Kozu.

Taniguchi – A fé do sr. Takahashi é de nível muito elevado. Parece que ele apreendeu a Vida eterna...

Kozu – Compreender a eternidade da Vida é coisa de suprema importância, mas eu, ultimamente, estou interessado na continuidade da Vida individual após a morte do corpo carnal. O senhor já se diplomou há muito tempo no estudo do espiritismo, mas eu estou a isso me dedicando há cerca de um ano e meio, e por isso às vezes frequento o Grupo de Estudos da Ciência Espírita do sr. Asano.

Tsukada – (Mudando de assunto) Será que é errado nos defendermos levantando as mãos quando o adversário vem nos bater?

Taniguchi – O certo seria aprimorar nossa mente de tal maneira que não venham nos bater. Mas, se por exemplo um vulcão entrar em erupção e voarem sobre nós pedras ou cinzas, ocorrerá em nós o impulso de evitá-los, levantando as mãos. Como essa reação ocorre espontaneamente, não é certa nem errada. Naturalmente, numa situação ideal, em que o mundo fenomênico reflete a perfeição do Mundo da Imagem verdadeira, o certo é a pedra não vir voando em nossa direção. Mas, como o mundo até agora ainda manifesta uma imagem distorcida do Mundo da Imagem Verdadeira, ocorrem abalos para colocar as coisas no devido lugar para corrigir essa distorção.

Nosso corpo carnal também se defende: quando ingerimos alimento estragado, ocorrem fenômenos como diarreia ou vômito, com a finalidade de expeli-lo. O ideal é não comermos alimento estragado, mas, já que o ingerimos, o jeito é expelirmos através do vômito ou diarreia. Isso é um processo de defesa para fazer voltar ao estado natural o que está em estado desnatural. Portanto, não podemos rotular de bem ou de mal a função de resistência contra substâncias tóxicas chamada vômito, ou a função da excreção de elemento tóxico chamada diarreia; que são reações corretivas naturais que ocorrem espontaneamente. Devemos aceitá-los naturalmente, transcendendo o julgamento humano de bem e mal.

Tsukada – Se evitar com a mão o choque da pedra e defender-se de elementos tóxicos como o vômito é uma reação natural, o que os homens se sentem impelidos a fazer, tal como utilizar um analgésico quando sentem dor ou submeter-se à cirurgia quando ocorre algum ferimento externo, também não seria ação corretiva natural? Se admitimos os meios de defesa contra ações externas no sentido amplo, não deveria ser admitida também a utilização de remédios como um meio de defesa do corpo carnal?

Taniguchi – A Seicho-No-Ie não rejeita absolutamente o tratamento médico. Apenas há certos pontos com que não pode concordar na condição atual, pois o tratamento médico ainda é imaturo e por vezes atrapalha a função curativa natural. Da mesma forma que é certo evitar o choque da pedra que vem de fora, podemos curar os ferimentos causados pela ação externa, extraindo um espinho que se cravou ou suturando por fora no caso de corte grande. Como a parte externa do corpo é dotada de mãos, que servem para realizar trabalhos externos como estes, executá-los é obedecer à Natureza. Como a parte interior do corpo não permite o acesso das mãos, há uma mão interna invisível chamada poder curativo natural. Por isso, podemos dizer que confiar nesse poder é a providência mais natural possível. Drogas de uso interno ou injeções nem sempre são recomendadas pela Seicho-No-Ie, pois às vezes funcionam como força externa perturbadora do poder curativo natural. Estas são providências tomadas após o surgimento da doença ou do ferimento, mas, fundamentalmente, todo e qualquer tratamento sintomático, seja cirúrgico, seja medicamentoso de uso interno, trata partindo da ilusão de que existe neste mundo algo desarmonioso que pode nos atingir. Portanto, ainda que tal expediente seja aceito fenomenicamente, não o é no nível da Imagem Verdadeira.

Quando passamos a acreditar firmemente na Verdade de que Essencialmente inexiste algo desarmonioso que possa nos prejudicar, conseguiremos ser como o mestre Shinran que, apesar de perseguido por Be-en, sempre se desencontrava deste e nunca sofreu seu ataque; naturalmente, elementos prejudiciais nem entrarão em contato com nosso organismo. Lutar e sair salvo após a investida de um atacante é um bem relativo. Fazer tratamento cirúrgico após ser atingido por uma bala é um bem relativo. O bem resultante da compreensão da Essência (Jisso) não é algo como defender-se após ser atacado; tais situações desarmoniosas deixam de ocorrer, e isto é o bem absoluto.

Se compreendermos que o fenômeno exterior é projeção da mente, que a mente não se manifesta somente no interior do corpo carnal, mas age também no ambiente ao redor da pessoa, perceberemos que é natural que o despertar da mente se reflita no exterior, fazendo com que o ambiente e a circunstância também se tornem harmoniosos. Se realmente a grande maioria da humanidade atingir o mais alto nível desse despertar, surgirá um mundo em que a ovelha e o leão conviverão pacificamente, em que o gato e o rato brincarão em paz, como consta na Bíblia, em Isaías. Sendo o homem o soberano de toda a Criação, seu estado mental comanda todos os seres criados.

Kozu – O rato ser devorado pelo gato não é um fato harmonioso? Por que o senhor acha que é desarmonioso?

Taniguchi – Porque o rato não deseja ser devorado. Podemos percebê-lo porque o rato teme o gato e foge deste. No entanto, o gato o persegue e insiste em devorá-lo. E o amor que se aloja em nós faz-nos sentir que é um ato desarmonioso capturar cruelmente e devorar aquele que foge temeroso.

Kozu – Desculpe-me, mas não concordo. Por que o rato não quer ser devorado pelo gato, teme-o e foge?

Taniguchi - Porque sente sofrimento, sente dor no fato de ser devorado.

Kozu – Se o rato compreender que, mesmo sendo devorado pelo gato, seu espírito não se extingue e renascerá em outro lugar, e que seu corpo material viverá em forma de energia do corpo material do gato, ele não sofrerá. O senhor fala também que é desarmonioso porque quando o rato é devorado sente dor. Então, se a ausência da dor significa harmonia, podemos dizer que, ficando anestesiado, o indivíduo estaria numa situação harmoniosa, já que não sente mais dor. Se for assim, como os organismos primitivos não têm células nervosas que sentem a dor, podemos dizer que a Vida é mais harmoniosa na forma não evoluída. Entretanto, se houve evolução da forma primitiva para forma superior como a do ser humano e surgiram células nervosas responsáveis pela sensação da dor, não há nada de errado com a dor, pois ela é sinal de evolução da Vida.

Para começar, evolução significa a transformação da forma de Vida simples para a complexa; quanto mais se torna complexa, mais aumenta a dor. O belo, num certo sentido, não existiria se não houvesse o feio, o negativo. O colorido também se torna belo porque existe o contraste. No caso da eletricidade também é a mesma coisa: surgem o raio, a chuva e a luz porque o positivo e o negativo entram em choque. Se alguém vê a oposição como desarmonia, a tragédia como desarmonia, é porque não vê a essência da vida. O mundo é bom justamente porque existem o conflito, o sofrimento, a tragédia.

Se o ser humano perceber que o mundo é bom porque existe oposição, deixará de sofrer, mesmo estando em conflito, mesmo estando em briga. A nossa função de religiosos é fazer co que os homens compreendam que há meio de não sofrer mesmo brigando, e levá-los à grande paz espiritual assim como estão, e não consiste em eliminar deste mundo a desavença propriamente dita.

Taniguchi - Tenho a impressão de que, prosseguindo na sua teoria, desaparecerá a sua missão como religioso. Seguindo a sua linha de pensamento – de que nada há de errado com o sofrimento, a dor e o conflito porque a vida, quanto mais evolui e se torna mais complexa, mais aumenta a dor e o sofrimento, porquanto foi criando células nervosas responsáveis pela sensação de dor –, chegaremos à conclusão de que a vida, evoluindo ainda mais, fez desenvolver um sistema mais complexo do que o sistema nervoso que capta a sensação de dor física, isto é, um sistema que capta o sofrimento moral; portanto, ter sofrimento moral significaria, em última análise, uma vida evoluída. Se fosse assim, a missão dos religiosos – que consiste em livrar os homens do sofrimento moral – não significaria inverter o processo de evolução da vida, como se torpecesse os nervos sensitivos com anestesia?

Kozu – Lógico que não! Há casos em que a vida do homem tem a sua evolução retardada justamente por causa do sofrimento. Por exemplo, queremos curar a doença de uma determinada pessoa, mas essa pessoa não tem chance de recuperação se não for operada. Porém, uma cirurgia não pode ser feita cm a pessoa consciente, porque ela sentirá muita dor. Se, em casos como este, eliminarmos a dor com um anestésico e operarmos a pessoa, salvá-la-emos da doença. Da mesma forma nós, religiosos, temos como função eliminar os sofrimentos mentais que impedem a evolução da Vida das pessoas e criar condições propícias para tal evolução.

Taniguchi – Mal o senhor acaba de dizer que a existência da dor significa evolução da vida, e que por isso não há necessidade de eliminá-la, mas sim fazer a pessoa entender que o fato de existir a dor é bom, cita um exemplo de que é necessário eliminar a dor? Para defender sua teoria, ora diz que é bom que exista a dor, ora diz que é melhor ela não existir. Para mim, o que o senhor diz é contraditório e não dá para compreender.

Kozu – O que eu quero dizer é que devemos fazer a distinção entre a dor e o sofrimento. Não é porque sentimos dor que precisamos sofrer; a dor é uma sensação captada pelo corpo carnal, mas o sofrimento pode ser controlado pela mente. É possível não sofrer mesmo sentindo dor, bem como não sofrer mesmo estando em conflito com alguém. Se o sofrimento do homem não acaba enquanto sua dor não for eliminada, ele não tem possibilidade de escapar do sofrimento, pois cada homem nasce com uma mente complexa, diferente da dos outros, sujeita a constantes atritos, e a cada atrito sofrerá. Se não se tornar capaz de não sofrer mesmo sentindo dor, mesmo estando em conflito com alguém, o homem não poderá se livrar do sofrimento, pois o mundo está repleto de dor, repleto de conflito. Por isso penso que é missão do religioso tornar o homem capaz de não sofrer mesmo estado doente, mesmo estando em conflito com alguém.

Taniguchi - Então o senhor quer dizer que é missão do religioso fazer com que ratos não sofram mesmo sendo devorados pelos gatos.

Kozu – Sim. Devorar ratos é próprio da natureza do gato e por isso não pode ser mudado. Portanto, não adianta ensinarmos o gato a não comer ratos. Se um rato se deixar devorar pelo gato com prazer, sem sofrer, esse rato será salvo.

Taniguchi – Isso me parece teorização de gabinete. Creio que, enquanto o rato tiver sensibilidade para a dor, ele não se deixará devorar com prazer pelo gato. Se a sensibilidade à dor se desenvolveu nos seres vivos, é para que eles evitem a dor e vivam de um modo em que ela não ocorra. A ocorrência da dor nos seres vivos é um aviso da Natureza de que algo está desarmonioso e que devem tomar alguma providência interna ou externa para desfazer a desarmonia. E, quando pelo esforço, desfaz-se a desarmonia e surge a harmonia, desaparece a dor como sinal disso. Não é que a dor em si seja sinal de evolução da vida, como o senhor disse, nem que a dor em si seja a harmonia. Sentir que a desarmonia é dolorosa, e que a harmonia é prazerosa, isto é, ser sensível à diferença entre a harmonia e a desarmonia, é sinal de que esse ser é evoluído. E se os seres vivos desenvolveram essa capacidade, é para poder captar a existência da desarmonia através da dor e tomar medidas para superá-las. A possibilidade de ensinar os seres vivos a aceitarem com prazer a desarmonia acompanhada de dor, tal como o rato se atirando para dentro da boca do gato mesmo sentindo dor, não seria ficção sua?

Kozu – Não consigo achar que isso seja ficção. Acho que o gato pode se atirar com prazer para dentro da boca do rato. O mundo, se virmos bem a sua essência, constataremos que ele é, em última análise, um mundo de luta, um mundo de dor. Não creio que o homem não seja salvo se não cessar essa luta e eliminar a dor. A luta entre os homens é como o jogo de damas; não é necessário deixar de jogar damas para o homem ser feliz. Assim como há mestres de damas que são capazes de competir deixando de lado o sentimento de humilhação e de tristeza pela derrota, tanto o homem como outros seres vivos se tornarão capazes de viver felizes sem deixar de lutar entre si, sem deixar de se devorar uns aos outros.

Taniguchi – Não é possível comparar o jogo de damas com a lei do mais forte.

Kozu – Eu acho que, convertendo todas as lutas em jogo, em esporte, os seres vivos deixarão de sofrer, mesmo se mantendo em luta. Acho que serão capazes de aceitar a derrota, dizendo: “Perdi, mas tudo bem”, “Ai, que dor! Rendo-me! Mas tudo bem”. Quando o homem se torna assim, surgirá uma vida iluminada, sem sofrimento, mesmo permanecendo o conflito e a dor como antes, mesmo brigando entre si. Tanto o conflito como a lei do mais forte são uma dura realidade necessária para a evolução da vida individual; por isso, não há necessidade de acabar com eles. O que devemos é apenas deixar de senti-los como sofrimento.

Taniguchi – O senhor vem argumentando muito teoricamente. Na prática, a lei do mais forte é disputa séria, sangrenta, chocante, pela sobrevivência, ao passo que o esporte é uma disputa que não tem importância vital alguma, que não precisamos necessariamente praticar. Portanto, o próprio fato de locá-los no mesmo nível não estaria errado? Gostaria que o senhor citasse uma situação verídica comprovando que a pessoa pode se salvar tornando a mente livre de sofrimento apesar do conflito, como o senhor disse há pouco. Na minha opinião, o mundo fenomênico nada mais é do que projeção da mente; a forma é projeção da mente; portanto, quando a mente se tornar pacífica e harmoniosa, a pessoa deixará de brigar também na forma, deixará de haver desarmonia tanto no corpo como no ambiente.

Kozu – Eu me dava muito mal com meu falecido pai, tínhamos divergência de opiniões e vivíamos brigando. Esforçava-me desesperadamente para sair dessa situação, para me tornar melhor, mas, por mais que me esforçasse, não conseguia me corrigir, e o relacionamento familiar ia piorando cada vez mais. Quando cheguei a uma situação desesperadora, então abri os olhos, isto é, percebi que eu era um ser incapaz de mudar apesar de todos os esforços, portanto era com razão que eu vinha sendo tão veementemente contestado por meu pai. Então pensei: “Já que é a minha mente que está provocando reação de meu pai, vou deixar de pensar mal dele”. Assim, deixei de sofrer, mesmo brigando com meu pai.

Taniguchi – Ah, então a situação de não-sofrimento apesar da briga resulta desse estado de resignação? As religiões tradicionais se esforçavam por levar os homens à resignação, em vez de resolver as dificuldades concretas da vida. Foi por isso que a religião ficou desvinculada da vida prática e passou-se a pensar que ela não tinha nenhuma relação com a vida. Como o mundo fenomênico não é nada mais do que projeção da mente, não é possível que não possamos salvar este mundo com a religião. Se não o conseguimos, é devido à projeção da mente de religiosos como o senhor, que pensam “não dá pra salvar”. Não posso considerar como salvação a situação em que a pessoa deixa de sofrer estando em conflito. Isso não passa de resignação.

Utilizando o gato e o rato como exemplo, o rato, ao ser devorado pelo gato, mesmo sentindo dor e terror, pensaria resignado: “Se meu corpo parece apetitoso para o gato, é minha culpa porque exalo cheiro apetitoso; se não sou forte o bastante para não ser devorado pelo gato, é minha culpa”. O senhor, na sua utopia, imagina que o rato pode ficar em paz resignando-se assim, mas essa luta sangrenta da lei do mais forte constitui um sofrimento que nem se compara com o conflito entre pai e filho – uma simples luta verbal – como foi o seu caso. Situações como divergências entre pai e filho são fatos que, se quisermos, tornar-se-ão problemas, mas, se não quisermos, jamais serão problemas. Por isso, mesmo brigando, a mente da pessoa pode manter-se livre de sofrimento. Mas como na verdade o ambiente é projeção da mente, se o senhor compreendesse realmente que “originariamente a briga não existe”, a briga de fato não ocorreria em seu ambiente. A doença também pode ser curada se a mente da pessoa deixar de se afligir. Mas, se a pessoa está com a mente resignada e pacificada apenas pela metade, manifestará um estado de perfeição incompleta, em que a doença ainda permanece, estando livre do sofrimento apenas a mente. Portanto, se o senhor refletir mais profundamente, com certeza descobrirá que toda situação que ainda apresenta problema, apesar de a mente deixar de sofrer, ainda é projeção de um despertar parcial e não do despertar verdadeiro.

Kozu – Será?

Taniguchi – Os exemplos que o senhor citou, tanto o do jogo de damas como o do conflito entre pai e filho, não constituem fatos dolorosos como o de o rato ser devorado pelo gato. Se a situação do rato causa pena e nos faz achá-la desarmoniosa é porque tal fato é contrário à eterna harmonia do Mundo da Imagem Verdadeira. O que está de acordo com a eterna harmonia do Mundo da Imagem Verdadeira não nos causa dor nem sofrimento.

Kozu – Eu não penso assim. Sentir pena do ser fraco que está agonizando, devorado pelo ser mais forte, parece à primeira vista bondade, mas, se a pessoa sente pena, é porque é egoísta. Toda pessoa que sente pena de alguém está se colocando no lugar dele e pensando que seria horrível se aquilo acontecesse consigo. Como é egoísta e não gosta de se sacrificar pelo próximo, sente pena quando vê os outros se sacrificando. Se a pessoa deixar de ser egoísta e for capaz de compreender que na vida é necessário alguém se sacrificar, e que esse sacrifício é uma nobre missão, ao ver alguém se sacrificando, deverá pensar “Eles está realizando um nobre trabalho! Que inveja!” e não terá esse sentimento de pena.

Taniguchi – O senhor me rebate com bastante eloquência, mas como parte de uma premissa radicalmente diversa da minha, mesmo que o senhor apresente mil e um argumentos, é como se desse socos no ar. Ambos usamos o termo “Vida”, mas a vida de que o senhor fala é a vida fenomênica cuja evolução necessita do sacrifício de alguém. A Vida de que falo é a Vida-Imagem-Verdadeira que não necessita do sacrifício de ninguém, Vida que jamais mata ou sacrifica o outro, Vida que somente beneficia o outro e promove a harmonia – esta é a Vida-Imagem-Verdadeira que existe realmente. O mundo que vejo é o Mundo da Imagem Verdadeira, que está em harmonia sem haver sacrifício ou dor.

Kozu – Nada deste mundo teria beleza ou vida se não houvesse luta, conflito, oposição. Tanto a energia elétrica como a relação entre homem e mulher geram algo belo porque elementos de naturezas opostas se chocam entre si. Conhecendo essa essência da vida, a pessoa deixará de sofrer, mesmo havendo lutas e sacrifícios.

Taniguchi – O senhor diz que se não houver atrito, conflito ou sacrifício, não surgirá a beleza. O senhor está olhando somente a vida fenomênica e os acontecimentos que nela se verificam, e chama isso de “essência da vida”. Como eu também já pensei assim há quase dez anos atrás, entendo bem o que o senhor quer dizer. Mas agora não posso concordar com essa visão da Vida.

Tsukada – Parece-me que o Mestre tinha essa visão quando escreveu o livro “Shodo-E” (Em Direção ao Caminho Sagrado).

Taniguchi – Quando escrevi “Shodo-E” já estava começando a deixar essa visão da Vida que o sr. Kozu está defendendo e que é semelhante à visão da vida do escritor francês Romain Rolland: “Deus está sofrendo junto com o homem. Deus é uma Vida que evolui através de lutas” – assim consta no seu vasto romance em dez partes “Jean Christophe”, que lhe valeu p prêmio Nobel de Literatura.

Mas a vida que sofre junto com o homem, a vida que evolui através de lutas, é a vida fenomênica e não é a Vida-Imagem-Verdadeira; é a imagem falsa da Vida. Ela é a imagem distorcida que aparece quando a Imagem Verdadeira da Vida (Jisso) – na qual todos os seres são um – é encoberta pela ilusão chamada “eu isolado dos outros”. Na verdadeira Vida, ou seja, na Vida-Imagem-Verdadeira, não há conflito, somente se favorecem uns aos outros, e dessa harmonia nasce uma beleza ainda mais sublime. É possível haver beleza sem oposição à feiura; é possível haver beleza sem sombra, com luz apenas; é possível haver saúde que transcenda aquela que existe em oposição à doença.

Kozu – Não consigo imaginar tal mundo.

Taniguchi – Quem vê somente a beleza do mundo fenomênico constituída de sombra e luz não consegue imaginar a beleza do Mundo da Imagem Verdadeira, sem sombras. É errado afirmar que algo não existe só porque não se consegue imaginá-lo. Não podemos dizer que uma determinada música não terá beleza se não houver acordes dissonantes que firam as notas restantes, não é? Uma melodia em que uma nota realça a nota seguinte e assim sucessivamente, valorizando a si própria e às demais notas, esta é a música verdadeiramente bela. Não podemos dizer que se gato não devorar o rato não haverá a beleza da Vida. Um mundo em que o gato brinca em harmonia com o rato não é um mundo ainda mais belo?

Kozu – Se o gato não comer o rato, o que ele comerá para sobreviver?

Taniguchi – A cena em que o gato e o rato está comendo vegetais e brincando juntos é uma imagem do Mundo da Imagem Verdadeira. A ideia de que a Vida não poderá evoluir a não ser roubando ou devorando-se uns aos outros é uma ilusão de quem desconhece a Imagem Verdadeira. A situação em que as vidas se devoram umas às outras é a concretização dessa ilusão. Desfazendo-se essa ilusão, deixa de existir também a creofagia (hábito de alimentar-se de carne) da vida fenomênica. Entre os adeptos da Seicho-No-Ie são numerosos os casos verídicos de harmonização do gato com o rato através apenas da mudança da mente.

Kozu – Não consigo acreditar em tal coisa. Mesmo que o gato deixe de comer o rato e todos os animais deixem de devorar uns aos outros, a dor e o sofrimento humano não se acabarão. As catástrofes como terremoto ou maremoto, por exemplo, não deixarão de existir. Despertar o homem para que não fora mesmo deparando com tais sofrimentos é a missão dos religiosos.

Taniguchi – Já que o mundo fenomênico é manifestação da mente, o terremoto ou o maremoto também deixarão de ocorrer se nossa mente (mente coletiva dos povos) se purificar. A salvação de que o senhor fala consiste em libertar-se do sofrimento da vida concreta porque não se admite que ele seja existência verdadeira. Assim que a pessoa desperta para essa Verdade, cura-se a doença e o ambiente em que vive também melhora.

Kozu – Mesmo que de fato deixe de haver terremotos, isso será daqui a milhões de séculos, não é? Isso pode acontecer ou não. Não é possível salvar a pessoa do sofrimento da vida concreta imaginando tal mundo. Para salvar a pessoa do sofrimento, não há outro meio senão fazê-la mergulhar nele e compreender a verdade de que, mesmo com sofrimento e tudo, a Vida está aí presente.

Taniguchi – Para a extinção total de terremotos e maremotos deste planeta, é preciso que a mente de todos os seres vivos da Terra se purifique. Portanto, o tempo necessário para a extinção das catástrofes está relacionado com o tempo que se levará para purificar a mente de todos no globo terrestre. Mas, para melhorar o ambiente em que vive um indivíduo, basta a sua própria mente mudar para melhor. Mesmo que ocorram terremotos ou maremotos, tais catástrofes não poderão causar dano à pessoa em cuja mente deixou de haver terremotos ou maremotos. Este fato é confirmado pelos próprios adeptos da Seicho-No-Ie através de numerosas experiências. E, em se tratando de uma família, purificando-se a ente dos cônjuges, esse lar começa a melhorar de fato: a relação conjugal melhora, os membros da família deixam de adoecer e a renda também aumenta devidamente. A Verdade pregada pela Seicho-No-Ie salva também a vida concreta simultaneamente com o despertar espiritual da pessoa, e não proporciona apenas uma situação de resignação como a que o senhor defende, em que permanece a doença, a discórdia na família, a dificuldade financeira, e só a mente deixa de sofrer.

Kozu – Por qual princípio o mundo fenomênico também se salva?

Taniguchi – Tudo neste mundo fenomênico, seja o nosso corpo como o ambiente ao nosso redor, é sombra projetada de nossa própria mente; logo, mudando a mente, mudam os fatos – este é o princípio.

Kozu – Eu também não acredito que este mundo fenomênico seja existência verdadeira; penso que ele é sombra projetada. E acredito que por trás do fenômeno existe a Vida, a Verdade. Reconhecendo essa Vida, sinto-me grato, por maiores que sejam os sofrimentos.

Taniguchi – O senhor também diz que o mundo fenomênico é sombra projetada, mas está usando o vocábulo “sombra” em sentido diferente daquele em que eu o emprego. O senhor admite a existência de “sombras” tais como conflitos, doenças e sofrimentos e diz que tudo isso é harmonioso e bom porque existe por trás a Vida. Quando digo que o fenômeno é “sombra”, quero dizer que o mundo fenomênico repleto de conflitos e sofrimentos, embora pareça existir, não existe verdadeiramente e que existe unicamente o mundo da perfeita harmonia onde não há conflitos nem sofrimentos. E contemplando esse mundo da perfeita harmonia com os olhos da mente, não só transcendemos os sofrimentos, como também transformamos este mundo fenomênico, eliminando concretamente as doenças e os sofrimentos. Se tomarmos a doença como exemplo, o senhor diz que é a Vida que determina que o homem adoeça, e que, portanto, devemos nos alegrar com a doença. A Seicho-No-Ie diz que a doença não existe, mesmo que pareça existir; portanto devemos nos alegrar pensando que ela não existe. Para conseguir o mesmo fim, isto é, para transcender a doença, o senhor pensa que a doença é existência verdadeira, que ela faz parte da Imagem Verdadeira da Vida. Na Seicho-No-Ie, desperta-se para a Verdade a doença não existe, e a doença por si desaparece. Tentando superar a doença pensando que ela existe, poderá agravá-la por ação da ideia de que ela existe, mas jamais curá-la. Porém, pelo método da Seicho-No-Ie, graças à ação da ideia de que “a doença não existe”, a doença acaba desaparecendo.

Kozu – Com que fundamento o senhor diz isso?

Taniguchi – Fundamentado em fatos, e não em argumentos teóricos. Existem numerosos casos de doentes desenganados pela medicina, tais como tuberculosos, cancerosos, que se curaram assim que leram o livro A Verdade da Vida e mudaram de atitude mental.

Kozu – Mas nem todas as pessoas se curam de doença ao ler A Verdade da Vida, não é?

Taniguchi – Isso mesmo. Nem todos se curam.

Kozu – Então o senhor não pode afirmar categoricamente que as pessoas se curaram porque leram A Verdade da Vida.

Taniguchi – As pessoas que, mesmo lendo A Verdade da Vida, não concordam realmente com o seu conteúdo e não conseguem despertar para a Imagem Verdadeira da Vida não se curam. Como a Verdade é semente, lançando-a em terras áridas ou pedregosas, não brota. Mas o fato de não germinar não significa que a semente seja má. Se lançarmos dez das mesmas sementes, e metade delas germinam, podemos afirmar que a semente tem capacidade de germinar, e que, se algumas não germinam, é porque a terra é estéril. Como o homem é um ser que possui mente, não podemos obter um resultado uniforme como o de cura de doenças sempre que “acrescentamos” A Verdade da Vida ao homem, como se obtivéssemos água sempre que acrescentamos oxigênio ao hidrogênio. Há pessoas que, quanto mais explico sobre a Imagem Verdadeira da Vida, mais se negam a aceitá-la docilmente e contrapõem argumentos, como é o caso do senhor. Portanto, surgem diversos resultados de acordo com a atitude mental com que as pessoas lêem A Verdade da Vida. Mas não podemos negar o fato de que a grande maioria das pessoas que o leram tem sido salva da doença.


(Do livro “A Verdade da Vida, vol. 16”, pp. 89-110)


segunda-feira, abril 02, 2012

Lidando com as crenças universais


Joel S. Goldsmith


É verdade que temos, a todo momento, crenças universais a nos martelarem: a crença universal de idade, a crença universal de micróbios, a crença universal de morte. Porém, elas nos vêm aos pensamentos como crenças, sujeitas à nossa aceitação ou rejeição. Quem desconhece este estudo da Verdade também desconhece este direito à escolha, e se torna vítima das crenças universais, vivendo sob tais crenças sem que nada saibam ou possam fazer. Mas, quem estuda a Verdade está sempre no controle; pode aceitar ou rejeitar as crenças universais, pensamentos ou sugestões que lhe vêm, podendo inclusive lidar com elas antes mesmo que surjam. Toda aparência como pecado, doença, falta ou limitação vem à nossa consciência como crença ou sugestão, e nós podemos aceitá-la ou não, dependendo unicamente de nós mesmos.

Isso não quer dizer que se apenas dissermos: “Eu não gostei de você! Saia!”, isto bastará para darmos fim à crença. Não é tão simples. Deverá ser assunto de convicção, de uma real compreensão de que o Eu, a Consciência, governa, e controla este corpo, e que o corpo não pode receber ou se mostrar sensível às crenças do mundo. Deverá estar bem claro que existe somente um Poder, somente uma Causa: todo poder está na Causa e não há nenhum poder no efeito.

Deixe bem claro, em seu pensamento, que este senso de corpo, isto é, este conceito a que chamamos de corpo físico, não é, de si mesmo, uma entidade consciente. Assemelha-se a um carro nosso, um veículo em que viajamos e que segue na direção que nós determinamos. Este corpo também segue na direção que determinamos. Ninguém poderá fazer com que nosso corpo realize algo. Nós, nós próprios, governamos e controlamos sua ação.

Como já repeti várias vezes, este não é trabalho destinado a homem preguiçoso. É um trabalho que requer esforço constante e consciente. Seguir o caminho espiritual não é permanecer sentado, deixando que um Deus misterioso nos faça algum favor especial. Nossa vida é determinada pela nossa própria consciência, pelo nosso próprio conhecimento da Verdade do ser, e pelo nosso desejo de rejeitar, tão rápido nos venham, as sugestões deste miasma mental chamado “mente humana”, “mente carnal”, "mente mortal", ou “mente humana universal”.

Ao falarmos sobre o aspecto mais esotérico ou espiritual deste mundo, vemo-nos na possibilidade de realmente “caminhar nas nuvens”; porém, quando descemos à vivência prática em nossa experiência, será preciso sairmos um pouco das nuvens, para compreendermos a natureza daquilo com que estivermos lidando. Em nossa existência “neste mundo”, estamos lidando com crenças universais. Elas são mais antigas que o tempo, a começar da crença de que nós nascemos, que vai direto à crença de que morremos. Certamente, em algum período de nossa experiência, precisaremos despertar conscientemente para este fato e dar início à rejeição destas crenças do mundo.


sexta-feira, março 30, 2012

Contemple: "Se Deus está onde você está..."


Lillian DeWaters


Se Deus está onde você está, então todo bem está onde você está: saúde, harmonia, atividade.

Se Deus está onde você está, então os pensamentos certos e verdadeiros estão onde você está: receptividade, poder, destemor.

Se Deus está onde você está, então paz e compreensão estão onde você está: felicidade, bem-aventurança, segurança.

Se Deus está onde você está, então a indivisibilidade está onde você está: unicidade, totalidade, a Eu-Sou-Identidade.

Se Deus está onde você está, então nada que se oponha a Ele está onde você está! Nada contrário a Ele está onde você está! Nada dessemelhante dEle está onde você está!




terça-feira, março 27, 2012

Somente Deus


Lillian DeWaters


DEUS é o EU, e o EU é DEUS. Inexistem quaisquer “ele”, “ela” ou “mim”, ou quaisquer Maria, João, animal, pássaro, floresta, água, etc. Existe o EU somente, o EU que é TUDO que existe, “EU” sou DEUS somente; não “eu” João ou João “eu”, mas sim EU, EU!

Não há nenhum EU como Maria, João ou “você”. Ele é EU, DEUS; Deus, Eu, EU, ESPÍRITO, EU, EU, sem nascimento, sem criação, idade, tempo ou fim. EU, sem matéria, mortalidade, personalidade, ego. EU, sem pecado; EU, sem mudança; EU, sem problema, doença, sofrimento, morte. “Eu sou o Eterno, o Deus verdadeiro; este é o Meu Nome; a ninguém darei a minha glória” (Isaías 42: 8).

Respondamos à pergunta: “Pode haver um Deus e muitos de nós?” Sabemos que existe um só Deus; contudo, vemos muitos de nós. Uma ilustração irá aclarar o assunto. Consideremos a árvore e suas folhas. Na Mente podemos ver uma árvore com muitas folhas. Sabemos que esta árvore na Mente é uma IDEIA, que é imaterial e incorpórea. Consideremos a seguinte questão: Que relação há entre as folhas da árvore e a própria árvore? Em geral, a primeira resposta seria que a folha é parte da árvore, ou que a folha é uma com a árvore. As duas respostas não são válidas, pois, IDEIAS DA MENTE NÃO PODEM SER SEPARADAS EM PARTES. Como a árvore INCLUI as folhas, a resposta bem que poderia ser esta: A FOLHA É A ÁRVORE.

Contudo, é possível expandir nossa visão além mesmo desta resposta, tal como veremos a seguir. Você pode ter acreditado que o maior não pode ser posto no menor. Por certo, esta declaração não pode ser feita a partir da base espiritual ou da Consciência cósmica, que se baseia unicamente na Verdade – pois aqui, não há tamanho nem peso, nem espaço nem medida. Podemos manter a ideia “floresta” com a mesma facilidade com que o fizemos com a idéia “árvore”. A Mente, ou Espírito, conhece seu Mundo como idéias e formas espirituais. Nenhum outro mundo externo, físico ou material, existe. Lembre-se: Espírito é Tudo; logo, Tudo é Espírito. Volte sua atenção à ilustração da árvore, e expanda sua visão para perceber que na mente inexiste algo que seja maior ou menor. Tudo é imensurável e inseparável. Como a árvore não está em partes, mas em seu todo, então o global da árvore é a “árvore” em toda a sua extensão. A plena percepção desse fato deverá inspirá-lo agora a perceber: A ÁRVORE É A FOLHA.

A Consciência cósmica é a nota dominante da atualidade! Nesta Consciência percebemos que a Vida, a Existência, é um INTEIRO SEM PARTES; e que o Ser único é o MESMO em toda parte, por toda a Sua Infinitude. Quando o nosso amor pela Realidade se aprofunda, e a Revelação maior nos é dada, nossa visão e compreensão se mostram idênticas.

Previamente, a Revelação nos trouxe o surpreendente fato de que Eu-Maria, ou Eu-João, sou a Mente única, o único Ser ou Espírito, Deus. Agora, à Luz da nova revelação – QUE DEUS É UM INTEIRO, EM TODA PARTE E EXTENSÃO – a Iluminação gloriosa deverá ser a de que DEUS, A ÚNICA MENTE E SER, É QUE É Eu-Maria, Eu-João; você, eu, todos nós.

A plenitude e a totalidade de Deus estão em você, em mim e em todos, pois, a plenitude e a Totalidade de Deus são, em toda parte, O MESMO UM. Somos o UM pelo fato de O UM ESTAR EM NÓS; esta percepção desfaz por completo a crença em “muitos eus”, “muitas mentes”, “muitos indivíduos” e “muitos de nós”. Deus – como um INTEIRO – é infinita individualidade.

A variação e distinção da beleza, cor e forma estão no Um-Total, que é aqui, ali e em qualquer lugar, O MESMO UM. Ele é quem sou, quem você é, e quem todos são, sem pecado, sem mudança – PURO, PERFEITO, COMPLETO.


domingo, março 25, 2012

O Ser subjacente às formas


Dárcio Dezolt


Sem nenhum esforço, a Vida divina vive sendo a “sua” Vida, e devido a isto, cabe-lhe tão somente “contemplar” este Fato eterno. O Cristo é sua Vida, e quanto mais você reconhecer esta Verdade, mais estará irradiando sua Luz.

A convicção da humanidade é a de que somos seres humanos, sujeitos às crenças materiais que hipnoticamente geram sensações falsas que se fazem passar por realidades. Mary Baker Eddy disse o seguinte: “As crenças materiais têm que ser expulsas para dar lugar à compreensão espiritual. Não podemos servir, ao mesmo tempo, a Deus e às riquezas; mas não é isso o que os frágeis mortais tentam fazer? Paulo diz: "A carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne”. Quem está preparado para admitir isso?”

A questão está em não se admitir que somos Espírito e matéria, uma vez que Deus é Espírito e Deus é o Ser que somos. As “aparências” são meros sinais de que há, subjacente a elas, a Verdade eterna chamada “Homem”; entretanto, as imagens transitórias nada têm a ver com o Ser que somos, assim como a sombra de um objeto nada tem a ver com o objeto subjacente a ela e que supostamente lhe deu origem.

Se virmos um bicho da seda, saberemos que, subjacente à sua “aparência”, está a Vida, “Algo” que essencialmente constitui aquele ser; tempos depois, se virmos uma borboleta, saberemos que a “aparência” de bicho da seda foi alterada para “aparência” de borboleta. Qual das “aparências” retrata melhor o ser da Essência? Nenhuma! Aparências são aparências, e somente denotam a presença de “Algo”, invisível aos sentidos humanos, e este “Algo” é a Vida, o Cristo, a Identidade eterna de todos nós.

Assim como a Vida subjacente ao bicho da seda e também à borboleta em nada se assemelha com as "aparências" referentes àquele ser, também as "aparências humanas" nada têm a ver com o Corpo de Luz que somos! Este “Corpo eterno” é a Realidade subjacente às formações mentais ilusórias, e é Deus mesmo manifesto como Forma: eternamente luminoso, perfeito e perene.


sexta-feira, março 23, 2012

O Princípio da Individualidade




A Verdade do ensinamento Absoluto é que: Deus é tudo! E Deus é o único Criador. O Universo de Deus está pronto. Tudo o que foi criado por Deus é Deus! Porque não há, em absoluto, separação alguma entre Deus e Sua criação ou entre Deus e o homem. A única diferença que há entre Deus e o homem é a seguinte: o homem é a manifestação de Deus individualizada, enquanto Deus - a Consciência - é a imagem do próprio Ser infinito.

Cada ser existente é uma expressão distinta, genuína e autêntica do Divino. O Todo é infinito e gosta de Se manifestar de maneiras distintas/individuais. E, mesmo ao Se manifestar distinta ou individualizadamente, não perde a qualidade de ser infinito. Em qualquer situação, o Infinito continua sendo o Infinito.

Há uma importante frase no Caminho Infinito e que Joel Goldsmith diz ser um dos maiores e mais básicos princípios do ensinamento: "Deus se manifesta como o Ser individual". Essa declaração expressa o que Deus é: um Ser individual e ao mesmo tempo universal.

No ensinamento cristão, Deus enquanto Ser Universal é designado como "Pai". Ao passo que, enquanto Ser Individual, Deus é chamado de "Filho". A individualização de cada Ser (a sua e a minha) existe em Deus, e cada individualidade é UNA com o Deus-Universal-Infinito. Em outras palavras: o Pai e o Filho são UM. Esse princípio absoluto, que diz "ser a individualidade UNA com o Pai", assegura o fato de que cada individualidade é una com todas as outras individualidades existentes, e pelas quais o Pai Se expressa. E cada individualidade, por ser una com Deus, é infinita e suficiente em si mesma. Cada individualidade é o próprio Deus.

Para conhecer a Totalidade, você deve primeiramente conhecer a "parte", que não é "parte" em absoluto, mas é a própria Totalidade. Conheça a "parte", e você terá conhecido a Totalidade. Conheça o seu Ser Individual, e você terá conhecido o Ser Universal. Conheça o Filho, e você também terá conhecido o Pai. Jesus, que sabia ser o Filho de Deus, nos confirmou isso, dizendo: "Ninguém vai ao Pai senão por Mim.". Este "Mim" é o Filho de Deus. Por isso, cada homem e mulher deverá entrar em contato com o Cristo do seu próprio ser. Se o ser humano não entrar em contato profundo com o próprio Ser Individual que ele constitui, não conhecerá o esplendor infinito e divino que já existe dentro de si, ou seja, não poderá conhecer Deus. Esse é o significado de "voltar-se para dentro": contatar a própria individualidade e constatar o quão vasta ela é, o quão Infinita ela é. A individualidade é o Todo-Universal.

Nenhum ser humano consegue conhecer Deus tentando buscá-Lo exteriormente em "algo" ou "alguém". Não busque ser como Buda ou Jesus; ao invés disto, perceba o seu Ser Individual (o Cristo, o Filho de Deus em você), e permita que Ele Se revele e Se expresse, e seja você mesmo. Foi por isso que Jesus incentivou que todos buscassem o Reino de Deus dentro deles próprios, dizendo: "Se eu não me for, o Consolador não virá até vós". Se Jesus não tivesse ido, as pessoas ficariam dependendo da figura externa do "mestre" que viam em Jesus, e jamais entrariam em contato profundo com suas próprias individualidades-Filhos-de-Deus enquanto não eliminassem a dependência de algo ou alguém exterior.

Deus quer se manifestar como o Ser individual que (eu e você) somos. E cada ser individual será o Divino Se expressando. É necessário buscar, despertar para a própria individualidade, e cultivá-la até que floresça completamente. E, uma vez florescida, a própria individualidade divina que somos (o Cristo, o Filho de Deus) cuidará de Se expressar, Se revelar e Se manifestar de maneira genuína e autêntica a cada um de nós. Será diferente para cada um. Por isso, de nada adiantará alguém tentar se valer de figuras externas para alcançar em si "Aquilo" que somente dentro de si pode ser alcançado. Deus sabe como fazer as coisas. O melhor caminho a ser trilhado é o "Caminho-de-cada-um".

Masaharu Taniguchi disse:

A Grande Vida Universal alojou-se em seu ser e tornou-se "você". Portanto, "você" é um ser "individual" e, ao mesmo tempo, "universal". Na verdade, você é uma existência autossuficiente que nada precisa buscar em "outras partes". Ao mesmo tempo que você se apresenta como "parte", você é o "todo", e dentro do "todo" já se alojam todas as coisas. Por isso, se compreender esta Verdade, não terá mais necessidades de buscar coisa alguma em outros lugares. O "todo" possui todas as coisas dentro de si, encerra o infinito dentro de si. Portanto, somente quando "der" é que você sentirá a alegria da Vida dentro de si, pois somente "dando" é que se torna possível a circulação do "infinito" e nasce a alegria de viver. O amor provém de Deus e, como Deus é infinito, o amor é inesgotável.