sábado, novembro 30, 2013

Onde nos leva o caminho espiritual?

- Núcleo -

"Aquele que Me percebe em toda parte e contempla todas as coisas em Mim nunca Me perde de vista, nem Eu jamais o perco de vista." (Bhagavad Gita VI:27, 29-30)


Divinos Personagens,

Eis um texto bastante “nuclear”!

Quando meus olhos físicos leram o texto acima, que se encontra na página 89 do livro “A Yoga de Jesus”, imediatamente percebi que este é um texto, uma revelação divina, que deve ser compartilhada, especialmente com os que estão no caminho espiritual.

A propósito, onde nos leva o caminho espiritual? Este caminho nos leva à percepção do sagrado a cada momento da vida. Ele nos torna conscientes da beleza das coisas simples que inundam nossas vidas todos os instantes, como cada movimento que fazemos, cada olhar que lançamos, cada momento que respiramos; a contemplação do silêncio ou dos sons da natureza, enfim, tudo. É uma simples questão de percepção, de nos mantermos conscientes dos “eternos presentes” e da presença de Deus.

Enquanto nos mantemos imersos em nossos pensamentos ou enquanto nos mantemos na expectativa do momento de união com Deus que reservamos para meditar ou orar, nossa atenção não está focada no presente, então não estamos desfrutando o presente e perdemos a benção daquele momento. Por certo devemos reservar um tempo dedicado à meditação e oração, mas que este tempo seja o de exercitarmos e manter nossa atenção no presente e na onipresença. Assim, quando estamos em grupo, compartilhamos com os demais a consciência que temos da benção que é o momento de estarmos reunidos, como familiares, como irmãos, como pais e filhos, como amigos. Estas são oportunidades em que estamos experimentando o amor de Deus em suas infinitas formas. Da mesma forma, enquanto estamos sós podemos desfrutar o amor de Deus em silêncio, em oração, em contemplação ou em meditação, ou seja, ouvindo Deus, falando com Deus, percebendo Deus ou sendo um com Deus!
 
A percepção de que nossa vida é a oportunidade de estarmos desfrutando o onipresente amor de Deus, enquanto personagens, é a chave de uma vida humana realizadora, aquilo que Jesus revelou ao dizer: "Eu vim para que tenham Vida em abundância". No Núcleo enfatizamos que “crer” é perceber Quem faz. Assim, os que creem, ou seja, os que não apenas acreditam nas palavras de Jesus, mas sim os que tem fé, os que percebem a verdade que elas expressam têm “vida em abundância”. Então, mantenham-se atentos, percebam Quem faz e desfrutem o presente!
 
Façam isso a cada momento. Não se separem do momento de comunhão com Deus, porque Deus não Se separa de Seus filhos em instante algum. A mensagem de hoje começa com uma citação do Bhagavad Gita e termina com uma citação bíblica, porque os textos sagrados legados à humanidade são revelações divinas, do mesmo Deus único. E a revelação bíblica é esta: “Pois, todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” (Rm 8:14)

Escolham estar “casados com Deus”. Mantenham esta união espiritual; não permitam que alguns pensamentos da mente separem aquilo que Deus uniu. Sejam guiados pela percepção da Consciência do Ser que está em cada um, que revela a unidade essencial que existe entre cada presente neste universo e Deus; entre o personagem e o Ser.

Saudações a todos.
 
 

quinta-feira, novembro 28, 2013

Alcançando Deus, Alcançando o Nirvana


 Thich Nhat Hanh

Tanto na prática cristã quanto na prática budista, se você não for capaz de alcançar com suficiente profundidade o mundo fenomenal, será muito difícil, ou talvez impossível, alcançar o mundo numenal – a origem de ser. Se você tem consciência de que o ar fresco está lá e se consegue alcançar e usufruir profundamente o ar fresco, você tem a chance de tocar a base do ar fresco. É como a onda alcançando a água. A prática de tocar profundamente as coisas no nível horizontal nos dá a capacidade de alcançar Deus – de tocar o nível numenal ou a dimensão vertical.
Sabemos que a onda é a água e também que a água é a base da onda. A onda sobre porque esquece este fato fundamental. Ao se comparar com outras ondas, ela sofre. Sente raiva, inveja e medo porque não consegue tocar a base do ser, que é a água. Se a onda conseguir tocar profundamente a água, sua base de ser, ela transcenderá seu medo, inveja e todos os tipos de sofrimento.
Alcançar esta suprema dimensão proporciona-nos um imenso alívio. Temos que praticar na vida cotidiana para que nos tornemos capazes de alcançar a suprema perfeição. Você pode alcançar a suprema perfeição quando bebe uma xícara de chá ou quando pratica meditação enquanto simplesmente caminha. Podemos atingir o mundo numenal entrando profundamente em contato com o mundo fenomenal.
No budismo, falamos de nirvana. Não julgamos possível falar sobre nirvana porque se trata do nível numenal, onde todas as noções, conceitos e palavras são inadequados para descrevê-lo. O máximo que podemos falar sobre nirvana é que ele transcende todas as noções e conceitos.
No mundo fenomenal, vemos que existem nascimento e morte. Há chegadas e partidas. Ser e não ser. No entanto, no nirvana, a base da equivalência a Deus, não existem nascimento, morte, chegada, partida, nem ser ou não ser. Todos estes conceitos precisam ser transcendidos.
É possível alcançar o nirvana? O fato é que vocês são o nirvana. O nirvana está à disposição de vocês vinte e quatro horas por dia. É como a onda e a água. Vocês não precisam procurar o nirvana em outro lugar ou no futuro. Porque já são ele. O nirvana é o princípio do seu ser.
Uma das maneiras de alcançar o mundo do não-nascimento e da não-morte é alcançar o mundo do nascimento e da morte. Seus próprios corpos contêm nirvana. Se se aprofundarem bastante nele, alcançarão o princípio dos seus seres. Se pensam que só conseguirão alcançar Deus abandonando tudo no mundo, duvido que conseguirão alcançá-lo. Se estiverem buscando o nirvana rejeitando tudo que existe em vocês e à sua volta, ou seja, forma, sentimentos, percepção, concepções mentais e consciência, não conseguirão atingir o nirvana de maneira alguma. Se eliminarem todas as ondas, não haverá água para tocar.

segunda-feira, novembro 25, 2013

As 8 chaves da Paz Interior (Prem Baba)

Prem Baba

Primeira chave: Silêncio

O silêncio é uma forma de bater na porta do salão da verdade. Ele é a base que te prepara para qualquer prática; é o alicerce do edifício da consciência. Tudo que é belo e verdadeiro nasce do silêncio.
 
Um instante de silencio é suficiente para exorcizar todos os demônios, porque os demônios são os pensamentos. Se existe um pensamento compulsivo constantemente assombrando a sua mente, é porque você deu muita atenção a ele, ou seja, você o alimentou acreditando nele. Mas, ao aquietar a mente, todos os fantasmas desaparecem. Não importa quão antiga seja a escuridão, uma pequena fresta de luz dissipa toda escuridão porque ela é somente a ausência de luz. O silêncio invoca a luz. Quando a mente se acalma, tudo se acalma.
 
O preço para a realização espiritual é a solidão. Em algum momento você vai ter que encarar a si próprio. Por isso é fundamental aprender a ficar sozinho e em silêncio. Você também pode chamar esta prática de meditação. Mas, eu não quero que você se perca no labirinto das idéias e conceitos, na ginástica do intelecto. Permita-se apenas ficar retirado e em silêncio, observando a grama crescer. Abandone toda a pressa e todo o desejo de chegar a algum lugar. 
 
Feche os olhos e focalize no ponto entre as sobrancelhas. Brinque de cultivar o silêncio.
 
Segunda chave: Verdade

Falar a verdade não quer dizer que você vai sair por aí dizendo aos outros tudo o que pensa ser verdade, desconsiderando o fato do outro não estar pronto para ouvi-la, o que pode gerar mais conflito, mais guerra. Seguir a verdade significa ouvir o chamado do seu coração.

Se ainda há desconforto e sofrimento na sua vida, significa que ainda há uma camada de mentira
te envolvendo. Seja corajoso para encarar suas mentiras. Sem coragem você não será capaz de encarar a verdade. Procure identificar quando você ainda não pode ser honesto com você mesmo e com a vida; quando você tem que usar uma máscara e não pode ser autêntico e espontâneo; quando você tem que fingir que é diferente do que é. Dê uma olhada nas diversas áreas da sua vida. 
 
Você terá algum trabalho, mas é um bom trabalho. Lembre-se que “a verdade vos libertará”.
 
Terceira chave: Ação Correta
 
Isso não tem nada a ver com moralismo. A ação correta, ou ação consciente, não se baseia no que está fora, ou seja, não depende da aprovação do mundo externo. Não é seguir um manual com regras sobre o que está certo ou errado. É uma ação determinada pela intuição, que é a voz do silêncio. É ter coragem de ser você mesmo, autêntico e espontâneo. Agir conscientemente significa colocar o amor em movimento, ou seja, trilhar o Caminho do Coração.

Quarta chave: Não Violência
 
A não violência é a ação sem ego. É a atitude não contaminada pela vingança e pelo ódio. É não dar passagem para a maldade que provoca sofrimento no outro, não importa em qual nível.
 
A não violência ou ahimsa, como é conhecida na tradição do hinduísmo, não é cruzar os braços e ficar esperando que as coisas aconteçam. Ela, muitas vezes, envolve ação, atitude. Mas, é uma ação que nasce do coração - é espontânea e sempre vem com sabedoria e compaixão. Não é o ódio ou o medo se manifestando.

Eu mesmo já questionei o poder de ahimsa. Parece que só deu certo com Gandhi, na Índia. Mas, não é verdade. Ahimsa é o remédio que esse planeta precisa. A compaixão é o remédio e ahimsa é compaixão.

Quinta chave: Amor Consciente
 
Eu uso esta palavra ‘consciente’, porque a palavra amor foi degenerada. Nós demos a ela tantos outros significados que não têm nada a ver com a sua essência. Para o senso comum, o amor está ligado ao egoísmo, a uma satisfação pessoal. Ele é confundido com a paixão, com o sexo e até mesmo com o ódio. Isso acontece de uma forma inconsciente: a entidade acredita estar amando porque não tem consciência do que é amor.

Não é possível definir o amor com palavras, mas eu posso dizer que amar inclui um desejo sincero de que o outro seja feliz. Inclui ver o potencial adormecido no outro e dar força para ele acordar. É querer ver o outro feliz sem querer absolutamente nada em troca. Em última instância, amar conscientemente significa amar desinteressadamente.

Mas, para que possa utilizar essa chave se faz necessário que você reconheça o seu desamor.
 
Procure identificar em quais situações e com quem você ainda não pode ser amoroso. Aonde e com quem o seu amor não flui livremente? Em que situações o seu coração se fecha? Aí há uma pista para você. Vá atrás dessa pista e você descobrirá muito sobre si mesmo. Essa é uma forma de trazer paz para esse mundo: aprendendo a ser amigo do seu irmão; amigo do seu vizinho. 

Aprender a não julgar os erros do outro. Antes de levantar o seu dedo para acusar o outro, olhe para si mesmo, e pergunte: “Será que eu não tenho um defeito igual, ou outros até piores?” “Será que o meu vizinho não tem nada de bom para eu focar a minha atenção?” Comece a focar no bom que o outro tem. Essa é sua grande missão.

Sexta chave: Presença

Estar presente significa estar total na ação. É lembrar-se de si mesmo a cada instante. Quando você pode experienciar a presença, a sua energia cresce e você percebe o amor passando por você. Se puder sustentar esse estado de alerta, você terá a percepção de que tudo é sagrado, e a partir dessa percepção, poderá expandir sua energia conscientemente na direção do outro.

Eu sugiro uma prática bem simples para o seu dia a dia. Habitue-se a perguntar: Onde estou? O que estou fazendo? Permita-se parar, apenas por alguns segundos, absolutamente tudo o que você está fazendo. No meio da ação, pare e pergunte-se: Quem está fazendo? Assim você interrompe a imaginação e volta para o seu corpo, para a presença, para a totalidade na ação. Esse é o caminho.
 
A presença é a chave mestra. Mas, porque não vamos diretamente para ela? Porque nem todos estão prontos para usufruir dela. Poucos estão maduros para abandonar o pensar compulsivo, já que isso lhes dá um senso de identidade. Então, em muitos casos, é necessário um trabalho de purificação  que é este trabalho de transformação do “eu inferior”, para que você esteja pronto para ancorar a presença. Para isso, o corpo é o portal. Sinta-se ocupando o corpo. Sinta seu campo de energia e mova-se a partir dessa percepção.

Sétima chave: Serviço Desinteressado

Servir desinteressadamente significa colocar seus dons e talentos a serviço do amor. É quando você pode se doar verdadeiramente ao outro, sem máscaras, sem necessidade de agradar ou fazer o que é certo com a intenção de ser recompensado. O único objetivo é ver o outro bilhar. Você se torna o amor que se move em direção à construção.
 
Acordar pela manhã, consciente de que está acordando para servir, ilumina a alegria de viver. Naturalmente, a consciência do serviço aumenta a conexão com o divino, porque, por mais que cada um tenha seus talentos e dons individuais, ou seja, uma forma particular na qual o amor se expressa através de você - é o próprio amor que está se expressando. No serviço, você se torna um canal do amor. Por isso, eu digo que o serviço é uma forma de manter a chama da conexão acesa. O amor e a felicidade passam por você para chegar ao outro, não importa o que você esteja fazendo, se está cuidando do jardim, construindo uma casa, cozinhando, cuidando de uma empresa ou de uma pessoa.
 
Oitava chave: Lembrança Constante de Deus

Lembre-se de que Deus está em tudo: dentro, acima, abaixo, dos lados - em todos os lugares.
 
Ele é a vida única que age em todos os corpos e é o seu Eu Real. Essa percepção de que tudo é Um e de que a energia espiritual se manifesta em todas as formas de vida, promove um profundo contentamento. Não há palavras para descrever essa experiência, ela só pode ser vivida. A sua vida se transforma numa prece, numa oferenda a Deus. Pode passar um tsunami, mas você não se esquece de Deus. Pouco a pouco, a sua fé se torna constante e inabalável, até que possa sustentar a eterna conexão com Deus.

A partir dessa conexão, você olha para o outro e enxerga além das aparências, porque você vê somente Deus e assim pode reverenciá-lo. Este é um sincero namaste: a divindade que está em mim saúda a divindade que está em ti.

Se verdadeiramente utilizar essas oito chaves na sua vida, inevitavelmente você irá experienciar a paz. Essa é a minha experiência.

Durante a fase do desenvolvimento da consciência que eu chamo de “ABC da Espiritualidade” ou purificação do “eu inferior”, muitas vezes, descobrimos verdades pouco agradáveis sobre nós mesmos. Durante esse processo, enfrentamos obstáculos que precisam ser removidos. Aos poucos, nós aprendemos a identificá-los e removê-los e, ao removermos aquilo que não nos serve mais, podemos nos tornar canais do amor divino, para que ele flua livremente através de nós."

 

sábado, novembro 23, 2013

O Guerreiro Pacífico (Filme)

Hoje eu gostaria de trazer o filme Peacefull Warrior (O Guerreiro Pacífico; em português ficou traduzido como "Poder além da vida").
 
Este filme é excelente, qualquer pessoa que trilha o caminho da espiritualidade deveria assistir. A história mostra o encontro do jovem Dan Millman com o sábio Sócrates, e de como este se torna o seu professor e lhe ensina os segredos do Caminho do Guerreiro Pacífico, segredos simples e ao mesmo tempo profundos que provocam o autoconhecimento e total transformação na vida do aprendiz. É um filme interessante e divertido, completamente fundamentado nos ensinamentos do Zen, que nos revela o significado e a sabedoria de viver no estado de Presença, no instante sagrado do Aqui-Agora.
 
Eu tentei fazer com que o vídeo aparecesse diretamente aqui no blog, mas a incorporação não foi permitida. Por isso, deixo o link para que cliquem e acessem. Não deixem de assistir. Existem livros que são de leitura obrigatória para os buscadores espirituais. E existem também filmes que são de conhecimento indispensável. Este filme é um deles!
 
Namastê!
 


 
 

quinta-feira, novembro 21, 2013

Você não está só (Núcleo)

 
- Núcleo -
 

Quando sentir solidão, dirija-se a Deus com o seguinte pensamento: "Deus é meu Pai, minha Mãe, meu Filho, meu Amigo, meu Espírito protetor. Para quem conhece Deus não existe solidão. Eu descobri o Pai eterno, a Mãe eterna, o Filho eterno, o Amigo eterno, o Espírito protetor eterno. Chamando por Deus, Ele me responde imediatamente. Deus Se manifesta entre os membros de minha família, através de meu pai, minha mãe, meu sogro, minha sogra, meu filho, minha filha, meu neto. E me ama concretamente. Quando alguém de minha família me trata friamente ou duramente, essa atitude é apenas reflexo de minha mente dominada pela ilusão, que não consegue visualizar a perfeição da Imagem Verdadeira de tais pessoas." (Autor: Masaharu Taniguchi)
 
 
O pensamento divino acima foi percebido por um "personagem consciente".
 
Esteja você também consciente de que Deus é Onipresente. Por ser Onipresente está também em você. Reflita sobre estes pensamentos divinos até perceber algo. Quando perceber esse "algo" saberá que é uma mensagem divina especial a você!
 
Assim que li este pensamento percebi imediatamente que deveria compartilhá-lo. Sei que alguém vai se beneficiar especialmente dele. Estou fazendo a minha parte entregando a você esta mensagem.
 
No Núcleo o tema abordado foi a necessidade de nos despertarmos das ilusões que a mente cria e que nos condiciona a uma vida limitada por nossas crenças. Inconscientes de que a Deus tudo é possível, vive o ser humano limitado a crer que seus problemas são insolúveis. Assim, vive "dormindo" ou vive "entre os mortos".
 
Mas, a mensagem da Consciência divina expressa numa passagem bíblica nos revela que temos algo a fazer: Devemos nos despertar desse sono e nos levantar de entre os mortos, nestes termos:
 
"Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará." (Efésios 5:14)
 
Também devemos procurar ouvir Deus, que Se manifesta como esta Consciência, a consciência interior que nos revela a "vontade do Senhor". Nós devemos buscar conhecer os pensamentos de Deus, da Consciência do Ser que está em nós, que não são os nossos pensamentos, ou seja, os pensamentos que estão em nossa mente.
 
"Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor." (Efésios 5:17)
 
Perceba que VOCÊ NÃO ESTÁ SÓ. A divindade é onipresente e está em você! Jesus Cristo já nos revelou a verdade de que: O reino de Deus está dentro de vós.
 
Mas se continuar usando a mente apenas para julgar as situações, estará diante de problemas de difícil solução. Se, em vez de julgar, procurar direcionar a mente para ouvir a voz da Consciência, então, no tempo certo, conhecerá o pensamento de Deus, a luz a ser revelada por Cristo, que é VIVO, de eternidade a eternidade. E quando o seguimos, Cristo Se revela a nós! E nos dá a Si mesmo! Ele é a vida, a própria vida em abundância.
 
No Bhagavad Gita, há um belo simbolismo deste direcionamento que devemos dar a nossas vidas, sobre que devemos seguir a voz da Consciência divina em nós e não nos limitarmos a seguir apenas a voz de nossa mente humana. No Gita, Arjuna, o personagem que busca seguir as orientações do Senhor, entrega as rédeas da carruagem da vida ao Senhor, Krishna, o divino eterno condutor, e vence a guerra!
 
Todo aquele que age como Arjuna, procurando seguir a voz da Consciência e não a voz da mente, no devido tempo poderá fazer a declaração: "Eu venci o mundo"! Mas saberá também que este "Eu" que vence o mundo não é o sentido pessoal do "eu" humano. A ilusão da dualidade concebida por este "eu" humano se esvai, revelando a verdade de que "Eu" e o "Pai" somos "Um" ou: "Eu Sou o Ser Real".
 
Este é o sentido da verdade expressa por Jesus Cristo: "Eu e o Pai somo Um". Isto só é possível àquele que conhece sua real identidade, de que é o próprio Ser, eterno, não sujeito a nascimento ou morte. Quem conheceu sua real identidade, sabe que a pessoa (o personagem que está representando) de si mesmo nada pode, mas que o Ser Real, é quem realmente faz, quem de fato "vence o mundo".
 
Por saber sua real identidade Jesus declara: "Antes que Abraão existisse Eu Sou." Jesus sabe que o eu humano, o sentido pessoal de "eu" não tem nenhum poder, mas sim, o "Eu" universal e impessoal. Deus onipresente é a Fonte desse poder, e por isso ele declara: "eu de mim nada posso, o Pai em mim é Quem realiza as obras".
 
No Núcleo dizemos que o único Ser Real é Deus e que todos os demais seres são personificações ou personagens de Deus. Nem todos os personagens tem consciência de sua identidade e origem divina. E assim vivem "vidas mentais".
 
São como o filho pródigo, estão distanciados do Pai, mas um dia retornarão à "casa do Pai", ao "núcleo", à percepção de sua origem e filiação divinas. Assim seja.
 
Saúdo a todos os divinos personagens.


 

segunda-feira, novembro 18, 2013

Sou Eu!

- Núcleo -

"Quando alguém atingiu o estado de perceber a Divindade em cada ser, quando todos os instrumentos do conhecimento trazem a experiência de tal Divindade e quando somente Ele é visto, ouvido, provado, cheirado e tocado, sem dúvida, o homem torna-se uma parte do Corpo de Deus e vive n’Ele e com Ele. Esse caminho não é previsto ou recomendado apenas para o os homens extraordinários . Ele está ao alcance de todos, pois todos têm fome de Deus. Quando esse dever para com seu próprio progresso é retomado, você receberá uma nova força no primeiro passo, experimentará uma alegria nova e mais pura, será revigorado por uma nova santidade. Portanto, cada pessoa deve buscar o próprio dharma (dever individual). Você deve planejar sua vida de acordo com os fundamentos espirituais de sua cultura e ouvir a voz de Deus.” (Sathya Sai Baba)

 
Divinos personagens,

Que belo “pensamento do dia”, de hoje!

Obrigado!

Agradeço ao Ser Real “aparecendo como” divinos personagens: Um, que postou o “pensamento do dia”; outro que o enviou; e outros com os quais o texto está sendo compartilhado.

É uma experiência divina perceber “Quem faz” e “Quem está aparecendo como”!

O que este texto possibilita é o que no Núcleo chamamos de “percepção consciencial”!

É o que está revelando esta primeira parte do “pensamento do dia”, observem:

“Quando alguém atingiu o estado de perceber a Divindade em cada ser, quando todos os instrumentos do conhecimento trazem a experiência de tal Divindade e quando somente Ele é visto, ouvido, provado, cheirado e tocado, sem dúvida, o homem torna-se uma parte do Corpo de Deus e vive n’Ele e com Ele."
 
O texto trata de “atingir o estado de perceber a Divindade em cada ser”.

Atentem bem… é um “estado de perceber”.

Então, neste momento, deixe-se conduzir por este “estado de perceber”, e contemple:

“Quem elaborou o texto?”
“Quem o compartilha?”
“Quem o comenta?”
“Quem o lê?”

Sim! Não se exclua! Neste exato momento [No presente, pois esta percepção só é possível no presente], Quem o lê?

Quando estas “perguntas” a princípio surgem na mente, e então as substituímos pelo estado de contemplação [este é um estágio intermediário quase sempre necessário] a resposta então surge, mas não surge como uma resposta, mas sim, como AQUELE ESTADO DE PERCEPÇÃO, que pode ser traduzido por um simples: “Sou Eu!”

Agora, neste estado de percepção todas as perguntas se diluem e percebemos que:

“Quem elaborou o texto?”
“Quem o compartilha?”
“Quem o comenta?”
“Quem agora o lê?
 
Sou Eu!

Sugiro, então, que siga este caminho. Continue lendo o texto, porque o texto continua e ressalta que:
 
“Esse caminho não é previsto ou recomendado apenas para o os homens extraordinários . Ele está ao alcance de todos, pois todos têm fome de Deus. Quando esse dever para com seu próprio progresso é retomado, você receberá uma nova força no primeiro passo, experimentará uma alegria nova e mais pura, será revigorado por uma nova santidade.”

E finaliza: “Portanto, cada pessoa deve buscar o próprio dharma (dever individual). Você deve planejar sua vida de acordo com os fundamentos espirituais de sua cultura e ouvir a voz de Deus.”

“Ouvir a voz de Deus”… É o que acontece quando estamos “focados em Deus”, não no mundo; ou seja, quando estamos no “Núcleo” do nosso próprio Ser, percebendo "Quem faz" e "Quem aparece como". Ele é o Ser Real que, em nós, nos faz perceber a Si mesmo.
 
Este texto é um convite àquele “estado de percepção”. Que todos aceitem e percebam:

“Quem elaborou o texto…”
“Quem o compartilha…”
“Quem o comenta…”
“Quem agora o lê…”
 
Sou Eu!

Saudações a todos.
 

domingo, novembro 17, 2013

Se Deus é invisível a você...

Sathya Sai Baba
 
 
“Nada nasce sem a vontade de Deus, nada acontece sem a Sua vontade. Essa é a mensagem dos Vedas. Compreenda bem as escrituras e essa lição incutirá em você. Pulgas sugam e provam apenas o sangue da vaca, mas podemos extrair dela leite doce, nutritivo. Da mesma forma, você deve extrair e aprender com as escrituras a potência da vontade do Senhor.
 
Se fixar-se em tal fé, você será capaz de enfrentar todos os perigos. No Ramayana, nem todas as pedras que o Senhor Rama pisou se transformaram em um ser humano. Apenas uma pedra transformou-se na forma de Ahalya, pois arrependimento e penitência haviam elevado a pedra a conquistar a Graça do Senhor.
 
Se Deus é invisível a você, a culpa está dentro de si. Você é incapaz de reconhecer suas diversas manifestações. Você mesmo é Sua própria manifestação. Corrija sua visão!”

sexta-feira, novembro 15, 2013

segunda-feira, novembro 11, 2013

A Linguagem Divina do Silêncio

- OSHO -

“O propósito de uma armadilha para peixes é pegar peixes.
E quando são capturados, a armadilha é esquecida.
O propósito das palavras é transmitir ideias.
Quando as ideias são compreendidas, as palavras são esquecidas.
Onde posso encontrar um homem que se esqueceu das palavras?
É com ele que eu gostaria de conversar.”  (Chuang Tzu)

É difícil esquecer as palavras. Elas se agarram à mente. É difícil jogar fora a rede, porque não só os peixes são capturados, mas o pescador também. Esse é um dos maiores problemas. Trabalhar com palavras é brincar com fogo, porque as palavras tornam-se tão importantes que o significado perde o significado. O símbolo se torna tão pesado que o conteúdo é completamente perdido; a superfície hipnotiza e você esquece o centro.

Isso aconteceu em todo o mundo. Cristo é o conteúdo, o cristianismo é apenas uma palavra; Buda é o conteúdo, o dhammapada é apenas uma palavra; Krishna é o conteúdo, o Gita não é nada além de uma armadilha. Mas o Gita é lembrado e Krishna é esquecido. Se você falar de Cristo, é por causa das igrejas, da teologia, da bíblia, das palavras. As pessoas carregam a rede por muitas vidas, sem perceber que aquilo é apenas uma rede, uma armadilha, como se a pessoa vivesse carregando uma escada.

Buda costumava contar:

Alguns homens estava atravessando um rio. O rio era perigoso, ele estava na cheia – devia ser a estação das chuvas – e o barco salvou suas vidas. Então eles pensaram – eles deviam ser muito, muito inteligentes – eles pensaram: “Este barco nos salvou, como podemos deixa-lo agora? Este é o nosso salvador e será ingratidão deixa-lo aqui!”. Então, eles levaram o barco na cabeça para a cidade.

Alguém lhes perguntou: “O que vocês estão fazendo? Nunca vimos ninguém carregando um barco.”

Eles disseram: “Agora vamos ter de levar este barco por toda a nossa vida, porque ele nos salvou, e não podemos ser ingratos.”

Essas pessoas de aparência inteligente deviam ser estúpidas. Agradeça ao barco, mas deixe-o lá. Não o carregue. Você tem carregado vários tipos de barcos na cabeça. Olhe para dentro. As escadas, os barcos, caminhos, palavras – este é o conteúdo da sua cabeça, da sua mente.

O recipiente se torna importante demais, o veículo se torna importante demais, o corpo se torna importante demais. O veículo era só para lhe transmitir a mensagem – receba a mensagem e esqueça o veículo. Agradeça-lhe, mas não o leve em sua cabeça.

Maomé insistiu muito, quase todos os dias de sua vida: “Eu sou apenas um mensageiro. Não me adorem, eu apenas trago uma mensagem do divino. Não olhem para mim, olhem para o divino, que enviou a mensagem a vocês.” Mas os maometanos parecem ter esquecido a fonte. Maomé se tornou importante, o veículo.

Onde você empreende a sua busca – nas palavras, nas escrituras? Se sua mente está muito sobrecarregada com palavras, teorias, escrituras, então o seu caminho para a existência está fechado, nada real pode lhe acontecer. Nada real poderá penetrar em você, nem o amor, nem a meditação, nem a existência. E tudo o que é belo aconteceu num processo de interiorização. Quando você está em silêncio, sem qualquer apoio das palavras, quando você está esperando... Nesse momento de espera, a beleza acontece, o amor acontece, a devoção acontece, a divindade acontece. Mas, se um homem é muito viciado em palavras, ele vai perder tudo. No final, ele terá uma longa coleção de palavras e teorias, lógica, tudo – mas nada vale a penas porque está faltando o conteúdo.

Você tem a rede, a armadilha, mas não há nenhum peixe lá. Se você tivesse realmente capturado o peixe, você teria jogado fora a rede imediatamente. Quem se importa com a rede? Se você já usou o barco, pode esquecê-lo. Quem pensa no barco? Você transcendeu, ele foi usado.

Assim, sempre que um homem realmente passa a saber, o conhecimento é esquecido. Isso é o que chamamos de sabedoria. Um homem sábio é aquele que foi capaz de desaprender o conhecimento. 

Mas por que esse vício pelas palavras? Porque o símbolo parece ser o real. Você acha que a palavra é a realidade. E, se ela se repete muito, a repetição faz com que você se auto-hipnotize. Repita uma coisa, e aos poucos você vai esquecer que você não sabe. A repetição vai lhe dar a sensação de que você sabe.

Se você vai ao templo pela primeira vez, vai na ignorância. Você não sabe se esse templo realmente contém alguma coisa, se Deus está lá ou não. Mas vá todos os dias e viva repetindo o ritual, as orações; e faça tudo conforme lhe for dito, sempre, todas as vezes, dia após dia, ano após ano. Você vai se esquecer do estado de espírito que havia no começo. Com repetições contínuas a coisa vai para dentro da mente e você começa a sentir que esse é o templo, que Deus vive aqui, que essa é a morada de Deus. 

Você me procura, o problema é o seguinte: na base há palavras e agora você está tentando meditar e ficar em silêncio – a base está sempre lá. Sempre que você começa a ficar em silêncio a base começa a funcionar. Então, você se torna consciente do que pensa quando medita – ainda mais do que normalmente. Por que? O que está acontecendo? Quando você está em silêncio você vai para dentro de si e se torna mais sensível ao absurdo interior que existe ali. Quando você está em meditação você fica voltado para fora, fica extrovertido, envolvido com o mundo e você não pode ouvir o barulho interior que ocorre dentro de você. Sua mente não está lá.

O ruído é contínuo dentro de você, mas você não pode ouvi-lo, você está ocupado. Mas sempre que fecha os olhos e olha para dentro, o hospício se abre. Você pode ver e sentir e ouvir, e então fica com medo e assustado. O que está acontecendo? E você estava pensando que a meditação ia deixá-lo mais silencioso. E está acontecendo isso, exatamente o oposto.

No começo é inevitável que isso aconteça, porque uma base errada foi dada a você. Toda a sociedade, seus pais, seus professores, suas universidades, sua cultura, deram-lhe uma base errada. Sua fonte está envenenada. Esse é o problema – como desintoxicar você. Leva tempo, e uma das coisas mais difíceis é se livrar de tudo o que você conheceu, desaprender.

A repetição contínua de uma palavra cria a realidade, mas essa realidade é falsa. É ilusão, e você só pode voltar para a realidade se todas as palavras desaparecerem da sua mente. Mesmo uma única palavra pode criar a ilusão. As palavras são grandes forças. Se ainda houver uma única palavra na sua mente, ela não está vazia. Tudo o que você está vendo, sentindo, é criado através da palavra, e essa palavra vai mudar a realidade.

Você tem que ficar completamente sem palavras, sem pensamentos. Você tem que ser apenas consciência. Quando você é apenas consciência, a realidade é revelada a você. Só então o real aparece, é revelado. Agora o sutra:

“O propósito de uma armadilha para peixes é pegar peixes.
E quando são capturados, a armadilha é esquecida."

Você se esqueceu completamente do propósito. Você acumulou tantas armadilhas para peixes, vive tão preocupado com essas armadilhas que se esqueceu completamente do peixe.

Se você não consegue esquecer a armadilha, isso significa que o peixe ainda não foi capturado. Lembre-se, se você está continuamente obcecado com a armadilha, isso mostra que os peixes ainda não foram pegos.

"O propósito das palavras é transmitir ideias.
Quando as ideias são compreendidas, as palavras são esquecidas."

Se você realmente me entender, não será capaz de se lembrar do que eu disse. Você vai pegar o peixe, mas irá jogar fora a armadilha. Você vai ser o que eu disse, mas não vai se lembrar das palavras que eu disse. Você vai ser transformado por elas, mas não vai se tornar um homem mais instruído por causa delas. Você estará mais vazio por causa delas, menos cheio; você vai se afastar de mim revigorado, não sobrecarregado.

Não tente acumular o que eu digo, porque tudo o que você acumular será errado. O acúmulo está errado: não acumule, não preencha o seu baú com as minhas palavras. Jogue-as fora, então o significado vai estar lá, e o significado não precisa ser lembrado. Ele nunca se torna parte da memória, torna-se parte da sua totalidade. Você só precisa se lembrar de uma coisa quando ela faz parte da memória, do intelecto. Isso que lhe digo não faz parte da memória, do intelecto. Você nunca precisa se lembrar de uma coisa real, pois se a coisa acontece a você, ela está lá – qual a necessidade de lembrar? Não repita, porque a repetição vai lhe dar uma falsa noção.

Ouça, mas não as palavras – bem ao lado das palavras o que não tem palavras está sendo transmitido a você. Não fique focado demais nas palavras, basta olhar um pouco de lado, porque a coisa real está sendo transmitida ali. Não ouça o que eu digo, ouça-me! Eu também estou aqui, não apenas as palavras. E se você me ouvir, então todas as palavras serão esquecidas.

Foi o que aconteceu... Buda morreu, e os discípulos ficaram muito perturbados, porque nenhuma de suas frases foram registradas enquanto ele estava vivo. Eles haviam se esquecido completamente. Os discípulos iluminados de Buda foram abordados – Mahakashyapa, Sariputta, Moggalyan –, e todos esses que se tornaram iluminados encolheram os ombros: “É difícil, ele disse tantas coisas, mas não nos lembramos.” E esses foram os discípulos que tinham alcançado a iluminação!

Então Ananda foi abordado. Ele não se tornou iluminado enquanto Buda estava vivo, ele tornou-se iluminado depois que Buda morreu. Ele se lembrava de tudo. Ele acompanhou Buda por quarenta anos, e ele ditou tudo, palavra por palavra – um homem que não foi iluminado! Parece paradoxal. Aqueles que tinham alcançado a iluminação deveriam se lembrar, não esse homem que ainda não havia atingido a outra margem. Mas quando a outra margem é atingida, esta margem é esquecida e, se a própria pessoa se tornou um buda, quem se importa em lembrar o que Buda disse?

“O propósito de uma armadilha para peixes é pegar peixes.
E quando são capturados, a armadilha é esquecida."

As palavras de Buda eram armadilhas, Mahakashyapa capturou o peixe. Quem se preocupa com a armadilha agora? Quem se importa em saber para onde o barco foi? Ele cruzou o rio. Claro que vai ser assim. Se Mahakashyapa tornou-se ele próprio um buda, como eles podem estar separados? Os dois não são dois. Contudo Ananda disse: “Eu vou relatar suas palavras”, e ele relatou de modo muito autêntico. A humanidade tem uma grande dívida para com este Ananda, que ainda era ignorante. Ele não havia capturado o peixe, por isso ele se lembrava da armadilha. Ele ainda estava pensando em pegar o peixe, por isso tinha que carregar a armadilha.

Lembre-se disso como uma lei básica da vida: o que é superficial, periférico (e palavras são superficiais, periféricas) parece tão significativo porque você não está consciente do essencial, do centro. Esse mundo parece tão significativo porque você não está consciente de Deus. Quando Deus é conhecido, o mundo é esquecido, nunca o contrário. 

As pessoas tentaram esquecer o mundo para que pudessem conhecer Deus – isso nunca aconteceu e nunca acontecerá. Você pode continuar tentando esquecer o mundo, mas você não vai conseguir. Todos os seus esforços para esquecer o mundo se tornarão uma lembrança contínua. Somente quando Deus é conhecido o mundo é esquecido. Somente quando a outra margem é atingida, esta margem desaparece.  Você pode continuar lutando para abandonar o pensar, mas você não pode abandonar o pensamento enquanto não alcançar a consciência. O pensar é um substituto – como você pode abandonar a armadilha enquanto o peixe ainda não está capturado? A mente dirá: “Não seja tolo, onde está o peixe?”

Como você pode abandonar as palavras se ainda não percebeu o significado? Não tente lutar com as palavras, tentar alcançar o significado. Não tente lutar com os pensamentos. É por isso que eu insisto mais uma vez em dizer que, se os pensamentos o perturbarem, não lute contra eles, não os combata. Se eles vierem, deixe-os vir. Se eles se forem, deixe-os ir. Não faça nada, apenas fique indiferente, seja apenas um observador, um espectador, não se preocupe. Isso é tudo o que você pode fazer agora – ser indiferente.

Não diga: “Não venham.” Não convide, não rejeite, não condene e não aprecie. Basta ficar indiferente. Olhe para eles, eles vêm como nuvens, e depois vão, como as nuvens desaparecem. Deixe-os ir e vir, não fique no caminho, não preste atenção neles. Porque, se você ficar contra eles, você começará a prestar atenção, e logo estará perturbado: “Minha meditação está perdida”. Nada está perdido. A meditação é a sua natureza intrínseca. Nada está perdido. O céu está perdido quando há nuvens? Nada está perdido.

Seja indiferente, não se sinta incomodado pelos pensamentos, desta ou daquela maneira. E, mais cedo ou mais tarde, você vai sentir e perceber que esse ir e vir dos pensamentos se tornou mais lento. Cedo ou tarde você vai ver que agora eles vêm, mas não tanto; às vezes o trânsito para, a estrada fica vazia. Um pensamento passou, outro ainda não chegou; há um intervalo. Nesse intervalo você vai conhecer o seu céu interior em sua glória absoluta. Mas se entrar um pensamento, deixe-o entrar, não fique perturbado.

Se você conseguir, faça isso, pois somente isso pode ser feito; nada mais é possível. Seja desatento, indiferente, sem se importar. Apenas permaneça como uma testemunha, observando, não interferindo, e a mente irá passar, porque nada poderá ser retido no seu interior, se você ficar indiferente.

A indiferença é o corte das raízes, as próprias raízes. Não se sinta antagônico porque assim você também estará alimentando. Se você tem que se lembrar dos amigos, você tem que se lembrar dos inimigos também, até mais. Os amigos você pode esquecer, como pode esquecer os inimigos? Você terá que lembrar constantemente deles, porque você tem medo.

As pessoas ficam perturbadas com os pensamentos. Mas através da luta você presta atenção – e a atenção é o alimento. Tudo cresce se você prestar atenção; cresce rápido, torna-se mais vital. Seja apenas indiferente. 

Uma história:

Foi o que aconteceu... Um homem estava acostumado a ir à pista de corrida todo ano no dia do seu aniversário. O ano inteiro ele acumulava o dinheiro apenas para um aposta em seu aniversário. E ele estava perdendo há muitos anos, mas a esperança sempre o reanimava. Toda vez ele decidia não ir novamente, mas um ano é muito tempo. Por alguns dias, ele se lembrava, mas depois novamente a esperança voltava: "Quem sabe?" Esta ano eu posso ficar rico, então porque não fazer um esforço a mais?"

Quando seu aniversário chegou, ele estava novamente pronto a ir para a pista de corria. E era seu quinquagésimo aniversário, assim ele pensou: "Eu deveria tentar pra valer."

Então ele vendeu todas as suas posses, reuniu uma pequena fortuna, tudo o que ele havia ganhado em toda a sua vida, tudo o que tinha, e disse: "Agora eu tenho que decidir. Ou eu me torno um mendigo ou um imperador, não vou mais ficar no meio, chega!"

Ele foi até o guichê e olhou para o nome dos cavalos: "Há esse cavalo, Adolf Hitler, ele vai se dar bem. Um grande homem, um homem vitorioso. Ele ameaçou o mundo inteiro. Esse cavalo deve ser feroz e forte." Assim, ele apostou tudo – e perdeu. Como todos que apostaram em Hitler, ele perdeu. Agora ele não tinha para onde ir, pois tinha perdido inclusive a própria casa. Então o que fazer? Não havia nada a fazer senão se suicidar.

Ele então se encaminhou para a beira de um precipício, só para pular e acabar com a própria vida. Quando ele estava prestes a saltar, de repente ouviu uma voz, e não a reconheceu; não sabia se ela vinha do exterior ou do interior. Ele ouviu: "Pare! Da próxima vez vou lhe dar o nome do cavalo vencedor – tente mais uma vez. Não se mate."

A esperança reviveu, ele voltou. Ele trabalhou duro naquele ano, porque ia ser a vitória pela qual estivera esperando a vida inteira. O sonho tinha que se realizar. Ele trabalhou duro dia e noite, ganhou muito. Então, no ano seguinte, com o coração trêmulo ele foi até o guichê e esperou. A voz disse: "Ok, escolha este cavalo, Churchill." Sem discutir, sem pensar, sem deixar a mente interferir, ele apostou tudo e venceu. Churchill ficou em primeiro lugar.

Ele voltou novamente ao guichê e esperou. A voz disse: "Agora aposte em Stálin". Ele apostou tudo. Stálin ficou em primeiro lugar. Agora ele tinha uma grande fortuna.

Na terceira vez ele esperou, e a voz disse: "Chega."

Mas ele disse: "Fique quieta, eu estou ganhando, estou com sorte e ninguém pode me derrotar agora." Então, ele escolheu Nixon e Nixon ficou em último.

Toda a fortuna foi perdida e ele se tornou novamente um mendigo. Ali, parado, ele murmurou para si mesmo: "E agora, o que fazer?"

Disse a voz interior: "Agora você pode ir para o precipício e pular!"

No momento em que você vai morrer, a mente para, porque não há nada pelo qual trabalhar. A mente faz parte da vida, não faz parte da morte. Quando não há vida pela frente, a mente para, não há trabalho, ela fica imediatamente desempregada. E quando a mente para, a voz suave interior vem lá de dentro. Ela está sempre lá, mas há tanto barulho que uma voz mansa e suave não pode ser ouvida.

A voz não vinha de fora, não há ninguém fora de nós, tudo está dentro. Deus não está no céu, está em você. Aquele homem ia morrer – a última decisão tomada pela mente. Mas então a mente se aposentou, não havia mais trabalho, e de repente ele ouviu a voz. Essa voz veio de seu núcleo mais profundo, e a voz que vem do âmago mais profundo está sempre certa.

Então o que aconteceu? Duas vezes a voz se fez ouvir, mas a mente interferiu novamente e disse: "Não dê ouvidos a tal absurdo, estamos com sorte e estamos vencendo."

Lembre-se: sempre que você ganha, você ganha por causa da voz interior. Mas a mente sempre vem e toma conta. Sempre que você sente felicidade, ela vem de dentro. Então a mente salta imediatamente à frente e assume o controle, e diz: "É por minha causa." Quando você está apaixonado, isso é como a morte, a mente para - você se sente feliz. Imediatamente vem a mente e diz: "Ok, esta sou eu, isso é por minha causa."

Sempre que você medita, há vislumbres. Então a mente entra e diz: "Seja feliz! Olhe, eu fiz isso!" E imediatamente o contato é perdido.

Lembre-se: com a mente você será sempre um perdedor. Mesmo que você seja vitorioso, suas vitórias serão apenas derrotas. Com a mente não há vitória, com a não-mente não há derrota.

Você tem que mudar toda a sua consciência da mente para a não-mente. Depois que a não-mente estiver presente, tudo é vitorioso. Depois que a não-mente estiver presente, nada dará errado, nada pode dar errado. Com a não-mente, tudo é absolutamente como deveria ser. A pessoa tem contentamento, não resta nem um único fragmento de descontentamento; ela está absolutamente à vontade. Você é um estranho por causa da mente.

Essa mudança só é possível se você se tornar indiferente; caso contrário, essa mudança nunca será possível. Mesmo se você tiver lampejos, esses lampejos serão perdidos. Você já teve lampejos antes – não é só na oração e na meditação que os vislumbres acontecem. Os vislumbres acontecem na vida cotidiana também. Ao fazer amor com uma mulher, a mente para. É por isso que o sexo é tão atraente, é um êxtase natural. Por um momento único, de repente a mente não está lá; você se sente feliz e contente, mas apenas por um único momento. Imediatamente a mente entra e começa a funcionar – como conseguir mais, como ficar mais tempo? Surge o planejamento, o controle, a manipulação, e você se perdeu.

Às vezes, sem mais aquela, você está andando na rua, debaixo das árvores e de repente um raio de sol vem e cai em você, uma brisa toca o seu rosto. De repente é como se o mundo inteiro mudasse, por um único momento você está em êxtase. O que aconteceu? Você estava andando, despreocupado, indo a lugar nenhum, só fazendo a caminhada, numa manhã ou tarde. Naquele momento de descontração, de repente, sem o seu conhecimento, a consciência deslocou-se da mente para a não-mente. Imediatamente há beatitude. Mas a mente vem e diz: "Quero ter mais momentos como este." Então você pode ficar lá durante anos, durante vidas, mas isso nunca vai acontecer de novo – por causa da mente.

Na vida comum, no dia a dia, não só nos templos, mas em lojas e escritórios também, os momentos vêm – a consciência muda e vai da periferia para o centro. Mas a mente assume de novo o controle imediatamente. A mente é o grande controlador. Você pode ser o mestre, mas ela é o gerente, e o gerente absorveu tanto controle e poder que pensa que é o mestre. E o mestre fica completamente esquecido.

Seja indiferente à mente. Sempre que ela interferir, em momentos sem palavras, silenciosos, não a ajude, não coopere com ela. Basta olhar. Deixe-a dizer o que quiser, não preste muita atenção. Ela vai se retirar.

Na meditação, isso acontece a você todos os dias. Muitos me procuram e dizem: "Aconteceu no primeiro dia, mas desde então não aconteceu mais."

Por que aconteceu no primeiro dia? Você está mais preparado agora, no primeiro dia você não estava tão preparado. Aconteceu no primeiro dia porque o gerente não tinha conhecimento do que ia acontecer. Não poderia planejar. No dia seguinte, o gerente sabia muito bem o que ia ser feito. Agora, o gerente sabe, e o gerente faz. Então isso não vai acontecer de novo, porque o gerente tomou a frente.

Lembre-se: sempre que um momento de bem-aventurança acontecer, não peça por ele novamente. Não peça que seja repetido, porque toda a repetição diz respeito à mente. Não peça por ele novamente. Se você pedir, então a mente vai dizer: "Eu sei o truque. Vou fazer isso por você."

Quando esses momento acontecerem, sinta-se feliz e grato e esqueça. O peixe foi pego, esqueça a armadilha. O significado foi capturado, esqueça a palavra.

E a última coisa: sempre que a meditação está completa, você se esquece dela. E só então, quando você se esquece da meditação, ela chega à plenitude, o clímax é atingido. Agora você fica meditativo durante 24 horas por dia. Não há nada a ser feito; ela está ali, é você, é o seu ser.

Se você puder fazer isso, então a meditação torna-se um fluxo contínuo, não um esforço da sua parte – porque todo esforço é da mente.

Se a meditação se torna a sua vida natural, a sua vida espontânea, o Tao, então eu lhe digo, algum dia Chuang Tzu vai encontrar você. Porque ele pergunta:

"Onde posso encontrar um homem que se esqueceu das palavras? É com ele que eu gostaria de conversar."

Ele está procurando. Eu já o vi muitas vezes aqui perambulando em torno de você, apenas esperando, esperando. Se você se esquecer das palavras, ele vai falar com você. E não só Chuang Tzu – Krishna, Cristo, Lao Tsé, Buda, todos eles estão em busca de você; todas as pessoas esclarecidas estão em busca dos ignorantes. Mas elas não podem falar porque conhecem a linguagem do silêncio, e você conhece a linguagem da loucura. Isso não vai levar a lugar nenhum. Eles estão em busca. Todos os budas que já existiram estão em busca. Sempre que estiver em silêncio, você vai sentir que eles sempre estiveram ao seu redor.

Dizem que sempre que o discípulo está pronto o mestre aparece. Sempre que você está pronto a verdade é entregue à você. Não há um intervalo nem mesmo de um instante. Sempre que você está pronto, acontece imediatamente. Lembre-se de Chuang Tzu. A qualquer momento ele pode começar a falar com você, mas antes que ele comece, você precisa parar de falar.

Basta por hoje.

 

sábado, novembro 09, 2013

Quem Eu sou?


 
 
A primeira coisa a se fazer é iniciar com a pergunta: “Quem sou eu?”. E prossiga indagando. Não pare de investigar. "Quem sou eu?" não é realmente uma pergunta porque não há uma resposta para ela, ela é irrespondível. É um estratagema, não uma pergunta. Ela é usada como um mantra. Quando você pergunta constantemente dentro de você: "Quem sou eu? Quem sou eu?", você não está esperando por uma resposta. Sua mente lhe dará muitas respostas, todas elas devem ser rejeitadas. Muitas respostas virão, a mente dirá: “Você é um corpo! Que absurdo! Não há necessidade de perguntar, você já sabe disso”, ou até mesmo “Você é a alma, o espírito, a consciência suprema”... Lembre-se, você deve parar apenas quando nenhuma resposta estiver vindo, jamais antes. Enquanto vir alguma resposta dizendo “você é isso, você é aquilo”, saiba bem que a mente o está suprindo com respostas.  Todas essas respostas têm que ser rejeitadas: neti neti — a pessoa tem que continuar dizendo: "Nem isto, nem aquilo".
 
Quando você chegar ao ponto de indagar “Quem sou eu?” e nenhuma resposta estiver vindo de qualquer lugar, então há silêncio absoluto. A sua pergunta ressoa em si mesmo: “Quem sou eu?”, e há um silêncio e nenhuma resposta surge de lugar algum. Você está absolutamente presente, absolutamente silencioso, e não há sequer uma única vibração. “Quem sou Eu?” – e apenas o silêncio. Então um milagre acontece: de repente você não pode sequer formular a pergunta. A pergunta final tornou-se absurda. As respostas  tornaram-se absurdas e por isso as perguntas também se tornam absurdas. Primeiro desaparecem as respostas e depois desaparecem as perguntas – porque uma somente pode existir ao mesmo tempo que a outra. Elas são como os dois lados de uma moeda – se um lado for retirado o outro não pode ser mantido. Primeiro as respostas desaparecem, depois desaparecem as perguntas. E com o desaparecimento da pergunta e da resposta, você chega à realização: você é transcendental!
 
Então você sabe, e no entanto você não pode dizer; você sabe, mas não consegue articular sobre isso. A partir de seu próprio ser você sabe Quem você é, mas isso não pode ser verbalizado. E esse conhecimento é vívido, existencial; não se trata de um conhecimento emprestado retirado das escrituras. É um conhecimento seu, e não dos outros. É o mistério definitivo, inexprimível, indefinível. Ele surgiu em você.

E com esse surgimento, você é um Buda. Então você começa a rir, porque você veio a saber que você tem sido um Buda desde o princípio de todos os tempos; você apenas não tinha notado esse fato tão profundamente. Você esteve correndo em voltas, para lá e para cá, do lado de fora de seu ser. Mas agora você está em casa. 
– OSHO
 
 

terça-feira, novembro 05, 2013

O novo Horizonte (Núcleo)

- Joel S. Goldsmith -
 
 
O sentido que nos apresenta quadros de discórdia, desarmonia, doenças ou morte é o sono hipnótico universal que gera todo o sonho da existência humana. Temos de entender que não há mais realidade numa existência humana harmoniosa do que em condições desarmônicas. Devemos entender que todo o cenário humano não passa de sugestão hipnótica, e nós temos de nos colocar acima dos desejos, mesmo de boas condições humanas. Compreendamos por completo que a sugestão, a crença ou a hipnose são a substância ou o tecido de todo o universo mortal e que as condições humanas, quer boas quer más, são quadros de sonho, sem qualquer realidade ou permanência. Estejamos prontos a aceitar que as condições, harmoniosas ou não, da existência mortal desapareçam de nossa vida, para que a Realidade possa ser conhecida, usufruída e vivida.

Acima desta vida dos sentidos, há o Universo do Espírito governado pelo Amor, povoado pelos filhos de Deus que vivem na casa ou no templo da Verdade. Este mundo é real e permanente; sua substância é a eterna Consciência. Nele não se percebe desarmonia nem bens efêmeros e materiais.

O primeiro lampejo da Realidade — do Reino da Alma — nos chega com a percepção e o reconhecimento do fato de que todas as condições e experiências temporais são produto de auto-hipnose (a matéria é o nada, e não existe!). Com a conscientização de que todo o cenário humano — quer seja o bem, quer seja o mal — é ilusório, temos a primeira visão do mundo da criação de Deus e dos filhos de Deus que habitam o reino espiritual.

Agora, neste momento de elevação de consciência, conseguimos ver, embora difusamente, a nós mesmos livres das leis mortais, materiais, humanas e legais. Vemos-nos separados e afastados da escravidão dos sentidos, e vislumbramos em parte as ilimitadas fronteiras da Vida eterna e da infinita Consciência. Os grilhões da existência finita começam a cair; os rótulos começam a desaparecer.

Nosso pensamento não mais se delonga na felicidade ou na prosperidade humanas, nem resta qualquer preocupação quanto à saúde ou à moradia. A maior e mais ampla visão está agora em foco. A liberdade do ser divino tornou-se agora visível.

A experiência, no início, é como se observássemos o mundo desaparecer no horizonte e desvanecer diante de nós. Não há apego para com este mundo, não há desejo de nele nos manter — provavelmente devido em grande parte ao fato de que tal experiência não ocorre até que tenha sido superado o desejo pelas "coisas deste mundo". Há um sentimento do tipo "Não me toques; eu ainda não 'subi para meu pai' — estou ainda entre dois mundos; não me toques nem me faça falar sobre isso, pois isso poderia me arrastar para trás. Deixe-me livre para a ascensão; quando então estiver completamente livre da hipnose e de suas miragens, eu contarei muitas coisas que os olhos nunca viram e os ouvidos nunca ouviram".

Uma ilusão universal ata-nos à terra, às condições temporais. Perceba, compreenda isso, pois apenas através dessa compreensão podemos começar a soltar de nós suas amarras. Quanto mais fascinados estivermos com as boas condições humanas e quanto maior for o nosso desejo das coisas boas da "carne", mais intensa é a ilusão. À medida que nosso pensamento se focaliza em Deus, nas coisas do Espírito, maior é a liberdade que obtemos das limitações. Não pensemos nem nas discórdias nem nas harmonias deste mundo. Não temamos o mal nem amemos o bem da existência humana. Na medida em que conseguimos isso, diminui a influência mesmérica sobre nossa vida. Começam a se desfazer os laços terrenos; as cadeias da limitação caem; as condições de erro cedem lugar à harmonia espiritual; a morte dá lugar à vida eterna.

A primeira visão do céu do aqui e agora é o começo de nossa ascensão. Esta ascensão é agora entendida como um subir para além das condições e experiências "deste mundo", e nós contemplamos as "muitas moradas" preparadas para nós na Consciência espiritual — na conscientização da Realidade.

Já não estamos presos à evidência dos sentidos físicos nem limitados ao suprimento visível; não estamos circunscritos a vínculos ou prisões; não estamos atados por laços visíveis de tempo e espaço. Nosso bem flui do reino invisível e infinito do Espírito, da Alma, para nossa imediata compreensão. Não julguemos nosso bem pela chamada evidência dos sentidos. A compreensão instantânea de tudo o que podemos usar para ter uma vida abundante, surge dos inesgotáveis recursos de nossa Alma. Nenhuma das coisas boas nos é negada quando olhamos acima das evidências físicas, para o grande Invisível. Olhe para o alto, para o alto! O reino dos céus está próximo!

Eu destruo em ti o sentido de limitação como uma evidência de Minha presença e de Minha influência sobre tua vida. Euo teu Euestou bem no meio de ti e revelo a harmonia e infinitude da existência espiritual. Euo teu Eu — nunca um sentido pessoal de eu — nunca uma pessoa, mas o teu Eu — estou sempre contigo. Ergue os olhos!
 
 
 
*Comentário (Núcleo):

O texto “o novo horizonte”, acima publicado, refere-se ao “universo consciencial”, assim chamado por ser o “universo da consciência”, o universo da Consciência do Ser, Real e Único. É talvez o único dos escritos de Goldsmith a falar sobre isso.
 
Esse universo é real e está presente aqui e agora, não “em outra dimensão da realidade”, mas numa dimensão diferente de percepção. Ele não é perceptível enquanto não nos elevamos em consciência ou espiritualmente. Na Bíblia há vários relatos dessa visão do universo consciencial, que são precedidos por expressões que revelam essa elevação em espírito, tais como quando Moisés “sobe a montanha”, vê Deus e ouve de Deus os dez mandamentos; quando João “se achou em espírito” e narrou os fatos no livro do Apocalipse. Há outras expressões como “ser arrebatado em espírito”, “ser levado por um anjo do Senhor”, etc., todas expressando que a visão e a experiência nesse universo consciencial são reais, mas para um elevado estado de percepção.
 
A menos que “sejamos elevados em espírito e em verdade”, esse universo de Deus não será percebido. A imagem verdadeira é real mas não é perceptível mentalmente. Porém, quando nos elevamos ao nível da percepção consciencial ele se torna perceptível e se revela não como algo projetado e existente “fora” ou “separado” de nós, como a mente faz parecer ser o universo que ela “percebe” ou “concebe”, mas sim, como algo do Ser Real, a realidade do Eu, o Ser que Eu Sou. Nesse nível de percepção não há dualidade, a realidade consciencial não se expressa como havendo o Criador e a criatura; o Pai e o filho ou o Ser e algo além de Si mesmo. Deus é a Consciência; o que está na Consciência do Ser é o próprio Ser. O que está na Consciência do Ser é Vida e Deus é a própria Vida!
 
Bem e mal são conceitos mentais. Quando diz que "as coisas andam nada bem" apenas perceba que sua mente é quem está afirmando isso. Ela está "percebendo" (interpretando) assim. Mas você pode se posicionar fora dos pares de opostos, sem se apegar ao bem do mundo, sem temer o mal. O "Cristo" que está em você é capaz disso, eleve-se até Ele e perceberá que Ele é sua identidade real. Nesse estado de percepção há paz e liberdade. Como se elevar a esse Cristo? Permitindo que Ele venha até você. Enquanto pensa está ativando a "mente que pensa" e isso inibe a emergência (a vinda, a manifestação) do Cristo em você. Quando apenas contempla a vida sem rotulá-la você prepara as condições para o encontro com o Cristo. Quando você permite que sua identidade humana seja deixada de lado, você imerge num estado de percepção onde tudo o que há é apenas o Universo do Ser. Há inúmeras manifestações neste "universo do Ser", e todas elas são as expressões do Ser, de Sua magnificência, Sua Glória e Bem-aventurança. Este é o universo consciencial, que pode ser visto pela natureza do Cristo que está no Ser que você É.
 
Este blog destaca a seguinte mensagem. Leia com atenção:
 
“E então me invocareis, e ireis, e passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis, e me encontrareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o SENHOR, e farei mudar a vossa sorte." (Jr. 29: 12-14)
 
Perceba então que, o “Senhor foi achado de vós” e você, “achado do Senhor”. O mesmo é com todos. O ciclo se completa quando ocorre a percepção. Perceba isso assim como eu o percebo. A aparente diferença entre nós humanos está no grau de percepção deste fato. O que se aplica ao Goldsmith também se aplica a mim, a você, e a todos os que se identificaram com esta revelação divina. Somos os “mensageiros de Deus”, canais ou instrumentos pelos quais a Verdade, a realidade de Deus, torna-se conhecida neste mundo. Cada qual cumpre sua parte na difusão e todos são necessários.
 
Ao se aproximar de Mim, esteja Eu aparecendo como uma pessoa ou como livros, ou insights, que te elevem em espírito e em verdade, o que está havendo é que está sendo chamado a cumprir o Meu propósito. O primeiro deles é que a Minha mensagem seja real para você, que a Verdade seja percebida e experimentada até que seja Nossa Verdade, sem necessidade de que ela seja crida. Ter Fé em Mim é Me perceber como realidade, assim como você percebe como real aquele pelo qual este e-mail é enviado. Mas, a Verdade não está no instrumento, está no Ser.
 
Nas nossas reuniões todos são orientados a perceber a Verdade em si mesmos e por si mesmos, não como ensinamentos da mente de uma pessoa que a recebe e a transmite à mente de outra pessoa. Isso seria transmissão de conhecimentos ou doutrinação. A Verdade não é algo a ser crido, mas, algo a ser percebido pela própria pessoa. Ela é uma percepção DE algo, não uma crença EM algo (algo que está na Consciência do Ser e é percebido pela mente, revela-se como a Verdade). (Algo que está no mundo e é percebido pela mente, crê-se como sendo verdade).
 
Por estar no Ser e como evidência de que a Verdade não é pessoal, seguem-se trechos percebidos por outro dos Meus instrumentos, registrados na página 90 de “A União Consciente com Deus”:

“Deixe esta Vida esta Mente estarem em você como estavam em Cristo Jesus. Seja receptivo”; “Existem aqueles entre vocês que foram chamados para o trabalho de Deus. Será transmitido a você o que fazer e quando. Eu coloquei o Meu Espírito em você. Esse Espírito será visto e sentido pelos homens. Não será você, mas o Espírito que eles discernirão, embora pensem Nele como você”. "Meu Espírito trabalhará por você e através de você e como você. Ele trabalhará para realizar o Meu propósito. Você será a Minha presença na Terra. Eu não deixarei você, nem o abandonarei. Sob qualquer aparência, Eu ainda estarei com você. Não tema nada deste mundo. Meu Espírito orientador está sempre com você."
 
Por fim, deve-se observar que a mera leitura do que acima está escrito e mesmo a concordância integral com cada palavra não faz com que se seja a verdade, pois a leitura é mental e a concordância também o é. A Verdade é a percepção de que essa revelação provém do Ser Real, de Mim e que estou “movendo o universo” para que você a perceba! Estou dentro e fora de você, somos Um só e apareço como pessoas que enviam e-mails, pessoas que escrevem livros, pessoas que se reúnem, e como animais, coisas e situações. Quando a visão mental de tudo isso é transcendida revela-se consciencialmente Quem é, Onde está o verdadeiro Ator.
 
Percebe-se que é apenas o Ser aparecendo na Consciência, de formas múltiplas.
 
Há uma bela, profunda citação bíblica a esse respeito: “Desperta vós que dormes, ergue-te do leito e Cristo vos dará a luz.”
 
No instante em que Cristo emerge em nós e dá a "luz" revela-se o novo horizonte! Que estejam todos conscientes da real Presença, e a ela se tornem receptivos.

Saudações a todos!
 

sábado, novembro 02, 2013

Aquele que "vence o mundo"

- Núcleo -

 
Disse Jesus:

“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo: eu venci o mundo.” (João 16:33)

O Espírito de Deus em nós é Quem “vence o mundo”!

Por isso Jesus disse: “Eu venci o mundo.”

É preciso conscientizar que o “Eu” é Quem “vence o mundo”…

Não há nesse “Eu” um sentido pessoal porque Jesus não se referiu a sua identidade humana, mas sim, a sua real identidade, sua identidade divina, a qual ele revelou quando lhe disseram os judeus: “Ainda não tens cinqüenta anos, e viste Abraão? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, Eu Sou." (João 8:57-58)

A percepção do “eu” da nossa identidade humana, “mental”, não é a que “vence o mundo”. A percepção do “Eu” da nossa identidade divina, “consciencial”, é a que “vence o mundo”!

Assim, Jesus disse: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”

Há aqui duas expressões a serem esclarecidas: “nascer de novo” e “ver o reino de Deus”.

Por isso Nicodemos pergunta a Jesus: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?"

Jesus responde: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.” (João 3: 3-7)

“Nascer de novo” significa perceber de forma elevada; nascer do Espírito é ter a percepção do próprio Espírito.

Para compreender o significado do nascimento espiritual e da expressão usada por Jesus é preciso ver que “carne” tem o significado de “mundo material”, que na simbologia antiga era representado pela combinação dos cinco elementos: Terra, Água, Ar, Fogo e Éter.

Destes elementos o mais denso é a “terra”, que significa o próprio universo fenomênico, a “representação” em contraposição a “céu”, que significa o universo divino, a “Realidade”, o Jisso, o Nirvana, o Paraíso.

Na representação, o caminho de ascensão, de refinamento da percepção, vai do elemento mais denso (Terra) ao menos denso (Éter), ou seja, vai da Terra ao Éter, nesta sequência: Da Terra à Água, ao Ar, ao Fogo e por fim ao Éter.

Ao dizer: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito”, Jesus está revelando algo essencial, está nos fazendo perceber que conforme a nossa própria visão ou percepção assim será o mundo que estaremos vendo e vivenciando!

De forma mais explícita, este ensinamento revela nosso próprio nível de percepção assim:

“O que é nascido da carne é carne”.
Significa que: “a percepção que nasce da mente percebe a realidade da própria mente”;

“O que é nascido do espírito é espírito”,
Significa que: “a percepção que nasce do espírito percebe a realidade do próprio espírito”.

Usando os termos da simbologia antiga, um filósofo poderia ter assim expresso:

“O que é nascido da terra é terra”, significando que: “a percepção que nasce da terra percebe a realidade da terra”;
“O que é nascido da água é água”, significando que: “a percepção de água é água”;
“O que é nascido do ar é ar”, significando que: “a percepção de ar é ar”;
“O que é nascido do fogo é fogo”, significando que: “a percepção de fogo é fogo”;
“O que é nascido do eter é eter”, significando que: “a percepção do eter é eter”;

Sintetizando, em termos da linguagem do Núcleo:

“A percepção da mente vê a realidade da mente, a “representação”.
“A percepção da Consciência vê a realidade da Consciência, a “Realidade” divina.

Vejamos agora o que nos revela a expressão de Jesus: “ver o reino de Deus”.

Ao dizer: “aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”, Jesus revela todos os passos no caminho de ascensão espiritual, desde a percepção mais densa (Terra) à menos densa (Éter). Partindo da percepção de “Terra” Jesus indica que os próximos níveis de percepção são “Água” e finalmente “Espírito”, que na simbologia antiga seriam os níveis de percepção “Água, Ar, Fogo e Éter”. Ao dizer: “aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”, Jesus está explicando que aquele que não perceber da forma mais elevada possível, que é a percepção espiritual, não poderá ver a Realidade, a Realidade divina, a Realidade da Consciência do Ser, que ele chama de ”reino de Deus”.

Enfim, a percepção do Espírito de Deus é Quem “vence o mundo”, conforme está escrito: “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé (fé a percepção de Quem faz; Quem percebe em nós; Quem revela a presença do Espírito de Deus em nós senão o próprio Espírito de Deus que vive em nós!).

Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? [Aquele que percebe, que sabe, que Jesus é o Filho de Deus, a Porta de entrada do reino de Deus que está dentro de nós, é o Consolador, o Espírito de Deus; o “Eu Sou”!]  (1João 5:4-5)

Observação:

Disse Jesus a Tomé: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." João 14:6

O que foi dito sobre o Eu de “Eu venci o mundo” se aplica nesta revelação, porque não há nesse “Eu” de “Eu Sou o caminho...” um sentido pessoal, da mesma forma que não há no “Eu”, quando Jesus disse: “Eu Sou a Porta”. Em todas essas revelações Jesus não se referiu a sua identidade humana, mas sim, vale frisar, a sua real identidade, sua identidade divina, a qual ele revelou quando lhe disseram os judeus: “Ainda não tens cinqüenta anos, e viste Abraão? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, Eu Sou." (João 8:57-58)

O “eu” da identidade humana de Jesus não é o “Eu” de “Eu Sou o caminho”;  O “Eu” da real identidade de Jesus é o “Eu” de “Eu Sou”, tal como ele revelou ser; que é o mesmo “Eu” de “Eu Sou a Porta”, que é o mesmo “Eu” pelo qual se “vem ao Pai”. Este “Eu” é o “Eu” Verdadeiro de que fala Masaharu Taniguchi ao citar Sakyamuni e o ensinamento de Buda; é o “Eu” da “Consciência do Ser” a que se refere o Núcleo; não se trata do “eu” da “mente de um personagem”; É o “Eu” real; É o “Eu” da identidade verdadeira; É o “Eu” divino, atemporal, único. É o "Eu" não sujeito a nascimentos e mortes. É o “Eu” de Quem “Eu Sou”! É o “Eu” de Quem todos somos!

Namastê!