Masaharu Taniguchi
UNIVERSO DA PROJEÇÃO E UNIVERSO VERDADEIRO
Mizuta - Para mim, o "Deus que se manifesta através da Seicho-No-Ie" aparece sob a forma de Sol. Quando fecho os olhos e começo a fazer a Meditação Shinsokan, vejo essa figura luminosa descer diante de mim. É uma imagem realmente majestosa. Às vezes, vejo a Luz em vez do Sol. Mas, geralmente, é a imagem do Sol que me aparece, e ela emite vibrações de Vida, as quais, resplandecendo como raios dourados, penetram na minha fronte.
Mizuta - Para mim, o "Deus que se manifesta através da Seicho-No-Ie" aparece sob a forma de Sol. Quando fecho os olhos e começo a fazer a Meditação Shinsokan, vejo essa figura luminosa descer diante de mim. É uma imagem realmente majestosa. Às vezes, vejo a Luz em vez do Sol. Mas, geralmente, é a imagem do Sol que me aparece, e ela emite vibrações de Vida, as quais, resplandecendo como raios dourados, penetram na minha fronte.
Taniguchi - Deus é Luz infinita; portanto, não tem limites. Não tendo limites, não tem forma definida. O que não tem limites, não nos é possível ver. De acordo com a revelação divina, o Sol visível aos nossos olhos carnais não é o Sol verdadeiro. O verdadeiro Sol é a Luz infinita e eterna de Vairocana (Deus do Sol), o qual é onipresente. Mas como não nos é possível ver o que é infinito, valemo-nos dos cinco sentidos e também do sexto sentido para vermos o infinito "refratado" num aspecto limitado. Assim, a imagem do Sol vista através dos cinco sentidos ou do sexto sentido é uma imagem condensada (do infinito para o limitado), captada por meio da "lente" dos cinco sentidos ou da "lente" do sexto sentido. O Deus verdadeiro é imaterial, é Luz infinita. Porém, Ele tem aparecido aos homens, sob a forma personificada, como diversas divindades. A esse Deus manifestado sob a forma personificada, damos o nome de "divindade Vairocana", "Deus que se manifesta através da Seicho-No-Ie", "Buda Amida", etc.
Murano - Mestre, o senhor prega que tudo quanto se pode captar através dos cinco sentidos é mera sombra e não é existência real. E o que diz dos elementos da natureza, tais como a água e a terra? Não posso conceber a ideia de que também eles sejam produtos da nossa mente em estado de ilusão. Será que também esses elementos, sendo matéria, não podem ser considerados existências verdadeiras criadas por Deus?
Taniguchi - Elementos como a água e a terra são existências verdadeiras criadas por Deus; mas a Imagem Verdadeira deles não são esses elementos imperfeitos que podemos ver e tocar concretamente. A Imagem Verdadeira deles é uma substância muito mais apurada, e de natureza espiritual. Eles se apresentam sob esse aspecto material e imperfeito porque nós os vemos através da "lente" dos cinco sentidos. É verdade que, mesmo as águas deste mundo fenomênico, quando não contêm impurezas, são cristalinas e belas. Porém, as águas do mundo da Imagem Verdadeira, sendo uma espécie de fluxo de luz espiritual, são infinitamente mais belas. O sr. Sawada parece ter visto de relance a beleza do mundo da Imagem Verdadeira. Todas as coisas do mundo da Imagem Verdadeira são de uma beleza tal, que não pode ser descrita com palavras deste mundo. Mas, aos nossos olhos, elas se apresentam sob o aspecto material, "estagnadas" e sem a beleza espiritual, porque as vemos através da "lente" dos cinco sentidos, distorcendo-lhes a Imagem Verdadeira.
Akiyama - Na Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade, no capítulo intitulado "Homem", está escrito: "Portanto, homens da face da terra, procurais com fervor o vosso corpo verdadeiro, que é Espírito; não o procureis na matéria nem na carne, que são produtos de ilusões". Compreendo que não podemos encontrar o corpo verdadeiro (a Imagem Verdadeira) enquanto ficamos procurando-o na sombra, vendo a sombra como aspecto verdadeiro. Todavia, mesmo que desfaçamos esse equívoco e eliminemos a ilusão, a matéria e a carne continuarão manifestadas como sombra, e cabe a nós controla-las livremente, reconhecendo-as como sombras e aspectos aparentes, não é mesmo? No citado trecho da Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade, a matéria e a carne são qualificadas como "produtos de ilusões". No entanto, em Votos e Aprimoramento Espiritual dos praticantes da Seicho-No-Ie está escrito que devemos contemplar os campos, as flores, o fogo, a água, enfim, toda a Natureza, como manifestação da Vida de Deus.
Penso que embora essa manifestação seja mera sombra, aspecto aparente ou aspecto fenomênico, enquanto vista através dos cinco sentidos, não se pode dizer que todos os elementos ao nosso redor sejam produtos de sonhos e ilusões sem nenhum fundamento. Entendo que tanto a afirmação de que o homem é espírito e não matéria (corpo carnal), como a de que a matéria e o corpo carnal não são existências verdadeiras, são válidas somente quando constituem argumentos para eliminar as ideias errôneas, ou seja, a ilusão. Penso que, mesmo depois de se eliminar a ilusão, devemos aceitar a matéria e o corpo carnal com a clara noção de que eles são aspectos aparentes, e nos relacionarmos com eles de maneira correta. Acho que é nisso que consiste a vida do ser humano na existência terrena. Que pensa deste meu raciocínio? Seguindo essa linha de pensamento, chegamos à conclusão de que tanto a matéria como o corpo carnal, contanto que não os vejamos baseados na ilusão, podem ser considerados manifestações da Vida de Deus, ou seja, originários da Grande Vida, e não produtos do sonho e da ilusão do homem.
Taniguchi - Na passagem da Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade onde diz "Portanto, homens da face da terra, procurais com fervor o vosso corpo verdadeiro, que é Espírito; não o procureis na matéria nem na carne, que são produtos de ilusões", a expressão "o corpo verdadeiro, que é Espírito" significa "Imagem Verdadeira do homem, o homem verdadeiro, o Eu verdadeiro". Portanto, a passagem diz que o homem verdadeiro não é, em absoluto, matéria ou corpo carnal, e que constitui sonho ou ilusão pensar que o homem verdadeiro seja um ser material e carnal.
A afirmação de que a matéria não existe constitui a base da doutrina da Seicho-No-Ie. Dizemos que a matéria nada mais é que corporificação das ondas de éter, para explicar a inexistência da matéria aos homens presos ao moderno materialismo. Se as ondas de éter fossem existências reais, a matéria, que seria sua corporificação, também seria existência real. afirmar que o homem não é existência material, com base na ideia de que ele é corporificação das ondas de éter, seria simplesmente trocar sua denominação – de "ser material" para "corporificação das ondas de éter" – em vez de negar realmente a existência do homem como ser material. Isso equivaleria a dizer que o homem é um ser material resultante das ondas do éter. A afirmação da Seicho-No-Ie, de que a matéria não existe, não se sustenta numa base tão frágil como a ideia de que a matéria é corporificação das ondas de éter. Se dissermos que a matéria não existe porque é apenas corporificação das ondas de éter, teríamos de dizer, também, que as doenças, os acidentes, as tragédias não existem porque são corporificações das ondas de éter. E isso equivaleria a resignar-se. Equivaleria a afirmar que doenças, danos e tragédias existem como corporificações das ondas de éter. Seria admitir a existência da matéria como corporificação das ondas de éter, o que nos levaria a concluir que doenças, danos e tragédias existem de fato.
Vamos exemplificar: Suponhamos que uma pessoa se fira com uma faca. Admitindo-se que tanto a faca como o corpo carnal sejam corporificações das ondas de éter, isso significaria que um tipo de ondas de éter feriu outro tipo de ondas de éter, o que nos levaria à conclusão de que, como ondas de éter, o ferimento é uma existência real. Mas a Seicho-No-Ie, mesmo em tais casos, afirma que ferimentos jamais são existências reais, porque o Homem é um ser espiritual indestrutível e nenhuma arma pode feri-lo. Outro exemplo: Imaginemos um animal carnívoro, como o tigre ou o leão, matando e devorando um animal fraco, como o coelho, por exemplo. Se admitirmos que toda matéria e todo ser animal existem realmente como corporificação das ondas de éter, teremos de admitir que a destruição dos fracos pelos fortes (no caso, a morte do coelho pelo leão ou tigre) é uma realidade. Todavia, a Seicho-No-Ie afirma que um fato como a lei da selva ou lei do mais forte (isto é, a destruição dos mais fracos pelos mais fortes) não é existência verdadeira, sendo apenas produto do sonho e da ilusão, pois somente o mundo criado por Deus existe realmente, e no mundo criado por Deus não existem atos cruéis, que são totalmente opostos ao amor.
Embora as ondas de éter constituam o último grau (a forma mais sutil) da matéria, elas não diferem de outras formas de matéria quanto ao fato de que não são existências verdadeiras. Já que ondas de éter não passam de matéria, é uma contradição admitir a existência real das ondas de éter e negar a existência real da matéria. Por isso, a Seicho-No-Ie, ao mesmo tempo que nega a existência da matéria como sendo produto do sonho e da ilusão, nega também a existência das ondas de éter como sendo a forma mais elevada e sutil do sonho e da ilusão. Assim, pelo fato de a matéria ser produto do sonho e da ilusão, não se pode encontrar o ser real (a Imagem Verdadeira) dentro dela. Se, todavia, a sombra chamada "matéria" – ou seja, a ausência de luz – está manifestando diversos aspectos, é sinal de que ali está incidindo a Luz, proveniente do ser real (a Imagem Verdadeira). Se não houvesse ali nenhuma luz, haveria unicamente a treva, e não poderia surgir imagem alguma. É como acontece com o filme cinematográfico: Onde só há escuridão e nenhuma luz, não pode ser projetada nenhuma imagem. As mais variadas imagens de um filme cinematográfico surgem na tela graças à presença da luz que torna possível a sua projeção. O mesmo ocorre com a matéria.
A matéria é ausência de Luz, é ausência de Vida; ela, em si, não existe. No entanto, apesar de não existir, ela manifesta formas, em vez de permanecer sem formas como simples inexistência. Isto acontece devido à luz proveniente do ser real (Imagem Verdadeira). Assim, a forma manifestada, embora esteja muito longe de se igualar ao ser real (Imagem Verdadeira), traz em sua retaguarda a Luz, a Imagem Verdadeira da Vida. O mesmo se pode dizer deste mundo material. O mundo material não é criação de Deus, e por isso nele se manifestam doenças, infelicidades e tragédias como guerras. Porém, por detrás dessa imagem imperfeita do mundo material, brilha a Luz da Imagem Verdadeira da Vida, a Luz de Deus. E é por isso que podemos ver em todos os seres e em todas as coisas a manifestação de Deus; assim, há pessoas que encontraram Deus justamente quando ficaram doentes, e outras que encontraram Deus justamente quando se viram em grandes dificuldades. Portanto, estamos dizendo a Verdade quando afirmamos que em todos os seres e todas as coisas vemos a manifestação de Deus. Originalmente, num dos itena de Votos e Aprimoramento Espiritual dos praticantes da Seicho-No-Ie constava: "Acreditamos que (...) toda a Natureza e todos os seres que nela habitam são manifestações da Vida de Deus (...)". Porém, havia pessoas que questionavam "Quer dizer, então, que doenças também são obras de Deus? As guerras, a realidade cruel do mundo animal, em que os mais fortes devoram os mais fracos, também são obras de Deus?". E para evitar interpretações errôneas, esse item foi alterado para: "Ao contemplarmos o céu, as estrelas, o mar, a terra, o fogo, a água, os campos verdejantes, as flores, enfim, todos os elementos da Natureza e os seres viventes, apreendamos em seu âmago a perfeição da Vida de Deus. Amemos, respeitemos e reverenciemos essa Vida, e jamais a desperdicemos."
Vamos exemplificar: Suponhamos que uma pessoa se fira com uma faca. Admitindo-se que tanto a faca como o corpo carnal sejam corporificações das ondas de éter, isso significaria que um tipo de ondas de éter feriu outro tipo de ondas de éter, o que nos levaria à conclusão de que, como ondas de éter, o ferimento é uma existência real. Mas a Seicho-No-Ie, mesmo em tais casos, afirma que ferimentos jamais são existências reais, porque o Homem é um ser espiritual indestrutível e nenhuma arma pode feri-lo. Outro exemplo: Imaginemos um animal carnívoro, como o tigre ou o leão, matando e devorando um animal fraco, como o coelho, por exemplo. Se admitirmos que toda matéria e todo ser animal existem realmente como corporificação das ondas de éter, teremos de admitir que a destruição dos fracos pelos fortes (no caso, a morte do coelho pelo leão ou tigre) é uma realidade. Todavia, a Seicho-No-Ie afirma que um fato como a lei da selva ou lei do mais forte (isto é, a destruição dos mais fracos pelos mais fortes) não é existência verdadeira, sendo apenas produto do sonho e da ilusão, pois somente o mundo criado por Deus existe realmente, e no mundo criado por Deus não existem atos cruéis, que são totalmente opostos ao amor.
Embora as ondas de éter constituam o último grau (a forma mais sutil) da matéria, elas não diferem de outras formas de matéria quanto ao fato de que não são existências verdadeiras. Já que ondas de éter não passam de matéria, é uma contradição admitir a existência real das ondas de éter e negar a existência real da matéria. Por isso, a Seicho-No-Ie, ao mesmo tempo que nega a existência da matéria como sendo produto do sonho e da ilusão, nega também a existência das ondas de éter como sendo a forma mais elevada e sutil do sonho e da ilusão. Assim, pelo fato de a matéria ser produto do sonho e da ilusão, não se pode encontrar o ser real (a Imagem Verdadeira) dentro dela. Se, todavia, a sombra chamada "matéria" – ou seja, a ausência de luz – está manifestando diversos aspectos, é sinal de que ali está incidindo a Luz, proveniente do ser real (a Imagem Verdadeira). Se não houvesse ali nenhuma luz, haveria unicamente a treva, e não poderia surgir imagem alguma. É como acontece com o filme cinematográfico: Onde só há escuridão e nenhuma luz, não pode ser projetada nenhuma imagem. As mais variadas imagens de um filme cinematográfico surgem na tela graças à presença da luz que torna possível a sua projeção. O mesmo ocorre com a matéria.
A matéria é ausência de Luz, é ausência de Vida; ela, em si, não existe. No entanto, apesar de não existir, ela manifesta formas, em vez de permanecer sem formas como simples inexistência. Isto acontece devido à luz proveniente do ser real (Imagem Verdadeira). Assim, a forma manifestada, embora esteja muito longe de se igualar ao ser real (Imagem Verdadeira), traz em sua retaguarda a Luz, a Imagem Verdadeira da Vida. O mesmo se pode dizer deste mundo material. O mundo material não é criação de Deus, e por isso nele se manifestam doenças, infelicidades e tragédias como guerras. Porém, por detrás dessa imagem imperfeita do mundo material, brilha a Luz da Imagem Verdadeira da Vida, a Luz de Deus. E é por isso que podemos ver em todos os seres e em todas as coisas a manifestação de Deus; assim, há pessoas que encontraram Deus justamente quando ficaram doentes, e outras que encontraram Deus justamente quando se viram em grandes dificuldades. Portanto, estamos dizendo a Verdade quando afirmamos que em todos os seres e todas as coisas vemos a manifestação de Deus. Originalmente, num dos itena de Votos e Aprimoramento Espiritual dos praticantes da Seicho-No-Ie constava: "Acreditamos que (...) toda a Natureza e todos os seres que nela habitam são manifestações da Vida de Deus (...)". Porém, havia pessoas que questionavam "Quer dizer, então, que doenças também são obras de Deus? As guerras, a realidade cruel do mundo animal, em que os mais fortes devoram os mais fracos, também são obras de Deus?". E para evitar interpretações errôneas, esse item foi alterado para: "Ao contemplarmos o céu, as estrelas, o mar, a terra, o fogo, a água, os campos verdejantes, as flores, enfim, todos os elementos da Natureza e os seres viventes, apreendamos em seu âmago a perfeição da Vida de Deus. Amemos, respeitemos e reverenciemos essa Vida, e jamais a desperdicemos."
Cont...
Do livro "A Verdade da Vida, vol. 11", pp. 184-195.
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