Masaharu Taniguchi
Sra. Maki - "Doença não existe" – compreendi esta Verdade através da minha experiência pessoal, pois, quando despertei para a Verdade, a doença que me atormentava desapareceu. Eu era uma pessoa fraca e doentia, mas o filho que tive depois que me converti à fé nasceu com cerca de 3,800 kg. Foi um fato surpreendente. Embora tenha compreendido a veracidade da informação "doença não existe", há algumas coisas que ainda não são bastante claras para mim. Ensinam-nos que o homem adoece porque se deixa levar pela ilusão. Mas parece-me inconcebível que surjam pensamentos ilusórios no homem, que é filho de Deus. Outro dia, durante uma reunião, fiz perguntas a esse respeito e o prof. Nakahata esclareceu alguns pontos. Posteriormente, recebi também uma carta do mestre Taniguchi. Mas ainda continuo não entendendo bem essa questão, e quanto mais penso, mais confusa fico.
Nakahata - A senhora busca a resposta para essa questão partindo da ideia de que a ilusão existe, e é por isso que acaba num beco sem saída. É preciso despertar para o fato de que não existem nem a ilusão nem o seu eu em estado de ilusão, existindo unicamente o filho de Deus.
Murano - Eu também tropecei uma vez nessa questão. Mas lendo numa das publicações da Seicho-No-Ie as questões discutidas numa mesa-redonda entre o mestre Taniguchi e vários professores da Seicho-No-Ie, as minhas dúvidas foram esclarecidas. Nessa mesa-redonda, o mestre explicou o seguinte: Coisas como ilusão, que não são existências reais, não podem ser apreendidas por mais que as procuremos. Se alguém procura o que não existe, é porque ele pensa que isso existe, e vai aparecer se o procurar; enquanto não perceber o equívoco, não compreenderá que aquilo que procura não existe. Enquanto um sonâmbulo estiver sonhando que um ladrão entrou em sua casa, e ficar procurando-o aqui e acolá, não perceberá que esse ladrão não existe realmente. Para que o sonâmbulo perceba que esse ladrão não existe, basta despertar. O mesmo se pode dizer de todos nós: Basta pararmos de pensar sobre o que não existe, e simplesmente despertarmos para a Verdade de que somos filhos de Deus. Despertando, a ilusão se apaga – é só através desse meio que podemos provar a inexistência da ilusão.
Sra. Maki - Não existe ilusão, não existe o eu em estado de ilusão; no entanto, do eu inexistente surge a ilusão, que também inexiste – nesse ponto, começo a ficar confusa outra vez...
Mizuta - Quanto a mim, é só fechar os olhos assim, que imediatamente percebo que a matéria não existe, a ilusão não existe, e sinto-me envolto pela Luz Divina onipresente.
Taniguchi - Sra. Maki, certamente conhece a tragédia Hamlet, de Shakespeare. A tragédia Hamlet é um produto da imaginação de Shakespeare; portanto, por maior que seja o realismo com que ela esteja sendo representada no palco, não está acontecendo realmente. Também o príncipe Hamlet, personagem central dessa tragédia que vive um grande sofrimento, não é uma pessoa que existe realmente. O príncipe Hamlet é um personagem fictício criado por Shakespeare, e não um personagem real. Um personagem que não existe realmente é atormentado pela tragédia que ele próprio criou – isto exemplifica como o homem fenomênico, que não existe realmente, vive a sofrer criando ele mesmo ilusões que na realidade não existem.
Ilusão não existe; o homem em estado de ilusão não existe. Na tragédia acima citada, não existem na verdade nem o príncipe Hamlet, nem seus conflitos e sofrimentos. Mesmo que Hamlet tentasse perceber/refletir sobre a inexistência de si mesmo e sobre a inexistência da ilusão, nunca iria compreender. O mesmo se dá conosco quando procuramos compreender, com nossa inteligência humana, a inexistência da ilusão e do próprio corpo carnal. Por esse meio, nunca chegaremos a essa compreensão.
Voltando à tragédia de Hamlet: Para Shakespeare, é perfeitamente óbvia a inexistência de Hamlet e de seus tormentos, ou seja, é óbvio que Hamlet é um personagem originalmente inexistente e, por conseguinte, sua tragédia também não é real. Shakespeare tem plena consciência de que Hamlet é produto de sua imaginação e, assim sendo, por mais verossímil que seja esse personagem no palco, não é real. Nessa alegoria, Shakespeare corresponde ao homem verdadeiro, filho de Deus, perfeito e livre, que possui total liberdade de pensar e criar; Hamlet corresponde ao "falso ser humano", ou seja, ao "eu carnal"; e o fato de Hamlet viver sua tragédia, cheio de sofrimentos e conflitos corresponde ao fato de o "falso ser humano" (homem fenomênico) viver atormentado pelas ilusões que criou.
Do mesmo modo que somente Shakespeare sabe da inexistência de Hamlet, somente o homem verdadeiro sabe da inexistência da tragédia do seu "falso eu".
Sra. Maki - Ah, agora compreendi.
Taniguchi - No capítulo Kejoyu-hon, da Sutra do Lótus, está escrito que em tempos imemoriais existiu um santo budista chamado Daitsu-chishô, o qual só conseguiu alcançar a iluminação (tornar-se Buda) após praticar ininterruptamente o zen (meditação transcendental) durante um período de dez ciclos (No budismo, um ciclo é o tempo que uma rocha de dez léguas de extensão leva para ser desgastada por um véu que nela toca de leve uma vez em cada três anos. Portanto, significa um período de tempo quase infinito). Referindo-se a essa passagem, um certo monge perguntou ao sacerdote Jo, de Koyo: "Por que um grande santo como Daitsu-chishô não conseguiu tornar-se Buda antes de completar dez ciclos praticando o zen?" Foi uma pergunta bastante incisiva, e o sacerdote respondeu à altura: "Foi justamente porque ele não se tornou Buda". Esse diálogo constitui o Koan nº 9 do livro Mumonkan. O que o sacerdote quis dizer foi: "Daitsu-chishô levou tanto tempo para alcançar a iluminação, pelo simples fato de ele próprio não ter despertado para a Verdade de que já era Buda, e não porque fatores externos o tolhessem ou exercessem domínio sobre ele".
Em sua essência, Daitsu-chishô era um iluminado desde o princípio. O mesmo ocorre conosco: todos nós somos seres iluminados – ou seja, filhos de Deus – desde o princípio; não é pelo fato de nos empenharmos no treinamento espiritual e aprimoramento da alma que nos tornaremos iluminados ou filhos de Deus. Assim mesmo como somos, sem que nos acrescentemos nada, já somos, na essência, iluminados ou filhos de Deus. Se, apesar disso, não conseguimos manifestar-nos como iluminados ou como filhos de Deus, é porque nós próprios não tomamos a iniciativa para que tal aconteça. Quando se fala em "tornar a si próprio um iluminado", pode-se pensar que o homem só poderá alcançar a iluminação depois de se empenhar diligentemente na prática de penitências, e assim purificar-se, eliminando uma a uma todas as cargas cármicas negativas. Mas nem sempre isso é necessário. Basta fitarmos com o "olhos da mente" o nosso aspecto original, ou seja, a Imagem Verdadeira de nossa Vida.
Akiyama - Parece que o cristianismo prega que o home pode tornar-se filho de Deus (alcançar a salvação) somente através da cruz de Jesus Cristo, e que é impossível ao homem ligar-se diretamente a Deus sem a mediação de Jesus Cristo.
Taniguchi - Segundo a maioria das seitas cristãs, a humanidade é cheia de pecados e, devido à ira de Deus, encontra-se distante d'Ele; Jesus Cristo surgiu neste mundo para ser o intermediário entre Deus e a humanidade, e foi crucificado para redimir os pecados de todos os homens; por isso, somente através de Jesus Cristo o homem pode alcançar a salvação. Porém, alcançar a salvação não significa simplesmente sermos conduzidos a um mundo de fartura conhecido como mundo celestial, paraíso, etc., e sim conscientizarmo-nos de que somos filhos de Deus.
Diz-se "alcançar a salvação" ao fato de o homem, que é originalmente filho de Deus, tomar consciência da sua natureza verdadeira original, e consequentemente passar a manifestar a Vida perfeita e livre, própria do filho de Deus. Se fosse verdade que o homem não pode ser salvo a não ser por intermédio de Jesus Cristo, teríamos de admitir que, antes do nascimento de Jesus Cristo, as pessoas não podiam ser salvas. E como Jesus Cristo nasceu há cerca de 2.000 anos, teríamos de admitir que as pessoas que nasceram antes, ou seja, desde tempos remotíssimos até o advento de Jesus, não eram salvas e sim completamente abandonadas. Se assim fosse, teríamos de considerar Deus como um ser muito descuidado, cruel e irresponsável.Sabemos, porém, que Jesus disse: "Antes que Abraão existisse, eu sou" (João 8:58). Isso significa que Jesus Cristo já era o Salvador desde tempos remotíssimos.
Mas a crucificação de Jesus, através da qual ele "abrandou a ira do pai contra a humanidade", deu-se efetivamente há cerca de dois mil anos. Assim sendo, se interpretarmos a crucificação de Jesus Cristo como tem sido interpretada até agora, ou seja, que há quase dois mil anos ele foi pregado na cruz e morreu traspassado por lanças para redimir o pecado dos homens, teremos de admitir que, até então, Deus deixara a humanidade ao abandono, sem salvá-la. Mas na Seicho-No-Ie não se admite, de modo algum, a ideia de que Deus seja um Ser que tenha tais imperfeições.
O verdadeiro significado da crucificação de Jesus Cristo pode ser compreendido plenamente à luz dos ensinamentos da Seicho-No-Ie. Pregar o corpo carnal na cruz significa aniquilar o corpo carnal. Aniquilar o corpo não é ferir mortalmente o corpo com lança ou algum outro instrumento; é compreender que o corpo carnal não existe realmente, não passa de sombra e, revelando a irrealidade do corpo carnal, apagar a ideia de que ele é existência real. Em suma, consiste em saber que o corpo carnal é sombra, e não existência real, e "apagá-lo" do mundo da existência. Esta é a Verdade que Jesus Cristo quis transmitir. Curando enfermidades do corpo pelo poder da palavra, ou deixando-se pregar na cruz e aparecendo ressuscitado três dias depois, Jesus Cristo provou que, sendo o corpo carnal sombra da mente, podemos controlá-lo livremente, fazendo-o desaparecer ou aparecer.
E ele disse: "Se alguém que vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me" (Mateus 17:24). Com isso, ele quis dizer que, para entrarmos no Reino de Deus, isto é, para alcançarmos a conscientização de filho de Deus, devemos "pregar na cruz o nosso corpo carnal", ou seja, negar nosso próprio corpo, reconhecendo que ele não é existência verdadeira. Conseguimos entrar no reino de Deus quando despertamos para a Verdade de que o corpo carnal não é existência verdadeira e que o nosso Eu Verdadeiro não é o corpo carnal, mas sim um ser espiritual. Este é o verdadeiro significado do ensinamento de que "devemos seguir o exemplo de Jesus Cristo, pois é por intermédio dele que podemos entrar no reino de Deus".
Nakahata - A senhora busca a resposta para essa questão partindo da ideia de que a ilusão existe, e é por isso que acaba num beco sem saída. É preciso despertar para o fato de que não existem nem a ilusão nem o seu eu em estado de ilusão, existindo unicamente o filho de Deus.
Murano - Eu também tropecei uma vez nessa questão. Mas lendo numa das publicações da Seicho-No-Ie as questões discutidas numa mesa-redonda entre o mestre Taniguchi e vários professores da Seicho-No-Ie, as minhas dúvidas foram esclarecidas. Nessa mesa-redonda, o mestre explicou o seguinte: Coisas como ilusão, que não são existências reais, não podem ser apreendidas por mais que as procuremos. Se alguém procura o que não existe, é porque ele pensa que isso existe, e vai aparecer se o procurar; enquanto não perceber o equívoco, não compreenderá que aquilo que procura não existe. Enquanto um sonâmbulo estiver sonhando que um ladrão entrou em sua casa, e ficar procurando-o aqui e acolá, não perceberá que esse ladrão não existe realmente. Para que o sonâmbulo perceba que esse ladrão não existe, basta despertar. O mesmo se pode dizer de todos nós: Basta pararmos de pensar sobre o que não existe, e simplesmente despertarmos para a Verdade de que somos filhos de Deus. Despertando, a ilusão se apaga – é só através desse meio que podemos provar a inexistência da ilusão.
Sra. Maki - Não existe ilusão, não existe o eu em estado de ilusão; no entanto, do eu inexistente surge a ilusão, que também inexiste – nesse ponto, começo a ficar confusa outra vez...
Mizuta - Quanto a mim, é só fechar os olhos assim, que imediatamente percebo que a matéria não existe, a ilusão não existe, e sinto-me envolto pela Luz Divina onipresente.
Taniguchi - Sra. Maki, certamente conhece a tragédia Hamlet, de Shakespeare. A tragédia Hamlet é um produto da imaginação de Shakespeare; portanto, por maior que seja o realismo com que ela esteja sendo representada no palco, não está acontecendo realmente. Também o príncipe Hamlet, personagem central dessa tragédia que vive um grande sofrimento, não é uma pessoa que existe realmente. O príncipe Hamlet é um personagem fictício criado por Shakespeare, e não um personagem real. Um personagem que não existe realmente é atormentado pela tragédia que ele próprio criou – isto exemplifica como o homem fenomênico, que não existe realmente, vive a sofrer criando ele mesmo ilusões que na realidade não existem.
Ilusão não existe; o homem em estado de ilusão não existe. Na tragédia acima citada, não existem na verdade nem o príncipe Hamlet, nem seus conflitos e sofrimentos. Mesmo que Hamlet tentasse perceber/refletir sobre a inexistência de si mesmo e sobre a inexistência da ilusão, nunca iria compreender. O mesmo se dá conosco quando procuramos compreender, com nossa inteligência humana, a inexistência da ilusão e do próprio corpo carnal. Por esse meio, nunca chegaremos a essa compreensão.
Voltando à tragédia de Hamlet: Para Shakespeare, é perfeitamente óbvia a inexistência de Hamlet e de seus tormentos, ou seja, é óbvio que Hamlet é um personagem originalmente inexistente e, por conseguinte, sua tragédia também não é real. Shakespeare tem plena consciência de que Hamlet é produto de sua imaginação e, assim sendo, por mais verossímil que seja esse personagem no palco, não é real. Nessa alegoria, Shakespeare corresponde ao homem verdadeiro, filho de Deus, perfeito e livre, que possui total liberdade de pensar e criar; Hamlet corresponde ao "falso ser humano", ou seja, ao "eu carnal"; e o fato de Hamlet viver sua tragédia, cheio de sofrimentos e conflitos corresponde ao fato de o "falso ser humano" (homem fenomênico) viver atormentado pelas ilusões que criou.
Do mesmo modo que somente Shakespeare sabe da inexistência de Hamlet, somente o homem verdadeiro sabe da inexistência da tragédia do seu "falso eu".
Sra. Maki - Ah, agora compreendi.
Taniguchi - No capítulo Kejoyu-hon, da Sutra do Lótus, está escrito que em tempos imemoriais existiu um santo budista chamado Daitsu-chishô, o qual só conseguiu alcançar a iluminação (tornar-se Buda) após praticar ininterruptamente o zen (meditação transcendental) durante um período de dez ciclos (No budismo, um ciclo é o tempo que uma rocha de dez léguas de extensão leva para ser desgastada por um véu que nela toca de leve uma vez em cada três anos. Portanto, significa um período de tempo quase infinito). Referindo-se a essa passagem, um certo monge perguntou ao sacerdote Jo, de Koyo: "Por que um grande santo como Daitsu-chishô não conseguiu tornar-se Buda antes de completar dez ciclos praticando o zen?" Foi uma pergunta bastante incisiva, e o sacerdote respondeu à altura: "Foi justamente porque ele não se tornou Buda". Esse diálogo constitui o Koan nº 9 do livro Mumonkan. O que o sacerdote quis dizer foi: "Daitsu-chishô levou tanto tempo para alcançar a iluminação, pelo simples fato de ele próprio não ter despertado para a Verdade de que já era Buda, e não porque fatores externos o tolhessem ou exercessem domínio sobre ele".
Em sua essência, Daitsu-chishô era um iluminado desde o princípio. O mesmo ocorre conosco: todos nós somos seres iluminados – ou seja, filhos de Deus – desde o princípio; não é pelo fato de nos empenharmos no treinamento espiritual e aprimoramento da alma que nos tornaremos iluminados ou filhos de Deus. Assim mesmo como somos, sem que nos acrescentemos nada, já somos, na essência, iluminados ou filhos de Deus. Se, apesar disso, não conseguimos manifestar-nos como iluminados ou como filhos de Deus, é porque nós próprios não tomamos a iniciativa para que tal aconteça. Quando se fala em "tornar a si próprio um iluminado", pode-se pensar que o homem só poderá alcançar a iluminação depois de se empenhar diligentemente na prática de penitências, e assim purificar-se, eliminando uma a uma todas as cargas cármicas negativas. Mas nem sempre isso é necessário. Basta fitarmos com o "olhos da mente" o nosso aspecto original, ou seja, a Imagem Verdadeira de nossa Vida.
Akiyama - Parece que o cristianismo prega que o home pode tornar-se filho de Deus (alcançar a salvação) somente através da cruz de Jesus Cristo, e que é impossível ao homem ligar-se diretamente a Deus sem a mediação de Jesus Cristo.
Taniguchi - Segundo a maioria das seitas cristãs, a humanidade é cheia de pecados e, devido à ira de Deus, encontra-se distante d'Ele; Jesus Cristo surgiu neste mundo para ser o intermediário entre Deus e a humanidade, e foi crucificado para redimir os pecados de todos os homens; por isso, somente através de Jesus Cristo o homem pode alcançar a salvação. Porém, alcançar a salvação não significa simplesmente sermos conduzidos a um mundo de fartura conhecido como mundo celestial, paraíso, etc., e sim conscientizarmo-nos de que somos filhos de Deus.
Diz-se "alcançar a salvação" ao fato de o homem, que é originalmente filho de Deus, tomar consciência da sua natureza verdadeira original, e consequentemente passar a manifestar a Vida perfeita e livre, própria do filho de Deus. Se fosse verdade que o homem não pode ser salvo a não ser por intermédio de Jesus Cristo, teríamos de admitir que, antes do nascimento de Jesus Cristo, as pessoas não podiam ser salvas. E como Jesus Cristo nasceu há cerca de 2.000 anos, teríamos de admitir que as pessoas que nasceram antes, ou seja, desde tempos remotíssimos até o advento de Jesus, não eram salvas e sim completamente abandonadas. Se assim fosse, teríamos de considerar Deus como um ser muito descuidado, cruel e irresponsável.Sabemos, porém, que Jesus disse: "Antes que Abraão existisse, eu sou" (João 8:58). Isso significa que Jesus Cristo já era o Salvador desde tempos remotíssimos.
Mas a crucificação de Jesus, através da qual ele "abrandou a ira do pai contra a humanidade", deu-se efetivamente há cerca de dois mil anos. Assim sendo, se interpretarmos a crucificação de Jesus Cristo como tem sido interpretada até agora, ou seja, que há quase dois mil anos ele foi pregado na cruz e morreu traspassado por lanças para redimir o pecado dos homens, teremos de admitir que, até então, Deus deixara a humanidade ao abandono, sem salvá-la. Mas na Seicho-No-Ie não se admite, de modo algum, a ideia de que Deus seja um Ser que tenha tais imperfeições.
O verdadeiro significado da crucificação de Jesus Cristo pode ser compreendido plenamente à luz dos ensinamentos da Seicho-No-Ie. Pregar o corpo carnal na cruz significa aniquilar o corpo carnal. Aniquilar o corpo não é ferir mortalmente o corpo com lança ou algum outro instrumento; é compreender que o corpo carnal não existe realmente, não passa de sombra e, revelando a irrealidade do corpo carnal, apagar a ideia de que ele é existência real. Em suma, consiste em saber que o corpo carnal é sombra, e não existência real, e "apagá-lo" do mundo da existência. Esta é a Verdade que Jesus Cristo quis transmitir. Curando enfermidades do corpo pelo poder da palavra, ou deixando-se pregar na cruz e aparecendo ressuscitado três dias depois, Jesus Cristo provou que, sendo o corpo carnal sombra da mente, podemos controlá-lo livremente, fazendo-o desaparecer ou aparecer.
E ele disse: "Se alguém que vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me" (Mateus 17:24). Com isso, ele quis dizer que, para entrarmos no Reino de Deus, isto é, para alcançarmos a conscientização de filho de Deus, devemos "pregar na cruz o nosso corpo carnal", ou seja, negar nosso próprio corpo, reconhecendo que ele não é existência verdadeira. Conseguimos entrar no reino de Deus quando despertamos para a Verdade de que o corpo carnal não é existência verdadeira e que o nosso Eu Verdadeiro não é o corpo carnal, mas sim um ser espiritual. Este é o verdadeiro significado do ensinamento de que "devemos seguir o exemplo de Jesus Cristo, pois é por intermédio dele que podemos entrar no reino de Deus".
Do livro "A Verdade da Vida, vol. 11", pp. 195-202
Personificações do Ser Real [Eu Verdadeiro],
ResponderExcluirEstes textos ora postados são de fato "ensinamentos essenciais" e contem a essência do comentário compartilhado pelo Filho de Deus Raphael citado em dois textos: http://nucleu.com/2013/07/20/sobre-o-conceito-de-maya/#comments
e
http://nucleu.com/2013/07/17/eame/#comments
Sobre este ensinamento essencial de Masaharu Taniguchi compartilhei também a percepção de que:
Na peça imaginada por Shakespeare não há um personagem desperto; por outro lado, na história das religiões sempre há um ou mais personagens despertos, que mesmo estando na representação têm consciência de que são o próprio Ator e Autor da peça! Estes personagens despertos usam expressões como: “Eu e o Pai somos Um”; “Eu Sou Nyorai”; “Eu Sou Buda”; “Eu Sou Krishna”; ou como dizemos no Núcleo: “Quem Eu Sou é Deus”. Por isso é ensinado que: “Eu (o Ser Real, o Eu Verdadeiro) apareço como. Às vezes nem eu mesmo (o personagem) percebo, mas se você perceber (que Sou Eu) já é o suficiente.”
O motivo pelo qual surge na representação personagens despertos é porque eles sempre são uma “via de transcendência” da percepção da falsa identidade para a percepção da real identidade. Por isso Cristo disse que: “Quem vê a Mim vê Aquele que me enviou.” Na oração sacerdotal, Jesus, o personagem desperto, ora a Deus para que todos tenham a consciência [para que todos tenham a percepção consciencial], de que Deus está Nele e que Ele está EM nós, para que todos sejam “aperfeiçoados na Unidade”. Para elucidar que Ele, EM nós, é a própria “via de percepção” que revela a realidade, nossa real identidade, Cristo disse: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai senão por Mim.”
Namastê.
A revelação que se interiorizada conduz ao despertar é essa: "Basta fitarmos com os "olhos da mente" o nosso aspecto original, ou seja, a Imagem Verdadeira de nossa Vida."
ResponderExcluirDeve-se notar que os "olhos da mente" não se referem aos olhos da "mente do personagem", mas aos "olhos da Mente", ou seja, aos olhos da "Consciência do Ser".
Brilhante!
ResponderExcluirSilvano, muito obrigado por todos os seus comentários, por compartilhá-los e enriquecer sempre mais este espaço!
Que essa luz da Unicidade se irradie por todo o planeta!
Que assim seja!
Grande Abraço!!!