A pergunta pode surgir em sua mente:
"Como posso parar de pensar/acreditar no bem e no mal?"
Permita-me dar-lhe um exemplo que poderá ajudá-lo a esclarecer esse ponto. Olhe para a sua mão e pergunte a você mesmo: "Isto é uma mão boa ou uma mão ruim?" E, se você relembrar das vivências adquiridas de há muito, terá de admitir que sua mão não é nem boa nem má: é apenas uma mão, um pedaço de carne com estrutura de osso. Não tem o poder de agir por si só; não pode afagar e não pode esmurrar; não pode dar e não pode segurar. Mas VOCÊ pode movê-la; pode usá-la como um instrumento para dar ou para segurar. Você pode fazer tais coisas, mas a mão não pode. A mão é só um intrumento para o seu uso. Pode ser usada para vários propósitos: pode dar com benevolência e generosidade ou pode roubar desavergonhadamente, mas não pode fazer por si mesma sequer uma única coisa. Há alguma coisa que move a mão. Uma vez que é você que governa a sua mão, pode fazê-lo para o bem ou para o mal; e não apenas a mão, mas o corpo todo, ora para o bem, ora para o mal.
Contudo,quando tiver transcendido a mente e os pensamentos, então a mente e o corpo serão controlados pelo Eu que é Deus, e isso produzirá uma mente, um corpo e uma vivência diária que não é nem boa nem má, mas espiritual. Novamente, o segredo está em adquirir uma mente não condicionada, pela qual a Alma funcione como vida e experiência. No exato momento em que aceita que essa mão por si só não pode fazer nada, que é governada pelo Eu, desse momento em diante ela se torna um intrumento de Deus, trazendo consigo apenas o poder da bênção; você e eu não mais governamos a mão pelo nosso humano ser: agora Eu Sou, e Eu é Deus.
Volte agora a considerar a mão e tome seu corpo todo dentro de sua mente, e perceba esta mesma verdade: você não tem um corpo bom ou ruim, jovem ou velho. O seu corpo é apenas carne e osso. De si mesmo não tem inteligência; nada sabe sobre saúde ou doença; nada sabe sobre o tempo e o calendário. Infelizmente o eu humano sabe, e por causa disso o corpo muda. O corpo nada sabe sobre as estações do ano, se é inverno ou verão, tempo bom ou ruim, mas de novo infelizmente nós sabemos, e por causa disso o corpo reflete qualquer coisa que aceitamos em nossas mentes.
É a mente que se torna o caminho pelo qual o corpo apanha as crenças do mundo. É pois a mente que determina se o corpo é bom ou mau, jovem ou velho, sadio ou doente; mas quandõ já não temos corpo bom ou mau, jovem ou velho, sadio ou doente, a partir desse momento, o Eu, que é a presença de Deus, se superpõe e começa a manifestar as suas condições no corpo. Quando começamos a descobrir que o nosso corpo é o templo de Deus e o colocamos à disposição de Deus para que o use como quiser, então o corpo se torna um instrumento de Deus, para o Eu central do nosso ser.
Cabe-nos dar o primeiro passo, e isso é feito pelo conhecimento do fato de não haver bem ou mal no corpo, de que o corpo como tal não tem qualidades por si mesmo: ele apenas expressa aquilo que lhe é imposto. Essa inversão, ou mudança de atitude em relação ao corpo e às condições que lhes são impostas, começa com a seguinte descoberta consciente:
"Não há bem ou mal no meu corpo; não há nele velhice ou juventude, vigor ou fraqueza. Meu corpo é apenas um instrumento do Eu, o Deus em mim, que é o princípio criador e conservador do meu ser." Pense por alguns instantes no problema vital que incomoda você - seu mesmo, de seus filhos ou de seus netos. Assim que estiver pensando nele, pergunte a si mesmo: "Tais condições são boas ou más? Quem disse isso? Quem decretou que são boas ou más?" E pergunte-se então: "Teria Deus criado o mal?" Creio que saberá melhor perguntando do que afirmando. Se Deus criou a eternidade e a imortalidade, se não há n'Ele "mancha ou mentira", certamente não foi Ele quem criou o mal. Mas, se Deus não criou o mal, quem o criou? Alguém, ou você mesmo, teria concebido a crença no bem e no mal? De onde ela veio? Você pode não saber a resposta para tais perguntas agora, mas, se você trabalhar com o princípios aqui discutidos, a resposta para isso, assim como para muitas outras perguntas, lhe será revelada. Neste momento, contudo, por que não aceitar a premissa de que não há, na realidade, nem bem nem mal?
Quando você atingir o ponto de onde se pode compreender que toda condição humana, de qualquer nome ou natureza, existe apenas como "uma crença dentro da mente humana", crença essa que resultou na expulsão do homem do Jardim do Éden, e quando no mais profundo do seu coração ficar convencido de que, por ser Deus infinito, não há n'Ele pares de opostos, poderá afirmar com o Mestre: "Eu venci o mundo". E estará de volta ao Reino dos Céus, onde ninguém sabe o que é saúde, pois não sabe o que é doença; lá não se conhecer dor e portanto ninguém sabe o que é a não-dor; ninguém conhece riqueza ou pobreza; e, se alguém não sabe o que é alguma coisa, como pode conhecer o seu oposto? Não há nada com que se possa fazer comparações: há apenas Deus, só o Ser espiritual, a perfeição.
Quando abordamos, um trabalho de cura, não devemos ter na mente a idéia de um mal a ser removido ou superado; contudo, por restar muito de humano na maioria de nós, reconheceremos que o que está à nossa frente é aparência do mal em forma de pecado, doença, morte, perda ou limitações, e enquanto nos defrontarmos com essas aparências não poderemos ser radicais e, como uma ostra, ignorá-las repetindo sempre: "Deus é tudo, não há erros". Isso é loucura, e não é prático. Nós não devemos fazer isso; devemos deixar que Deus diga isso para nós; e quando ouvirmos a "pequena voz silenciosa", ou percebermos que se agia dentro de nós, saberemos com certeza que qualquer aparência de pecado, doença, morte, peda ou limitação à nossa frente desvanecerá. Não pense porém que você, humanamente, possa algum dia ser tão sábio para realizar isso.
Por sabermos as palavras e podermos dizer silenciosa ou audivelmente "não há nem bem nem mal", não pense que tal repetição vá fazer milagres na sua vida, pois não os fará.
Você tem de vivenciar essa verdade até que transborde de você; tem de prová-la mais e mais dentro de você mesmo. E, mais ainda, não se esqueça que se for tentado a dizer isso para quem quer que seja, antes que se torne tão evidente, transbordante, como se o mundo visse iss em você, perderá o que recebeu, e, o que é pior, poderá perder até a possibilidade de demonstrar isso neste encarnação. Ninguém pode desperdiçar a palavra de Deus, ninguém pode dela se gabar, jogar com ela, e pensar que possa conservá-la consigo.
Você pode apenas provar esse princípio na medida em que o abraçar fortemente dentro de você, mantendo-o sagrado, mantendo-o secreto, mas usando-o. Use-o a qualquer hora, com qualquer parcela de erro com que se deparar, nos jornais, na rádio, na sua família, na rua. Em qualquer momento e lugar em que se defrontar com o erro, volte-se para dentro e pergunte-se: "Poderá isso me fazer acreditar no bem e no mal? Poderá fazer-me aceitar dois poderes?" Se puder fazer isso, abster-se de aceitar ou julgar pelas aparências, não será tentado a sanar alguma coisa ou alguém, mas ficará dentro de si mesmo e fará o julgamento correto, estando dentro do Jardim do Éden, que representa o seu domínio espiritual, o seu estado de harmonia divina.
O reto julgar sabe que "no princípio era Deus. Deus criou tudo o que foi feito; e Deus olhou para aquilo que tinha feito e achou muito bom". Será você capaz de ser fiél a essa verdade? Se as feias aparências mostram sua cabeça, será você capaz de superar a tentação de ser por elas enganado? Será você capaz de declarar e saber dentro de você mesmo: "Eu aceito somente Deus como a verdadeira substância de toda a Vida. Não posso ser induzido a aceitar bem e mal, pois há só o Espírito; há apenas uma Vida"?
A cura espiritual não pode acontecer no plano humano. Ela só pode acontecer quando você tiver parado de pensar nas pessoas, nas doenças, nas condições, nas crenças e nas pretensões e tiver voltado para o Éden, onde só há Deus, o Espírito, a Totalidade e Perfeição. Ninguém pode mesmo ser um curador espiritual, que trabalhe a partir do efeitos ou que ore a partir da tentativa de corrigir algo do mundo de Adão, pois, se isso viesse a ocorrer, ele só teria trocado um sonho desagradável por outro sonho agradável. Se conseguisse melhorar o quadro humano, teria só uma boa materialidade ao invés de uma materialidade ruim. Não estaria por isso mais próximo do reino de Deus.
Certa vez eu estava sentado numa sala com uma pessoa que estava, em todos os sentidos, muito próxima da morte, e sentia o mesmo desconforto que qualquer um sentiria em tais circunstâncias; percebera eu que não havia nada que pudesse fazer para evitar o passamento. Eu não tinha dons ou palavras milagrosas que pudessem impedir o que parecia inevitável. Teria de vir algo das profundezas internas, ou iríamos ter um funeral.
Tudo o que pude fazer foi me voltar para dentro, para a "pequena voz silenciosa" e esperar, esperar, e por vezes suplicar e pedir. Finalmente veio algo, e as palavras foram estas: "Este é o meu filho amado, no qual me comprazo". Ninguém teria acreditado nisso se o tivesse visto. Ali estava a doença em sua forma terminal; ali estava uma pessoa morrendo e,
apesar das aparências, a Voz disse: "Este é o meu filho amado, no qual me comprazo". Após ter recebido tais palavras, não demorou muito para que se tornassem um fato real em demonstração; e a saúde, a harmonia e a totalidade foram restabelecidas.
Noutra ocasião fui chamado ao lado do meu próprio pai, que jazia numa tenda de oxigênio e, de acordo com os médicos atendentes, estava em seu leito de morte. Eu fiquei ali, sem palavras ou discernimento que pudessem mudar essa aparência para a saúde; e fiquei ali eu, como ficaria qualquer um diante do próprio pai em tal situação - mas com uma diferença: eu sabia que, se Deus fizesse ouvir sua voz, a terra se derreteria. Estando eu ali a observar meu pai que respirava pelo aparelho, me vieram as palavras: "Nem só da respiração vive o homem". Em menos de cinco minutos ele fez sinal para a enfermeira a fim de que retirasse o aparelho e, dois dias depois estava fora do hospital.
Quem decretou que essa condição era ruim? Deus não foi; Ele só disse "nem só da respiração vive o homem", o que dissipou a crença de que o homem vive do alento, e provou que vive pela vontade de Deus.
Você pode ter dificuldade apenas enquanto retiver a crença em dois poderes. Estará porém livre tão logo comece a olhar para qualquer condição tendo em mente o seguinte: "Quem te disse que estás nu? Quem te disse que isso é pecado? Quem te disse que és mau? Quem te disse que isso é doença? Quem te disse que isso é perigoso? De onde veio? Teria Deus dito isso para alguém?"
No momento exato em que perceber que sua função como curador espiritual não é remover ou sanar doenças, ou acreditar que Deus assim o faça, ou que haja fórmulas ou afirmações que possam remover as doenças, mas sim que a sua função está em saber a verdade de que
toda criação mortal é constituída sobre a crença do bem e do mal, você não saberá então nem de saúde nem de doença, de pobreza ou de riqueza, mas apenas de um contínuo transbordamento de harmonia espiritual - o Jardim do Éden. Você nunca será um curador espiritual enquanto acreditar que haja dois poderes - o poder de Deus e o poder do pecado, da doença, ou então que haja poder na higiene, na astrologia, nas dietas. Você nunca será um curador espiritual até que saiba que não é preciso qualquer poder. Deus mantém o seu universo espiritual eternamente, e não há nada de errado com ele. O que está errado é conosco; o que está errado é a crença universal em dois poderes.
No segundo capítulo do
Gênesis, Deus não é mais o Criador, mas ali é chamado de Senhor Deus; e 'Senhor', está dito, é sinônimo de lei. Noutas palavras, o homem do segundo capítulo do Gênesis vive debaixo da lei ao contrário daquele do primeiro capítulo, criado à Imagem e Semelhança de Deus e vivendo sob a Graça. Como podemos nos tornar esse homem que vive sob a Graça? Como, senão jogando fora a crença em dois poderes? Então a Graça permeará todo o nosso ser, vai nos suportar, manter e sustentar; e a Graça irá à nossa frente aplanando os nosso caminhos. A Graça é tudo à nossa volta, e todavia não temos dela mais consciência do que um peixe tem da água.
Um peixe nada na água, mas nada sabe a esse respeito. Um pássaro não conhece nada a respeito do ar; voa através dele impensadamente. Nas palavras de E. Thompson:
"Mergulhará o peixe para achar o oceano?
Voará a águia para achar o ar?
O que há para perguntarmos às estrelas em movimento,
se elas ouviram falar de ti, lá?"
E é assim que, quando estamos em estado de saúde espiritual, não só não conhecemos a doença, mas também não conhecemos a saúde - conhecemos apenas o estar em harmonia, normais, livres. Como pode um homem saudável descrever a saúde? Não é possível, pois ele não sabe o que é isso.
Ele só sabe que está nela, o que quer que ela seja, e que é agradável.
Compreendamos que um dia, em algum lugar e de algum modo, nós aceitamos a crença que não faz parte de nós, a crença de que há dois poderes:
o poder de Deus que pode fazer algo por nós e não o está fazendo, e
o poder do mal, que é muito mais ativo. O poder de Deus está agora mesmo fazendo tudo o que pode, e opera no estado edênico de consciência para toda a criação espiritual, mas não pode operar num mundo dois poderes. Essa é a razão pela qual, por mais éticos, bons e benevolente que nós ou nossos vizinhos possamos ser, nós e eles estamos debaixo do pecado, da morte, de acidentes e guerras.
E mais e mais surge a pergunta: "Como podem existir tais coisas se há um Deus?" E a resposta é estarrecedora: há um Deus, sim, mas não no cenário humano; não há Deus no segundo capítulo do
Gênesis, mas sim um Senhor Deus, que é a lei de causa e efeito - a lei cármica. Quando subimos para além da lei de Carma, não estamos mais sob a lei, mas sob a Graça. Em outras palavras, estamos vivendo como no primeiro capítulo do
Gênesis, onde não existem tais coisas como o bem e o mal humanos. Aí não há pecado e não há pureza: só há Deus.
Se tivermos algum problema, quer nosso, quer de alguém da família, de um amigo, paciente ou discípulo, ou se alguém buscar em nós a harmonia, por achar grande a nossa compreensão, deveremos praticar este princípio de 'nem bem nem mal' em nossa meditação:
"Pai, aqui estou, esperando me comunicar com você, mas com qual finalidade? Transformar o mal em bem? Se é isso o que é necessário aqui, Você não o teria feito antes que eu lhe pedisse? Todavia não parece que você esteja fazendo qualquer coisa a respeito e, pois, talvez não seja necessário. Onde está o Espírito do Senhor aí está a liberdade. Onde está o Espírito do Senhor não está o mal. Então, o que será do mal? Ninguém jamais descobriu para onde vai a escuridão quando entra a luz; quando o sol se levanta aí está a luz, e na sua presença não há escuridão. Na presença de Deus não há pecado, não há falsos apetites ou doenças, perdas ou desemprego, insegurança ou perigo, pois todas essas coisas se desvanecem na Sua presença. Onde Deus é, não acho o mal, encontro Deus - Deus como minha torre alta, como minha saúde física, como meu suprimento, Deus como meu todo em tudo. O que quer que isso seja em si mesmo, não é nem bem nem mal, pois não há bem ou mal presentes em toda parte; há somente Deus preenchendo o espaço todo, assim nao há nada a fazer de bem e nada que possa decorrer do bem. Deus formou este universo de Si mesmo; desse modo, é Deus que é o bem, não a condição ou a coisa; e, mesmo quando as aparências possam testemunhar o bem ou o mal, eu não as aceito.
Deus constitui meu corpo, que é o templo de Deus. Deus é o meu lugar de morada e a integridade do meu ser; Deus é o lugar secreto do Altíssimo no qual vivo, me movo e tenho o meu ser".
Para curar é necessário transcender o pensamento. Embora a meditação comece com a contemplação da verdade, deve, antes de se cumprir a cura, subir ao mais alto reino da consciência silenciosa. No começo de uma meditação de cura, uma passagem da verdade como
"doravante não reconheceremos o homem pela carne" pode estar no pensamento. Após se repetir diversas vezes, ou após nós a repetirmos conscientmente, o pensamento se esvai, na medida em que perdemos o significado da frase; doravante não reconheceremos o homem pela boa ou pela má carne; não o reconheceremos como doente ou sadio, rico ou pobre; doravante reconheceremos só Deus, sob as aparências de indivíduo humano espiritual.
Este é o segredo do Caminho Infinito, e este é o segredo da cura: "Doravante não reconheceremos o homem pela carne", nem mesmo pela carne saudável. Doravante não reconheceremos o homem pela sua riqueza - pequena ou grande: reconheceremos apenas Deus como Pai e Deus como Filho, o Cristo, à imagem e semelhança de Deus.
Doravante reconheceremos apenas Deus como constituinte do homem; a substância, a vida, a Alma do homem, a saúde, a riqueza e o lugar de morada do homem.
Doravante reconheceremos só a Deus e não ao homem.
Percebemos agora que o homem não é carne, mas consciência, tendo só qualidade espirituais. Discernimos que aí está o Princípio criativo que produz sua própria imagem e semelhança, e que esse Princípio criativo é também o princípio de sustentação da vida. E assim sua criação deve necessariamente ser da sua própria essência - Vida, Amor, Espírito, Alma. Tal é a verdadeira natureza do homem.
"Doravante não reconheceremos o homem pela carne." E como, pois, o reconheceremos?
Como um filho de Deus, sua verdadeira identidade. À medida que conhecemos a nós mesmos e a todos os demais, como sendo de descendência espiritual, nunca olhamos para o corpo, mas diretamente para os olhos, até poder ver por trás deles, além do mortal, além do homem jovem ou velho, doente ou sadio, onde está entronizado o Cristo. O homem visível quer doente, quer sadio, não é o homem - Cristo, o Eu espiritual daquele homem, não está sujeito às leis da carne, nem mesmo da carne harmoniosa, mas está sujeito apenas ao Cristo.
Logo que alguém chega ao fundo de tais cogitações ou contemplações senta-se num estado de quietude e de pacífica receptividade, no qual nenhum pensamento se introduz. Nesse estado de consciência o Cristo curador se manifesta, inundando a consciência de paz e tranquilidade. É uma "paz", um "estar quieto" espirituais, e disso emana a Graça curadora que nos envolve e aos nossos paciente; e então a harmonia se torna algo aparente, uma experiência tangível.
Em nossa meditação podemos começar tendo na mente uma pessoa doente, ou pecadora, ou pobre, mas não podemos nos levantar até que, por intermédio da realização, tenhamos atingido o lugar onde não há homem doente ou sadio, rico ou pobre, puro ou pecador; não há pessoa doente para ser curada ou pessoa saudável de quem nos regozijarmos: há somente Deus - só Deus na aparência de Pai e Deus na aparência de Filho. Estará então completa a nossa prece, e com ela virá a convicção: "É isso". Enquanto conhecermos a verdade - pensando, falando, declarando a verdade - estaremos no reino mental. De fato, podemos estar pensando nas coisas do Espírito, mas estamos pensando com a mente e, provavelmente, não ocorrerá nenhuma cura. Se ocorrer alguma cura, em alguns casos, ocorrerá pela argumentação mental e não será uma cura espiritual e sim mental, pelo efeito da sugestão, um frutificar daquela prática que nos diz "você está bem" ou "você é perfeito" ou "Deus fará isso em você"; e a mente aceita a sugestão e ela responde. Não é, porém, uma cura espiritual, pois o paciente meramente aceita a sugestão de outra mente.
No Caminho Infinito, não fazemos sugestões; nunca usamos a palavra "tu" (ou você) num tratamento; nunca usamos o nome do paciente e nem mencionamos o nome da doença, da queixa ou da condição em tratamento, e nem deixamos a pessoa introduzir-se em nosso pensamento depois de ela ter pedido ajuda.
Quando estamos em contemplação, não focalizamos o paciente, e sim Deus e as coisas de Deus que conhecemos, ou as leis de Deus que compreendemos ou de que tenhamos lido e tentamos agora realizar. Nós não esperamos a cura por qualquer coisa dessas, porque não podemos trazer à luz o filho de Deus do segundo capítulo do
Gênesis, de onde só sai Adão, o homem de carne. O único modo pelo qual esse homem de carne pode ser devolvido para o Éden é a sua harmonia espiritual normal, não pensando a respeito dela, mas entrando naquele estado de silêncio que não reconhece o bem e o mal. Quando não temos desejos, não temos mais desejos do bem que do mal, e somos então puros o bastante para estar no Jardim do Éden, que é sem desejos. Não é um estado de desejar o bem, mas o puro contentamento com o ser.