terça-feira, novembro 09, 2010

O meio de captar a Sabedoria Infinita - Final

Masaharu Taniguchi

Para manifestarmos o grau máximo do poder da palavra, precisamos acreditar com a singeleza das crianças na Verdade de que nós e Deus, que é a fonte da provisão infinita, estamos verdadeiramente unidos. Entre os leitores da Seicho-No-Ie, há muitas pessoas que, antes de se tornarem adeptas, não conseguiam nada do que queriam, fracassavam nos negócios, ficavam constantemente doentes, não só elas como os familiares, chegando ao abismo do desespero. Ao conhecerem a Seicho-No-Ie e obterem a consciência de unidade com Deus, fonte da provisão infinita de Vida, Sabedoria e Amor, não só elas próprias como também os familiares recuperaram totalmente a saúde, os negócios começaram a prosperar, conquistaram a verdadeira paz e otimismo de tal maneira que até parece ser mentira o desespero passado. Entre a pessoa ter sua mente unida a Deus e o não conhecimento de Deus reside essa grande diferença.

Acredite no Deus verdadeiro! Acredite n'Ele e confie os seus desejos a Ele. Mesmo que os homens o traiam, Deus jamais o trairá. Você só consegue resultados parciais, porque não acredita n'Ele de verdade. Não existe em nenhum lugar nada mais seguro do que Deus. O desejo daquele que acredita e confia em Deus será ouvido infalivelmente. Portanto, a fórmula secreta para nos tornarmos vencedores na vida e vivermos sempre tranquilos e ricos é chamar por Deus dia e noite, constantemente, e não esquecer por um segundo sequer a sensação de união com Deus. Não somos orientados e protegidos por Deus somente quando estamos acordados; somos orientados e protegidos por Ele mesmo enquanto dormimos. De fato, mesmo dormindo nosso coração pulsa, nossos pulmões respiram, o sangue circula, os resíduos são excretados e as células novas são produzidas. Aliás, enquanto estamos acordados com a atenção voltada para o mundo exterior, passa-nos despercebida a revelação de Deus que advém do mundo interior. Enquanto dormimos, muitas vezes recebemos mais nitidamente a revelação de Deus do mundo interior, porque nossa atenção não se desvia para coisas e fatos externos transitórios.

O que adormece durante o sono são somente os órgãos que têm relação com o mundo exterior. Os órgãos que se relacionam com o mundo interior jamais dormem; ao contrário, de acordo com o estado espiritual, conseguem perceber melhor as revelações internas durante o sono.

Costumamos dizer geralmente que o nosso corpo carnal é "matéria", mas quando assim dizemos estamos nos referindo à vibração energética grosseira, de frequência adequada a ser captada pelos nossos cinco sentidos. Porém, teorias físicas modernas provam que existem em número ilimitado outras vibrações etéreas de tipo não captável pelos cinco sentidos, de modo que não se pode afirmar que não possuímos outros corpos de virações mais sutis. De fato, de acordo com as pesquisas realizadas por estudiosos de ciências espirituais modernas, além do corpo carnal nós somos dotados de diversos corpos sutis, tais como o corpo etéreo, corpo astral, corpo espiritual.

Mas mesmo a vibração do nosso corpo carnal, por se tratar de "corporificação da idéia", poderá captar oscilações de frequência mais sutil se procurarmos, sempre, evitar pensar sobre coisas e fatos grosseiros e impuros, e manter somente pensamentos calmos, pacíficos e bons. Com a purificação do pensamento, nossa vibração vai paulatinamente se tornando mais fina e capaz de captar não só as revelações dos espíritos mas também as vibrações sutis da revelação de Deus, além de continuar captando com os cinco sentidos as coisas e fatos do mundo exterior.

Quando o corpo carnal é constantemente purificado por pensamentos puros, pela ação purificadora das ondas mentais os sistemas orgânicos do corpo carnal evoluem gradativamente do estado turvo e grosseiro para o estado delicado e límpido, e concomitantemente a natureza dos alimentos necessários à sua manutenção também vai aos poucos mudando, da dieta animal, pesada, para a dieta vegetariana, leve. Se a pessoa tornar-se vegetariana porque é saudável, ou porque a alimentação animal faz mal, isso ainda é uma atitude forçada. O natural é o sistema do próprio corpo carnal ir se tornando delicado e puro, e com isso passar a exigir alimentos mais leves.

Quando a mente se purifica e juntamente com ela a organização do corpo carnal, passa-se a preferir alimentos leves e, ao mesmo tempo, perde-se a necessidade de consolar a inquietante solidão do espírito através da excitação ou do entorpecimento das sensações físicas por meio de drogas; por isso, ou o gosto pela bebida alcoólica ou pelo fumo espontaneamente desaparece de sua vida cotidiana, ou é regulado de modo a exigi-los em quantidade mais controlada. Se a vida e preferências estão contra a Natureza, é porque há desarmonia no espírito. Embora se deva também ao hábito, o ato de fumar ao dialogar com alguém, por exemplo, acontece pelo desejo natural de entorpecer alguma inquietação ou solidão existente no espírito e tranquilizá-lo. A Seicho-No-Ie não é abolicionista do álcool e do fumo, que propõe que nos esforcemos para deixar de tomar esses produtos excitantes. Ela apenas defende que, se o espírito se tornar realmente pacífico e harmonioso, a preferência também se modifica automaticamente e tais inclinações contrárias à Natureza desaparecem. Se a mente despertar para a Imagem Verdadeira da Vida que é o estado de espírito pacífico, esse estado mental se concretiza e até a organização do corpo carnal se torna refinada. Concomitantemente, a preferência quanto à alimentação também muda, passando-se gradativamente a exigir comida leve, e em relação à quantidade tornam-se desnecessárias porções abusivas. Isto é, como a organização do corpo carnal se torna refinada, não há mais o desperdício durante o processo de transformação do alimento em energia humana, sendo suficiente uma pequena porção de alimento. Além disso, como a eficiência do sistema físico também aumenta, diminui o cansaço e bastam poucas horas de sono para manter tal sistema.

O corpo carnal é a concretização de ondas vibratórias mentais grosseiras, captáveis pelos cinco sentidos, e, por ser assim constituído, está sujeito a desajustes e danos; por isso ele necessita do sono para descansar e restaurar-se. Já o corpo astral (onde se assenta a nossa alma), constituído de vibrações mais refinadas, possui organização refinada e, mesmo sendo bastante usado, sofre pouco atrito, tem pouca necessidade de repouso e de reparo, e por conseguinte, de modo geral, não necessita de sono. Pelo estudo experimental de ciências espirituais modernas, está comprovado que o corpo espiritual, ou corpo astral, que após a morte fica adormecido por muito tempo devido ao choque da morte, é corpo astral de espírito baixo, e que o corpo astral de espírito elevado, mesmo submetido a choque igual, sofre menos danos e não precisa restaurar-se através do sono. Desta maneira, também o corpo carnal, à medida que suas vibrações mentais se tornam refinadas, passa a necessitar de poucas horas de sono.

Ao processo pelo qual as vibrações vitais dos nossos corpos carnal, astral e espiritual evoluem de vibrações grosseiras para vibrações mais refinadas, através da purificação da mente, chamamos crescimento de nossa vida (vida fenomênica). É natural que o corpo espiritual ou astral possam captar vibrações que o corpo carnal normalmente não capta, mas mesmo o nosso corpo carnal, à medida que suas vibrações se tornam refinadas, passa a sintonizar frequências vibratórias que normalmente não podem ser captadas pelos cinco sentidos. Quando o corpo carnal atinge o ponto máximo da purificação, o comprimento de suas ondas vibratórias atinge o âmbito das vibrações do corpo espiritual, podendo ele próprio ser corpo espiritual. Isso é raro acontecer, mas não é impossível. No Japão existe desde a Antiguidade pessoas conhecidas como shigesen, que passam para o mundo espiritual sem deixar restos mortais. Nesse caso, como as vibrações do corpo carnal, em consequência da constante purificação do mesmo, atingiram a mesma frequência das vibrações do corpo espiritual, consegue-se entrar no mundo espiritual sem a necessidade de se despojar de um corpo carnal cuja frequência vibratória seja completamente diferente. Isso é Shigesen.

Se praticarmos sempre a Meditação Shinsokan, criarmos o hábito de fazer coincidir nossa mente com Deus e procurarmos viver de acordo com o modo de viver da Seicho-No-Ie, em consonância com a purificação da mente, as vibrações do corpo carnal vão se purificando e nos tornaremos capazes de captar ainda na condição carnal a revelação que vem do mundo mais elevado. Durante a prática da Meditação Shinsokan, ou durante o sono, o nosso corpo carnal não se preocupa com as coisas e os fatos vulgares da vida cotidiana, em consequência disso, o nosso corpo espiritual pode com mais facilidade receber revelações do mundo espiritual, e às vezes do mundo divino. Mas, lamentavelmente, as vibrações do corpo carnal não chegam a ser tão refinadas quanto as vibrações do mundo espiritual e não se sintonizam com elas. Por isso, a revelação transmitida para o nosso corpo espiritual é muitas vezes descartada por não ser percebida pelo consciente do nosso corpo carnal e não ser aproveitada na prática.

Para podermos contar com a revelação do mundo espiritual, é necessário procurarmos sempre moderar o ritmo da mente, a fim de refinarmos o ritmo do corpo carnal para que este possa captar as vibrações mais refinadas do mundo espiritual e do mundo divino. Deparamos frequentemente com casos reais de vibrações espirituais, emitidas no instante da morte, que atingem os parentes próximos sob a forma de aparições. Mas, mesmo não sendo no momento da morte, durante o sono, uma parte do nosso corpo espiritual se desprende do corpo carnal, vai até o mundo dos espíritos, recebe a orientação de espíritos mais elevados, volta com ela e transmite-a ao consciente carnal.

Ilustremos com o caso de um jornalista.

Certa tarde, ele recebeu ordem do redator-chefe para escrever um artigo sobre determinada matéria até a manhã do dia seguinte. Ele, sendo totalmente leigo no assunto, procurou subsídios em vários lugares mas, por ser exíguo o tempo, não conseguiu encontrar dados adequados e ficou totalmente embaraçado. Finalmente ele teve uma boa idéia: confiar essa questão à "tranquilidade". Então orou calmamente: "Sendo Deus a Sabedoria infinita, não há nada que seja impossível. Eu confio essa questão à Sabedoria de Deus. Por favor, quando eu acordar amanhã, concedei-me boas idéias para resolvê-la", e dormiu. Ele dormiu bem e, na manhã seguinte, ao despertar, a primeira coisa de que se lembrou foi a questão que confiara à "tranquilidade" na noite anterior. Ele contemplou por alguns instantes a sua mente, e percebeu que o artigo que não conseguira escrever na noite anterior apesar dos esforços aflorava de maneira bem ordenada. Pegando a caneta, sem sair da cama, escreveu o artigo que lhe surgiu na mente. Conta-se que esse foi um artigo notável. Casos semelhantes são frequentes entre os adeptos da Seicho-No-Ie. Por exemplo, a sra. Shizuko Takeuchi, da província de Kochi (que se restabeleceu de uma tuberculose praticando a Meditação Shinsokan), ao prestar exame oral para habilitação como parteira não sabia a resposta de uma questão. Mas, como tinha praticado a Meditação Shinsokan antes da prova, a resposta veio-lhe à boca e ela passou no exame.

O fato de o corpo humano procurar coisas e encontrá-las é um fenômeno do mundo material, e o fato de o corpo espiritual (ou astral) receber orientação de um espírito elevado é um fenômeno do mundo espiritual. E a força vital que provoca tais fenômenos é a nossa "idéia". Movendo-se a "idéia", movem-se o corpo carnal e o corpo espiritual. O que traz as coisas até nós é a força da idéia, e mesmo para o espírito receber uma revelação é necessário aprimorar a sua "idéia", pois só assim ele poderá atrair para si a revelação correta ou ir ao encontro dela. Enquanto não se aprimora a "idéia", ainda que busquemos avidamente aquilo que desejamos no estado desperto, não o achamos; mas aprimorando-se a "idéia", durante a prática da Meditação Shinsokan ou mesmo durante o sono, aquilo que desejamos aproxima-se de nós. A essa propriedade da mente chamamos "força de atração da mente", a qual age segundo o princípio de que "os semelhantes se atraem".

No capítulo I do presente volume, recomendei a prática da Meditação Shinsokan durante dez minutos antes de dormir porque, enquanto despertos, nossa "mente" tem sua atenção desviada para as transformações do mundo exterior, tornando difícil manter a "mente" voltada para uma mesma direção. Mas se dormimos após praticar a Meditação Shinsokan, deixando a "mente" voltada para a direção correta, pela força do hábito ela manterá "idéias corretas"; e, pela "força de atração", durante o sono ela atrairá continuamente idéias corretas e de prosperidade, as quais, desenvolvendo-se, geram acontecimentos pacíficos, felizes e prósperos.

Há várias maneiras de mentalizar durante a Meditação Shinsokan, e a citada no capítulo II deste volume é o método básico. Treinando-se bem esse método, a respiração, por hábito, torna-se correta e calma. Ocorrendo isso, deve-se mentalizar o aspecto perfeito e harmonioso da Imagem Verdadeira, sem preocupar-se com a respiração. Como outra maneira, sugiro que mentalizem as palavras do "Canto para contemplar a Imagem Verdadeira", que se encontra no início deste volume. Mentalizando repetidamente essas palavras do Canto, ou outras palavras com o mesmo sentido que melhor se coadunam à característica individual, surge a sensação de expansão do eu, atinge-se o estágio de "Imagem Verdadeira = eu" ou de "Universo = eu" e experimenta-se a sensação de identidade com o Eu global que tudo abraça, onde não existe o pequeno eu meu, nem o eu do outro. Como a Meditação Shinsokan não é "técnica", mas sim "oração perfeita", seu efeito é perfeito desde que haja fé, não havendo necessidade de prender-se à forma ou às palavras a serem utilizadas. Aos que gostariam de participar como adeptos do nosso Movimento de Iluminação, damos orientação minuciosa na Sede Central da Seicho-No-Ie.

Em seguida, vou ensinar uma maneira de mentalizar para receber a revelação de Deus sobre determinado problema. (Eu disse "revelação", mas ela nem sempre é captada pela audição ou visão espirituais. Como "Deus é o Todo", com a prática da Meditação Shinsokan pode acontecer de o problema ser encaminhado e dirigir-se sozinho para a solução ideal.) Após recitar mentalmente ou em voz alta os quatro versos do "Canto Evocativo de Deus", mentalize várias vezes o "Canto para contemplar a Imagem Verdadeira", colocando assim a sua mente na paz infinita. Em seguida, repita mentalmente:

"Em Deus, eu sou um com todas as coisas. Eu me reconciliei com todas as coisas, e perdoei todas as coisas. Entre eu e todas as coisas, não há rancor nem ódio; estamos em perfeita paz, voltamos a ser como éramos originariamente".

Assim, procure manter um estado de espírito de paz, fundamentado na consciência da unidade originária, sem um mínimo de rancor, ódio ou temor. E, quando atingir esse estado de espírito, mentalize repetidas vezes:

"Eu sou um com todas as coisas; por isso, tudo se move em função da minha pessoa, toda a Sabedoria age para me orientar".

Desse modo, sinta-se em união profunda com a Sabedoria infinita que preenche o Universo, e depois tenha a convicção de que Deus lhe dará infalivelmente a Sabedoria e a solução necessárias para você. Conclua a Meditação Shinsokan sentindo-se profundamente mergulhado nessa providência de Deus; e, se estiver para deitar-se, durma tranquilo, confiante que a partir do dia seguinte a providência de Deus surgirá como idéia. Se o seu desejo tratar de algo que não prejudica os outros, durante a prática da Meditação Shinsokan, poderá apelar a Deus, sem nenhuma cerimônia, ainda que seja para melhorar a si próprio. Sinta-se como se tivesse depositado todo o seu desejo em Deus, e que você próprio é o Universo, que todo o Universo está movimentando-se para a realização do referido desejo, que a força do Universo inteiro vive dentro de você. Uma vez atingido tal estado de espírito, e harmonizado com todas as coisas e com Deus, não há razão para não se realizarem as coisas boas para nós. Deus jamais rejeitará um desejo do filho de Deus que nós somos.



(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 08"; pgs. 74 à 84)


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