terça-feira, novembro 10, 2009

Ensinos do Caminho Infinito - 01


Joel S. Goldsmith



O ENSINAMENTO DE JESUS

O Caminho Infinito fundamenta-se no ensinamento de Jesus, que é minha autoridade e, mesmo sendo verdade que grande parte desse ensinamento possa ser encontrada em algumas da Escrituras orientais que remontam a três ou quatro mil anos da era cristã, em nenhum momento ele foi tão claramente afirmado ou tão claramente demonstrado como o foi por Jesus. Portanto, embora eu goste de ler as antigas Escrituras, não há outra abordagem senão a de Jesus, que é tão definitiva, completa ou fácil para a aceitação dos discípulos do mundo ocidental, porque o ensinamento de Jesus é realmente parte de nossa consciência ocidental. A autoridade para praticamente tudo que O Caminho Infinito ensina é encontrada no novo testamento, particularmente no Evangelho de João e nos escritos de Paulo.

Os três ensinamentos absolutos mais conhecidos no mundo são os de Buda, os de Shankara e os de Jesus. O ensinamento real de Buda quase se perdeu completamente na religião que agora se chama Budismo. Na verdade, seria tão difícil encontrar o ensinamento original de Buda na maior parte do Budismo de hoje como o seria encontrar o ensinamento de Jesus em algumas igrejas cristãs. Em muitas igrejas há uma negação real e aberta do ensinamento do Cristo. Pense por um momento em quantas igrejas é encontrada a prática de orar pelo inimigo? Em que igreja, durante a Primeira ou a Segunda Guerra Mundial, houve orações pelo inimigo? Que igreja ensinou os soldados a rezarem diariamente pelos que os perseguiam? Quem ensinou os membros das congregações que os que vivem pela espada devem morrer pela espada? Quem revelou o significado espiritual da recusa de Jesus em permitir que Pedro o vingasse cortando a orelha? Quem ensinou o mandamento: "não matarás"?

Lembre-se, portanto, que, ao discutir o ensinamento de Jesus, não é o ensinamento de Jesus como é apresentado por meio de qualquer igreja que está sendo discutido, mas o ensinamento com base no Novo Testamento, sem a opinião ou interpretação de pessoa alguma, apenas o ensinamento de Jesus conforme se acha literalmente estabelecido por seus seguidores. Somente através do desenvolvimento da consicência espiritual, exemplificada por Jesus, é que todas as nações serão finalmente capacitadas a pôr de lado suas espadas e a transformá-las em relhas de arado.

Você talvez questione se alguém pode ou não cumprir um ensinamento tão exigente quanto este, mas isso é possível -- individual e coletivamente. Você pode começar agora a seguir o ensinamento do Mestre perdoando seu inimigo e orando pelos que o perseguem; e se você, como indivíduo, pode fazer isso, o mundo também pode fazê-lo.

Uma das maiores leis da Bíblia é a lei do perdão, de orar pelos seus inimigos. Mas o perdão não significa olhar um ser humano, lembrar a terrível ofensa que ele cometeu contra você e perdoá-lo por isso. Não há virtude nisso. O verdadeiro perdão é a capacidade de ver, através de sua aparência humana, a Divindade de seu ser, e compreender que na Divindade do seu ser nunca houve, como agora não há, erro de qualquer natureza. É como se essa pessoa lhe pedisse ajuda e, ajudando-a, você a visse como ela realmente é, como um ser espiritual puro. Isso é perdoar.

A cada dia somos chamados a olhar todos aqueles contra os quais temos qualquer sentimento negativo como seres espirituais e praticar esse ato de perdão. Isso significa voltarmo-nos para o Cristo de nosso próprio ser e saber que lá não existe outra coisa além do amor. Nunca houve um ser mortal, e tudo o que se parece com um mortal não é senão o próprio Cristo visto erroneamente.

Assim como perdoar, orar por nossos inimigos é uma das grandes leis da vida e da Bíblia. Isto não quer dizer que estamos desamparados perante o inimigo: isso realmente significa que somos capazes de compreender Deus como a vida e a mente do homem individual e saber que não existe outra mente além dela. As aparências nada têm a ver com isso. Não estamos lidando com as aparências. Estamos lidando com a realidade do ser.


UNIDADE: O TOM FUNDAMENTAL

O ensinamento mostra que você precisa contatar Deus individualmente. Deus precisa tornar-se real e vivo para você em sua vivência, e o propósito desse trabalho é elevar a consciência a esse ponto. "E eu, quando for levantado da Terra, atrairei todos até mim"(João 12:32). No momento em que entro em contato e sinto a presença de Deus, nesse momento, todos os que estão na faixa de minha consciência precisam sentir isso e ser elevados. Por fim, eles serão elevados para aquela altura onde eles próprios farão o contato e terão a compreensão de si próprios. Se houver qualquer mistério neste ensinamento, este é o grau em que você pode abrir sua consciência para o influxo da presença de Deus, para a percepção de Deus ou do Cristo; nesse nível você pratica e finalmente demonstra isso.

O Caminho Infinito não é mais uma abordagem metafísica destinada a eliminar a moléstia, a demonstrar um automóvel ou a saúde, ou adquirir qualquer coisa material. Seguir essa trilha envolve uma disposição de não se preocupar por sua vida, pelas coisas que você come ou bebe, ou com o que estará vestido. É uma tentativa de procurar a consciência do Infinito e a ausência de alguma coisa. Assim, na consecução da consciência da presença de Deus, do mesmo modo você consegue todas as coisas juntas -- todas as coisas que estão em Deus e são de Deus.

A mais alta demonstração foi expressada por Jesus quando ele disse: "Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma... O Pai que está em mim é quem faz as obras". Estou certo de que Jesus não queria dizer que havia duas pessoas, Jesus e o Pai. Quando usou o termo "Pai", quis dizer a essência divina, a presença ou lei do Infinito. Isso foi o que ele quis significar pelo uso da palavra Pai, e esse é também o nosso significado.

Ao reconhecermos Deus, ou um Pai divino, não estamos reconhecedo alguma Pessoa nem mesmo algum Ser ou Poder fora de nós. Isso seria dualidade e seria fatal. Nós reconhecemos: "Eu sou o único. 'Eu e meu Pai somos Um' e eu sou esse Um. Isto que eu sinto correndo através de mim é o Pai, e Ele é maior do que eu, maior do que minha condição humana".

"E vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim". Quando Paulo fez essa declaração, ele não estava pensando em um homem chamado Jesus, nem em alguma espécie de ser separado dentro dele. Ele compreendia e sabia o que significava o Cristo, o Messias, o Salvador, a Essência, o Poder, a Lei, a Presença.

Em verdade, Ele tem o vigor, o poder e o domínio de um pai, o amor e o carinho de uma mãe e a compreensão de um amigo. Porém, mais do que isso, Ele é a Presença que não pode ser definida. Eis onde reside a dificuldade -- tentar expressar em palavras o indefinível. Lao-Tsé disse: "Se você pode definir, não se trata de Deus". Se você pudesse alguma vez descrever essa Coisa, você não estaria descrevendo Deus, porque Deus é infinito, eternidade, imortalidade, e ninguém pode descrever isso. Você pode sentí-Lo, tornar-se consciente d'Ele, percebê-Lo -- mas não pode descrevê-Lo.


PODER ÚNICO: UM PRINCÍPIO BÁSICO

Um outro ponto fundamental neste ensinamento, que pode ser difícil de ser apreendido em sua plenitude, mas que é muito simples, uma vez que seu significado seja absorvido, é o ensinamento do poder único. O Primeiro Mandamento é a base sobre a qual estamos: Não terás outros poderes (deuses) senão a Mim; não existe outro poder senão Deus -- não há pecado a vencer, nem morte, nem falta, nem limitação, nem tentação. O Poder único, a Presença única é Deus. A verdade não é usada para vencer o erro; o poder de Deus não é usado para vencer o mal, e quando a crença universal, sob a forma de pecado, doença, morte, carência e limitação, grita para nós "Eu tenho poder para crucificar-te", respondemos como o fez Jesus: "Nenhum poder terias contra mim, senão te houvesse sido dado do alto".

Esse tratamento que Jesus deu a Pilatos foi uma declaração de verdade absoluta, e ele a demonstrou. Todo o poder de Pilatos de pregá-lo à cruz provou ser nada porque ele não podia tocar a vida de Jesus. E assim é conosco. Nós permanecemos no Primeiro Mandamento.

Abandone a idéia de que a verdade dissipa o erro. O erro não é uma realidade e não tem de ser destruído. Meramente tem de ser reconhecido pelo que é: nada. Deus, Verdade, é o poder único. Nós não O usamos: nós somos ele. Aquilo que eu estou procurando, Eu sou.

Há muitos anos, no início de minha prática, recebi um chamado para ajudar uma mulher artrítica, cujo mestre, bem como muitos práticos tinham sido incapazes de fazer alguma coisa por ela. Em três semanas eu não havia feito mais progresso com o caso do que todos os demais -- não havia melhora de espécie alguma. Seus práticos estavam convencidos de que o caso não podia ser resolvido porque a mulher tinha uma personalidade dominadora e acreditavam que ela não podia ser curada, a não ser que mudasse seu modo de pensar, ou pelo menos mudasse certas qualidades de seu pensamento. Assim fiquei sabendo que o caso teria de ser resolvido de outra maneira.

Um dia recebi dela um chamado telefônico dizendo-me que a dor era terrível e que alguma coisa precisava ser feita imediatamente. Entusiasmado, eu disse a mim mesmo: "Farei vigília a noite inteira e acabarei com isto!". Meu hábito, então, era ler um pouco, a fim de encontrar alguma coisa para dar impulso ao pensamento, meditar, dormir um pouco e depois levatar-me e tentar novamente.

Às duas horas da manhã, o pensamento veio a mim: "Existe uma verdade , e se eu pudesse apenas apanhar essa verdade, ela solucionaria este problema. Tudo o que preciso é apenas uma verdade única, e ela está em algum lugar por aqui! Se eu puder ao menos alcançá-la!".

Depois, voltei a dormir e quinze minutos depois despertei ouvindo uma Voz: "Aquilo que estou procurando, eu sou!".

"Mas como pode ser isso? Eu não sou a Verdade...", perguntei. Então lembrei que Jesus havia dito: "Eu sou o caminho e a verdade e a vida". E compreendi: "Esta verdade que estou procurando, eu sou. Isso torna a coisa muito simples, porque a verdade é universal, e se eu sou a verdade, esta paciente também é a verdade. Não adianta fazer vigília por mais tempo".

Pela manhã, chegou um aviso de que o caso havia sido resolvido e até hoje não houve sinal de qualquer recaída. Não há recaída quando conhecemos a verdade, quando não usamos a verdade para vencer o erro. Quando tentamos sobrepujar o erro com a verdade, estamos reconhecendo o poder do erro e ele pode voltar com força redobrada e nos supreender. A partir daquele dia até hoje, jamais procurei tentar curar qualquer pessoa aqui ou sobrepujar algum erro, porque Deus é o poder único, Deus é a substância e a lei de toda a forma.

Lembre-se: a verdade em si nada faz por você! É a sua consciência da verdade que a faz funcionar. A verdade é sempre verdade, que você o saiba ou não, mas ela se manifesta a você somente em proporção à sua percepção consciente dela. É como a conta do banco a cujo respeito você nada sabe. Somente a conta do banco que você conhece é que pode lhe servir. Eu mesmo passei por um período quando até mesmo uma pequena quantia teria sido muito bem-vinda. Nessa ocasião particular, eu não sabia que tinha qualquer dinheiro e então, mais tarde, descobri duas contas em um banco da Cidade de Nova York que estava lá há vinte anos, mas que eu tinha esquecido completamente. Houve muitas ocasiões em que eu teria sido muito grato por aquele dinheiro. Assim como a conta bancária que você não sabe que possui não tem valor para você, do mesmo modo esta verdade da totalidade de Deus de nada lhe adianta, exceto na medida em que você a conhece e a percebe concientemente.

Esta é uma das coisas mais importantes que você será chamado algumas vezes a compreender. Somente na medida em que você vir que a doença não é um poder sobre o qual pode fazer alguma coisa é que você pode atender à aparência chamada doença. Este é o ponto que quero frisar: há somente um único Poder, uma única Presença. Nosso bem deve vir através Disso, a partir do interior, não através de qualquer tentativa humana de arrancá-lo do mundo exterior.
Cont...



2 comentários:

  1. Maria Fernanda Cirotto12 maio, 2013 22:30

    Terminei de ler agora o texto...na minha concepção, a mensagem básica é: "Eu e Deus somos UM".
    E a fantasia da separatividade nos faz crer que isto é uma ilusão...o véu de Máya nos separa da nossa Divindade, e assim nos perdemos nas trilhas tortuosas da Vida. Mas sempre há o caminho de volta. Sempre sentimos o chamado de Deusa(a) no nosso coração. E é essa voz que sempre precisamos seguir.

    Eu pessoalmente gosto mais do termo "Deusa", mas isso vai mesmo de cada um.

    NamastÊ! Aho! Aloha! Axé! Shanti!

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  2. Muito claro e lúcido o seu comentário, Mafê!

    Seu comentário lembrou-me um mantra belíssimo, cuja letra é:

    "Eu sou a onda, faz de mim o Mar...
    A onda do Mar desfaz-se no Mar...
    Faz assim, ó meu Senhor,
    Faz assim, ó meu Senhor,
    Tu e eu, sempre unidos...
    Tu e eu sempre unidos...

    A onda do Mar defaz-se no Mar....


    https://www.youtube.com/watch?v=5W4V0DH4Z3s

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