terça-feira, março 29, 2016

DEUS - 2/2


Joel S. Goldsmith


A ONIPRESENÇA, A ONIPOTÊNCIA E A DISPONIBILIDADE ETERNA DE DEUS

O segredo deste princípio com o qual estamos trabalhando - chamado de Princípio de Cristo - é a onipresença, a onipotência e a disponibilidade eterna de Deus. Toda a mensagem do "Caminho Infinito" pode ser resumida nas palavras: a onipresença, a onipotência e a disponibilidade eterna de Deus. Isso é tudo. Uma vez que você atingiu a consciência da presença de Deus, você pode pegar todos os escritos do "Caminho Infinito" e jogá-los fora ou desfazer-se deles. Você não precisará mais deles, porque terá a essência do seu ensinamento: o entendimento da natureza infinita de Deus, Sua onipotência e Sua disponibilidade eterna.

Este sentido da Presença e do poder de Deus é o princípio que você vai querer dar aos seus filhos, que seus pacientes ou alunos vão querer dar aos filhos deles. Deve ser construído dentro da consciência da criança desde a manhã até a noite e desde a noite até a manhã. Nunca se deveria permitir que uma criança fosse dormir sem a lembrança consciente de Deus como onipresente. Aqueles que querem que seus filhos cresçam com um sentido maior de masculinidade e de feminilidade do que as últimas gerações, terão que fazer isto por meios diferentes ao do ensinamento humano ou através de um código de conduta puramente humano. Mas a pessoa que, por uma vez, tenha consciência da presença de Deus, nunca mais terá desculpa para violar qualquer princípio de vida, moral ou ético.

O verdadeiro princípio da vida é este: o que é seu, virá até você. Seu próprio estado de consciência se manifestará como a sua experiência e nenhum homem poderá tirar isso de você. Nenhum homem poderá tomar a sua consciência, da mesma forma que não poderá tomar o seu conhecimento de matemática ou de música.

Quanto maior a percepção de Deus que você atingir, maior o grau de coisas e pessoas agradáveis que aparecerão no seu mundo exterior. Essas coisas e pessoas serão a sua própria consciência aparecendo a você. Ao olhar para a atual situação de seus afazeres, você pode dizer: "Então, eu tenho um estado de consciência muito pobre". Pode ser que seja assim. Neste caso, cabe a você reconhecer isso e mudar. Cabe a você mudar. "Buscai, pois, em primeiro lugar o reino de Deus" (Mateus 6:33) - a percepção consciente de Deus. Busque esta consciência de Deus e faça dela uma percepção sempre crescente. Deus está aqui em Sua infinitude, mas atingimos essa consciência só até certo ponto. Que ponto é este, cabe a nós buscar.

Todo mundo na Terra tem, potencialmente, a mesma consciência que Jesus Cristo. Ela é infinita, está aqui e está nos esperando. A pergunta é: queremos passar horas de devoção, queremos fazer o esforço exigido para nos treinarmos a fim de sermos conscientes da presença de Deus, em vez de buscarmos alguma forma, na qual Deus esteja para aparecer? Aqui está todo o segredo. Cabe a nós! Se pudermos contar totalmente com o Princípio, a Consciência, podemos atingir a consciência do Cristo.

Um homem nunca poderia roubar depois de apreender a consciência de Deus como a sua provisão. Um homem nunca mataria, se apreendesse, uma vez, a consciência de Deus como a vida eterna, como a vida do ser individual. É somente a crença de que alguém tem vida própria que faz com que a pessoa mate, mesmo em legítima defesa. Mesmo o matar em legítima defesa é um reconhecimento de que temos uma vida própria, que está em perigo. Isso não seria possível se a verdade de que Deus é a vida eterna fosse percebida. Você não pode destruir a vida eterna; nenhuma bala ou bomba pode destruí-la. A consciência de que Deus é a realidade do nosso ser dissipa toda condição que leva ao pecado, à doença e à morte. A causa dos problemas do mundo é o sentido de separação de Deus. O antídoto para os problemas do mundo é a percepção consciente de Deus como onipresente, onipotente, onisciente - a realidade do ser.

Quando idolatramos pessoas e personalidades - quer o façamos de um caráter religioso, de um caráter nacional ou internacional - estamos contribuindo com o alicerce de nossa destruição. Só no grau que percebemos Deus como uma presença universal, como uma presença impessoal e imparcial, como a vida de todos, como a mente e a Alma de todos, como a consciência de todo o ser, podemos vencer as condições deste mundo.

Não é o ensinamento de um Deus, e de um Deus onipotente e onipresente, o único ensinamento religioso que pode acabar com as discussões entre igrejas, acabar não só com as guerras religiosas, mas com todas as outras guerras? O antídoto para a guerra é a percepção de Deus como presença e poder individuais, de Deus como nossa experiência individual. Essa percepção traz uma consciência do poder espiritual. Uma vez que, como indivíduos, provarmos que há um poder espiritual que cura nossas doenças, falhas e limitações pessoais, começaremos a ver que há um poder espiritual que pode vencer qualquer mal na sociedade humana.



DEUS SE MANIFESTA ENSINANDO, CURANDO E SALVANDO

A consciência é infinita. A consciência se manifesta como um ser individual (o seu ser o meu ser). Se eu disser a você que a consciência se manifestou como o meu ser individual e como o meu estado de consciência individual, e que esta consciência, através de mim ou como eu, está transmitindo a você esta verdade, você provavelmente concordará. Se você se sentar no seu escritório, ou em casa, e ajudar alguém, você concordará que essa consciência que ocorre como verdade, como poder espiritual, foi aquela que possibilitou a você ajudar o seu paciente, o seu vizinho, o seu amigo ou parente.

Agora, deixe-me avançar um passo e mostrar a você que a Consciência está Se manifestando como um ser individual dentro da minha consciência e da sua. Portanto, a todo instante do dia e da noite, Deus está Se revelando a você, dentro de você, de uma forma individual, em algum sentido individual de pessoa ou poder, como orientação, direção e como um instrumento de cura, assim como um instrumento de amparo e provisão. Em nenhuma hora você está sem aquele que ensina e cura você. Deus está Se manifestando em sua consciência como aquele que ensina e cura. Aonde quer que você vá, com ou sem a companhia de um ser humano, com ou sem um livro, você está levando em sua consciência a manifestação de Deus, de Seu próprio ser como quem ensina, cura, supre, protege e salva.

Quer Ele apareça dentro de você como a ideia de alguma personalidade do passado, do presente ou do futuro; quer Ele apareça a você como um professor ou um ensinamento exteriorizado; quer Ele apareça a você como uma posição ou um investimento, por favor, lembre-se disso: Deus é onipresente em sua consciência como forma individual, como individualidade individual. Em todas as horas e em todos os lugares, Deus está presente dentro de você como o seu professor, como o seu ensinamento, como o seu companheiro, como todas as suas coisas desta existência.

Neste momento, estou pensando mais particularmente em termos de quem ensina e cura, já que o que aparece exteriormente para você como professor ou ensinamento não é isso, de forma alguma. O "professor" ou o "ensinamento" que aparecem para você não são aparições em si mesmos, pois nada são em si mesmos. O "professor" e o "ensinamento" são Deus se manifestando em sua própria consciência como uma ideia divina. Ele sempre está presente em sua consciência esperando o reconhecimento, e Ele sempre estará lá manifestando qualquer forma que seja necessária, até o ponto em que você queira reconhecer a manifestação de Deus como uma ideia divina dentro de você e não tenha medo de que a Ideia divina apareça para você de alguma forma que você não tenha vivenciado até agora.

A consciência nunca morre. A consciência de todo e qualquer indivíduo nunca morre. A consciência individual nunca desaparece da face da Terra. Portanto, essa consciência, que é conhecida como Jesus Cristo, Krishna ou Buda (essa consciência que é conhecida como alguma grande luz ou personalidade religiosa e espiritual), está onipresente dentro de você e pode aparecer a qualquer momento em que você abra a sua consciência. Pode tomar a forma de palavras ou pensamentos. Mas não fique surpreso se ela aparecer como uma pessoa, como a verdadeira imagem e semelhança de algum ser espiritual.

A consciência pode aparecer para você como a forma do que você imagina ser Jesus Cristo ou qualquer grande líder espiritual, mas não será a forma, como era conhecida na Terra. Será a forma deles como Deus fez e será visível na proporção da interpretação que você der a ela. Se você é cristão desde o nascimento, ela pode bem aparecer a você como a forma que você já viu nas imagens ou pinturas do Mestre, Jesus Cristo. Mas se você foi educado com o ensinamento hindu, ela pode se tornar visível a você como Krishna ou Buda. Se você é seguidor do judaísmo, pode aparecer como o que o mundo chama de Moisés.

Qualquer que seja a forma, ela será simplesmente a sua interpretação do Cristo - a consciência do Cristo. Ela pode vir a você como alguém que você nunca conheceu ou sobre quem nunca ouviu falar - algum mestre antigo ou moderno. Por outro lado, pode não vir na forma de uma pessoa; pode vir como idéias, palavras ou frases. Mas, em seu pensamento, não limite as formas de expressão, nem considere qualquer coisa impossível, porque Deus é infinito e Deus tem uma infinita maneira de aparecer. A Bíblia está cheia de referências a Deus como luz, mas também enfatiza o fato de que Deus é a verdade. Portanto, Deus pode aparecer muito bem como uma sensação ou uma frase da verdade, ou como uma sensação de luz. Mas não esqueça que Deus, ou a Verdade, sempre apareceu na Terra como um indivíduo. Deus pode aparecer para nós sob qualquer forma.

Deus é o ser individual infinito: Deus é onipresente como a sua consciência individual. Esta onipresença pode aparecer a você sob qualquer forma que sua consciência possa aceitar. Não limite a forma na qual a verdade, a orientação, a saúde, a cura possam vir a você, porque Deus é infinito em Sua atividade, Deus é infinito na forma e na aparência.

Aceite a verdade que Deus pode aparecer a você individualmente: Deus pode aparecer a você dentro de sua própria consciência; Deus pode aparecer como aquele que ensina, cura, salva; Deus pode aparecer como direção, sabedoria, orientação. Aceite Deus sob qualquer forma na qual Ele possa aparecer em sua consciência quando você está em silêncio. Não tenha medo de qualquer visitação interior. Quanto maior o grau de desenvolvimento que você atingir neste trabalho, maior será a revelação interior de uma natureza individual vinda a você. Você receberá a sua manifestação individual de Deus e Deus aparecerá a você de forma individualizada.

No que me diz respeito, a cura da doença, a cura do pecado e a cura da pobreza são apenas prova de que a mensagem da Onipresença é verdadeira. A cura do corpo não é a principal função deste ensinamento; o propósito deste ensinamento é tornar Deus visível e real para você, individualmente, como uma experiência viva. Deus é uma pessoa e um poder vivos - não "pessoa" em nosso sentido de pessoa -, mas Deus é uma individualidade infinita a ser percebida por cada um de nós.

Podemos viver, mover-nos e ter o nosso ser na consciência de Deus vinte e quatro horas por dia. Este é o propósito deste trabalho. A saúde, a riqueza, a harmonia, a paz e a felicidade sempre acompanham a consciência da presença de Deus.

Abraão chamava Deus de "Amigo". Jesus chamava Deus de "Pai". Ramakrishna chamava Deus de "Mãe Kali"; os quakers chamam Deus de "Pai-Mãe". Em qualquer forma que essas pessoas tenham percebido Deus, elas o sentiram não como um nome, mas como uma experiência real, a que deram o nome de "Pai", de "Amigo", de "Pai-Mãe", ou de "Mãe". Foi uma experiência real que ocorreu na consciência deles, como a descida do Espírito Santo em Pentecostes - uma experiência a que eles deram o nome de "Deus" ou de "Pai-Mãe".

O que fizemos em nossa vida religiosa foi simplesmente dizer os nomes "Pai", "Mãe", "Deus" e "Cristo" - sem ter tido realmente a experiência de Deus em nosso ser interior - o que não tem significado. O propósito e a mensagem do "Caminho Infinito" é fazer de Deus uma realidade viva, a fim de que você, ao fechar seus olhos ou abri-los, tenha sempre a sensação e o sentimento dessa Presença divina orientando, conduzindo, dirigindo e instruindo você.


domingo, março 27, 2016

DEUS - 1/2

 Joel S. Goldsmith


Quando dizemos "Eu sou Deus" ou "Eu guio o meu Universo", não estamos dizendo que um ser humano é Deus ou que um mortal é espiritual. Nunca se esqueça que é um absurdo tentar espiritualizar um homem mortal ou criar Deus num ser humano. Este foi um dos erros da religião, em todos os tempos - destacar algum indivíduo e fazer dele um Deus: escolher alguma pessoa, algum ser humano e fazer dele um Deus. A verdade é que só Deus é Deus; mas Deus é a individualidade, a identidade e a realidade de cada um de nós, quando vencemos os nosso sentido de humanidade. Frequentemente, quando você vê pessoas que trabalham a partir do ponto de vista de que "eu sou", você as achará confusas, perambulando e dizendo: "eu sou Deus". Essas pessoas tendem a perambular com a carteira vazia, com um corpo doente, a usar óculos e, no entanto continuam a dizer: "eu sou Deus". Você pode ver como isso é ridículo, porque isto não é Deus de forma alguma. Eu sou Deus.

Este Eu é um ser universal, infinito, onipresente, e Ele é a realidade do seu ser e do meu ser, quando superamos o sentido humano do eu. Você não eleva o sentido humano e o torna imortal ou espiritual. Eis a razão pela qual os tratamentos que dizem: "Você é espiritual" ou "Você é perfeito" ou "Você é rico" têm pouco valor. Tais afirmações não são, de forma alguma, verdadeiras. Se elas fossem verdadeiras, você não acharia necessário repetílas. Você pode imaginar um Rockfeller ou um Carnegie, ou qualquer homem de fortuna reconhecida, perambulando e dizendo: "Eu sou rico"? Você quase nunca ouve uma pessoa saudável dizer: "Eu sou saudável". Quando você faz estas afirmações, é porque acredita que é o oposto. Você está tentando se enganar, ao acreditar que é algo que realmente não é. Quando você simplesmente repete as palavras: "eu sou Deus", isso não é verdade, mas quando OUVE essa palavras DENTRO de você, esta é a Verdade. Isto é Deus Se anunciando como a realidade. Quando você ouve uma voz dizendo: "Não sabeis que eu sou Deus?", você ouviu a Verdade e, ao ouvir esta Verdade, tudo que é mortal desaparece. Pelo menos, desaparece num certo grau; e como, mais e mais, você ouve a pequena voz silenciosa, haverá cada vez menos do humano, ou do aspecto humano, a ser dissipado. Isto é confirmado na afirmativa do Mestre: "Eu venci o mundo". Ele não disse "Eu me aperfeiçoei nas coisas do mundo" ou "Eu melhorei a saúde deste mundo ou a riqueza deste mundo". O Mestre saiu do mundo. Ele disse: "Eu venci o mundo". E novamente, você encontrará esta mesma ideia em sua afirmativa: "Meu reino não é deste mundo". "Meu reino" - o reino de Cristo, o reino espiritual - não é o do mundo humano. Você não pode trazer o Cristo para o mundo humano, mas pode vencer o mundo humano e encontrar este reino interior, onde o Cristo é rei.

Em nossa passagem favorita de Lucas, você encontra: "Porque os pagãos de todo o mundo é que buscam tudo isso" (Lucas 12:30) - coisas para comer, coisas para vestir e coisas para possuir. O que são os "pagãos de todo o mundo"? Quem são as pessoas do mundo? Não são aquelas cuja consciência está concentrada nas coisas, as pessoas que habitam um ambiente de coisas, adquirindo coisas ou precisando de coisas - COISAS, COISAS, sempre COISAS. Os pagãos de todo o mundo estão buscando coisas, mas não vocês - não "vós, meus discípulos"; vós, de consciência espiritual. Vocês não estão buscando coisas; vocês estão buscando a percepção consciente de Deus como a realidade do seu ser. Isso é tudo o que você pode buscar neste trabalho, e esta atitude atinge seu resultado na declaração de Paulo: "Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim". Quando você diz: "Cristo vive em mim", esta não é uma fala mortal. O mortal, o ser humano, aquele que planeja, deixou de existir e se tornou uma testemunha da atividade do Cristo - da vida do Cristo. Agora, você está observando o Cristo trabalhar EM você, ATRAVÉS DE você e COMO você.

Você está rejeitando o aspecto humano e vivendo sua Cristandade, quando não está pensando, planejando, se preocupando, temendo, duvidando; em outras palavras, quando a mente humana está menos ativa como um aparelho que pensa e mais ativa como um estado de percepção. Quando seu pensamento é o testemunho de Deus em ação, observando Deus se manifestar, então você está vivendo mais a vida de Cristo e menos a vida humana. Quanto mais você achar necessário planejar seus dias, semanas, meses e anos, mais você terá de se preocupar com sua vida; quanto mais o aspecto humano é evidente, menos evidente é o aspecto espiritual. Por outro lado, você está vivendo o seu estado de Cristo na medida em que você encontra o seu trabalho de todo dia, a sua provisão e toda sua atividade se desenvolvendo de uma forma espontânea, normal e natural - quando isso acontece, você pode dizer: "O Eu, Deus, é a realidade do meu ser". Você atingiu um lugar na consciência onde entende o significado do Eu sou Deus. Este Eu, que se torna a lei para o seu ser, não é o pensar consciente de você ou do Eu. É a Consciência divina do nosso ser, revelada no grau, no qual o pensar consciente, no sentido de planejar e de lutar, deixa de existir.


DEUS É A INDIVIDUALIDADE INFINITA

Não anulamos a nós mesmos, nem destruímos nossa individualidade, neste caminho - nós a ampliamos. Mas, neste ponto, devemos entender que Deus é infinito em Sua individualidade e que, portanto, Deus está expressando essa individualidade como você ou eu. Essa individualidade ainda é Deus, mas é Deus se manifestando como você ou como eu. Sendo isto verdade, você pode dizer: "Eu venci o mundo", ou "Eu e o Pai somos um", ou "Eu vivo, mas já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim", ou "Eu sou o Caminho"; qualquer coisa que dê a você este sentido do Eu e que, ao mesmo tempo, subordine a individualidade humana e não a glorifique:


"Glorifica-me... concedendo-me a glória que tive contigo" (João 17:5) Glorifica-me com toda Tua glória. Deixa que tudo o que eu sou ou faço seja Deus em manifestação - não a glorificação do meu conhecimento, de minha percepção ou realização pessoais.


Ser glorificado pela Glória de Deus não deixa espaço para glorificarmos o aspecto humano e chamarmos este aspecto de Deus, ou mesmo para chamá-lo espiritual. O aspecto humano não deve ser espiritualizado; o aspecto humano deve ser vencido. Nunca será necessário vencer algo que tenha uma natureza espiritual. Mas você deve vencer este mundo; deve vencer a individualidade pessoal. Deve entender o Mestre quando ele diz: "Eu nada posso fazer por mim mesmo" (João 5:30). Ele estava rejeitando seus próprios poderes pessoais, ou o pensar consciente, e reconhecendo: "O Pai que habita em mim é quem realiza as obras" (João 14:10). Esse Pai interior é o Eu, ou o Eu sou, ou a Realidade do ser.

Só Deus é Deus. Este é o ensinamento do Caminho Infinito: só Deus é Deus, o homem não é Deus. O Caminho Infinito nunca ensina que o homem é Deus. Mas Deus, sendo infinito, se manifesta como individualidade infinita - Deus se manifesta como a totalidade de você e de mim quando vencemos o mundo. Quando vencemos a tentação de nos interessarmos pelo pequeno 'eu', quando não mais nos preocupamos com essa individualidade pequena, então podemos dizer: "Eu sou Deus", porque isso realmente é verdade.

Até agora, nossa atenção no mundo esteve focalizada nas pessoas e nas coisas. Não fazia diferença a forma pela qual as coisas apareciam. A ênfase sempre esteve na saúde, na riqueza, na harmonia, no lar, ou no companheirismo. A transformação que se faz necessária, agora, é uma reviravolta completa, para onde o pensamento esteja focalizado em nossa consciência, e a habilidade de deixar essa consciência fluir de qualquer forma necessária para o nosso desenvolvimento.

Não nos preocupemos com coisas nenhuma, com pessoa alguma ou com qualquer demonstração. Nada que aparece no mundo dos efeitos é de nosso interesse. Isto não significa que estamos eliminando as pessoas ou as coisas da nossa experiência. Pelo contrário, como o interesse pelas pessoas e coisas deste mundo diminui, geralmente nós as temos com mais abundância, só que, agora, as utilizamos no sentido correto. Por exemplo, se um anel chega até mim, eu o uso e gosto dele, mas não há nenhum apego, nenhum sentido de posse, nenhum sentido de desejo. Ele apenas vem para mim, eu o uso e gosto dele - e isso é tudo. Agora, a mesma coisa pode ser verdade quanto a roupas, amigos ou parentes. Pode ser verdade quanto ao casamento. O que quer que a consciência traga para mim, eu uso e gosto. Mas não há nenhum sentido de posse, nenhum sentido de necessidade, de pedido ou de desejo. Há só a percepção de que Deus, como minha consciência, está aparecendo para mim todo o tempo, em toda forma necessária para a minha experiência, observando como ela se manifesta no dia a dia. Deste modo, todo poder está colocado mais na consciência do que nas coisas.

Tomamos o primeiro mandamento e percebemos que todo o poder está em Deus - a Consciência do meu ser - e porque a natureza de Deus ou da Consciência é a inteligência infinita e o amor divino, Ele não só sabe de nossa necessidade antes de nós, como Ele tem o amor necessário para suprir o que quer que seja preciso para a nossa manifestação. Portanto, quando estamos centrados na verdade que "Eu e o Pai somos um" (João 10:30), o Pai é revelado como a consciência infinita, divina e espiritual do ser individual. Sua natureza é a sabedoria infinita, o amor divino; portanto, Ele está sempre Se emanando como a minha experiência harmônica e diária. Deus, minha consciência, está aparecendo para mim, cada dia, na forma necessária para a realização daquele dia.


DEUS É A PLENITUDE

A palavra "plenitude" - totalmente pleno - é uma palavra importante para nós. Nós estamos sempre plenificados, estamos sempre num estado de plenitude, já que Deus está Se plenificando como o nosso ser individual. Deus está plenificando a Sua glória, a Sua graça, o Seu poder e a Sua soberania como nossa experiência individual. Devemos chegar àquele lugar onde Deus se emana como nós, através de nós, em nós e para nós, e Deus deve se tornar uma realidade viva.

Há um ensinamento que afirma que Deus é a mente divina, uma substância disforme, e que imprimimos nossos desejos sobre essa mente e, então, nossos desejos aparecem como forma. Esse ensinamento faz de Deus um veículo através do qual podemos conseguir o que queremos. A abordagem do Caminho Infinito é o inverso disso. Em nosso trabalho, não temos nenhum anseio, nenhuma necessidade, nenhum desejo; não temos nada para "imprimir" sobre a mente divina. Não estamos nos preocupando com o que precisamos, porque não sabemos o que precisamos. Não sabemos onde estaremos amanhã. Não temos nenhuma ideia, além do mais, do lugar que estamos destinados a preencher no esquema espiritual da existência. Portanto, nossa atitude é o inverso de qualquer ensinamento que faria uso de Deus. A Inteligência divina ou a Consciência, sendo a sabedoria infinita e o amor divino, conhece a nossa necessidade e, porque a natureza de Deus é plenificar-se como a nossa manifestação individual, Ele faz todas as coisas necessárias, sem mesmo estarmos cientes do que precisamos, do que queremos ou desejamos, ou de onde deveríamos estar.

Esta não é uma atitude de "deixe Deus agir", já que isso envolveria um sentido de separação de Deus. É, antes, o entendimento de que já que Deus é a minha verdadeira inteligência, eu sou sempre governado inteligentemente. Já que Deus guia o meu ser de forma divina, então minha experiência está sempre expressando o amor, a perfeição, a harmonia ou o bem divinos. Já que Deus é o bem infinito e tudo o que o Pai tem é meu, esta infinitude está se expressando como a minha experiência.

Esse ensinamento não é fatalista, não é uma aceitação resignada de que: "O que quer que aconteça, foi Deus quem quis" ou "Eu aceitarei o que Deus me mandar". Tal atitude é a dualidade ou duplicidade. Este caminho é a afirmação e a reafirmação das grandes verdades:


"Eu e o Pai somos um." (João 10:30);
"Todos os meus bens são teus." (Lucas 15:31);
"O lugar onde estás é solo sagrado." (Êxodo 3:5).


Deus está sempre Se plenificando como a nossa experiência individual. Então, nessa consciência, podemos dizer: "Deixe a Verdade se manifestar, como Ela faz, já que a Sua vontade está só na natureza da sabedoria infinita e do amor divino". Você vê a diferença? Existe um Deus. Deus é. A harmonia é. Não podemos criar essa harmonia com o nosso pensamento; mas, através do pensamento, podemos nos tornar cientes do fato de que Deus é a lei infinita, de que Deus é o princípio infinito e divino, sempre Se expressando como a harmonia, a sabedoria, a inteligência e o amor de nossa experiência.

Isto é conhecer a verdade e a verdade nos torna livres. Conheça a Verdade. Não se interesse pelas coisa do mundo - quer elas sejam uma casa, dinheiro, um emprego ou uma oportunidade. Interesse-se apenas pela percepção de que Deus está se plenificando como sua experiência individual, de que Deus, a consciência do seu ser, está sempre aparecendo como a forma necessária para sua manifestação. Mantenha firmemente o pensamento em Deus, mantenha continuamente o pensamento na Fonte e na Essência e não no efeito no qual ou forma em que Deus está para aparecer.
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sexta-feira, março 25, 2016

Tudo está bem!

- Allen White -


Tudo está bem. Quantas vezes você já disse isso? Eu já encerrei muitas orações públicas com as palavras “e tudo está bem.” Sim, porque esta é a Verdade. TUDO ESTÁ BEM porque TUDO É DEUS. Sente-se e reflita sobre essas palavras por algum tempo. Logo você se verá considerando o fato de que TUDO ESTÁ BEM, porque Tudo é Deus.

Amado, isto significa que tudo está bem com sua vida exatamente agora. Em sua vida não há bolsos vazios causados por falta de realização ou por realização parcial. Algo assim seria impossibilidade: Deus (o TUDO) é a inteireza de sua vida neste exato momento. Sua vida é constituída por Deus sendo tudo. Que poderia lhe estar faltando?

Você já considerou a sua vida a partir deste ponto de vista? Ou vive na esperança de que as coisas irão melhorar só após você compreender um pouco mais sobre Deus (Verdade)? Pare! As coisas estão excelentes agora. Elas têm de estar! A Perfeição (Deus) é a soma total do que constitui a sua vida.

Por apenas uma semana, contemple estes fatos. Deixe sua Consciência voar às altitudes supremas da Percepção. Eu lhe garanto que, em apenas uma semana nesta contemplação, você porá fim à ideia de que algo possa estar faltando em sua vida. E certamente, irá experimentar a evidência de uma grandiosa realização. Mas o seu propósito, com tal contemplação, deverá ser apenas voltado à alegria de reconhecer a totalidade de Deus.


segunda-feira, março 21, 2016

O QUE É SAMADHI?

Paramahansa Yogananda


O samadhi é a unidade com o Espírito, é o estado mais elevado o qual se consegue através da meditação prolongada e profunda. Samadhi é a expansão da alma no Espírito. Consiste em retirar a mente dos sentidos para unificá-la ao Espírito. Consiste em dissolver a bolha do ego no oceano do Espírito. Consistem em unificar a pessoa que medita, a meditação e o objeto da meditação, em um só. O samadhi é uma expansão da consciência humana na Consciência Cósmica. Consiste em retirar a consciência humana do plano dos sentidos para dirigi-la à subconsciência, à supraconsciência, à Consciência Crística e, finalmente, ao estado de Consciência Cósmica.

O samadhi consistem em expandir os poderes dos sentidos e das percepções do corpo de tal forma que esta possa sentir os sucessos que se desenvolvem em qualquer planeta e em qualquer ponto do espaço como se fossem as sensações próprias. Em outras palavras, o estudante avançado, mediante o poder do samadhi, pode sentir o universo como se fosse seu próprio corpo.

Um verdadeiro yogue pode sentir o céu como se fosse seu corpo e a Energia Cósmica como se fosse o alento de sua vida, e as grandes forças elétricas, térmicas e gravitacionais, como se fosse sua própria circulação. Pode sentir a batida de seu coração em todos os corações; pode sentir sua mente em todas as mentes; pode perceber os sentimentos de todos; pode sentir Sua presença em todo movimento.

O samadhi não é um contato imaginário da alma com o Espírito em um estado de inspiração subconsciente; não é uma alucinação no qual se podem perceber numerosas forças imaginárias; não é um estado inconsciente no qual tanto o conhecimento interno como o externo são suspensos.

A inconsciência é um estado de coma no qual o ego não se separa das vibrações da natureza nem da percepção desta. Durante a inconsciência, a consciência permanece adormecida. A inconsciência é como um clorofórmio mental no qual a atividade da consciência se paralisa por completo; é ocasionada por determinadas condições mentais e físicas.

As dualidades da experiência humana desaparecem através da unidade que se experimenta no samadhi, no qual se percebe que tudo se transforma em Espírito. Quando se está em samadhi, pode-se perceber o oceano do Espírito com as ondas de Sua criação, ou também, pode-se contemplar o mesmo oceano espiritual existindo transcendentalmente de forma serena, sem as ondas da criação.

No estado inicial de samadhi, o yogue [isto é, o que une sua alma ao Espírito mediante a meditação correta] permanece tão absorto no Espírito que esquece o universo material e o criado. Mas este estado não é inconsciente, pois se fosse supõe-se que haveria uma falta de percepção tanto interna como externa. A consciência espiritual plena do estado de samadhi só se pode adquirir mediante a disciplina da meditação regular e contínua e não tem nenhuma relação com a inconsciência.

No estado inicial de samadhi, o devoto se encontra retraído e absorto no Espírito, mas nos estados superiores e grandiosos, não só percebe o Espírito sem a criação, como também o Espírito manifestado em toda a criação. Este estado de conhecimento se chama Consciência Cósmica. O qual inclui a totalidade do universo. O conhecimento do devoto percebe todo movimento e toda a transformação que ocorre na vida, desde o movimento das estrelas até a queda de um pequeno pardal, assim como a rotação do mais diminuto elétron.

Quem assim submerge no estado de samadhi descobre que os sólidos se fundem nos líquidos, os líquidos no estado gasoso, os gases na energia e a energia se dissolve na Consciência Cósmica. Ele contempla que os universos objetivo e subjetivo se unem no Espírito e que seu ser material expandido se unifica ao ser espiritual superior. No lugar de experimentar a suspensão da vida e desta, converte-se na fonte mesma da vida e à alegria suprema eterna. Neste estado, a diminuta bolha da alegria se converte no mesmo Mar do regozijo.

Os diversos graus de samadhi produzem diversos estados de consciência: alegria perpetuamente renovada, ou sabedoria eterna, ou paz consciente, ou conhecimento da existência onipresente; estes estados produzem uma unidade da alma com o Espírito, o qual pode ser temporal, semi-permanente ou permanente.


sábado, março 19, 2016

Nossa Real Identidade e o Caminho do Meio

- Gustavo - 


Há alguns dias atrás, um leitor deixou o seguinte comentário:

Gostaria de um post sobre o que BUDA disse:

"O Eu é o mestre do eu. Que outro mestre poderia existir? Tudo existe, é um dos extremos. Nada existe, é o outro extremo. Devemos sempre nos manter afastados desses dois extremos, e seguir o Caminho do Meio." (Buda)

Muito obrigado.
Adolfo.


Atendendo ao pedido de nosso visitante, segue um comentário sobre a fala do Buda.

Buda é aquele que despertou para a sua real identidade. Ele está consciente de que seu ser não é o corpo físico que surge através do nascimento, vive uma curta duração de tempo, e que desaparece na morte. Ele identificou-se com Algo que está além do corpo físico. O corpo físico impele o ser humano a perceber o seu ser como algo separado de Deus e de toda a existência. O mundo ensina-nos a identificar nosso ser como sendo o corpo físico e, assim, experimentamos a nós mesmos como se existíssemos separados do Todo. Esse é o ego, o pequeno "eu", o qual existe a serviço da dualidade e da separação. Mas Buda (assim como outros grandes mensageiros iluminados) nos aponta a verdade de que nosso verdadeiro Ser não é o pequeno "eu" que se vê separado de Deus, mas sim o Eu transcendental que revela a Unidade do ser humano com tudo o que é.

Identificados com a separação (com o ego, o pequeno "eu") vivemos uma vida de dor, medo, angústia, sofrimento, carência, limitação. Essas serão a nossa experiência neste mundo sempre que o nosso ser estiver identificado com o pequeno "eu". Todavia, se ao invés de nos associarmos com a separação, nos identificarmos com a Unidade, nossa experiência neste mundo será de paz, alegria, amor, realização, integridade. Isso é o que está revelado por todos os mestres, escrituras e ensinamentos: a Unidade é realidade, a separação/dualidade é ilusão. É por isso que Buda diz: "O Eu é o mestre do eu. Que outro mestre poderia existir?". Nosso Eu Real, o qual existe sempre na luz da Unidade, é existência verdadeira. Ele é o Senhor a quem o pequeno eu deve se curvar e desaparecer. Quando o Eu verdadeiro brilha, o eu irreal tem de desaparecer, assim como a escuridão desaparece quando vem a luz.

"Tudo existe, é um dos extremos. Nada existe, é o outro extremo. Devemos sempre nos manter afastados desses dois extremos, e seguir o Caminho do Meio." 

Neste trecho, Buda traz o ensinamento sobre a importância do não-julgamento. Para conhecer a Verdade sobre o mundo como ele é, não se deve julgar como ele se nos apresenta. Ao longo da história sempre existiram discussões religiosas/filosóficas sobre a natureza do mundo. Alguns diziam que o mundo existia como parte integrante da realidade; outros diziam que o mundo não constituía parte da realidade, mas era uma ilusão/irrealidade.

O mundo é real ou irreal? Sobre isso a doutrina budista afirma: "É difícil conhecer o mundo como ele é verdadeiramente, pois, embora pareça real, ele não o é, e embora pareça falso, ele não o é. Os néscios não podem conhecer a verdade a respeito do mundo. Somente o Buda conhece verdadeira e completamente todas as coisas do mundo como elas são, e as ensina a todos os homens."

E Buda diz: se você quiser descobrir a verdade sobre o mundo, não o julgue, apenas o perceba. Apenas lance para ele uma percepção/olhar descomprometido, exatamente como o faz o espelho ao refletir qualquer coisa que se coloque diante dele. Ao proceder assim, você está se afastando de dois extremos. Um dos extremos diz que o mundo é real, o outro extremo diz que ele é irreal. Afastando-se dos extremos, e permanecendo no Caminho do Meio, você chega a conhecer Aquilo que é real. Uma Unidade é revelada sobre esses dois extremos. Mas isso não é algo para se ficar teorizando, é necessário colocar-se na posição de não-julgamento e buscar observar/perceber exatamente conforme Buda ensinou. Somente então você poderá ter a experiência de conhecer a Verdade.

Namastê!

quinta-feira, março 17, 2016

Quem é você? O que é?


Osho


Você me pergunta quem sou eu. Eu lhe digo: "Eu não sou". Estou sempre dizendo aos que buscam que perguntem a si mesmos "Quem sou eu?", não para que venham a saber quem são, mas para que chegue um momento em que a pergunta seja feita tão intensamente que o perguntador não esteja mais presente e só a pergunta permaneça. A pergunta não é feita para se obter uma resposta, mas sim para se transcender a própria questão.(...)

Para mim a questão "Quem é você?" não tem nenhum sentido. "O que é?" é a única pergunta relevante. Não quem, mas o que pode ser algo total, pode se referir à totalidade, a tudo o que existe.

A pergunta " O que é?" é existencial. Não tem dicotomias, não divide. Mas a questão quem já divide no próprio momento em que é proposta. Ela aceita a dualidade, a multiplicidade de seres.

Só há ser, não seres. Digo que há apenas ser, que há apenas o existir. Um não pode estar separado do outro. Se não há o outro, então dizer que um existe não tem sentido. Assim, o ser não existe, só o existir. (...)

Quando você pergunta: "Quem é você?" isso para mim significa: "O que é?".

"O que é" não é "eu", mas o próprio ser, a própria existência. Quando se mergulha fundo em uma única gota, encontra-se o oceano. Só na superfície a gota é apenas uma gota. Ela é a própria existência. Assim, a natureza última de uma simples gota de água é a mesma do oceano. É oceânica. Somente na ignorância alguém é uma gota de água. A partir do momento em que alguém sabe, sabe que é o próprio oceano.

O que é que existe? Há muitas camadas. Se alguém percebe apenas na superfície, aí existe a matéria. Matéria é a superfície. Tempos atrás, a ciência só investigava a superfície: acreditava-se que só a matéria era real, e nada mais. Agora, porém, a ciência deu mais um passo à frente. Ela afirma que não há matéria, só energia. Energia é a segunda camada. É mais profunda do que a matéria. Penetrando fundo na matéria não achamos matéria, sim energia. Mas também isso não é tudo, pois existe a consciência além da energia. Assim ao perguntar " Quem é você?" eu digo "Eu sou consciência" e essa resposta abrange tudo. Tudo é consciência: eu respondo tão somente como representante de tudo. (...)

A consciência existe, e quando digo que algo existe isso tem um significado particular: que isso nunca se tornará inexistente. Se algo pode cair na não-existência, isso significa que nunca existiu realmente. Era apenas um fenômeno; só aparentava existir.

Tudo o que muda é fenomenal; não é realmente existencial. Tudo o que muda está na superfície. O mais interno, o âmago supremo nunca muda. É, e está sempre presente. Nunca se pode dizer que era, nem se pode dizer que será. Uma vez que é, é. Só o presente se aplica a ele. (...)

Quando digo que a consciência existe, não me refiro a algo ligado ao passado ou ao futuro, mas a algo eterno, não interminável, porque a palavra interminável carrega um sentido de tempo. Quando digo que a consciência sempre existe no presente, quero dizer que ela é não temporal. Está além do tempo, e simultaneamente além do espaço, porque tudo o que está no espaço torna-se inexistente, assim como tudo o que está no espaço também se torna inexistente.

Tempo e espaço não são duas coisas: por isso os relaciono. São um só. O tempo é apenas uma dimensão do espaço. O "movimento no espaço" é tempo, e "tempo imóvel" é espaço. A existência é não-temporal, não-espacial.

Penso que agora você será capaz de entender quando eu digo que sou não-temporal e não-espacial. Mas o meu "eu" abrange tudo. Você está incluído nele, o questionador está incluído. Nada está excluído do meu "eu". Agora será mais fácil responder a sua pergunta."


sexta-feira, março 11, 2016

Aquiete-se! Silencie!

Hoje, com a inspiração que este vídeo proporciona, silenciemo-nos para orar e meditar!


quinta-feira, março 10, 2016

A "Visão do Mestre" está em nós!

- Núcleo - 


Divinos Amigos,

Um importante ponto a ser observado é que na Representação (na "terra", no "mundo fenomênico") Deus "aparece como" (Se revela como) cada um de nós!

Percebam que não há distância (no sentido de que não há separação) entre Deus e homem. O "Ser divino" e o "ser humano" são manifestações do "Ser". O que ocorre é que ser divino é ter Consciência de que somos o próprio Ser, ou seja, é ter a percepção de nossa unicidade com Deus; enquanto que ser humano é acreditar que somos separados do Ser.

Observem que a distância (a separação aparente) está apenas na visão. A visão do "ser humano" vela Unidade; a visão do "ser divino" desvela (revela) a Unidade. Assim, "ser divino" é perceber a Unidade que subjaz à multiplicidade.

Mas o que em nós percebe a unidade? 

Na metáfora de ator e personagem (que é a linguagem usada no Núcleo para explicitar as revelações espirituais), é a "Consciência" do ator que percebe a Unidade, que é a Realidade. A "mente" do personagem vê a multiplicidade, que é a Representação. 

Essa visão de que não há distância (de que não há separação) entre Deus e homem sempre foi enfatizada por todos os mestres da humanidade, que foram/são os personagens despertos, conscientes da real identidade de si mesmos. Jesus Cristo orou: "Pai, a minha vontade é que onde Eu estou (Ele está no Ser, está na Consciência Divina; está na visão da divindade) estejam todos os que me deste" (ou seja, estejam todos nesta mesma visão, neste mesmo referencial ou percepção). E completou assim: "Eu neles e tu em mim, para que sejam aperfeiçoados na Unidade". 

Masaharu Taniguchi disse: "cada um dos senhores é um Masaharu Taniguchi".
Sakyamuni disse: "Eu sou Buda e não há nenhum outro Ser além de mim." 

Ser um verdadeiro discípulo de qualquer um destes mestres é assumir seus ensinamentos como a Verdade revelada! 

O que compartilho a seguir é a quintessência de todo ensinamento espiritual. Aquele que assimilar este ensinamento perceberá sua Unidade com Deus e com todos os seres de todos os mundos! Viverá na "terra" com a Consciência de que está no "céu"! 

A "Visão do Mestre" está em nós! Essa é a Verdade! É o que todos eles revelaram. Mas há um detalhe essencial a ser notado.  A "Visão do Mestre" não está na mente do ser humano. A "Visão do Mestre" está na "Consciência do Ser"! Por isso na Bíblia está escrito que (foi compartilhada a percepção de que): "Nenhum homem jamais viu Deus.". E também está escrito  "Ninguém vai ao céu exceto Aquele que veio do céu."

É apenas a "Visão do Mestre" em nós que vai ao céu, porque é a "Visão do Mestre" em nós que vem do céu! 

A "visão da mente" do personagem são os pensamentos que estão na mente... estes não vão ao céu. Simples assim! 

Por isso é preciso aquietar a mente para ter a revelação divina (a percepção do alto, consciencial) de que: "Eu sou"

Na Bíblia está escrito que (ou seja, na Bíblia foi compartilhada a percepção): "Aquieta-te e saiba: Eu sou."

Porém, há "pensamentos" que nos elevam ao céu, mas estes não são "pensamentos da mente", são "pensamentos de Deus", são "percepções", são a "Visão do Mestre" em nós! Por isso é importante conhecermos os ensinamentos espirituais "do Mestre" para que possamos nos elevar do nível dos nossos pensamentos à "Visão do Mestre" em nós.  

Um passo importante no caminho espiritual é mantermos a humildade e reconhecer que é a "Visão do Mestre" em nós que nos conscientiza de nossa real identidade, de nossa Unidade com o Mestre! É importante a humildade porque à medida em que vamos assimilando os ensinamentos espirituais vamos nos considerando seres mais evoluídos que os demais seres... até nos conscientizarmos de que a "evolução" não é real e que ela existe apenas na Representação. Por isso os que tiveram a "experiência da iluminação", como Sakyamuni [o Buda], compartilharam a percepção de que: "Eu não sou um ser nascido neste mundo material, eu sou Buda e não há nenhum outro ser além de mim." 

Notem como Masaharu Taniguchi descreve o momento de seu despertar: 

"Até então, eu pensava que a mente fosse como um cavalo arisco, rebelde e imprevisível, e eu tinha a maior dificuldade em domá-la. Ouvindo a afirmação categórica de que “A mente também não existe!”, desmontei do cavalo arisco chamado “mente” e pisei no chão firme do mundo da Imagem Verdadeira (que no Núcleo é chamada de "Consciência do Ser"). 

Observem a seguir como Masaharu Taniguchi compartilha a mesma percepção de Sakyamuni! Ele descreve o seu despertar assim: 

"Naquele momento, compreendi claramente que a mente em ilusão é inexistente e, consequentemente, não existe também a “mente que alcança a iluminação por meio do despertar”. Compreendi que é um equívoco pensar que a mente em ilusão evolui, alcança a iluminação e se torna Buda. Compreendi que só existe a Mente (EU) da Imagem Verdadeira, que é Buda, que é Deus desde o princípio. Só existe o Universo do Jissô, que é a extensão da Mente-Jissô. 

O Buda fenomênico (Sakyamuni), que saiu do palácio do seu pai, Suddhodana, e meditou sob uma figueira durante seis anos para alcançar a iluminação, não era existência verdadeira. Unicamente o Buda eterno a quem ele se referiu na declaração “Eu sou Buda desde o princípio dos tempos” é existência verdadeira, e esse Buda eterno vive aqui e agora. 

Jesus Cristo na condição de homem fenomênico, que, pregado na cruz, clamou “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, não era existência verdadeira. Unicamente o Cristo eterno, a quem ele próprio se referiu na declaração “Antes que Abraão existisse, eu sou” é existência verdadeira, e esse Cristo eterno vive aqui e agora. 

Conscientizei-me de que eu também não sou um homem fenomênico nascido de minha mãe em 22 de novembro de 1893 e que só agora alcançou o despertar. Compreendi que sou um ser divino, um ser búdico, desde o princípio dos tempos."

Agora, meus Divinos Amigos, considerem o seguinte: 

Alguém aqui pensa que no momento de seu despertar perceberá algo diferente do que perceberam Sakyamuni e Masaharu Taniguchi? 

Se "pensa", este pensamento está na "mente de seu personagem" e é um pensamento equivocado! Este tipo de pensamento equivocado é o que Masaharu Taniguchi chama de "visão encoberta". 

E a seguir compartilho algo que pode surpreender alguns dos que leem este texto... Atentem bem!

Assim como é uma ilusão pensar que a mente humana evolui e que o "ser humano" se ilumina (ou seja, que o personagem se torna Buda), a própria "experiência de iluminação" (o momento do despertar) está na Representação! Isto significa que você já é Quem é, independentemente de seu personagem ainda não ter passado pela "experiência de iluminação"! Isso porque sua natureza e real identidade é Quem você É; é Quem sempre foi e é Quem sempre será! Sua real identidade é o "Ser real", o "Ser divino" e não o "ser humano" (o personagem que você pensa "estar sendo").

Sempre houve "personagens" na terra conscientes deste fato e que não passaram pela "experiência de iluminação". Krishna, como exemplo, não passou pela "experiência de iluminação" e revelou essa percepção, essa "Consciência".

Os ensinamentos de Krishna estão no Bhagavad Gita (A Canção do Senhor) no qual revela a Arjuna sua percepção. Arjuna representa aqueles personagens que almejam ter a "Visão de Krishna" (que é a chamada "Visão do Senhor").

Notem que Krishna esteve na Representação com a consciência (com a "percepção" / com a Visão) de "Ser divino"!

Ou seja, é possível estar na Representação e ter a "percepção" de "Ser divino".

Isto é possível porque não é a "mente" do personagem que tem essa "percepção", mas sim a "Consciência" do Ser.

Notem que isto não é algo tão impossível ou difícil quanto parece ser. Na verdade é bem simples, óbvio e elementar!

Basta partirmos da "Visão do Mestre", que é a "percepção" [da Consciência] e não dos "pensamentos" [da mente]. 

Como exemplo de que é algo elementar notem que na "Meditação Shinsokan" ensinada por Masaharu Taniguchi não é ensinado: "Dentro de instantes, assim que me concentrar... deixarei o mundo dos cinco sentidos e entrarei no mundo da Imagem Verdadeira..."

É dito simplesmente: "Neste instante deixo o mundo dos cinco sentidos e entro no mundo da Imagem Verdadeira."

Já pensaram em por que é assim?  

É assim porque quem "deixa o mundo dos cinco sentidos e entra no mundo da Imagem Verdadeira" é o próprio "Eu Verdadeiro"!

Este ensinamento do Núcleo existe para que todos estejam conscientes dessa possibilidade a cada instante! E para que todos apliquem essa visão na vida prática e que se deem conta de o quanto essa visão facilita nossa vida!

O que quero dizer é: Perceba que o seu "personagem" nem moveria a sua mão se o "Ator" que você É não o fizer! 

Pra quem percebe este fato isto é algo bem evidente, não requer dificuldade alguma, nem requer que façamos algo. Por isso é dito que perceber é algo simples, óbvio e elementar, quando se parte da percepção. Meditar é perceber!    

Uma das percepções compartilhadas no Núcleo é que "não há percepção sem ação". E é assim que sugiro que todos ajam! 

Acima de tudo, percebam Quem faz, Quem "aparece como" cada um dos personagens, inclusive roteiros, cenários!

Percebam, desfrutem e compartilhem essa percepção!


domingo, março 06, 2016

O que é a Verdade?

Pergunta: Querido Osho, por vezes, enquanto estou apenas sentado aqui, surge a pergunta na mente: O que é a verdade? Mas, ao mesmo tempo em que a pergunta surge, eu percebo que não sou sequer capaz de perguntar. Nesses momentos em que a questão surge tão fortemente, se você estivesse por perto eu lhe faria a pergunta mesmo assim. E nesses momentos, se você não respondesse, apenas sinto que eu teria que agarrá-lo pela a barba ou pelo colar e perguntar: "O que é a verdade, OSHO?"

 

Osho: Essa é a pergunta mais importante que pode surgir na mente de alguém, mas não há resposta para isso. A questão mais importante, a questão mais fundamental – e suprema – não pode ter qualquer resposta. É por isso que ela é suprema.

Quando Pôncio Pilatos perguntou a Jesus “O que é a verdade?”, Jesus permaneceu em silêncio. Não só isso, a história diz que quando Pôncio Pilatos fez a pergunta “O que é a verdade?”, ele não esperou para ouvir a resposta. Ele saiu da sala e foi embora. Isso é muito estranho. Pôncio Pilatos também pensa que não pode haver uma resposta para a questão, é por isso que ele não esperou pela resposta. Jesus permaneceu em silêncio porque ele também sabe que a pergunta não pode ser respondida.

Mas essas duas compreensões não são as mesmas, porque essas duas pessoas são diametralmente opostas. Pôncio Pilatos pensa que a pergunta não pode ser respondida porque não existe algo tal como a verdade; então como seria possível a você dar uma resposta? Essa é a mente lógica, a mente romana. Jesus permanece em silêncio não porque a verdade não exista, mas porque a verdade é tão vasta, que ela não pode ser definida. A verdade é tão grande, tão enorme, que não pode ser confinada em uma palavra, não pode nem mesmo ser confinada na combinação de um milhão de palavras. Ela não pode ser reduzida à linguagem. Ela está lá, definitivamente. O indivíduo pode sê-la, mas não pode dizer algo sobre ela.

Por duas razões diferentes eles se comportaram quase da mesma forma: Pilatos não esperou para ouvir a resposta, ele já sabia que não há verdade. Jesus permanece em silêncio porque ele conhece a verdade, e sabe que nada é possível ser dito.

Chilvilas foi quem fez essa pergunta. A questão é absolutamente significativa. Não existe questão maior do que essa, porque não há religião superior à verdade. A questão tem de ser entendida, tem de ser analisada. Ao analisar a questão, e tentar compreender a pergunta em si, você pode ter um insight sobre o que é a verdade. Eu não vou responder isso, eu não posso responder a pergunta, ninguém pode responder. Mas podemos penetrar fundo na questão. Indo fundo na questão, a questão vai começar a desaparecer. E quando a pergunta tiver desaparecido, você vai encontrar a resposta lá no âmago do seu coração – você é a verdade, assim como você pode perdê-la? Talvez você apenas tenha se esquecido dela, talvez você tenha apenas perdido o rastro dela;  você pode ter se esquecido de como entrar em seu próprio ser, em sua própria verdade.

A verdade não é uma hipótese, a verdade não é um dogma. A verdade não é hindu, nem cristã, tampouco muçulmana. A verdade não é minha nem sua. A verdade não pertence a ninguém, mas todo mundo pertence à verdade. A verdade significa aquilo que é: esse é exatamente o significado da palavra. Ela deriva de uma raiz latina, verus. Verus significa: aquilo que é. Em inglês, algumas palavras são derivadas da raiz latina verus: waswere – elas vêm de verus. Verus significa aquilo que é, sem interpretações. Quando entra a interpretação, o que você passa a conhecer é a realidade, e não a verdade. Essa é a diferença entre a verdade e a realidade. A realidade é verdade interpretada.

Assim, no momento em que você responde à questão “O que é a verdade”, a verdade se converte em realidade; ela já não é mais verdade. A interpretação entrou nela, a mente tornou-a colorida. E as realidades são muitas, existem tantas realidades quantas mentes possam existir. Existem multi-realidades. A verdade é uma porque é conhecida apenas quando a mente não está lá. É a mente que o mantém separado de mim, separado dos outros, separado da existência. Se você olhar através da mente, a mente vai lhe proporcionar uma fotografia verdade. Essa será apenas uma foto, uma imagem do que é. E, claro, a fotografia depende da câmera, do filme utilizado, dos elementos químicos, da forma como foi desenvolvido, de como foi impressa, de quem a fez... Mil e uma coisas entram no processo. Então a verdade é convertida em realidade.

A palavra realidade também é bela de ser compreendida. Ela vem da raiz res, que significa “coisa” ou “coisas”. A verdade não é uma coisa. Uma vez interpretada, uma vez que a mente a tenha agarrado, a tenha definido e demarcado, ela se torna uma coisa.

Quando você se apaixona por uma mulher, há ali alguma verdade – se você se apaixonou naturalmente, absolutamente sem querer, sem ter feito coisa alguma de sua parte, e sem ter pensado nisso de modo algum... De repente você vê uma mulher: você a olha nos olhos, ela também olha nos seus, e subitamente algo clica. Você não está fazendo nada daquilo, você está simplesmente tomado/possuído pelo que está acontecendo, e quando menos espera se vê completamente dentro daquilo. Aquilo nada teve a ver com você. Seu ego não está envolvido, ao menos não naquele início, quando o amor ainda é virgem. Naquele momento há verdade, e não há interpretação. É por isso que o amor permanece indefinível.

Logo a mente entra, toma posse de você e começa a administrar as coisas. Você começa a pensar sobre a garota como sua namorada, você começa a pensar em como se casar, e começa a pensar sobre ela como sua esposa. Agora, tudo isso são coisas: a namorada, a esposa – essas são as coisas. A verdade não está mais lá, foi recuada para um plano secundário. As “coisas” passaram a ser mais importantes. O definível é mais seguro, o indefinível é inseguro. Você começou a matar/envenenar a verdade. Cedo ou tarde haverá uma esposa e um marido, que são suas coisas. Mas a beleza se foi, a alegria desapareceu, a lua de mel acabou.

A lua de mel termina no exato momento em que a verdade se torna realidade, quando o amor se torna um relacionamento. A luz de mel é muito curta, infelizmente – eu não estou me referindo sobre a luz de mel para onde vão você e seu cônjuge. A lua de mel é muito curta. Ela estava lá por um breve momento. A pureza e a beleza que ela carrega, aquela pureza cristalina, divina e transcendente – é pertencente à eternidade, não é do tempo. Não faz parte desta vida mundana, é como um raio trazendo luz para um lugar escuro. Ela vem do transcendental. É absolutamente apropriado chamar o amor de Deus, porque o amor é a verdade. A coisa mais próxima da verdade a que você pode chegar ma vida comum é o amor.

Chilvilas pergunta: “O que é a verdade?”

A pergunta deve desaparecer; somente então você saberá.

Quando você pergunta “O que é a verdade?”, o que você está peguntando? Tente entender isso. Se eu digo que “A” é verdade, “B” é verdade, “C” é verdade... isso seria realmente uma resposta? Se eu disser que A é a verdade, então A certamente não pode ser a verdade: é apenas algo que estou usando como sinônimo da verdade. Se A for um sinônimo total e completo da verdade, então haverá uma tautologia. Então eu poderia dizer: “A verdade é a verdade”, mas isso de nada adiantaria, seria só uma tolice sem sentido. Se ambos forem exatamente o mesmo, ou seja, se A for exatamente a verdade, então isso significará que “a verdade é a verdade”. Por outro lado, se A for diferente, ao invés de exatamente a verdade, então eu estarei falsificando e enganando. Então dizer “A é a verdade” será apenas aproximado. E lembre-se, em se tratando da verdade, não pode haver nada que seja aproximado. Ou é a verdade, ou não é. Logo, mesmo que tentasse lhe responder com significado aproximado, eu não poderia dizer que A é a verdade.

Eu não posso nem mesmo dizer que "Deus é a verdade", pois se Deus é a verdade, isso seria uma tautologia, significando que "A verdade é a verdade". Nesse caso, apesar de eu estar lhe dizendo a resposta, não estaria dizendo realmente nada. Se, todavia, Deus é diferente da verdade, então eu poderia dizer alguma coisa, mas então eu estaria dizendo algo errado/falso. Porque, se Deus é diferente da verdade, como Ele poderia ser a verdade? Se eu disser que minha resposta é aproximada, linguisticamente parece tudo bem, mas não é certo. "Aproximado" significa que um pouco de mentira está lá, que há algo falso lá. Do contrário, o que mais poderia impedir uma verdade cem por cento? Se é 99 por cento verdade, então existe algo que não é verdade. E a verdade e a mentira não podem existir juntos, assim como a escuridão e a luz não podem existir juntos - porque a escuridão nada mais é do que ausência. Ausência e presença não podem existir juntos, mentira e verdade não podem existir juntos. A inverdade nada mais é do que a ausência da verdade.

Portanto, nenhuma resposta é possível. Foi por isso que Jesus permaneceu em silêncio. Mas se você puder olhar para o silêncio de Jesus com simpatia profunda, você perceberá que há uma resposta. O silêncio é a resposta. Jesus está dizendo: "Fique silencioso, assim como eu estou silencioso, e você vai saber". Note que ele não está dizendo isso com palavras. Esse é um gesto muito, muito Zen. Naquele momento em que Jesus permaneceu em silêncio, ele se colocou muito perto da abordagem Zen, e também da abordagem budista. Naquele momento ele era um Buda. Em sua vida, Buda nunca respondeu a perguntas como esta. Ele tinha 11 perguntas enumeradas: aonde quer que ele fosse, seus discípulos iam na frente e declaravam às pessoas: "Buda está vindo, mas nunca perguntem a ele essas 11 questões" - questões que são fundamentais, questões que são realmente significativas. Você poderia perguntar qualquer outra coisa e Buda se prontificaria imediatamente a responder. Mas não pergunte sobre o fundamental, porque o fundamental pode apenas ser experimentado. E a verdade é de todo o mais fundamental, o mais essencial; a própria substância da existência é o que é a verdade.

Analise bem a questão. A questão é realmente significativa, e está surgindo em seu coração: "O que é a verdade?". Um desejo de conhecer aquilo que é está surgindo. Não deixe de lado a sua pergunta, vá bem fundo nela. Childvilas, sempre que a pergunta surgir novamente, feche os seus olhos, e olhe atentamente para a questão. Deixe que a questão esteja muito, bastante focada... "O que é a verdade?"... E deixe haver grande concentração. Esqueça tudo, como se toda a sua vida dependesse dessa única pergunta – "O que é a verdade?". Permita que isso se torne uma questão de vida ou morte. E não tente respondê-la, porque você não sabe a resposta.

Muitas respostas podem vir para você, a mente sempre tentará supri-lo com respostas. Mas veja o fato de que você não conhece a resposta – é justamente por isso que você está perguntando. Isso não é óbvio? Então, como pode a sua mente fornecer a resposta? Perceba esse fato e tenha-o em mente. A mente não sabe, não conhece; desse modo, sempre que ela vier com respostas, diga a ela: "Fique quieta". Você não conhece a resposta, daí a sua pergunta.

Portanto, não seja enganado pelos brinquedos da mente. Ela o provê com muitos brinquedos; ela diz: "Veja, está escrito na Bíblia. Veja, está escrito nos Upanishads. A resposta é X. Veja, Lao Tzu escreveu que Y, essa é a resposta." A mente pode atirar todos os tipos de escrituras sobre você, pode fazer citações, pode usufruir da memória. Em sua vida, você ouviu falar sobre bastantes coisas, leu muito sobre várias coisas; a mente carrega todas essas memórias. Ela pode repetir tudo de forma mecânica. Mas olhe de perto para este fenômeno: a mente não sabe realmente nada, e tudo o que a mente está repetindo nada mais é do que conhecimento emprestado.

Cuidado com a mente. A mente fará citações, ela tentará provar de todas as formas possíveis ter a resposta certa pra tudo. A mente sabe tudo sem saber nada. A mente é um fingidor, uma enganadora. Olhe para este outro fenômeno (a isso eu chamo insight): não é uma questão de pensamento. Sempre que você pensar sobre isso, é novamente a mente. Você deve ver (intensamente e de uma vez por todas) através de toda atuação, de todo funcionamento e do mecanismo da mente. A sua visão tem de apreender tudo de uma vez, do contrário sua visão será superficial. E uma visão superficial não é realmente uma visão, é um pensamento. Você tem de compreender/olhar profundamente para o fenômeno: para o funcionamento da mente, o modo como a mente atua/trabalha. Ela toma conhecimento emprestado daqui e dali, e segue acumulando conhecimento da mesma forma como um ferro velho acumula todo tipo de entulho. A mente é como o dono de um ferro velho. Ela se enche de conhecimento, e sempre que lhe ocorre uma pergunta que é realmente importante, a mente o providencia com uma resposta sem importância – fútil, superficial, lixo.

Um homem comprou um papagaio em uma loja de animais. O proprietário da loja garantiu a ele que o pássaro iria aprender a dizer “alô” em apenas meia hora. Ao voltar para casa ele passou uma hora cantando “alô” para o pássaro, mas o pássaro não tinha pronunciado uma palavra sequer. Quando o homem foi desistindo e se afastando em grande frustração, o pássaro disse: “o número está ocupado.”

Um papagaio é um papagaio. Ele deve ter ouvido aquelas palavras na loja de animais. E este homem seguia dizendo “olá, olá, olá”, e durante todo o tempo o pássaro estava escutando, apenas esperando ele parar. Então ele poderia dizer, “o número está ocupado!”.

Você pode continuar perguntando à mente, “O que é a verdade, o que é a verdade, o que é a verdade?”. E no instante em que você parar, a mente imediatamente dirá: “o número está ocupado”, ou algo parecido. Tenha cuidado com a mente.

A mente é o diabo, ela é o demônio, não existe nenhum outro. E é a sua mente. Essa percepção/insight tem de ser desenvolvido: de olhar inteiramente para ela de uma única e só vez, inteiramente, totalmente, por completo. Corte a mente em duas com um golpe forte e afiado da espada. Essa espada é a presença, a consciência. Corte a mente em duas e siga em frente atravessando-a, para além dela! E, ao atravessá-la, se você puder ir além da mente, e um momento de não-mente eclodir para você, subitamente você verá a resposta – não uma resposta verbal, não um texto citado entre aspas, mas uma resposta autenticamente sua, uma experiência. A verdade é uma experiência existencial.

A questão é imensamente significante, mas você tem que ser muito respeitoso para com a questão. Não tenha pressa para encontrar qualquer resposta, caso contrário alguns entulhos acabarão por matar a resposta. Não permita que a sua mente destrua a sua pergunta. A maneira que a mente tem de destruir a pergunta é fornecendo uma resposta sem vida, sem experiência.

Você é a verdade! Mas a realização/constatação disso somente pode acontecer quando você estiver em completo e total silêncio, quando não há nem mesmo um único pensamento, quando a mente não tem nada a dizer, quando não há nem mesmo uma única ondulação em sua consciência. Quando não há ondulação em sua consciência, sua consciência permanece sem distorções. Quando há uma ondulação, existe uma distorção.

Basta ir a um lago. Fique em pé sobre a margem do lago, e olhe para o seu reflexo. Se houver ondulações no lago e o vento estiver soprando, o seu reflexo ficará trêmulo. Você não poderá definir onde exatamente estão as coisas – qual parte é o seu nariz e qual parte são os seus olhos – poderá apenas tentar adivinhar. Mas quando o lago está silencioso e o vento não está soprando e não há uma única ondulação na superfície do lago, de repente você está lá. Inteiramente, em absoluta perfeição, o seu reflexo está lá. O lago se torna um espelho.

Sempre que houver um pensamento em movimento em sua consciência, as coisas ficarão distorcidas. E há muitos pensamentos, milhões de pensamentos estão correndo continuamente, e para eles sempre é a hora do rush. Todas as vinte quatro horas do dia são a hora do rush, e o tráfego continua infindavelmente por todas as horas do dia. E cada pensamento está associado com milhares de outros pensamentos; eles estão todos de mãos dadas relacionando-se entre si, completamente interligados, e toda essa multidão está correndo em volta de você. Como você pode saber o que é a verdade? Saia dessa multidão.

Isso é o que é meditação, é disso que a meditação se trata: uma consciência sem mente, uma consciência sem pensamentos, uma consciência firme sem oscilações, límpida como um lago. Então subitamente a resposta está lá em toda sua beleza e bendição. Então a verdade é conhecida – chame-a Deus, Nirvana, ou use qualquer outro nome que você preferir. De repente ela está lá, simplesmente; e está lá na forma de uma experiência. Você está nela e ela está em você.

Utilize bem a sua pergunta. Tire dela todo o proveito possível. Torne-a cada vez mais penetrante e focada; coloque tudo em jogo a fim de que a mente não possa enganá-lo com suas respostas superficiais. Uma vez que a mente desaparecer, quando ela não mais estiver jogando com seus velhos truques, você vai saber o que é a verdade. Você saberá disso em silêncio. Você saberá em um estado de consciência sem pensamentos.

Osho - The Heart Sutra

sexta-feira, março 04, 2016

Como agem aqueles que já estão despertando



Como as pessoas que estão despertando estão agindo?

1 - Querem questionar suas existências. Querem buscar o autoconhecimento e têm coragem de acessar suas verdades e descobrir que realmente são.

2 - Não têm medo do auto-enfrentamento e preferem sair da zona de conforto ao invés de continuarem presas aos velhos condicionamentos doentios como o medo, o sofrimento e a desesperança.

3 - Não aceitam mais a esperança como padrão para as suas vidas. Estão trocando os sentimentos de esperança pelos sentimentos de confiança. Pois já descobriram que a esperança é somente um maneira bonita de continuar esperando sempre por amanhãs, eternos amanhãs que nunca chegam.

4 - Querem agir ao invés de apenas aguardar que outras pessoas façam o que somente elas podem fazer para mudar as suas vidas.

5 - Não esperam mais que os milagres caiam do céu pela força do acaso, como se fosse possível o Universo dar algo sem querer nada em troca.

6 - Não pedem nada de graça, querem retribuir e não apenas receber.

7 - Já descobriram que não têm controle sobre as outras pessoas e não querem mais mudá-las. Mas lutam para dar o máximo de si para que seus exemplos mudem as outras pessoas.

8 - Não querem mais tudo na hora que desejam. Estão compreendendo que a paciência no fundo é uma prática da paz com a consciência. Têm plena certeza que tudo virá no momento certo e mais adequado. Trabalham insistentemente e com convicção para aquilo que desejam, mas não tentam mais controlar o tempo, pois sabem que não têm esse poder.

9 - Não brigam mais, preferem conversar e dialogar. É impossível entrar na quinta dimensão por exemplo um casal que discute constantemente por motivos fúteis como ciúmes ou medo. Sabem que a traição não é um problema do traído, mas sim de quem trai, pois este sim está com um sério problema para ser resolvido em sua vida.

10 - Se posicionam perante as dificuldades e não potencializam mais o problemas. Potencializam sim as soluções. Sempre as soluções.

11 - Trocaram os sentimentos de inveja pelos sentimentos de admiração.

12 - Têm certeza de que tudo o que for para ser, já é. Estão começando a acessar seus propósitos de vida, decretados antes dos seus nascimentos. Sendo assim sabem que há vida após a morte, há vida antes do nascimento e há vida o tempo todo. A vida não cessa jamais.

13 - Já descobriram que as pessoas não mudam, elas apenas vão se transformando naquilo que realmente são e sempre quiseram ser.

14 - Não querem mais perder tempo reclamando. Seus pontos de vistas estão mudando gradativamente e estão começando a enxergar que este mundo é repleto de coisas possíveis de agradecimento diário.

15 - Não querem apenas sobreviver, querem viver intensamente as suas vidas, pois sabem exatamente o valor espiritual que elas possuem.

16 -  Estão começando a compreender que a gratidão é o sentimento mais poderoso que existe, e que este sentimento possui uma vibração altíssima capaz de transmutar todos os sofrimentos em cura, todos as mazelas em concórdias e elevações.

17  -  Já entendem que a felicidade não está no futuro como disseram para elas desde que nasceram. Sabem que a felicidade verdadeira está no agora e se chama gratidão. Não buscam mais a felicidade, pois sabem que quem está em busca da felicidade no fundo está decretando para si mesmo que é uma pessoa infeliz. Sentem-se felizes porque sabem que é dentro do presente dinâmico e eterno onde tudo acontece.

18  -  Sabem que podem criar suas realidades a partir da imaginação e do poder das suas intenções. Não desejam coisas a esmo, desejam com potência e intensidade, pois somente assim conseguirão dialogar com a natureza e manifestar os milagres sobre a Terra.

19  -  Não querem perder tempo com fofocas e conversas que não levam a lugar algum. Sabem inverter as vibrações dos ambientes e neutralizar as energias negativas de forma consciente e eficaz.

2 0 - Estão optando por valorizar mais as pessoas do que as coisas. Sabem que as coisas materias têm preço e a coisas imateriais como as amizades verdadeiras e o amor são coisas preciosas, que por sinal serão somente essas que levarão para além desta vida.

21 - Não querem mais viver num mundo de acúmulos de coisas e consumo doentio. Querem compreender o que é o compartilhamento mútuo e desejam viver em harmonia. Querem dividir para somar e não acumular para juntar.

22 - Não querem mais perder tanta energia tentando se equilibrar. Preferem a harmonização, pois sabem que todos aqueles que tentam se equilibrar uma hora caem, pois estão vivendo o tempo todo numa espécie de corda bamba.

23 - Querem resolver os problemas o mais rápido possível e só atraem pessoas que pensam da mesma forma. Detestam conviver e trabalhar com pessoas enroladas que não gostam de decidir e estão sempre tentando controlar mental e psiquicamente as outras pessoas.

24 - Estão completamente salvas das mazelas da procrastinação. Querem ir adiante e agir.

25 - Estão se sentindo diferentes das outras pessoas, mas sabem que não são melhores que ninguém. Sabem que não são pessoas especiais, mas ao mesmo tempo terão mais responsabilidades perante a sociedade.

26 - Estão isentas de qualquer tipo de preconceito justamente por saberem que um dia já foram em vidas passadas ou poderão ser em vidas futuras aquela pessoa a qual a sociedade pede para julgar. Há somente respeito. Não há discórdia.

27 - As religiões estão ficando em segundo plano. O que importa é a sua ligação direta com Deus. Sem intermediários.

28 - Estão tendo sonhos lúcidos e projeções fora do corpo que elucidam suas vidas passadas e futuras.

29  -  Estão tendo acesso aos seus mentores espirituais através da intuição e da clarividência.

30 - Querem e creem no mundo melhor. Não aceitam a ideia das catástrofes e da falta de amor na humanidade. Têm absoluta certeza que a luz vencerá a escuridão como sempre fez.

31 - Não estão mais conseguindo assistir televisão.

32 - Sabem que a quinta dimensão não é um lugar, mas sim uma frequência.

33 - Não têm mais medo do desconhecido. Sabem que o mundo extrafísico faz parte da Natureza dos homens e a paranormalidade deve ser encarada como algo natural e não como algo amedrontador.

34 - Sabem que o lado Sombra é sintonizado pelo orgulho, egoísmo, ganância, inveja, medo e ilusão.

(Autoria: Carlos Torres)

terça-feira, março 01, 2016

Quando o "eu" desaparece, Quem sou eu?

- Sri  Bhagavan - 


QUESTÃO: Se o "eu" é uma ilusão, quem sou eu? Qual é minha real existência?

BHAGAVAN: "Você não existe. Essa é a verdade. Essa sensação de "eu e você", a sensação de separação é uma ilusão. Ela realmente não existe. 

Por exemplo: quando você me vê, você não está me ouvindo; e quando você me ouve, não me vê. Mas isso acontece tão rapidamente que você tem essa ilusão de que você está vendo e ouvindo ao mesmo tempo. Os seus sentidos estão sendo coordenados como num filme. A menos que você tenha um conjunto de imagens se movimentando por segundo, você não verá o movimento da mão na sala de cinema. Se o projetor é desacelerado, ele se torna um único slide. Da mesma forma aqui os sentidos estão coordenados a uma velocidade tão grande que você sente que está vendo, ouvindo, tocando... como se todas estas coisas estivessem acontecendo ao mesmo tempo. É essa ilusão que cria o (falso) sentido de "MEU" e "EU". Se isso é desacelerado, todos vocês simplesmente desaparecem! 

Então, agora você está lá.

Se eu acalmar seus sentidos, se você me der permissão, você simplesmente desaparecerá.

Você voltará para casa! Mas você ainda será muito funcional, será de fato muito eficiente. A sensação de separação desapareceria completamente. O que permaneceria é a Vida, ou podemos chamar de pura consciência - o material a partir do qual todo este Universo é feito.

O que está lá por último é a consciência, que deve apenas ser experienciada.

Como você poderia ver a si mesmo? Não há nenhuma maneira de ver a consciência, porque você é isso.

Sua verdadeira natureza é Ananda e Amor. É um amor sem causa.

O que você chama de amor não é realmente amor. Ou você implora amor, pede amor a alguém, ou se você dá amor, é para alguém grande ou famoso ou rico ou você tem algo a ganhar com isso. Você ama sua esposa ou marido porque ele ou ela significa algo para você. Você possui alguém, você está apegado a alguém. Esse não é o amor do qual estamos falando.

O amor a que me refiro é um amor sem causa. Está lá. Isso só acontece para você quando o "eu" desaparece.

É uma coisa muito simples: os sentidos são abrandados um pouco... e eis que "você" não está lá! O que há é Vida. Você vai sentir que é um com o Universo, completamente um

Não se trata de uma experiência mística. Uma experiência mística acontece quando a kundalini sobe pelos chakras. Mas quando a energia volta para baixo a experiência cessa. Nós não estamos falando sobre isso. Estamos falando de um estado muito intenso de 24 horas de consciência irreversível.

Mas você está completamente fora desse estado.

Para atingir este estado você deve se qualificar. A qualificação é: ajustar seus relacionamentos.

Demora apenas 7 minutos para que eu lhe dê esse estado onde você percebe tudo sem o "eu".

Por exemplo: quando eu olho para vocês, não sinto que estão fora de mim. É como se todos vocês estivessem dentro da minha barriga, eu nunca vejo nada como separado. É um fato e realidade para mim, e é assim que todas estas 320 pessoas que estão nesse estado estão experienciando. Você pode experienciá-lo. O outro não está fora de você. Estranhamente as fronteiras do corpo cessam. Você não mais vê como sua mão ou seu corpo, isso desaparece. A coisa toda se torna seu corpo, é uma parte de você.

É então que você encontra esse amor verdadeiro, porque é uma parte de você. Não há uma causa, e não há dúvida da mente voltando ou se preocupando com o passado ou se projetando ou pensando no futuro. Ele vive no momento. Cada momento que esse amor vive, você começa realmente a viver.

Agora, o que acontece é que você está apenas existindo.

Você vive porque tem medo de morrer. Caso contrário, não vê razão para continuar com sua vida medíocre.

Você se levanta de manhã, vai ao banheiro, escova os dentes, toma café, arruma seu almoço, vai para o trabalho ou faz algum negócio, volta, discute com sua esposa, com o seu filho... novamente volta a assistir sua TV... dia após dia... essa rotina medíocre, sem sentido, sem propósito.

Você naturalmente cria algum significado.

Você diz: - "Estou fazendo um trabalho social... ajudando o ser humano...", e todos os tipos de coisas que você precisa inventar.

Não há sentido algum porque, no fundo, só há tristeza dentro de você. Você não sabe o que fazer com sua vida. Você está nessa armadilha mecânica criada por você mesmo, pelo "eu".

Assim, você criou várias válvulas de escape, mecanismos, e continua com este tipo de vida, e a única razão pela qual você não está doente é porque, provavelmente, você tem medo de morrer. 

Vocês não tiveram momentos de êxtase ou felicidade ou alegria. Isso é vida.

Você certamente se perdeu em tudo isso.

Então, às vezes eu fico maravilhado com as pessoas que são capazes de viver. Isso realmente me deixa perplexo.

Para mim, conceder o despertar ou a Iluminação a alguém não é um problema. Para mim, o problema é que eu me pergunto como as pessoas continuam a viver, quantas válvulas de escape podem criar! Elas têm TV, computadores, paraquedas, e tantas coisas mais.... de alguma forma vocês devem gerenciar suas vidas.

Vocês estão gerindo seu sofrimento, escapando da tristeza, fazendo todas essas coisas, mas, fundamentalmente, a dor está aí dentro. Aquela dor, o que é isso? Qual é o sentido da vida? Para onde estamos indo? Estamos envelhecendo e parece que não alcançamos nada e qual é o propósito de tudo isso?

Esse é o significado da palavra "DUKHA".

Não há tradução para ela em Inglês. Utilizamos a palavra “sofrimento”, que não é o verdadeiro significado de "dukha". É uma dor muito abstrata e não claramente definida que você tem, a dor que Buda tinha.

Buda tinha tudo na vida e ainda assim a dor estava lá, aquela sensação de "o que é tudo isso?". Isso é o que queremos dizer com “dukha”.

Então, isso tem que sumir.

Essa é a razão para o Mukthi Yagna (a concessão da iluminação pelo Avatar). Mas primeiro você deve sentir a dor. Essa é a primeira qualificação.

Se você não sentir a dor e disser "Ok, prefiro administrar o meu sofrimento, estou feliz assim", então eu não tenho negócios com você. Só posso ajudá-lo se isso for realmente um problema para você.

A segunda coisa: seus relacionamentos. Isso é muito importante.

Então você está pronto para receber a minha Graça - Mukti.

Só então você saberá o que é o verdadeiro amor, o que é compaixão, o que é compartilhar sua vida com os outros, o que toda essa conversa de Unidade é. Todas as escrituras começam a se revelar para você. Ninguém precisa lhe ensinar. Você é seu próprio guru, você mesmo pode VER.

Libertação do trabalho é Libertação da Sociedade, que é Libertação da Civilização, que é Libertação do Conhecimento, Libertação da mente, Libertação do "eu", Libertação dos sentidos, e a Libertação da Vida é ILUMINAÇÃO."