quarta-feira, julho 30, 2014

A Natureza do Indivíduo como Consciência

DEUS, A SUBSTÂNCIA DE TODA A FORMA
(Joel S. Goldsmith)

- Capítulo 9 -

A NATUREZA DO INDIVÍDUO COMO CONSCIÊNCIA

É provável que o ponto mais importante da vida espiritual venha a ser a questão: “Que é Deus?”. A pesquisa dos diferentes conceitos de Deus indica que para algumas pessoas Deus é visto como Mãe; para outras é visto como Pai; para algumas é considerado como Mente, Lei ou Princípio; e por fim algumas O consideram Pai-Mãe. Se o conceito for iluminado, um termo não será mais importante ou adequado que o outro, mas a nossa maneira de considerar frequentemente limita o nosso conceito do Infinito a uma forma finita.

A maior declaração jamais feita sobre o nome ou natureza de Deus diz que, se você puder dar-Lhe um nome, aquele não é Ele. E isto é verdade. Se der a Ele um nome, você estará batizando algo além de você próprio, e aquele não poderá ser Deus, pois o próprio Ego que está dando aquele nome não é outro senão Deus. Da mesma forma não poderá haver realmente uma busca pela verdade porque aquele que está buscando é a verdade. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14: 6). Como poderia eu buscar a vida eterna, se eu próprio sou aquela vida eterna?


A NATUREZA DE DEUS

Qualquer nome ou termo que pudéssemos aplicar a Deus seria errôneo em si, pois implicaria em dualidade. Sob este ponto de vista há uma experiência interessante do líder hindu Ramakrishna, que viveu no final do último século.

Desde criança, quando já ajudava no altar do templo, ele sentia profunda aspiração por Deus, sentia-se faminto por Deus. Como um dos deuses da Escritura Oriental era conhecido por Mãe Kali, esta era a designação usada por Ramakrishna quando se referia a Deus. Ela passou a ter tamanha realidade para ele que todas as suas preces e devoção eram dedicadas a ela.

Certo dia, uma mulher de grande elevação espiritual veio a Ramakrishna e se ofereceu para erguê-lo ao mais alto grau de consciência espiritual, onde ele se conscientizaria de sua unidade com Deus. Ramakrishna aceitou e a mulher permaneceu por algum tempo com ele, meditando junto dele até que sua consciência lhe permitiu dizer: “Ah, eu sou!”. Ele teve a plena conscientização de que eu e o Pai somos um – “Eu sou Ele” (Soham). Porém, posteriormente, conta-se que naquele estado de consciência onde não havia nenhuma Mãe Kali ele passou a sentir solidão, e voluntariamente abandonou sua consciência da unidade absoluta para retornar ao senso de dualidade.

Na Índia, um dos termos mais destacados para Deus é Mãe. Às vezes a palavra Pai é empregada, mas a designação “Mãe” é a que prevalece. Este ensinamento hindu atingiu a Europa e alguns europeus também passaram a pensar em Deus como Mãe. Mas a fim de apreender uma ideia mais clara da totalidade de Deus, mais tarde muitos europeus adotaram a designação Pai-Mãe, que é hoje empregada em muitos lugares. Embora esse termo tivesse sido inicialmente introduzido neste país pelos Quakers, que o criaram do conceito oriental de Deus como Mãe e do conceito ocidental como Pai, ele é muito frequentemente usado na Ciência Cristã e na Unidade.

No Antigo Testamento você verá que Abraão falava de Deus como Amigo. Este foi o seu conceito desta Presença e Poder espiritual – Amigo. E ele conversava com Deus como se o fizesse com um amigo.

Para Jesus, Deus era considerado como Pai, e este conceito é encontrado em todo o seu ministério. “O Pai que está em mim...”(João 14: 10)... “Meu Pai trabalha até agora.”(João 5: 17). Sempre seu relacionamento com Deus era como se Deus fosse um Pai: “Quem me vê a mim vê o Pai... “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim?”(João 14: 9-10). “Eu e o Pai somos um.”(João 10: 30). Dos registros do Evangelho de João somos levados a crer que antes da crucificação, Jesus havia conscientizado sua unidade com Deus, vendo que tudo da natureza humana era somente um vidro embaçado através do que a Infinitude estava aparecendo. Ele aprendeu a não ter desejos conscientes, mas a deixar-se conduzir por Deus, conscientizando não haver Deus e ele, mas que realmente Deus é tudo que existe. De Jesus nós recebemos o ensinamento: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14: 6)... “Eu sou a videira, vós sois os ramos” (João 15: 5). Todo o seu ensinamento está fundamentado no Eu Sou.

Como estudantes da sabedoria espiritual, todos vocês já sabem da existência de muitos estados e estágios de consciência. Para alguns, Deus é claramente compreendido quando visto como Mente. Há outros que só conseguem visualizá-Lo como Princípio ou como Lei do universo. Existem ainda aqueles que amam a natureza – plantas, flores, e árvores – e têm um conceito de Deus como Vida, a suave Vida que a tudo permeia. Nesses casos, cada um está interpretando Deus de acordo com seu próprio estado de consciência. 

Há pessoas que entram nesta vida sob o ponto de vista de devoção ou religião, e para estas Deus permanece como Deus, e nenhum outro conceito consegue satisfazê-las. Alguns podem entender Deus como sendo o Cristo, e isto os satisfaz. Por outro lado, há muitas pessoas em metafísica que nunca aceitaram o Ser supremo sob as letras D-E-U-S e nem mesmo como o Cristo. Para elas, Deus deve ser encarado como lei, mente ou princípio. Mas aquele é um estágio temporário, pois uma vez ocorrida a conscientização de Deus, uma vez que Deus tenha se tornado uma experiência viva, nunca mais poderá ser visto como mente ou princípio. Passará a ser um terno amigo, a Alma, um divino amor, e outras denominações, que para aqueles que ainda não tiveram aquela experiência, não fazem qualquer sentido. É muito fácil falar de Deus como sendo Amor, mas será um termo sem significado, a menos que você O sinta realmente.


TENDO A EXPERIÊNCIA DE DEUS

O propósito ou objetivo de se seguir o caminho espiritual não é ser capaz de atribuir um nome a Deus, mas é ter a experiência de Sua presença, e então deixar que Deus seja para nós tudo o que Ele possa fazer-Se manifestar como, pois a cada um Deus Se revela e Se desdobra de uma maneira individual. A mais elevada prece, a mais elevada meditação, ocorre quando eliminamos inteiramente todas as opiniões pré-concebidas, pensamentos, formas ou nomes para Deus e nos tornamos receptivos, dizendo: “Pai, revela-Te.”

Isto não quer dizer que Deus é Pai no sentido de um pai humano, porque ninguém poderia sonhar com um Deus meramente como um pai de natureza masculina e nem poderia falar de Deus como Mãe pensando em termos de mãe humana. O termo Pai-Mãe simplesmente denota as qualidades especiais de Deus. Quando nos referimos a Deus como Pai, naturalmente pensamos num forte poder em que podemos confiar, num poder que nos ampara e nos mantém, ou mesmo num poder disciplinador; quando nos referimos a Deus como Mãe, naturalmente pensamos em Deus como uma suave presença ou influência protetora; quando nos referimos a Deus como Pai-Mãe, pensamos em todas estas qualidades que nos circundam, formando uma nuvem em volta de nossos ombros e uma luz em nossos pés.

Uma vez que tenhamos realmente sentido e compreendido que Deus não é nem pai nem mãe, que Deus não é uma pessoa em qualquer sentido da palavra, e tenhamos lançado fora todas as nossas ideias a respeito do que é Deus, deixando que Deus se revele, Se manifeste, então Deus virá como um “sentimento” e uma “consciência” , e nunca mais levantaremos na mente a questão do que venha a ser Deus ou qual o nome ou termo a Lhe ser atribuído.

O meu conceito de Deus é de uma presença e sentimentos indescritíveis. Eu não conheço Deus a não ser através de um “sentimento”. Eu “sinto” a Presença em todo o meu ser, em meu tórax, na ponta dos pés. Não importa qual seja a circunstância externa, mesmo nos casos em que desarmônica, eu me mantenho sempre consciente desta Presença – uma sensação, um sentimento, uma consciência.

Este assunto da natureza de Deus tem sido ampliado, não para que você possa ganhar um maior conhecimento da verdade, mas para que muitos atinjam uma elevação de consciência que permita ter uma experiência real de “sentir” Deus e possam finalmente dizer: “Eu vi Deus face a face”. Isso virá a acontecer com todo aquele seguir o caminho espiritual. Terá erguido sua consciência ao ponto em que Deus é uma realidade, e se alguém lhe perguntar “O que é Deus?”, ele apenas sorrirá, pois não haverá mais nada que ele pudesse fazer. Eu não saberia o que dizer diante da pergunta “O que é Deus?”, porque após sentí-Lo não se consegue mais definí-Lo. É impossível fazê-lo. Não existem palavras para descrevê-Lo e nem maneiras de ilustrá-Lo para alguém mais. É preciso haver uma experiência individual.

Somente quando atingimos aquele desenvolvimento que nos permita entrar em meditação e pedir: “Deus, revela-Te!”, e sentimos Sua presença é que passamos a ter uma compreensão espiritual.

Todo o objetivo de nossa estada neste plano da vida é alcançar aquela conscientização de Deus. Quando isso acontece e nossa unidade com Deus é sentida conscientemente, todas as discórdias, erros e desarmonias desaparecem, e Deus Se torna a vida de nosso ser, a sustentação, o suprimento, a sabedoria, a diretriz e a inteligência; Deus Se torna a natureza suave e pacífica de nosso ser; e além disso, há uma compreensão total de que aquilo tudo é Deus aparecendo como. Ao sentirmos a presença de Deus passamos a saber que toda a nossa experiência é fruto daquela Presença e que sempre nós A teremos conosco: “eu nunca o deixarei e nem o abandonarei.” (Hebreus 13: 5).

Uma vez que tocado por aquele Algo, você saberá que Ele está presente e que nunca o deixará e nem o abandonará. É verdade que você poderá passar horas, dias ou mesmo semanas em que dirá: “Eu me sinto totalmente isolado de Deus”. Você poderia realmente sentir-se daquela forma; sentir-se como um ser humano deixado perdido no mundo, sem base alguma. Mas ela retorna muito, muito rapidamente e logo você percebe que não estava realmente afastado daquela Presença; apenas ela estava momentaneamente além de seu alcance, quando a pressão externa era muito forte.


QUEM SOU EU?

Devemos passar a considerar a nossa posição em relação a Deus. Até agora, falamos de Deus conosco; falamos de Deus permeando o espaço todo. Porém, quem sou eu e onde estou eu?

Passe a olhar o seu dedo do pé e pergunte a si mesmo: “Aquilo sou eu?”. A resposta logo há de vir: “Não, não sou eu; aquilo é meu.” Então dirija sua atenção para o pé e verifique se ele é você ou se ele é seu. Continue investigando até o topo da cabeça, e verifique se você pôde se localizar em alguma parte do corpo ou se descobriu que você não está no corpo, mas que o corpo está/pertence a você.

Você não irá se achar no corpo, porque não está nele. O corpo é seu, mas você não se encontra no corpo. A razão disso é que você é consciência, você é inteligência, e não se pode confina-las na carne. A consciência governa o corpo; ela não está confinada em um corpo. Como poderia a inteligência, uma qualidade da consciência, estar confinada dentro de um cérebro ou de um estômago?

Você é consciência. Como podemos saber disto? Você está consciente: você está consciente do seu corpo; você está consciente da sua família; você está consciente de sua nação; você está consciente dos oceanos, estrelas, sol, lua – de tudo que está incorporado dentro da consciência que você é. Se eles não estivessem em sua consciência, você não poderia estar consciente deles. No momento em que você começar a compreender isto, passará a ver que você não está localizado em uma poltrona ou mesmo em uma sala. Exatamente onde você se senta é a terra toda, incorporada dentro de sua consciência; portanto, você deve ser maior que a terra para poder contê-la dentro de sua consciência.


A NATUREZA DA CONSCIÊNCIA

A Consciência que constitui o seu ser é infinita; e através dela você toma conhecimento de tudo o que existe neste mundo presente e também de tudo que já existiu no passado ou que virá a acontecer no futuro. Nada poderia estar fora da faixa da consciência infinita. Quando você se torna cônscio da natureza infinita do seu ser como consciência, você passa a perceber que é sua consciência que engloba e incorpora tudo o que se relaciona com a sua experiência – seu corpo, lar, negócios e outras atividades referentes a você. A consciência que constitui o seu ser governa todas estas atividades.

Ao considerar o tema da consciência, você estará tratando com infinitude, eternidade e imortalidade. É esta a consciência que você é, a consciência que você não pôde encontrar no seu corpo, mas que encontrou englobando, não apenas o seu corpo, mas o seu universo inteiro. Assim que você começar a conscientizar que a natureza do seu ser é consciência, passará a ter a compreensão de que você, por si, é imortal, eterno e infinito. Um conhecimento meramente intelectual deste fato nada fará para você. Deverá haver uma conscientização interior desta grande verdade antes que você possa “sentir” a presença desse poder atuando como sua consciência individual.

Esta consciência age através da inteligência, age como mente, e age de forma mais poderosa, clara e correta quando nos colocamos num estado de receptividade para a sua ação. No cenário humano existe a ação da mente carnal, uma mente que faz algumas vezes coisas maravilhosas para você, mas que em outras vezes o coloca em dificuldades. Esta mente dá a você condições de realizar algumas coisas notáveis, mas o sucesso atinge determinado ponto e estaciona, e então suas limitações se tornam visíveis.

A mesma mente, porém, quando dotada de sabedoria espiritual, quando começa a extrair a infinitude, já deixa de ser a mente carnal humana. Ela ainda se expressa como mente individual, mas deixa de planejar, delinear, raciocinar, programar ou pensar. Passa a ser um estado de receptividade, um instrumento da Inteligência divina, sempre sendo dirigida para seguir o rumo certo.

Quando a mente se torna este estado de receptividade à orientação divina, obviamente ela não será conduzida para desejar obter fama ou fortuna através de meios ilícitos. Quando alguém abre sua consciência a esta orientação divina, é preciso compreender que toda bênção que lhe for trazida individualmente se estenderá a todos os que com ele estiverem associados. Aqui reside a diferença entre a atividade da mente humana, guiada por razões humanas, e a atividade de sua mente individual, quando é desejosa de receber instruções da Inteligência infinita, da Sabedoria infinita.

Este é o motivo pelo qual eu trato amplamente desse assunto da consciência. Já vimos que Deus deve ser revelado a cada um de nós, não como um nome, mas como uma experiência, um “sentimento”, e agora quero fazer saber que quando aquilo acontece, vem na forma de uma Consciência infinita, uma Consciência infinita que você reconhecerá ser a sua própria consciência. Então ela será imbuída não apenas de inteligência, sabedoria e instrução, mas também de suavidade e proteção – tudo que for necessário para o desenrolar harmonioso de sua existência, não apenas do “berço ao túmulo”, mas desde “antes que Abraão existisse... até a consumação dos séculos.” Todo aspecto de sabedoria, orientação e segurança – tudo se encontra naquela consciência que você é.


A CONSCIÊNCIA SE DESDOBRA COMO FORMA

Observe agora o que acontece! No instante em que você adquire o primeiro vislumbre de que Deus é a sua consciência, você começa a compreender aquele ponto máximo com que iniciamos este trabalho específico, isto é, que não existe qualquer poder ou valor no efeito, já que todo o poder e todo o valor estão na consciência produtora do efeito. Você passa a observar que onde quer que você esteja, ali é “solo sagrado”, e que a Onipresença junto a você – a Onipresença como você – já possui tudo o que for necessário para o momento, em termos de suprimento, saúde, conhecimento ou proteção. Seja qual for a necessidade, você a encontrará suprida na Onipresença de você próprio, não dependendo de pessoas, lugar, coisa, circunstância ou condição. Quando você captar este sentido de se ver como consciência, ou de visualizar a consciência como realidade do seu ser, onde você estiver, a totalidade da infinitude divina estará ao seu alcance. E realmente começará a compreender as promessas bíblicas: “Eu nunca o deixarei nem o abandonarei... Quando tu passares por entre as águas, eu serei contigo, e os rios não te submergirão; quando andares por entre o fogo, não serás queimado, e a chama não arderá em ti.”

O primeiro passo em sua conscientização de ser consciência começa por pesquisar, “dos pés à cabeça”, se você pode ser encontrado em alguma parte do corpo. Você verá então que não está em um corpo, mas que está consciente do corpo, e além disso perceberá estar “do lado de fora” como consciência, lá onde não poderá ser tocado por coisa alguma de natureza finita ou errônea.

Tente captar a visão do significado da consciência, pois ela se expressará a você ou através de você como sua própria sabedoria, como sua própria vida, e trará com ela a sua própria imortalidade, sua própria eternidade e sua própria infinitude. Ao começar a perceber a si próprio como consciência, você estará começando a conscientizar que Deus é a própria fibra de seu ser, a própria substância de seu corpo. Com essa nova compreensão, você olhará para o mundo e verá tudo como sendo formado daquela consciência, e portanto como um instrumento de Deus, nunca do mal.

Os três hebreus caminharam através da fornalha incandescente, sem serem afetados pelo fogo ou pela fumaça, pois conheciam a Deus como o poder de todo efeito e, vestidos com tal capa protetora, não viram o fogo como sendo um elemento maligno. Viram-no somente como uma atividade da consciência, como uma qualidade da consciência.


DEUS É O ÚNICO SER

Quando esta ideia de unidade e totalidade da consciência despontar, surgirão muitas experiências de cura, proteção e orientação. Em dado momento, o estudante que estava ajudando alguém com um problema físico, teve a conscientização: Eu sou o ser único, Eu sou tudo que existe. Há somente um Eu, e, portanto, se não é uma verdade para este Eu que eu sou, então este problema não é verdade para mais ninguém.” Aquela conscientização trouxe um alívio imediato, e logo em seguida veio a cura.

Outro caso de cura com uma conscientização similar ocorreu num caso de câncer. A pessoa que havia realizado a cura contou-me que tinha lido “A interpretação espiritual das Escrituras” e que havia percebido claramente que o livro expunha sobre o único Eu. Quando a pessoa que vinha por vários anos enfrentando um problema de câncer solicitou a sua ajuda, veio-lhe a conscientização: “Eu não tenho esta condição; isto não faz parte do meu ser, e como este é o único ser, como poderia fazer parte do ser de alguma outra pessoa?”. Na manhã seguinte a cura estava concretizada; a coisa toda tinha desaparecido.

Estes foram dois casos que aconteceram graças à conscientização da unidade e totalidade da Consciência. Note que se existe uma só Consciência e que Esta é infinita, tal Consciência deve ser você. Se alguém lhe disser que está doente ou que é pobre, você saberá que aquilo não pode ser, pois existe somente um Eu infinito, uma Consciência infinita, aparecendo em todas as Suas infinitas manifestações, mas que permanece ainda como o único Eu, que é aquele Eu que eu sou.

Quando alguém lhe solicitar ajuda, não deverá haver um senso de algum paciente vir ao praticista, e de um praticista de alguma forma a entrar em contato com Deus para que o paciente seja curado. Não existem Deus, praticista e paciente: Existe somente Deus; e apenas com esta conscientização é que a cura científica poderá acontecer. Em caso contrário, teríamos uma pessoa doente que dependeria da compreensão e habilidade do praticista para alcançar a Deus e trazê-Lo ao paciente. Muitas coisas estariam erradas naquele quadro. Não existe praticista e não existe paciente: Existe somente Deus, e esta conscientização deverá vir em todo tratamento, em toda tentativa de estabelecer a harmonia nas atribuladas situações humanas.

Quando você estiver tratando de sua própria vida, com seus relacionamentos familiares ou com os seus negócios – até mesmo com seus relacionamentos familiares ou com os seus negócios – você deveria praticar o exercício de viajar pelo seu corpo de cima abaixo e procurar nele o seu próprio ser; e então, ao vir que aquilo não é possível, faria a pergunta: “Onde eu estou?”, ou, “Quem sou eu?”, ou ainda, “O que eu sou?”, e então conscientizaria que o Eu é Deus. Ao adquirir aquela visão, você terá resolvido integralmente o problema porque prontamente irá ver que não pode haver espaço para Deus, Ser infinito, e para algo ou alguém mais ao lado d’Ele.

Todo relacionamento desta vida se baseia na crença de que há dois ou mais de nós – dois ou mais de nós no lar, dois ou mais de nós nos negócios. Por outro lado, toda verdade espiritual está baseada no fato de que há somente um Eu, uma Consciência, uma Alma, um Espírito, e eu sou aquele que Eu sou. Tudo que é do Pai é meu – tudo que é verdadeiro para o Eu é verdadeiro para o filho.

A nossa dificuldade surge quando, após termos feito aquela declaração e conscientizado aquela verdade, nós nos envolvemos de alguma maneira com os mortais, com o quadro mortal. E é onde nós perdemos a demonstração, pois aquilo não pode ser feito. Os mortais constituem a ilusão; constituem o que não tem existência. Como seria possível vincularmos uma verdade espiritual com aquilo que não tem existência? Não o tente. Isto não pode ser feito. Você não pode curar um ser humano. Se isso pudesse ser feito, Deus já o teria feito muito antes que o tentássemos. A essência e substância do trabalho de cura está na conscientização de que não existem seres humanos e que Deus é o único ser infinito.

Nós todos conhecemos estas verdades espirituais, mas sempre caímos numa armadilha. Após termos conhecido esta verdade, nós ficamos a imaginar: “Bem, mas o que fazer com o meu paciente que não está respondendo?”. Nós não temos um paciente! Se tivermos tal pensamento, se retivermos qualquer pensamento sobre um paciente, nós não temos o direito de sermos praticista, pois ainda não possuiremos uma compreensão do único Eu, do único Ego, ainda não possuiremos uma compreensão do nosso próprio ser como consciência. Eu sei que isto não é fácil porque se opõe a tudo que os sentidos humanos testificam.

A resposta àquela questão é a resposta ao seu e ao meu problema individual. O mundo todo possui uma crença em alguém apartado de Deus, e está pagando por seu erro/pecado. Estamos todos pagando por tal erro ou pecado. E, enquanto aceitarmos uma egoidade apartada de Deus, sofreremos a penalidade por tal crença. Somente quando despertarmos para nossa verdadeira identidade, entraremos no reino de nossa herança espiritual de harmonia, totalidade, alegria, paz, abundância, e de todo o bem do reino espiritual.

Cont...

segunda-feira, julho 28, 2014

Um importante comentário

 
 - Núcleo -


Permita-me compartilhar o que segue sobre uma citação bíblica postada.

"Disse-lhes, pois, Jesus: se Deus fosse o vosso Pai, certamente me [Cristo] amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus [a Realidade, que a Consciência sabe ser algo real]. Não vim de mim mesmo, mas Ele [o Ser Real] me enviou. Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai ao diabo [a Representação, que a mente acredita ser algo real. Mas por ser apenas uma "Representação" não é algo real. Tudo o que se origina da "Representação" tem a natureza da própria "Representação", ou seja, é também irreal], e quereis satisfazer o desejo de vosso pai."

O termo "pai" aqui se refere à "fonte de onde provém", ou seja, "aquilo que dá origem" à Representação. Ele tem a mesma natureza da Representação. Portanto, sendo a Representação algo irreal sua fonte é também irreal. Nos ensinamentos do Caminho Infinito o mais sutil a ser percebido é que só há uma Realidade, e Joel Goldsmith compartilha essa percepção ensinando e enfatizando que "só há um Poder"! Essa é a base de todo ensinamento espiritual. A contraposição entre bem e mal é uma criação puramente mental, vez que nada há de real que se contraponha ao Real, à Realidade. A Realidade é o que É. A Representação não se contrapõe à Realidade, pois suas naturezas são totalmente distintas. A Realidade É; é real. Representação não É; é irreal. Há uma prece védica que diz: "Oh Senhor; Do irreal nos conduza ao Real; Das trevas nos conduza à Luz; E da morte nos conduza à Imortalidade." Trevas e morte pertencem ao irreal, ou seja, pertencem à Representação; Luz e Imortalidade pertencem ao Real, ou seja, pertencem à Realidade. Neste ensinamento Jesus revela que veio do Ser Real, da Realidade que é Deus; e não de si mesmo, ou seja, não veio da Representação na qual ele aparece como um "personagem" ou "ser humano". Em outra passagem quando os judeus argumentam que: "Ainda não tens 50 anos e conheceu nosso pai Abraão?" Jesus responde revelando que: "Antes que Abraão existisse Eu Sou." Isto porque os "personagens" têm origem e existência na Representação, mas o Ser Real tem origem e existência na Realidade. Jesus, na referida passagem dá a conhecer sua real identidade, de que é o Ser Real, atemporal, que É e sempre É, por isso declarou: "Eu Sou". É de tal forma distinta a natureza da Realidade em relação à natureza da Representação que aqueles que são da Representação, ou seja, os personagens, não entendem a linguagem e nem sequer conseguem ouvir a palavra daquele que é da Realidade. Por isso Jesus adverte dizendo: "Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra."

Nesse ponto é oportuno transcrever a percepção compartilhada por aquele que aparece como o divino personagem Gugu como sendo um comentário, mas que é de fato uma percepção consciencial, a qual expressa:

"A crença coletiva é derivada de um pensamento universal ilusório que diz que "o homem se separou de Deus". Esse pensamento universal ilusório gera a crença de que "se o homem se separou da perfeição, então ele é um ser imperfeito passível de erros, pecados, culpas; e uma vez que seja pecador ou culpado deve ser punido a fim de que sua transgressão seja apagada e ele recupere sua perfeição". Todavia, quem diz isso é a ilusão. A ilusão quer fazer o homem "pagar" por seus erros/culpas. Porém, uma vez que a ilusão tem sua origem em um pensamento de separação, por mais que o homem pague pelos seus (supostos) pecados, nunca retorna realmente à sua condição de pureza ou perfeição. A ilusão engana o homem dizendo que se o indivíduo for punido por suas culpas poderá expiar os pecados e recuperar sua inocência; todavia, devido à sua natureza, a ilusão não tem o poder de conceder ao homem o seu estado íntegro e puro, porque a perfeição, a integridade e a pureza são pensamentos ["pensamentos elevados" ou "percepções conscienciais"] da Verdade. O homem não é perdoado de seus pecados por sofrer ou por realizar penitências ou práticas ascéticas, não realmente. O perdão verdadeiro ocorre quando se reconhece desde o princípio que o pecado não existe – desde o princípio!"

E aqui está a chave de compreensão! "Reconhecer desde o princípio que o pecado não existe" significa "perceber" este fato! Significa "perceber consciencialmente" este fato, o que difere de "acreditar" (mentalmente) que o pecado não existe... Acreditar (ou não acreditar em algo) é próprio da mente do personagem, e continua sendo algo que está na Representação, na visão da mente dos próprios personagens. Outra coisa é "perceber", ou seja, "perceber consciencialmente" a Realidade, que significa "conhecer a Verdade". Jesus não disse: "Acreditem na verdade - e ela os libertará." Isto porque o "acreditar" é uma forma de "percepção mental", algo que não liberta da visão da Representação. Jesus disse: "Conheça a Verdade - e ela os libertará". É a visão que transcende a Representação o que liberta da visão da Representação; não é o acreditar, não é a crença, numa Realidade transcendente à Representação o que liberta da visão da Representação. E aqui vai outra chave para apreensão dos ensinamentos espirituais: "Perceber" é algo imediato; diferentemente de "acreditar", que é um processo, que depende de raciocínio ou de associações com fatos e experiências passadas, e não é imediato. Para "perceber" é necessário estar em estado de silêncio e receptividade interior. Perceber é ouvir, não é falar... É "perceber-Se"; é "perceber-se em Unidade com o Ser Real". Na Bíblia é revelado: "Aquieta-te e saiba: Eu Sou Deus.". O termo "saber" tem aqui o sentido de perceber. Ou seja: Aquieta-te e perceba: Eu Sou. Perceba a real identidade!

Ao dizer que: "O perdão verdadeiro ocorre quando se reconhece desde o princípio que o pecado não existe", isto, o reconhecimento de que o pecado não existe, desde sempre, desde o princípio, exemplifica uma "percepção". Outro exemplo de percepção foi a compartilhada por Masaharu Taniguchi que disse: "O homem é filho de Deus." Esses são exemplos de percepções conscienciais que têm sido compartilhadas pelos que percebem, mas que só têm efeito quando assimiladas da mesma forma como o foram compartilhadas! Essas percepções conscienciais compartilhadas têm que ser percebidas e não apenas acreditadas como sendo revelações divinas. Isto porque não se assimilam percepções conscienciais a não ser consciencialmente. Em termos bíblicos é revelado que "as coisas espirituais se discernem espiritualmente."

Por isso disse Jesus: "E, se vos digo a verdade, por que não me credes? ["crer" aqui não significa apenas acreditar, mas sim, significa "perceber", ou seja, "ter fé", "ter a percepção", "a certeza das coisas que não se veem"] pois... "Quem é de Deus escuta as palavras de Deus..." (João 8: 41-47). E quem são os de Deus? Eis outra percepção compartilhada, que é a chave de compreensão desta revelação divina: "Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus." (Romanos 8:14).

Namastê!


sexta-feira, julho 25, 2014

Comentando o capítulo 8

- Gustavo -

A Verdade e a ilusão possuem um ponto em comum: ambas são impessoais e universais. A Verdade deve ser impessoal e universal porque diz respeito a todos, ou seja, uma verdade só é verdade se for válida universalmente, sem exceção. Um pedaço do universo não pode conter mais verdade do que outro pedaço. Assim, a verdade que se manifestou na consciência de Jesus é a mesma Verdade que foi revelada para Buda, e para todos os outros iluminados. Quando um ser descobre a Verdade sobre si mesmo, descobre, simultaneamente, a Verdade sobre o universo inteiro. Por isso Buda disse: "Seres animados, seres inanimados – todos sem exceção são dotados de natureza búdica".

Por sua vez, a ilusão também tem a característica de ser impessoal e universal porque diz respeito a ninguém. Todo erro, pecado e culpa são provenientes de uma crença universal, que nada mais é do que um pensamento de separação de Deus, o qual está sendo pensado por ninguém – somente a ilusão é que está "pensando". Por isso se diz que a crença universal é como uma "nuvem" pairando no ar, em meio ao simples nada. Ela (parece que) está lá, mas ninguém a colocou lá, senão a própria ilusão. É em razão disso que os erros, pecados e culpas devem ser "impersonalizados" e depois "nadificados".

A crença coletiva é derivada de um pensamento universal ilusório que diz que "o homem se separou de Deus". Esse pensamento universal ilusório gera a crença de que "se o homem se separou da perfeição, então ele é um ser imperfeito passível de erros, pecados, culpas; e uma vez que seja pecador ou culpado deve ser punido a fim de que sua transgressão seja apagada e ele recupere sua perfeição". Todavia, quem diz isso é a ilusão. A ilusão quer fazer o homem "pagar" por seus erros/culpas. Porém, uma vez que a ilusão tem sua origem em um pensamento de separação, por mais que o homem pague pelos seus (supostos) pecados, nunca retorna realmente à sua condição de pureza ou perfeição. A ilusão engana o homem dizendo que se o indivíduo for punido por suas culpas poderá expiar os pecados e recuperar sua inocência; todavia, devido à sua natureza, a ilusão não tem o poder de conceder ao homem o seu estado íntegro e puro, porque a perfeição, a integridade e a pureza são pensamentos da Verdade. O homem não é perdoado de seus pecados por sofrer ou por realizar penitências ou práticas ascéticas, não realmente. O perdão verdadeiro ocorre quando se reconhece desde o princípio que o pecado não existe – desde o princípio! É por isso que os ensinamentos ensinam que o praticista deve meditar partindo da Verdade de que o pecado não existe, ao invés de tentar alcançar um "estado de consciência" onde o pecado não exista. Quem parte do princípio de que "o pecado existe" e de que "o homem é um ser imperfeito e culpado que precisa se elevar ao estado de perfeição", caiu na armadilha/labirinto da ilusão desde o primeiro momento, e se perdeu.

Todavia, pode ser que o praticante tenha dificuldades de meditar partindo da Verdade desde o princípio. Para ajudar com isso, Goldsmith elaborou dois passos didáticos e práticos ensinados no Caminho Infinito: os passos da "impersonalização" e da "nadificação". O homem deve ser isolado das crenças coletivas (passo da impersonalização) para que se possa constatar a Verdade impessoal e universal acerca de todos os seres (ou seja, todos são o Cristo, o Filho de Deus, perfeitos, puros, inocentes, isentos de pecado e culpa). Ao fazer a separação do que a Verdade e a ilusão dizem sobre o homem, o passo seguinte é nadificar a ilusão e tudo o que ela insiste em dizer. Quando o praticante realiza com sucesso esses dois passos, ele se vê no estado de consciência para o qual "o pecado não existe" e "o homem é inocente" (e é aqui que a meditação tem o seu real início). A partir desse estado de consciência, o praticante apenas permanece visualizando/constatando/contemplando/percebendo a existência do homem como um ser perfeito, puro, imaculado, proveniente de Deus, e já dotado de todas as bênçãos e plenitude de Deus. Essa contemplação ou visualização tem a natureza de "constatar uma realidade que já existe, que já está acontecendo". É uma visualização de natureza espiritual, consciencial (pois é a percepção de algo que já é). Não é visualização de natureza mental (a qual tem o intuito de fazer "criar" ou "manifestar" realidades que ainda não existem).

À medida que a consciência do praticante permanece centrada na visualização/contemplação da Verdade, a crença universal vai sendo dissipada da aceitação do praticante, até deixar de existir, e no lugar dela a Verdade é acolhida. Quando a Verdade é acolhida no lugar da crença universal, o praticista sente em seu interior uma espécie de "bem estar" em relação ao problema, uma "alegria", um "alívio", uma "leveza", um "ajuste", um "click". Ocorre um sinal de que "algo aconteceu", "algo mudou", "está feito!", "assim é!". Esse é o momento em que a cura espiritual foi realizada. O praticista deve, portanto, permanecer em meditação até sentir essa confirmação interna. Então o universo aparente passará a expressar uma realidade condizente com a Verdade conscientizada pelo praticista.

Em sua obra "O Caminho Infinito", Goldsmith diz: "O Universo espiritual, feito da Substância do Espírito, formado pela Consciência e mantido pela Lei espiritual, está exatamente AQUI. Neste Universo espiritual não existe doença, não existe falta ou limitação, não existe infelicidade ou discórdia, nem tampouco ser algum para ser curado ou modificado. Há somente o Reino da Divina Harmonia e Paz, que a tudo permeia, sem distúrbio de qualquer natureza. Aceitemos ou não, o fato é que estamos neste Universo espiritual neste instante. Não temos de ir a algum lugar para encontrá-Lo. Ele está exatamente aqui, onde nós estamos. Portanto, assim deve ser a nossa oração: “Pai, que meus olhos sejam abertos, permitindo-me ver e contemplar este Universo espiritual! Revele-me a Sua Glória, aqui e agora. Não permita que eu tente modificar este Universo! Deixe-me somente contemplá-Lo”. 

Por fim, outro ponto que vale enfatizar: Joel Goldsmith afirma que a ilusão (pensamento mortal) irá sempre rejeitar e crucificar a Verdade. Ele diz que "a Verdade nunca foi nem nunca será aceita pelo pensamento mortal". Isso é assim devido ao fato de a ilusão ser o produto/resultado de um pensamento universal de separação. Quando a Verdade (que é a criação de um pensamento absolutamente unido) tenta se expressar no universo da separação, a própria crença universal reage à manifestação da Verdade. A Verdade ameaça a (suposta) existência da ilusão. A crucificação de Jesus simboliza o fato de que o mundo irá sempre querer crucificar o Cristo, toda vez que Ele surgir para manifestar sua luz e revelar a Verdade. É nesse sentido que encontramos na Bíblia algumas passagens, tais como:

* "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, aquele que nasceu de Deus o guarda e o maligno não lhe toca. Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no maligno" (1 João 5: 18-19);

* "A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz" (João 3:19);

* "A inclinação para a carne é morte, mas a inclinação para o Espírito é vida e paz" (Romanos 8:6);

* "Disse-lhes, pois, Jesus: se Deus fosse o vosso Pai, certamente me [Cristo] amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus. Não vim de mim mesmo, mas Ele me enviou. Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer o desejo de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. Mas, porque vos digo a verdade, não me credes. Quem dentre vós me convence de pecado? E, se vos digo a verdade, por que não me credes? Quem é de Deus escuta as palavras de Deus..." (João 8: 41-47);

* "Vós não sois do mundo, como eu do mundo não sou" (João 17:16);

* "Maior é o que está em vós do que o que está no mundo" (1 João 4:4).

Namastê!

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quarta-feira, julho 23, 2014

A natureza impessoal da Verdade e da Ilusão

DEUS, A SUBSTÂNCIA DE TODA A FORMA
(Joel S. Goldsmith)

- Capítulo 8 -

A NATUREZA IMPESSOAL DA VERDADE E DA ILUSÃO

As escrituras hebraicas profetizavam que o Cristo seria crucificado. Como alguém poderia predizer a crucifixão de um homem dois mil anos antes daquilo acontecer? Não se conhece uma boa razão que explique tal evento; porém, esta profecia é encontrada nas escrituras hebraicas. Qual é o sentido dela? O primeiro, e o mais importante ponto a ser compreendido, é que esta profecia não se refere a um homem em particular, mas sim à crucifixão do Cristo, à crucifixão da Verdade.

Os hebreus sabiam, de amarga experiência, que a Verdade seria sempre crucificada quando aparecesse ao pensamento mortal. A Verdade nunca foi nem nunca será aceita pelo pensamento mortal. Onde quer que apareça, fará surgir a rejeição eclesiástica: “Isto não é ortodoxo; não está de acordo com o nosso ensinamento, não pode ser verdadeiro”. E a própria análise eclesiástica irá bradar: “Crucifique-o”; desse modo, seguramente poderia ser profetizado, com cem anos ou com dois mil anos de antecedência, que o Cristo seria crucificado, pois, onde quer que toque o pensamento mortal, o Cristo é vítima de crucificação.

O Cristo é a manifestação de Deus; portanto, o Cristo não é um homem. Para os seguidores do Hinduísmo, Krishna ocupa uma posição similar à de Jesus no mundo cristão. Há, inclusive, os que consideram Krishna apenas como homem, embora tivesse existido um homem chamado Krishna que deu ao mundo um ensinamento espiritual da mesma forma com que um homem chamado Jesus deu ao mundo o ensinamento do Cristo. O ensinamento de Krishna foi apresentado ao mundo muitos mil anos antes do advento de Jesus, e, no entanto, somente Jesus veio sendo identificado como o Cristo, enquanto Krishna foi considerado como um ser físico. Tanto Krishna quanto Cristo tem o mesmo significado: a presença de Deus feito manifesto – o Verbo feito carne.

O pensamento mortal irá sempre crucificar a Verdade; assim, quando surge um indivíduo com esta visão da Verdade, com esta visão do Cristo, e que com Ele se identifica, pode-se saber que o caminho de sua crucifixão estará sendo preparado. Provavelmente ninguém captou a visão da Unidade tão claramente como Jesus; e, como ele se identificava com ela, a igreja da época achou que, com sua crucificação, se livraria da confusa Verdade que ele ensinava.

Eu não considero a crucificação ou as perseguições aos santos e místicos como acontecimentos necessários ao mundo. O ensinamento comumente aceito hoje, pelas igrejas ortodoxas, é o de que Jesus teve de morrer para que fôssemos salvos; entretanto, isso não passa de adaptação do antigo ensinamento dos hebreus, que considerava o sacrifício de animais inocentes como algo exigido por Deus. Tal ensinamento faz de Deus um tirano. Dessa forma, não sinto hoje que a crucificação ou perseguição façam parte de um plano de salvação do mundo; antes, pelo contrário, penso que aquilo ocorreu para as pessoas que equivocadamente se identificaram como um salvador pessoal, mais do que com o fato de ser, o ensinamento da Verdade, uma manifestação de que Deus, e de ser, cada mestre, somente uma transparência pela qual o como a qual ela estaria aparecendo.

Jesus veio ensinando: “Eu e o Pai somos um”… "Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma”… “o Pai, que está em mim, é quem faz as obras”…. "Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus”. Os Mestres que personalizarem a Verdade, sentindo-se os responsáveis pela mensagem, sempre sofrerão o peso das perseguições do mundo. O erro deles está na própria colocação como sendo profetas com uma mensagem pessoal. Jesus foi bem claro nesse ponto, ao declarar: “A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou”. Porém, apesar desta declaração tão clara do próprio Mestre, muitos não a interpretaram corretamente.


A UNIVERSALIDADE DA VERDADE

A Verdade é. A Verdade de toda mensagem sempre existiu e continuará existindo até a eternidade. Quando os Mestres captam um vislumbre espiritual dela, o que podem fazer é se tornarem uma transparência para que esta Verdade apareça no mundo. De fato, o mundo irá sempre querer se livrar dessa Verdade – querer crucificá-la – mas enquanto os mestres não identificarem a Verdade de suas mensagens como algo pessoal, enquanto não se colocarem como salvadores pessoais, não serão crucificados. Se a mensagem for verdadeira, o pensamento mortal desejará destruí-la, mas não destruirá a mensagem; tentará destruir a pessoa que tenha cometido o erro de acreditar que a Verdade tenha, de algum modo, alguma relação humanamente pessoal com ele.

Sejamos gratos por isso: a Verdade é santa e sagrada; a Verdade é onipresente e em todos os períodos da história do mundo surgirão aqueles que repetirão esta mensagem novamente. Ela nunca tem sua origem numa pessoa. A mensagem que Jesus ensinou é mais antiga que o próprio tempo... Nem é nova nem é original, sendo uma repetição daquilo que tem vindo através das épocas. De tempos em tempos ela chega a nós novamente. Jesus apresentou esta mesma Verdade universal numa linguagem compreensível e aceitável para o mundo ocidental, e é este o valor de seu ensinamento para nós.

Um indivíduo iluminado consegue transmitir a Verdade aos seus discípulos ou alunos imediatos, e por algum tempo ela começa a crescer e ser divulgada; mas, gradativamente, ela começa a perder sua força e significado original. Torna-se uma forma, um credo ou um sistema, pois alguém a organiza e isto selará o seu fim. A Verdade não pode sobreviver numa organização, pois, em todas elas existe uma cabeça, e no momento em que houver uma cabeça, deverá haver alguém à mão direita e alguém à mão esquerda. Daí começará a competição e o surgimento da confusão – dissensão e contenda. O indivíduo que captou a visão espiritual, aquele que redescobriu a Verdade universal, dá a ela a mais clara linguagem disponível no momento. Mas a interpretação daqueles que vêm depois é baseada nas suas diversas bagagens educacionais e regionais, com cada um entendendo a Verdade de uma forma inteiramente diferente. O resultado disso será que, após duas ou três gerações, ninguém mais concordará com o que era ou é o ensinamento.


A ILUMINAÇÃO DE GAUTAMA

Para alguns de vocês, a estória de Buda é uma antiga e bem conhecida estória. Mas, mesmo sendo já conhecida, ela parecerá sempre nova devido à sua beleza. Gautama era filho de um rei grandioso e rico e, conforme os registros sagrados, nasceu de uma virgem. Na noite de seu nascimento, uma estrela apareceu no firmamento, acompanhada de misteriosos sinais no céu.

O pai, reconhecendo o caráter e a natureza espiritual de seu filho, bem como a responsabilidade que logo cairia sobre seus ombros, cuidou para que Gautama fosse preparado para a posição que viria a ocupar. Assim, quando o jovem cresceu, possuía bastante instrução, sabedoria, e um corpo físico perfeitamente desenvolvido. Durante todo esse tempo, ele havia sido cuidadosamente resguardado do mundo exterior. Nunca tinha ido além do domínio extensivo do estado do pai, e, portanto, nada sabia de pecado, doença, pobreza e morte.

Já crescido, foi preciso que ele saísse desse reino de proteção para assumir as funções de príncipe. Uma parada foi planejada, porém o mestre de cerimônias não seguiu a rigor as instruções. A marcha havia sido planejada de forma que o jovem Gautama não pudesse ver nada que lhe chamasse a atenção para as coisas existentes no mundo. Mas, infelizmente, nesta viagem ele viu um homem sentado numa sarjeta pedindo esmolas. Quando quis saber o significado daquilo, explicaram a ele: “É porque ele é um mendigo, um homem pobre; este é seu único jeito de conseguir alimento”. Gautama ficou atônito com o fato de existir uma anomalia como um homem pobre no rico reino de seu pai. Sua preocupação aumentou quando soube da existência de muitos outros mais pobres que nada tinham para comer ou vestir. Em seu coração o jovem pensava em quão terrível era aquilo! A marcha prosseguiu e a cena seguinte mostrava um homem doente. Novamente Gautama perguntou sobre o que estava vendo, e explicaram a ele que o homem estava sofrendo por causa de uma doença. O jovem Gautama, olhando para o seu próprio corpo, respondeu: “Como pode ser isso? No corpo há somente força e vitalidade!” Mas lhe disseram que a maioria das pessoas sofria de um tipo qualquer de doença, e ele novamente pensou: “Que coisa terrível!”

O que foi testemunhado por Gautama, em seguida, foi a morte. Quando foi dito a ele que as pessoas todas morrem, que existia essa coisa chamada morte, ele ficou profundamente abalado. Para ele, aquilo parecia ser inacreditável.

À noite, voltando ao palácio, ele ainda sentido e confuso, ponderava profundamente sobre tudo que havia observado. E então, nasceu em sua consciência a ideia de que a pobreza, a doença e a morte não eram coisas certas, que deveria existir algum princípio capaz de eliminá-las e que caberia a ele procurar aquele princípio, aquela lei.

Gautama tinha uma esposa e uma criança; mas, no meio da noite, beijou sua família com um adeus, deixando-a e abandonando sua riqueza e seu palácio, para vestir uma roupa de mendigo e dar início à sua jornada no caminho religioso com o objetivo de encontrar a lei ou princípio que eliminasse o pecado, a doença, a morte, as carências e limitações da terra. Ele não saiu para ser um curador; ele não saiu para curar esta ou aquela pessoa; seu objetivo único era encontrar um PRINCÍPIO que pusesse fim ao pecado, à doença, à morte e às limitações terrenas. Persistiu nesta busca durante vinte e um anos de dificuldades e tentativas. Passou por todos os tipos de formas religiosas; estudou com muitos mestres e instrutores religiosos, mas nenhum deles pôde levá-lo ao princípio que buscava.

Finalmente um dia, após ter ele abandonado todos os mestres e ensinamentos religiosos, e decidido a buscar a Verdade por si, ele chegou à árvore Bodhi, a árvore do conhecimento, a árvore da sabedoria, e ali ele sentou-se e começou a meditar. Sua meditação durou um longo, longo tempo, mas, ao término daquele tempo, ele havia alcançado a iluminação total, e com ela veio-lhe esta grande sabedoria: “Não existe pecado, doença, morte nem limitação – aquilo tudo é ilusão.”

Este é o princípio que nos chegou muito antes de Buda, e que veio a ser por ele restabelecido: o princípio de que não somos curadores de pecado, doença ou morte, pois, inexistem o pecado, a doença e a morte: tudo que aparece como um mundo objetivo é um conceito de mundo, uma ilusão. Toda experiência humana conhecida através do testemunho dos sentidos é um mito, uma ilusão. Nosso falso conceito do universo constitui a ilusão.

Depois da partida de Buda, seus discípulos fizeram excelente trabalho de cura através de sua revelação. Entretanto, cerca de cinquenta anos mais tarde, eles a organizaram e começaram a introduzir formas cerimoniais – hinos, preces, e todos os demais rituais. O poder de cura foi perdido e o ensinamento de Buda foi dividido em correntes; e assim é que hoje há muitas e muitas seitas, todas elas cercadas de formas, preces, mantras – de tudo, menos da Verdade original, dada através da iluminação de Buda, de que todo erro é ilusão.


“O MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”

No cumprimento de sua missão na terra, Jesus ensinou a mesma mensagem, de forma idêntica: “O meu reino não é deste mundo”. Em outras palavras, o reino da realidade não é “deste” mundo (fenomênico/físico/material). Este mundo é feito daquilo que não tem existência real. É feito de pecado, doença, morte, falta e limitação; é feito de um falso conceito de vida, um senso de separatividade de Deus.

Quando Pilatos disse ao Mestre: “Não sabes que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?” Jesus respondeu-lhe: “Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado” (João 19:11). Em outras palavras: aparte do Pai não existe poder algum. E o que disse ele a todos os doentes? Ao coxo, ao enfermo? “Levanta-te, toma a tua cama, e anda”. …“Estenda a tua mão”. …“Ela não está morta, mas dorme”. Ele poderia ter dito: “Estas coisas são ilusão; não podem prendê-lo. Não existe outro poder além de Deus”. Jesus não empregava qualquer tratamento mágico diante daqueles sofrimentos, mas um simples “Levanta-te, toma a tua cama e anda.” …“Sê limpo”. …“Lázaro, vem para fora”. Para ele, todo erro era ilusão.

Assim, também este ensinamento, como tem se mostrado nestes textos, diz que todo testemunho dos sentidos é pura crença; não é lei. Se está estabelecido na terminologia de Buda que todo pecado, doença ou morte é ilusão – maya –, ou se está nas palavras mais frequentemente usadas em O Caminho Infinito, de que tudo aquilo que vemos, ouvimos, provamos, tocamos ou cheiramos não é realidade, mas que consiste de conceitos mortais, o mais importante não está no palavreado em si. O que realmente importa é a mensagem – aquela antiga mensagem da realidade de Deus e da irrealidade do testemunho dos sentidos.


AS CRENÇAS UNIVERSAIS DECORREM DO SENSO DE SEPARAÇÃO DE DEUS

As perguntas frequentemente são do tipo: “Como pode tudo isso ter começado?”. Nas Escrituras encontramos duas estórias que falam sobre como tudo começou, mas elas não dizem, ao menos para os não-iniciados, o que tornou possível ter este começo. A primeira delas é a de Adão e Eva.

Adão estava no Jardim do Éden. Estava lá completamente só e, naquela solidão, podia dizer com substância: “Eu e o Pai somos um, e esta unidade constitui a minha plenitude, a harmonia e a totalidade do meu ser. Nada pode ser-me acrescentado e nada pode ser-me tirado. Tudo que é do Pai é meu porque eu e o Pai somos um, e este Um está no paraíso, em harmonia”.

A despeito de Adão estar no Éden, ou paraíso, conforme a estória, ele se sentia só, com falta de uma companhia. Estando no Éden, no paraíso ou na harmonia, ele possuía compreensão suficiente para saber que não poderia conseguir nada separado dele mesmo. Assim está registrado que Eva foi formada do seu interior, de uma de suas costelas. Observe que Eva não foi uma experiência externa a Adão. Não se esqueça disso. Eva foi tirada da costela de Adão, do interior de Adão, da costela da compreensão, do sólido conhecimento ou compreensão de Adão. Foi uma experiência inteiramente interna, e ela apareceu a ele não subjetivamente, mas objetivamente como Eva.

Ao ler o conto cuidadosamente, verá que mesmo quando os dois existiam, um Adão e uma Eva, eles continuavam no Éden, pois Adão e Eva ainda estavam unos com Deus. Porém, o desejo passou a fazer parte do quadro, e foi quando a confusão começou. O desejo, não fazendo parte da unidade ou da plenitude, nos separaria da infinitude de nosso ser assim que, em vez de extrairmos do interior, começássemos a pensar em extrair do exterior; começássemos a pensar na criação externa muito mais do que na interna, ou na obtenção interior. No caso de Adão e Eva, a obtenção começou a ser no exterior, com a criação de Caim e Abel, quando foi desenvolvido um senso de separatividade, um senso de estar apartado da infinita fonte do Ser, da totalidade e plenitude do Ser.

Com aquele senso de separação, nascido da crença no bem e no mal, surgiu um conceito de universo objetivo, que poderia prover o bem do lado de fora. Este senso de separação é o pecado original referido nas Escrituras, e é também o que deu origem a todos os pecados, doenças e pobreza da existência mortal.

Um conto similar de separatividade é o da parábola do filho pródigo. Aqui, novamente, encontramos o Pai uno com o filho, com tudo que é do Pai pertencendo a ele, enquanto aquela unidade perdurar. Mas, como no caso de Adão e Eva, também o filho pródigo teve o anseio de querer algo fora da infinitude do Todo, buscando uma independência com a consequente separatividade. O filho pródigo colocou-se como entidade separada, uma entidade separada e apartada de seu pai, não mais buscando no interior da família de seu pai – na infinitude do seu próprio ser espiritual – mas pretendendo buscar no exterior. Naturalmente, todos sabemos como terminou aquela intenção: no chiqueiro. Sua plenitude não pôde ser encontrada, até que ele retornasse à casa do Pai – até que novamente se tornasse consciente de sua unidade com o Pai e estivesse desejoso de saber que já possuía tudo, uma vez que tudo que pertencesse ao Pai era dele.

Desses dois claros exemplos, que nos são dados pelas Escrituras, podemos notar que o desencadeamento da existência mortal teve, como início, aquele mesmo clamor universal ou crença numa entidade ou egoidade separada ou apartada de Deus, e irá permanecer em nossa experiência até que retornemos ao Pai-consciência, reconhecendo que tudo que é do Pai é nosso. Somente então veremos que todo bem deve vir do interior, e que nossa unidade com Deus constitui nossa unidade com todo ser e coisas espirituais. Deus, sendo imortal e eterno, é também a imortalidade e eternidade do filho. Estes dois exemplos bíblicos servirão para trazer à nossa lembrança consciente o caminho espiritual que nos conduzirá, por fim, à vitória sobre o pecado, a doença e a morte.


LIDANDO COM AS CRENÇAS UNIVERSAIS

É verdade que temos, a todo momento, crenças universais a nos martelarem: a crença universal de idade, a crença universal de micróbios, a crença universal de morte. Porém, elas nos vêm aos pensamentos como crenças, sujeitas à nossa aceitação ou rejeição. Quem desconhece este estudo da Verdade desconhece esta escolha, e se torna vítima das crenças universais, vivendo à mercê delas sem que nada saiba ou possa fazer. Mas quem estuda a Verdade está sempre no controle; pode aceitar ou rejeitar as crenças universais, pensamentos ou sugestões que lhe vêm, podendo inclusive lidar com elas antes mesmo que surjam. Toda aparência como pecado, doença, falta ou limitação vem à nossa consciência como crenças ou sugestões, e nós podemos aceitá-las ou não, dependendo unicamente de nós mesmos.

Isso não quer dizer que se apenas dissermos: “Eu não gostei de você! Saia!”, bastará para darmos fim à crença. Não é assim tão simples! Deverá ser objeto de convicção, de uma real compreensão de que o Eu, a Consciência, governa, e controla este corpo, e que o corpo não pode receber ou se mostrar sensível às crenças do mundo. Deverá estar bem claro que existe somente um Poder, somente uma Causa: todo poder está na Causa e não há nenhum poder no efeito.

Deixe bem claro, em seu pensamento, que este senso de corpo, isto é, este conceito a que chamamos de corpo físico, não é, de si mesmo, uma entidade consciente. Assemelha-se a um carro nosso, um veículo em que viajamos e que segue na direção que nós determinamos. Este corpo também segue na direção em que determinarmos. Ninguém poderá fazer com que nosso corpo realize algo. Nós, nós próprios, governamos e controlamos sua ação.

Como já repeti várias vezes, este não é trabalho destinado a homem preguiçoso. É um trabalho que requer esforço constante e consciente. Seguir o caminho espiritual não é permanecer sentado deixando que um Deus misterioso faça algum favor especial. Nossa vida é determinada pela nossa própria consciência, pelo nosso próprio conhecimento da Verdade do ser, e pelo desejo nosso de rejeitar, tão rápido quanto nos venham, as sugestões deste miasma mental chamado “mente humana”, “mente carnal” ou “mente humana universal”.

Ao falarmos sobre o aspecto mais esotérico ou espiritual deste mundo, vemo-nos na possibilidade de realmente “caminhar nas nuvens”; porém, quando descemos à aplicação prática em nossa experiência, será preciso sairmos um pouco das nuvens para compreendermos a natureza daquilo com que estamos lidando. Em nossa existência “neste mundo”, estamos lidando com crenças universais. Elas são mais antigas do que o tempo, a começar da crença de que nós nascemos, e que vai direto à crença de que morremos. Certamente, em algum período de nossa experiência, precisamos despertar conscientemente para esse fato e darmos início à rejeição destas crenças do mundo.

Cont...

segunda-feira, julho 21, 2014

Comentando o capítulo 7

- Gustavo -

Os ensinamentos iluminados afirmam que a morte pode ser superada. Obviamente isso não quer dizer que o homem vá viver para sempre como um corpo físico. O corpo físico é uma existência dual (conceito) e está fadado a desaparecer pelo simples fato de ter um dia surgido. Os fenômenos "surgir" e "desaparecer" representam polaridades opostas do universo dualístico. Tudo o que surge, desaparece. A imortalidade não diz respeito ao corpo, e sim à existência espiritual do homem. Espiritualmente o ser humano existe sem jamais ter nascido ou morrido - ele é sempre, de eternidade a eternidade. Quando o homem perde o falso conceito do corpo e conscientiza a sua natureza verdadeira, que é Espírito, a imortalidade é obtida. Todavia, o falso sentido que fazemos do corpo somente pode ser descartado com a conscientização da verdade sobre ele, e isso requer treinamento de percepção (meditação). Sem prática constante da meditação, o indivíduo não chega a ir longe neste caminho.

Há uma espécie de "mente" criando e projetando o universo conceitual. Nos ensinamentos metafísicos, tal mente é chamada de "mente carnal", "mente mortal", "mente ilusória", "crença coletiva" ou "crença universal". Ninguém é responsável pelo aparecimento do universo ilusório, ele é produto de uma mente impessoal (que não é de ninguém) e ilusória que se vê separada de Deus. Essa mente não proveio de Deus (pois Deus não se vê separado de Si mesmo) e não possui vínculo com nada e ninguém - é como uma "onda de rádio" ou "nuvem" que paira no meio do simples "nada". Não está realmente aqui, mas se apresenta como se estivesse. E, justamente por surgir do "nada" é que tal mente pode ser compelida a retornar ao seu "nada" originário. Quando a mente ilusória retorna ao nada, a existência verdadeira criada por Deus (que sempre esteve aqui, encoberta pela falsa presença da mente impostora) se revela como existência-sempre-presente. Esse é o fundamento da cura praticada e ensinada por Joel Goldsmith.

A humanidade acredita que morte, doenças, misérias, discórdias, e toda espécie de sofrimentos são frutos de carmas negativos acumulados (pecados). Acredita, portanto, que o homem é o responsável pelas experiências boas ou ruins por que passa na vida. A pessoa que passa por infortúnios ou doenças está "compensando" uma dívida contraída no passado. A humanidade carrega em seu inconsciente coletivo a ideia de que um pecado ou culpa somente podem desaparecer se o indivíduo pagar um preço justo. E a moeda exigida para expiar a culpa e o pecado é a punição. "Eu pequei, agora tenho que sofrer de alguma forma para poder compensar e me livrar deste pecado" ou "Aquela pessoa cometeu este e aquele ato, agora deverá ser punida para compensar o mal que fez" - essa é a ideia que está incutida na mente coletiva da humanidade. Essa é a justiça humana. E, como parte integrante da humanidade, cada indivíduo carrega em alguma medida essa ideia na mente.

Goldsmith diz que o homem não é o responsável por seus pecados. Toda situação de doença, dor, miséria, discórdia,  escassez e sofrimento têm sua origem na "crença universal" que cria e projeta o universo ilusório, e não no ser humano em si. É a crença universal (que não possui relação alguma com qualquer ser em absoluto) que faz aparecer uma situação de doença, miséria ou sofrimento. Ao ensinar a cura espiritual, Goldsmith diz que o primeiro passo para nos livrarmos da ilusão/culpa/pecado é conscientizar que o problema em questão não está de maneira alguma associado a uma pessoa, coisa ou fato, e isolá-lo. Toda situação de pecado é fruto da mente universal (que não é de ninguém). Isso é chamado de "princípio da impersonalização". Após a impersonalização, passamos ao "princípio da nadificação". A situação deverá ser "nadificada", ou seja, o indivíduo deve conscientizar que tanto a crença universal (geradora da situação) quanto a situação em si têm a sua natureza/origem no nada. Com esses dois passos, a aparência de pecado desaparece. Por exemplo: suponhamos que alguém tivesse o seu carro roubado. Ao realizar a cura espiritual, o praticista deverá imediatamente livrar-se da tentação de pensar que "meu carro foi roubado por alguém", pois tal situação foi gerada pela mente carnal, e não pela vontade de uma pessoa. No mundo criado por Deus não existem pessoas cometendo atos tais como roubos, pois todos são filhos de Deus, todos os seres são inocentes. Não há ninguém que seja pecador ou culpado. Assim, o suposto "ladrão" deverá ser isolado da situação em si (roubo do carro), pois o "ladrão" é na verdade o Cristo, o Filho de Deus perfeito, e todo Filho de Deus age com a consciência de ser filho de Deus. Este é o passo da impersonalização. A seguir, o praticista deve conscientizar que, já que não existe ninguém cometendo roubos, a situação em questão somente pode ser uma imagem/quadro/cenário/filme projetado pela mente carnal, a qual é o nada. Se, por natureza, a mente carnal é o nada, o problema que advém dela também é "nada" - jamais aconteceu! Se, com esses dois passos, o indivíduo conseguir expulsar de sua consciência a crença universal que dizia que "o carro foi roubado", é bem provável o universo conceitual passe a apresentar uma sequência de imagens em que o carro perdido torne a aparecer.

Da mesma forma, as imagens de "nascimentos" e "mortes" que são mostradas no universo conceitual são frutos da crença universal, e não da Consciência ou Mente Divina. Por isso, Goldsmith recomenda que em nossas meditações diárias devemos conscientizar a imortalidade aqui e agora - a imortalidade deste corpo e deste universo - para que possamos descartar o falso sentido que, influenciados pela crença universal, fazemos do corpo e do universo.

Ademais, Goldsmith explica que nada dentro do universo conceitual possui vida, inteligência, força, vontade ou poder por si mesmo. Isso porque o universo conceitual não é universo, mas apenas um conceito do Universo. E tudo o que existe, existe no Universo. Assim, a vida, inteligência, força, vontade e poder estão no Universo (Deus) e não nas coisas do universo das aparências. É por isso que Goldsmith afirma que o corpo físico não possui inteligência, não pode se mover - ele é apenas como uma sombra refletindo o nosso estado de consciência. O corpo que se move é o corpo real que existe no Universo. E quem move o corpo é o homem real, o qual, novamente, existe no Universo. É somente no Espírito que tudo existe e acontece. "Em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser" (Atos 17: 28). Devemos nos erguer nossa consciência acima da crença de que a vida está no corpo e que o corpo controla a vida. Este é o fundamento que, se plenamente conscientizado, nos faz vencer a morte, o último inimigo. Goldsmith afirma: "O passo inicial para vencermos a morte está na conscientização de que o corpo não possui qualquer inteligência pela qual possa viver ou morrer. O corpo não tem inteligência para apanhar um resfriado, e para conseguirmos um resfriado para ele precisamos permitir a atividade da mente carnal aceitando as crenças do pensamento humano; e teremos de agir do mesmo modo para contrair para o corpo doenças de qualquer natureza. A doença humana nunca é contraída pelo corpo ou através dele. O corpo não possui inteligência: ele não pode se mover; é inerte; e, como uma sombra, reflete nosso próprio estado de consciência. Toda doença, portanto, que pareça ser do corpo é contraída através da atividade da mente humana pela sua aceitação das crenças universais. O primeiro ponto então para que a morte seja vencida é superar a crença de que o corpo tem, por si, capacidade de viver ou morrer, e conscientizar que o corpo tem somente a capacidade de refletir ou expressar a atividade de nosso próprio estado de consciência.".

Note que os ensinamentos do Caminho Infinito dizem respeito a vivermos a vida material a partir de um nível ou estado superior de consciência. Ao caminharmos com o nosso corpo físico [conceito], devemos estar cientes de que não é o corpo físico que está caminhando, mas somente o corpo real pode caminhar. Este é um exemplo bem pequeno e simples, mas através do qual podemos começar a treinar os princípios da cura espiritual, para posteriormente transpô-los para outros aspectos maiores da vida. "O ponto importante é em que nível de consciência estamos vivendo. Estamos nós vivendo de forma tal que, seja qual for o local ou plano de existência, dominamos os obstáculos da mortalidade e da materialidade? O grau de nossa conscientização de que esta divina Consciência nos governa é o grau com que nós 'vencemos o mundo'; dentro de cada um de nós estou Eu, e Eu sou o poder que rege toda a nossa experiência."

Por isso, medite! Contemple:

"Este corpo não é um poder sobre mim. Eu sou a vida, a mente, a inteligência e o poder que governam este corpo. Não eu, um ser humano, mas Eu, a divina consciência do Ser, dirijo este corpo, este negócio, este lar, este ensinamento e este algo mais dentro da faixa da minha consciência."

Namastê!

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sexta-feira, julho 18, 2014

O último inimigo

DEUS, A SUBSTÂNCIA DE TODA A FORMA
(Joel S. Goldsmith)

- Capítulo 7 -

O ÚLTIMO INIMIGO

Todos têm interesse no assunto da imortalidade – imortalidade aqui e agora, neste corpo, e não uma imortalidade a ser alcançada após a morte. É neste próprio corpo que podemos experienciar a imortalidade: neste próprio corpo que ora utilizamos como instrumento. Não iremos perder nosso corpo, mas perderemos o nosso falso conceito do corpo pela conscientização de sua natureza verdadeira.

Com a perda do sentido de doença, acidente e velhice, e com a conscientização do corpo perfeito não ocorre a perda do corpo: ocorre apenas a perda do falso conceito do corpo e a conscientização de sua natureza verdadeira. Do mesmo modo, experienciar a imortalidade aqui e agora não acarreta a perda do corpo, mas apenas na perda do falso sentido do corpo. Em nossa meditação diária vamos assim conscientizar a imortalidade aqui e agora – a imortalidade deste corpo e deste universo – para que possamos descartar o falso sentido que o mundo faz do corpo e do universo.

"Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte" (I Coríntios 15: 26). Para muitos, isto pode parecer bastante desencorajador. Mas, de uma coisa podemos estar certos, seja ou não este o último inimigo a ser aniquilado: ele não será vencido enquanto nós não começarmos a vencê-lo, enquanto nós não tomarmos alguma atitude em relação a ele. Passar de ano em ano somente repetindo: "Bem, a morte será o último inimigo a ser vencido", não fará com que ela seja adiada. Se desejamos adiar a morte e finalmente vencê-la, devemos começar agora mesmo.

O que é a morte? A morte parece ser um cessar momentâneo da consciência. Mas a consciência não pode permanecer ou estar em estado inconsciente. De fato, a consciência nunca pode se tornar totalmente inconsciente. O que chamamos de morte não passa de um lapso aparente de profunda inconsciência, do qual nos tornamos conscientes novamente, de forma similar àquela que ocorre quando dormimos.


O CORPO EXPRESSA A ATIVIDADE DA CONSCIÊNCIA

O passo inicial para vencermos a morte está na conscientização de que o corpo não possui qualquer inteligência pela qual possa viver ou morrer. O corpo não tem inteligência para apanhar um resfriado, e para conseguirmos um resfriado para ele precisamos permitir a atividade da mente carnal aceitando as crenças do pensamento humano; e teremos de agir do mesmo modo para contrair para o corpo doenças de qualquer natureza. A doença humana nunca é contraída pelo corpo ou através dele. O corpo não possui inteligência: ele não pode se mover; é inerte; e, como uma sombra, reflete nosso próprio estado de consciência. Toda doença, portanto, que pareça ser do corpo é contraída através da atividade da mente humana pela sua aceitação das crenças universais. O primeiro ponto então para que a morte seja vencida é superar a crença de que o corpo tem, por si, capacidade de viver ou morrer, e conscientizar que o corpo tem somente a capacidade de refletir ou expressar a atividade de nosso próprio estado de consciência.

Quando nós aceitamos na consciência o pensamento ou crença de morte, é que o corpo sucumbe a ela. Tem sido dito, repetidas e repetidas vezes, tanto pelos metafísicos como pelos médicos, que as pessoas morrem somente quando dão o seu consentimento. De uma maneira ou outra isto é verdade. Consciente ou inconscientemente é dado o consentimento para que ocorra a morte. Se você compreender este ponto de forma suficientemente clara, poderá não apenas adiar e provavelmente dominar a morte, mas estará de posse de uma verdade com a qual atenderá os chamados referentes a doenças e senilidade.

O fato de um indivíduo no caminho espiritual experimentar a morte ou passamento não significa necessariamente que ele tenha morrido. Por favor, lembre-se do seguinte: isto que venho dizendo não é produto de minhas suposições ou de algo que eu tenha lido em algum livro; tudo que tenho dito vem de experiência real em revelações interiores.


PROGRESSO OU RETROCESSO

Quando as pessoas na corrida normal da vida morrem, ocorre apenas momentâneo lapso de consciência do qual elas despertam praticamente no mesmo grau de mortalidade ou sentido material. Elas não se tornam mais avançadas ou mais espiritualizadas por causa da "passagem"; sua materialidade não se converte em espiritualidade. Elas talvez possam se livrar de uma dor imediata ou de uma doença imediata, mas tal libertação é similar à trazida pela medicina. A ajuda médica poderia livrá-las da dor ou da doença, mas nunca as faria avançar espiritualmente. Do mesmo modo, mesmo que o fenômeno da morte possa aliviá-las de alguma doença ou calamidade, isso não mudaria o nível de consciência delas; e iriam permanecer no mesmo nível material ou mortal, com a mesma oportunidade de a certos momentos avançar no caminho espiritual ou retroceder. A escolha é delas, tanto aqui como depois. Isso tudo, naturalmente, se aplica àqueles que no nível comum da existência humana morrem por acidente, doença ou pela comumente chamada "morte natural".

Os que deixam este plano de existência enquanto estão nas baixas esferas da vida, ou seja, como um alcoólatra, um viciado em drogas, um criminoso ou qualquer outro estado grosseiro da materialidade, irão permanecer no mesmo nível após a sua "passagem". A materialidade deles se tornará ainda mais densa, embora em alguma época, despertando para a verdadeira identidade, possam mudar o curso e iniciar a ascensão espiritual.

O estudante de religião ou metafísica que experiencia a morte ou "passagem" quando em ascensão espiritual, enquanto se eleva em sua trajetória, não somente desperta bem avançado no caminho, mas, em muitos casos, se for ampla a sua proximidade com relação à verdade espiritual, sua "transição" poderá significar uma libertação completa da experiência física ou mortal. É esta a libertação contida na mente dos seguidores de certas religiões ocidentais, que ao lado de seus ensinamentos sobre a reencarnação fazem referência ao estado que almejam atingir para não precisarem mais retornar à terra. Em outras palavras, alguns indivíduos atingem tal nível de consciência espiritual, que têm pleno conhecimento de sua verdadeira identidade e de que o chamado corpo físico não constitui o ser e não possui inteligência por si próprio, mas é um veículo ou instrumento através do qual eles aparecem como forma. A estes, a experiência da "passagem" pode fazer cessar o envolvimento com a consciência de sentido mortal ou material, fazendo com que eles passem à plenitude do viver espiritual.


VENCENDO O MUNDO

Temos a oportunidade de dominar a morte por completo, no sentido de permanecermos aqui na terra em nossa forma presente e nas contínuas e progressivas aparências que esta forma venha a assumir. Não sei se isso vem sendo feito ou não, mas há esta oportunidade. Contudo, o ponto importante não é este. Se iremos permanecer aqui por duzentos ou por dois mil anos não tem importância maior do que viajar para Nova York ou para a Califórnia ou Europa. Não há importância alguma o lugar em que iremos viver. O importante é como vivemos e porque vivemos. O ponto importante é em que nível de consciência estamos vivendo. Estamos nós vivendo de forma tal que, seja qual for o local ou plano de existência, dominamos os obstáculos da mortalidade e da materialidade?

Uma das últimas declarações de Jesus foi a seguinte: "Eu venci o mundo" (João 16: 33). Mas era ainda Jesus que estava dizendo aquilo, enquanto estava no mesmo corpo. "Eu venci o mundo". Nós, também, vencemos o mundo à medida de nossa conscientização:

"Este corpo não é um poder sobre mim. Eu sou a vida, a mente, a inteligência e o poder que governam este corpo. Não eu, um ser humano, mas Eu, a divina consciência do Ser, dirijo este corpo, este negócio, este lar, este ensinamento e este algo mais dentro da faixa da minha consciência."

O grau de nossa conscientização de que esta divina Consciência nos governa é o grau com que nós "vencemos o mundo". Então poderemos caminhar por sobre as águas, caminhar entre os micróbios, caminhar entre as guerras ou catástrofes, sem que nenhuma dessas condições tenha grande efeito ou poder sobre nós, porque dentro de cada um de nós estou Eu, e Eu sou o poder que rege toda a nossa experiência. Onde quer que estejamos, seja qual for a condição ao nosso redor, iremos nos encontrar diariamente alimentados, vestidos e abrigados. Se for necessário, encontraremos o maná caindo do céu; se for necessário, acharemos ouro na boca de um peixe; se for necessário, veremos pães e peixes serem multiplicados. De uma forma ou outra, seremos supridos diariamente com tudo o que se fizer necessário, seja na forma de pessoa, lugar, coisa, circunstância ou condição. Mas esta nossa experiência ocorrerá somente quando vencermos o mundo.

O processo para vencer o mundo tem início com a nossa compreensão da unidade, de nossa união com Deus, com a nossa conscientização de que "eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma" (João 5: 30), tudo que está fluindo através de mim é a vida, a saúde e a plenitude que é Deus.

"Isto disse o Senhor: Não se glorie o sábio no seu saber, nem se glorie a fonte na sua força, nem se glorie o rico nas suas riquezas; porém, aquele que se gloria, glorie-se em Me conhecer, e em saber que Eu sou o Senhor que exerce a misericórdia, a equidade e a justiça sobre a terra". (JEREMIAS 9: 23,24)

No momento em que começamos a perceber que tudo que temos é do Pai, que é universal, impessoal, imparcial e, portanto, que não temos direitos nem patentes, estaremos abrindo nossa consciência ao fluxo; e é quando aquele governo se responsabiliza por nosso corpo, nossos negócios, nosso lar, onde quer que estejamos.


RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO

Na consciência de Deus não existe morte. Deus não pode morrer. Deus é vida eterna e a Consciência infinita não pode morrer ou ficar inconsciente. Deus, a divina Consciência, está sempre Se expandindo, Se revelando, manifestando e expressando ininterruptamente a Si mesma como consciência individual. Deus é a sua consciência individual e esta consciência não pode morrer. Se Deus pudesse morrer ou ficar inconsciente, então, e somente então, poderia você morrer. Como Deus é a vida individual, poderia esta vida morrer? Poderia esta vida, que aparece como sua forma ou corpo, desaparecer da terra? Não; pode somente sair do campo de visão da mortalidade, através do processo da "Ascensão".

Quando nós, por nós mesmos, erguermos a nossa consciência acima da crença de que a vida está no corpo e que o corpo controla a vida, experienciaremos a ressurreição; obteremos a convicção de Jesus, ao dizer: "Derrubai este templo, e em três dias o levantarei" (corpo). Quando estivermos imbuídos da compreensão de que a divina Consciência, que é a consciência individual, governa e controla nosso corpo, e quando nós percebermos individualmente a verdade de que a nossa própria consciência é o poder da ressurreição, de reconstrução, teremos a nossa experiência da ressurreição. E então virá a ascensão.

A ascensão vem com a conscientização de que Deus está revelando a Si próprio como o nosso ser individual, e como o Espírito deve aparecer ou manifestar-Se como forma, então este corpo é tão espiritual, imortal e eterno quanto a Espírito-substância com a qual é formado. Com a luz dessa conscientização, virá a nossa ascensão.

Existe um significado espiritual trazido a nós pelo nascimento, crucifixão e ascensão do Mestre: se existe uma progressiva expansão da consciência, até que o nascimento e a crucifixão se cumpram em nós e tenhamos atingido a ascensão, não mais no corpo, mas como uma lei sobre o corpo, nunca mais teremos de retornar àquelas experiências. A ascensão é o estado de consciência que sabe que o corpo não controla a vida, mas que a vida controla o corpo. O Mestre provou ter atingido aquele estado de consciência quando, referindo-se à sua vida, disse: "Eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la" (João 10: 18), e disse também: "Derrubai este templo (corpo), e em três dias o levantarei" (João 2: 19); ou, em outras palavras: "Eu, Consciência, controlo este corpo". A Consciência controla o corpo pelo deixar que a Consciência do Eu Sou forme de Si mesma as maravilhas e belezas que nós denominamos aqui e agora.
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