DEUS, A SUBSTÂNCIA DE TODA A FORMA
(Joel S. Goldsmith)
- Capítulo 9 -
A NATUREZA DO INDIVÍDUO COMO CONSCIÊNCIA
É provável que o ponto mais importante da vida espiritual venha a ser a questão: “Que é Deus?”. A pesquisa dos diferentes conceitos de Deus indica que para algumas pessoas Deus é visto como Mãe; para outras é visto como Pai; para algumas é considerado como Mente, Lei ou Princípio; e por fim algumas O consideram Pai-Mãe. Se o conceito for iluminado, um termo não será mais importante ou adequado que o outro, mas a nossa maneira de considerar frequentemente limita o nosso conceito do Infinito a uma forma finita.
A maior declaração jamais feita sobre o nome ou natureza de Deus diz que, se você puder dar-Lhe um nome, aquele não é Ele. E isto é verdade. Se der a Ele um nome, você estará batizando algo além de você próprio, e aquele não poderá ser Deus, pois o próprio Ego que está dando aquele nome não é outro senão Deus. Da mesma forma não poderá haver realmente uma busca pela verdade porque aquele que está buscando é a verdade. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14: 6). Como poderia eu buscar a vida eterna, se eu próprio sou aquela vida eterna?
A NATUREZA DE DEUS
Qualquer nome ou termo que pudéssemos aplicar a Deus seria errôneo em si, pois implicaria em dualidade. Sob este ponto de vista há uma experiência interessante do líder hindu Ramakrishna, que viveu no final do último século.
Desde criança, quando já ajudava no altar do templo, ele sentia profunda aspiração por Deus, sentia-se faminto por Deus. Como um dos deuses da Escritura Oriental era conhecido por Mãe Kali, esta era a designação usada por Ramakrishna quando se referia a Deus. Ela passou a ter tamanha realidade para ele que todas as suas preces e devoção eram dedicadas a ela.
Certo dia, uma mulher de grande elevação espiritual veio a Ramakrishna e se ofereceu para erguê-lo ao mais alto grau de consciência espiritual, onde ele se conscientizaria de sua unidade com Deus. Ramakrishna aceitou e a mulher permaneceu por algum tempo com ele, meditando junto dele até que sua consciência lhe permitiu dizer: “Ah, eu sou!”. Ele teve a plena conscientização de que eu e o Pai somos um – “Eu sou Ele” (Soham). Porém, posteriormente, conta-se que naquele estado de consciência onde não havia nenhuma Mãe Kali ele passou a sentir solidão, e voluntariamente abandonou sua consciência da unidade absoluta para retornar ao senso de dualidade.
Na Índia, um dos termos mais destacados para Deus é Mãe. Às vezes a palavra Pai é empregada, mas a designação “Mãe” é a que prevalece. Este ensinamento hindu atingiu a Europa e alguns europeus também passaram a pensar em Deus como Mãe. Mas a fim de apreender uma ideia mais clara da totalidade de Deus, mais tarde muitos europeus adotaram a designação Pai-Mãe, que é hoje empregada em muitos lugares. Embora esse termo tivesse sido inicialmente introduzido neste país pelos Quakers, que o criaram do conceito oriental de Deus como Mãe e do conceito ocidental como Pai, ele é muito frequentemente usado na Ciência Cristã e na Unidade.
No Antigo Testamento você verá que Abraão falava de Deus como Amigo. Este foi o seu conceito desta Presença e Poder espiritual – Amigo. E ele conversava com Deus como se o fizesse com um amigo.
Para Jesus, Deus era considerado como Pai, e este conceito é encontrado em todo o seu ministério. “O Pai que está em mim...”(João 14: 10)... “Meu Pai trabalha até agora.”(João 5: 17). Sempre seu relacionamento com Deus era como se Deus fosse um Pai: “Quem me vê a mim vê o Pai... “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim?”(João 14: 9-10). “Eu e o Pai somos um.”(João 10: 30). Dos registros do Evangelho de João somos levados a crer que antes da crucificação, Jesus havia conscientizado sua unidade com Deus, vendo que tudo da natureza humana era somente um vidro embaçado através do que a Infinitude estava aparecendo. Ele aprendeu a não ter desejos conscientes, mas a deixar-se conduzir por Deus, conscientizando não haver Deus e ele, mas que realmente Deus é tudo que existe. De Jesus nós recebemos o ensinamento: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14: 6)... “Eu sou a videira, vós sois os ramos” (João 15: 5). Todo o seu ensinamento está fundamentado no Eu Sou.
Como estudantes da sabedoria espiritual, todos vocês já sabem da existência de muitos estados e estágios de consciência. Para alguns, Deus é claramente compreendido quando visto como Mente. Há outros que só conseguem visualizá-Lo como Princípio ou como Lei do universo. Existem ainda aqueles que amam a natureza – plantas, flores, e árvores – e têm um conceito de Deus como Vida, a suave Vida que a tudo permeia. Nesses casos, cada um está interpretando Deus de acordo com seu próprio estado de consciência.
Há pessoas que entram nesta vida sob o ponto de vista de devoção ou religião, e para estas Deus permanece como Deus, e nenhum outro conceito consegue satisfazê-las. Alguns podem entender Deus como sendo o Cristo, e isto os satisfaz. Por outro lado, há muitas pessoas em metafísica que nunca aceitaram o Ser supremo sob as letras D-E-U-S e nem mesmo como o Cristo. Para elas, Deus deve ser encarado como lei, mente ou princípio. Mas aquele é um estágio temporário, pois uma vez ocorrida a conscientização de Deus, uma vez que Deus tenha se tornado uma experiência viva, nunca mais poderá ser visto como mente ou princípio. Passará a ser um terno amigo, a Alma, um divino amor, e outras denominações, que para aqueles que ainda não tiveram aquela experiência, não fazem qualquer sentido. É muito fácil falar de Deus como sendo Amor, mas será um termo sem significado, a menos que você O sinta realmente.
TENDO A EXPERIÊNCIA DE DEUS
O propósito ou objetivo de se seguir o caminho espiritual não é ser capaz de atribuir um nome a Deus, mas é ter a experiência de Sua presença, e então deixar que Deus seja para nós tudo o que Ele possa fazer-Se manifestar como, pois a cada um Deus Se revela e Se desdobra de uma maneira individual. A mais elevada prece, a mais elevada meditação, ocorre quando eliminamos inteiramente todas as opiniões pré-concebidas, pensamentos, formas ou nomes para Deus e nos tornamos receptivos, dizendo: “Pai, revela-Te.”
Isto não quer dizer que Deus é Pai no sentido de um pai humano, porque ninguém poderia sonhar com um Deus meramente como um pai de natureza masculina e nem poderia falar de Deus como Mãe pensando em termos de mãe humana. O termo Pai-Mãe simplesmente denota as qualidades especiais de Deus. Quando nos referimos a Deus como Pai, naturalmente pensamos num forte poder em que podemos confiar, num poder que nos ampara e nos mantém, ou mesmo num poder disciplinador; quando nos referimos a Deus como Mãe, naturalmente pensamos em Deus como uma suave presença ou influência protetora; quando nos referimos a Deus como Pai-Mãe, pensamos em todas estas qualidades que nos circundam, formando uma nuvem em volta de nossos ombros e uma luz em nossos pés.
Uma vez que tenhamos realmente sentido e compreendido que Deus não é nem pai nem mãe, que Deus não é uma pessoa em qualquer sentido da palavra, e tenhamos lançado fora todas as nossas ideias a respeito do que é Deus, deixando que Deus se revele, Se manifeste, então Deus virá como um “sentimento” e uma “consciência” , e nunca mais levantaremos na mente a questão do que venha a ser Deus ou qual o nome ou termo a Lhe ser atribuído.
O meu conceito de Deus é de uma presença e sentimentos indescritíveis. Eu não conheço Deus a não ser através de um “sentimento”. Eu “sinto” a Presença em todo o meu ser, em meu tórax, na ponta dos pés. Não importa qual seja a circunstância externa, mesmo nos casos em que desarmônica, eu me mantenho sempre consciente desta Presença – uma sensação, um sentimento, uma consciência.
Este assunto da natureza de Deus tem sido ampliado, não para que você possa ganhar um maior conhecimento da verdade, mas para que muitos atinjam uma elevação de consciência que permita ter uma experiência real de “sentir” Deus e possam finalmente dizer: “Eu vi Deus face a face”. Isso virá a acontecer com todo aquele seguir o caminho espiritual. Terá erguido sua consciência ao ponto em que Deus é uma realidade, e se alguém lhe perguntar “O que é Deus?”, ele apenas sorrirá, pois não haverá mais nada que ele pudesse fazer. Eu não saberia o que dizer diante da pergunta “O que é Deus?”, porque após sentí-Lo não se consegue mais definí-Lo. É impossível fazê-lo. Não existem palavras para descrevê-Lo e nem maneiras de ilustrá-Lo para alguém mais. É preciso haver uma experiência individual.
Somente quando atingimos aquele desenvolvimento que nos permita entrar em meditação e pedir: “Deus, revela-Te!”, e sentimos Sua presença é que passamos a ter uma compreensão espiritual.
Todo o objetivo de nossa estada neste plano da vida é alcançar aquela conscientização de Deus. Quando isso acontece e nossa unidade com Deus é sentida conscientemente, todas as discórdias, erros e desarmonias desaparecem, e Deus Se torna a vida de nosso ser, a sustentação, o suprimento, a sabedoria, a diretriz e a inteligência; Deus Se torna a natureza suave e pacífica de nosso ser; e além disso, há uma compreensão total de que aquilo tudo é Deus aparecendo como. Ao sentirmos a presença de Deus passamos a saber que toda a nossa experiência é fruto daquela Presença e que sempre nós A teremos conosco: “eu nunca o deixarei e nem o abandonarei.” (Hebreus 13: 5).
Uma vez que tocado por aquele Algo, você saberá que Ele está presente e que nunca o deixará e nem o abandonará. É verdade que você poderá passar horas, dias ou mesmo semanas em que dirá: “Eu me sinto totalmente isolado de Deus”. Você poderia realmente sentir-se daquela forma; sentir-se como um ser humano deixado perdido no mundo, sem base alguma. Mas ela retorna muito, muito rapidamente e logo você percebe que não estava realmente afastado daquela Presença; apenas ela estava momentaneamente além de seu alcance, quando a pressão externa era muito forte.
QUEM SOU EU?
Devemos passar a considerar a nossa posição em relação a Deus. Até agora, falamos de Deus conosco; falamos de Deus permeando o espaço todo. Porém, quem sou eu e onde estou eu?
Passe a olhar o seu dedo do pé e pergunte a si mesmo: “Aquilo sou eu?”. A resposta logo há de vir: “Não, não sou eu; aquilo é meu.” Então dirija sua atenção para o pé e verifique se ele é você ou se ele é seu. Continue investigando até o topo da cabeça, e verifique se você pôde se localizar em alguma parte do corpo ou se descobriu que você não está no corpo, mas que o corpo está/pertence a você.
Você não irá se achar no corpo, porque não está nele. O corpo é seu, mas você não se encontra no corpo. A razão disso é que você é consciência, você é inteligência, e não se pode confina-las na carne. A consciência governa o corpo; ela não está confinada em um corpo. Como poderia a inteligência, uma qualidade da consciência, estar confinada dentro de um cérebro ou de um estômago?
Você é consciência. Como podemos saber disto? Você está consciente: você está consciente do seu corpo; você está consciente da sua família; você está consciente de sua nação; você está consciente dos oceanos, estrelas, sol, lua – de tudo que está incorporado dentro da consciência que você é. Se eles não estivessem em sua consciência, você não poderia estar consciente deles. No momento em que você começar a compreender isto, passará a ver que você não está localizado em uma poltrona ou mesmo em uma sala. Exatamente onde você se senta é a terra toda, incorporada dentro de sua consciência; portanto, você deve ser maior que a terra para poder contê-la dentro de sua consciência.
A NATUREZA DA CONSCIÊNCIA
A Consciência que constitui o seu ser é infinita; e através dela você toma conhecimento de tudo o que existe neste mundo presente e também de tudo que já existiu no passado ou que virá a acontecer no futuro. Nada poderia estar fora da faixa da consciência infinita. Quando você se torna cônscio da natureza infinita do seu ser como consciência, você passa a perceber que é sua consciência que engloba e incorpora tudo o que se relaciona com a sua experiência – seu corpo, lar, negócios e outras atividades referentes a você. A consciência que constitui o seu ser governa todas estas atividades.
Ao considerar o tema da consciência, você estará tratando com infinitude, eternidade e imortalidade. É esta a consciência que você é, a consciência que você não pôde encontrar no seu corpo, mas que encontrou englobando, não apenas o seu corpo, mas o seu universo inteiro. Assim que você começar a conscientizar que a natureza do seu ser é consciência, passará a ter a compreensão de que você, por si, é imortal, eterno e infinito. Um conhecimento meramente intelectual deste fato nada fará para você. Deverá haver uma conscientização interior desta grande verdade antes que você possa “sentir” a presença desse poder atuando como sua consciência individual.
Esta consciência age através da inteligência, age como mente, e age de forma mais poderosa, clara e correta quando nos colocamos num estado de receptividade para a sua ação. No cenário humano existe a ação da mente carnal, uma mente que faz algumas vezes coisas maravilhosas para você, mas que em outras vezes o coloca em dificuldades. Esta mente dá a você condições de realizar algumas coisas notáveis, mas o sucesso atinge determinado ponto e estaciona, e então suas limitações se tornam visíveis.
A mesma mente, porém, quando dotada de sabedoria espiritual, quando começa a extrair a infinitude, já deixa de ser a mente carnal humana. Ela ainda se expressa como mente individual, mas deixa de planejar, delinear, raciocinar, programar ou pensar. Passa a ser um estado de receptividade, um instrumento da Inteligência divina, sempre sendo dirigida para seguir o rumo certo.
Quando a mente se torna este estado de receptividade à orientação divina, obviamente ela não será conduzida para desejar obter fama ou fortuna através de meios ilícitos. Quando alguém abre sua consciência a esta orientação divina, é preciso compreender que toda bênção que lhe for trazida individualmente se estenderá a todos os que com ele estiverem associados. Aqui reside a diferença entre a atividade da mente humana, guiada por razões humanas, e a atividade de sua mente individual, quando é desejosa de receber instruções da Inteligência infinita, da Sabedoria infinita.
Este é o motivo pelo qual eu trato amplamente desse assunto da consciência. Já vimos que Deus deve ser revelado a cada um de nós, não como um nome, mas como uma experiência, um “sentimento”, e agora quero fazer saber que quando aquilo acontece, vem na forma de uma Consciência infinita, uma Consciência infinita que você reconhecerá ser a sua própria consciência. Então ela será imbuída não apenas de inteligência, sabedoria e instrução, mas também de suavidade e proteção – tudo que for necessário para o desenrolar harmonioso de sua existência, não apenas do “berço ao túmulo”, mas desde “antes que Abraão existisse... até a consumação dos séculos.” Todo aspecto de sabedoria, orientação e segurança – tudo se encontra naquela consciência que você é.
A CONSCIÊNCIA SE DESDOBRA COMO FORMA
Observe agora o que acontece! No instante em que você adquire o primeiro vislumbre de que Deus é a sua consciência, você começa a compreender aquele ponto máximo com que iniciamos este trabalho específico, isto é, que não existe qualquer poder ou valor no efeito, já que todo o poder e todo o valor estão na consciência produtora do efeito. Você passa a observar que onde quer que você esteja, ali é “solo sagrado”, e que a Onipresença junto a você – a Onipresença como você – já possui tudo o que for necessário para o momento, em termos de suprimento, saúde, conhecimento ou proteção. Seja qual for a necessidade, você a encontrará suprida na Onipresença de você próprio, não dependendo de pessoas, lugar, coisa, circunstância ou condição. Quando você captar este sentido de se ver como consciência, ou de visualizar a consciência como realidade do seu ser, onde você estiver, a totalidade da infinitude divina estará ao seu alcance. E realmente começará a compreender as promessas bíblicas: “Eu nunca o deixarei nem o abandonarei... Quando tu passares por entre as águas, eu serei contigo, e os rios não te submergirão; quando andares por entre o fogo, não serás queimado, e a chama não arderá em ti.”
O primeiro passo em sua conscientização de ser consciência começa por pesquisar, “dos pés à cabeça”, se você pode ser encontrado em alguma parte do corpo. Você verá então que não está em um corpo, mas que está consciente do corpo, e além disso perceberá estar “do lado de fora” como consciência, lá onde não poderá ser tocado por coisa alguma de natureza finita ou errônea.
Tente captar a visão do significado da consciência, pois ela se expressará a você ou através de você como sua própria sabedoria, como sua própria vida, e trará com ela a sua própria imortalidade, sua própria eternidade e sua própria infinitude. Ao começar a perceber a si próprio como consciência, você estará começando a conscientizar que Deus é a própria fibra de seu ser, a própria substância de seu corpo. Com essa nova compreensão, você olhará para o mundo e verá tudo como sendo formado daquela consciência, e portanto como um instrumento de Deus, nunca do mal.
Os três hebreus caminharam através da fornalha incandescente, sem serem afetados pelo fogo ou pela fumaça, pois conheciam a Deus como o poder de todo efeito e, vestidos com tal capa protetora, não viram o fogo como sendo um elemento maligno. Viram-no somente como uma atividade da consciência, como uma qualidade da consciência.
DEUS É O ÚNICO SER
Quando esta ideia de unidade e totalidade da consciência despontar, surgirão muitas experiências de cura, proteção e orientação. Em dado momento, o estudante que estava ajudando alguém com um problema físico, teve a conscientização: “Eu sou o ser único, Eu sou tudo que existe. Há somente um Eu, e, portanto, se não é uma verdade para este Eu que eu sou, então este problema não é verdade para mais ninguém.” Aquela conscientização trouxe um alívio imediato, e logo em seguida veio a cura.
Outro caso de cura com uma conscientização similar ocorreu num caso de câncer. A pessoa que havia realizado a cura contou-me que tinha lido “A interpretação espiritual das Escrituras” e que havia percebido claramente que o livro expunha sobre o único Eu. Quando a pessoa que vinha por vários anos enfrentando um problema de câncer solicitou a sua ajuda, veio-lhe a conscientização: “Eu não tenho esta condição; isto não faz parte do meu ser, e como este é o único ser, como poderia fazer parte do ser de alguma outra pessoa?”. Na manhã seguinte a cura estava concretizada; a coisa toda tinha desaparecido.
Estes foram dois casos que aconteceram graças à conscientização da unidade e totalidade da Consciência. Note que se existe uma só Consciência e que Esta é infinita, tal Consciência deve ser você. Se alguém lhe disser que está doente ou que é pobre, você saberá que aquilo não pode ser, pois existe somente um Eu infinito, uma Consciência infinita, aparecendo em todas as Suas infinitas manifestações, mas que permanece ainda como o único Eu, que é aquele Eu que eu sou.
Quando alguém lhe solicitar ajuda, não deverá haver um senso de algum paciente vir ao praticista, e de um praticista de alguma forma a entrar em contato com Deus para que o paciente seja curado. Não existem Deus, praticista e paciente: Existe somente Deus; e apenas com esta conscientização é que a cura científica poderá acontecer. Em caso contrário, teríamos uma pessoa doente que dependeria da compreensão e habilidade do praticista para alcançar a Deus e trazê-Lo ao paciente. Muitas coisas estariam erradas naquele quadro. Não existe praticista e não existe paciente: Existe somente Deus, e esta conscientização deverá vir em todo tratamento, em toda tentativa de estabelecer a harmonia nas atribuladas situações humanas.
Quando você estiver tratando de sua própria vida, com seus relacionamentos familiares ou com os seus negócios – até mesmo com seus relacionamentos familiares ou com os seus negócios – você deveria praticar o exercício de viajar pelo seu corpo de cima abaixo e procurar nele o seu próprio ser; e então, ao vir que aquilo não é possível, faria a pergunta: “Onde eu estou?”, ou, “Quem sou eu?”, ou ainda, “O que eu sou?”, e então conscientizaria que o Eu é Deus. Ao adquirir aquela visão, você terá resolvido integralmente o problema porque prontamente irá ver que não pode haver espaço para Deus, Ser infinito, e para algo ou alguém mais ao lado d’Ele.
Todo relacionamento desta vida se baseia na crença de que há dois ou mais de nós – dois ou mais de nós no lar, dois ou mais de nós nos negócios. Por outro lado, toda verdade espiritual está baseada no fato de que há somente um Eu, uma Consciência, uma Alma, um Espírito, e eu sou aquele que Eu sou. Tudo que é do Pai é meu – tudo que é verdadeiro para o Eu é verdadeiro para o filho.
A nossa dificuldade surge quando, após termos feito aquela declaração e conscientizado aquela verdade, nós nos envolvemos de alguma maneira com os mortais, com o quadro mortal. E é onde nós perdemos a demonstração, pois aquilo não pode ser feito. Os mortais constituem a ilusão; constituem o que não tem existência. Como seria possível vincularmos uma verdade espiritual com aquilo que não tem existência? Não o tente. Isto não pode ser feito. Você não pode curar um ser humano. Se isso pudesse ser feito, Deus já o teria feito muito antes que o tentássemos. A essência e substância do trabalho de cura está na conscientização de que não existem seres humanos e que Deus é o único ser infinito.
Nós todos conhecemos estas verdades espirituais, mas sempre caímos numa armadilha. Após termos conhecido esta verdade, nós ficamos a imaginar: “Bem, mas o que fazer com o meu paciente que não está respondendo?”. Nós não temos um paciente! Se tivermos tal pensamento, se retivermos qualquer pensamento sobre um paciente, nós não temos o direito de sermos praticista, pois ainda não possuiremos uma compreensão do único Eu, do único Ego, ainda não possuiremos uma compreensão do nosso próprio ser como consciência. Eu sei que isto não é fácil porque se opõe a tudo que os sentidos humanos testificam.
A resposta àquela questão é a resposta ao seu e ao meu problema individual. O mundo todo possui uma crença em alguém apartado de Deus, e está pagando por seu erro/pecado. Estamos todos pagando por tal erro ou pecado. E, enquanto aceitarmos uma egoidade apartada de Deus, sofreremos a penalidade por tal crença. Somente quando despertarmos para nossa verdadeira identidade, entraremos no reino de nossa herança espiritual de harmonia, totalidade, alegria, paz, abundância, e de todo o bem do reino espiritual.
Cont...
Amigo Gustavo...
ResponderExcluirEste capítulo é completo,é magnífico!
E indica a "investigação" para achar-Se.
Somos Aquilo que Observa (a Observação), e não o observado...,embora o que quer que seja observado esteja (ou seja)nAquilo que observa.
Se podemos ter consciência de algo
objetivo (como no exemplo do "pé à cabeça")é porque o Que somos É Aquilo que está "fora" do objetivo.
Quem somos é o que está "dentro",e dentro é "lugar nenhum"
Esse "lugar nenhum",ou "algo que não é algo" é a Realidade subjacente da Consciência/Deus que somos. Pois já diziam:
"Consciência é tudo o que há.Nada existe além de Consciência."
Bem...é só um comentário,tá?
Foi um excelente comentário, SERgio, muito claro e objetivo.
ResponderExcluirDisse muito em poucas linhas! O Ser que somos está sempre "fora". Além, aparte, transcendendo o mundo da objetividade.
Realmente este capítulo é um dos maiores do livro, pensei em dividi-lo em duas parte, mas depois achei melhor deixa-lo na íntegra. Ficou grande a leitura! Parabéns para quem teve "fôlego" de conseguir lê-lo todo. Ele tem um conteúdo muito importante e interessante. Todos têm! rsrs
Mais uma vez, grato por seu comentário!
Grande Abraço!