quarta-feira, maio 28, 2014

Imagem Verdadeira – Ideia Suprema – Ser Humano - 2/3

Masaharu Taniguchi


O aspecto presente do mundo fenomênico, ou seja, o aspecto manifestado, está em constante movimento e mutação. E nós, seres humanos, esforçamo-nos para transcender a mutabilidade, a inconstância e a transitoriedade e nos aproximar gradativamente da perfeição. Todas as pessoas, mesmo aquelas que no aspecto fenomênico são perversas, têm um objetivo que desejam alcançar e se esforçam nesse sentido. Até mesmo os atos abomináveis como fraudar, roubar ou matar são manifestações do desejo de alcançar um nível de vida melhor do que aquele em que a pessoa se encontra. Portanto, mesmo as pessoas aparentemente perversas trazem no âmago de seu ser a ideia que as impele a conseguirem algo melhor. Não se trata de algo idealizado pelo seu "consciente intelectual" ou "consciente fenomênico". Naturalmente, não se pode justificar atos abomináveis como roubo ou homicídio. O que quero dizer é que tais atos são resultados da manifestação distorcida de determinadas ideias através de uma "lente mental" defeituosa, e que mesmo as pessoas aparentemente perversas trazem, no âmago de seu ser, a perfeição original.

Quando praticamos uma boa ação em nossa vida cotidiana, algo que podemos chamar de padrão divino ou Ideia Suprema que existe dentro de nós aprova essa ação e nos elogia. Por isso, sentimo-nos felizes. As sensações de felicidade e alegria provêm da satisfação que sentimos quando conseguimos manifestar um aspecto condizente com a perfeição da Imagem Verdadeira, ou seja, um aspecto em conformidade com o padrão divino. Sentir tal satisfação significa que fomos elogiados por Deus. Assim, quanto maior o grau de manifestação da Imagem Verdadeira, mais genuína será a nossa satisfação.

Como foi dito, dentro de nós habita o Ser Superior a quem chamamos Deus. Ele constitui o ideal, a norma, a consciência, e nos elogia ou critica. É um equívoco pensar que Deus esteja em algum lugar distante. Na verdade, Ele está dentro de cada um de nós. Por isso, é natural surgirem provérbios tais como: "Se eu conhecer o Caminho (Verdade) pela manhã, poderei morrer à noite sem nenhum pesar" (frase dita por Confúcio. Significa que, se conhecermos pela manhã o correto Caminho para vivermos como ser humano, não sentiremos pesar mesmo que tenhamos de morrer na noite do mesmo dia). Quando alcançamos o despertar pelo conhecimento do Caminho (Verdade que rege o Universo) e compreendemos que ele é o mesmo Caminho que existe dentro de nós mesmos, a Vida que está em nós entra em perfeita sintonia com a infinita Vida de Deus. Então, a vida fenomênica "pode acabar esta noite mesmo". Em outras palavras, passamos a não ter muito apego à vida neste mundo fenomênico. Em suma, conscientizamo-nos de que a nossa Vida é eterna e que a Vida que existe em nós é uma com a Vida de Deus, e por isso deixamos de nos preocupar com a vida e a morte do corpo carnal manifestado no plano fenomênico. 

A ocorrência de cura pela leitura de A Verdade da Vida e pelo consequente despertar espiritual é um efeito secundário. Quando nos sintonizamos com a verdade e alcançamos o elevado estado espiritual em que é possível afirmar "Posso morrer hoje mesmo", a doença se extingue rapidamente porque no mundo da Verdade não existe doença.

Como já expliquei, no âmago do ser humano existe a Ideia Suprema – a Imagem infinitamente perfeita – e essa Ideia Suprema é Deus. Pelos ideais, normas ou "padrões" que dEle provêm e se fazem presentes em todas as pessoas, compreendemos que o Deus que habita o indivíduo chamado "eu" é o mesmo que habita todas as pessoas. Se Deus habita dentro de todo ser humano, é óbvio que Ele está presente no Universo todo. Esse Deus onipresente é Deus, Fonte da Verdade. A Vida de Deus habita o interior de todas as pessoas, constituindo a Imagem Verdadeira delas. E o ideal surge como um sinal indicador para que o eu fenomênico possa se aproximar mais da Imagem Verdadeira. Assim, sentimos alegria quando conseguimos nos aproximar do nosso ideal; e, quando não conseguimos, sentimos um vago peso de consciência. Portanto, não existe castigo divino. O que julgamos ser um castigo divino é a reação da nossa própria natureza divina, que nos recrimina quando fazemos algo errado. Deus está presente em nosso interior e, segundo Suas normas, nos elogia ou nos adverte.

Em suma, Deus está dentro de nós, sob a forma de ideal perfeito e sublime. E é Ele que constitui o nosso Eu verdadeiro. Portanto, quando conseguimos viver plenamente o nosso Eu verdadeiro, não nos importamos mais com a vida e a morte do nosso corpo carnal. Nesse ponto, alcançamos a conscientização: "Se eu conhecer o Caminho (Verdade) pela manhã, poderei morrer à noite sem nenhum pesar". Quem me pede para curar-lhe a doença são pessoas que não querem morrer, ou seja, pessoas que ainda não despertaram para o seu Eu verdadeiro – o eu que é um com o Caminho do céu e da terra. Para tais pessoas, digo: "Obterá a cura se despertar para seu Eu verdadeiro". Digo também: "Abandone a ansiedade de se curar e desperte em você o pensamento sincero de viver de acordo com o Caminho". Com efeito, muitos doentes que leram A Verdade da Vida e despertaram em si o sincero desejo de viver de acordo com o Caminho realmente obtiveram a cura.

Talvez haja pessoas que pensem que ideia é algo que nós, seres humanos, elaboramos arbitrariamente na mente ou fazemos surgir por meio da imaginação. Pensam assim por que captam a "manifestação da ideia" sob um ponto de vista conceitual. Na verdade, ideia (Arquétipo perfeito que existe por trás de toda manifestação fenomênica; Mente Divina) é algo que possui existência verdadeira (essência) e que está presente em nós antes mesmo de se manifestar em nossa mente como critério, esperança, ideal, anseio, etc. Como já disse, ela está alojada desde o princípio em todos os seres vivos. E, quanto à sua expressão no plano fenomênico, ela vai evoluindo para níveis cada vez mais elevados, perfeitos, visando ao infinito, do mesmo modo que, no plano biológico, a ameba evoluiu para o ser superior, que é a espécie humana.

Explicando de modo mais simples, dentro de nós existe um padrão perfeito, máximo, e somos orientados por ele o tempo todo. Como somos filhos de Deus, nossa Imagem Verdadeira é de perfeição desde o princípio. Porém, na vida fenomênica, seguimos manifestando gradativamente a perfeição da Imagem Verdadeira.

Devemos crer em Deus, mas não pensemos que Ele seja um ser imperfeito, irascível, vingativo. Não devemos estabelecer como modelo tal imagem de Deus e manifestar tais imperfeições em nós próprios, em nosso modo de viver, procurando imitá-lo. A missão do ser humano na Terra consiste em manifestar a ideia máxima, a perfeição, que está alojada nele desde o princípio.

Em que ponto de nossa existência descobrimos essa nossa missão? Ela já se revelou no passado? Está se revelando no presente? Ou será que irá se revelar no futuro? No mundo fenomênico, onde tudo é sujeito às restrições de tempo e espaço, visualizamos essa missão no passado ou no presente e procuramos realizá-la no futuro. Mas, na verdade, essa missão está intrinsecamente ligada à ideia que existe em nós desde o princípio – à nossa Imagem Verdadeira perfeita. É a Imagem Verdadeira que impulsiona, do nosso interior, a "consciência de missão". Manifestar a ideia, que foi criada pelo verbo divino e que é o "arquétipo existente desde o princípio no mundo da Imagem Verdadeira", constitui a missão primordial do ser humano.
Cont...

Do livro: "A Verdade da Vida, vol. 35", pp. 125-130

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