quarta-feira, março 05, 2014

Assim se identificam o Budismo e o Cristianismo - 11/11

Masaharu Taniguchi


Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixa-la secretamente. Enquanto ponderava nestas cousas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. (Mateus 1:18-20)

Não se turbe o vosso coração nem se assuste. Ouviste que eu vos disse: Vou, e venho a vós. Se vós me amásseis, certamente havíeis de vos alegrar de eu ir para o Pai (...) como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; (...) para que sejam um, como nós o somos; eu (estou) neles e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade. (João 14:27-28 e 17:22-23)

A primeira citação refere-se à concepção de Jesus pelo Espírito Santo. A segunda são palavras proferidas por Jesus imediatamente antes de sua prisão para ser pregado na cruz. O termo "eu" refere-se a Jesus, e "nós" refere-se a Pai e Cristo. A finalidade da crucificação de Jesus está bem clara nessas palavras. Isto é, por meio da cruz (negação do corpo carnal), Cristo vem a nós [segundo suas palavras "Vou, e venho a vós (homens)] para que Deus, Cristo e os homens "sejam aperfeiçoados na unidade" (they may be made perfect in one). Ou melhor, pela negação do corpo carnal, isto é, pela crucificação de Jesus, já foi eliminada a ideia de que "o homem é corpo carnal", que era o último obstáculo que separava Deus e o homem, e este "foi aperfeiçoado" e retornou à original perfeição. O homem é originariamente perfeito e saudável. O homem, originariamente, não é corpo carnal, mas, sim, espírito santo em si. Entretanto, adquiriu a ilusão de que ele é "corpo carnal" por meio dos cinco sentidos (fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, sugerido pela serpente), e consequentemente foi expulso do jardim do Éden, passando a vagar no mundo dos cinco sentidos. Porém, essa ilusão foi agora desfeita. Nós, seres humanos, ressuscitamos como Vida Eterna juntamente com Jesus; Pai, Filho e o homem se tornaram um. Nós já fomos aperfeiçoados; somos o próprio espírito santo. Nós não nascemos da carne, não nascemos da relação carnal, não nascemos do útero de mulher; nascemos de Deus. O útero por meio do qual viemos ao mundo é apenas uma passagem sob o ponto de vista dos cinco sentidos, pois a nossa origem verdadeira é Deus.

Que o homem não é filho do homem carnal pode ser comprovado pelo fato de alguém desejar um filho e não o conseguir, e de nascer um de vários, mesmo quando ele não o deseja. Mesmo recorrendo a métodos anticoncepcionais, uma criança nasce quando tem de nascer.

No jornal Asahi Shinbum de 7 de agosto de 1944, está publicado, na coluna doméstica, um artigo do doutor em medicina Kanenobu Sakuma. Segundo ele, há casos em que ocorre a gravidez, mesmo quando se eliminam as duas trompas uterinas para impedir que o óvulo desça do ovário para o útero. Ele diz que o mistério da Vida é algo inexplicável.

O dr. Katsumi Tokuhisa, ginecologista, no seu livro A relação entre Marido e Mulher, publicado em 1943, cita uma doença chamada incontinência urinária: a bexiga se rompe e a urina corre direto para a vagina, vazando sem parar. Nesses casos, a única solução consiste em fechar a entrada da vagina, costurando-a. Mas há casos em que, mesmo com a vagina fechada, pode ocorrer a gravidez. E o referido livro cita um caso verídico.

Em 1944, quando fui a Shangai, a futura esposa de um leitor da Seicho-No-Ie chamado sr. Obara retirou os dois ovários, em intervenção cirúrgica no Hospital Dojunkai. Isso foi antes de ela se tornar leitora da Seicho-No-Ie. Posteriormente, eles se casaram e tiveram um filho. Eles vieram agradecer, com a criança no colo.

Pela lógica, parece impossível engravidar sem ter nenhum dos ovários, mas Deus torna possível o impossível. O ser humano é espírito santo; por isso, mesmo não tendo ovários, o espírito santo pode engravidar e gerar prole.

Os leitores poderão pensar que, sem ovário, é impossível o homem nascer. Então pergunto: nos primórdios da história de nossos ancestrais, de onde nasceu o primeiro homem? Obviamente não vamos pensar que Deus criou primeiramente apenas o ovário e que desse ovário nasceu o primeiro homem. Só podemos pensar que primeiramente nasceu a Ideia (pode-se dizer "espírito santo") de homem e que o homem surgiu conforme a imagem dessa Ideia. [Deus criou o homem à Sua imagem (Ideia). (Gênesis)] O nascimento do homem não é o nascimento do corpo carnal, mas a vinda (do alto) da Sagrada Ideia. O homem é a própria Sagrada Ideia que desceu do alto. O que parece corpo carnal é a atmosfera que envolve essa Sagrada Ideia (Vida). Se essa atmosfera for conturbada pelas ondas mentais, aparecerá doença no corpo carnal. Para curar a doença, é necessário serenar as ondas mentais e purificar a atmosfera que envolve a Sagrada Ideia.

Então, como serenar as ondas mentais? Se ficarmos olhando o que está conturbado, as ondas mentais ficarão ainda mais conturbadas. Portanto, se ficarmos olhando a doença, a cura será impossível. Por mais que estudemos sobre a doença, não vai aparecer a saúde. Para exteriorizar a saúde, precisamos fitar a saúde pertinente à Vida. O mundo se manifesta exatamente conforme a imagem que visualizamos (o mundo fenomênico é projeção da mente). Não pensem que o homem seja uma existência carnal fadada a perecer. Não fiquem vendo o homem carnal. Os doentes costumam ficar pensando apenas no corpo carnal. Quem tem doença gástrica fica com a mente concentrada apenas no estômago. Por conseguinte, a atmosfera vital que está manifestada como "estômago" fica ainda mais conturbada, e, consequentemente, o estômago não se cura. Neguem o corpo carnal. Fitem apenas o homem eterno, o homem verdadeiro, o homem-Ideia, que é espírito santo, que já é perfeito, que é filho de Deus, que é harmônico. Nisso consiste a Meditação Shinsokan, a prática do Prajnā Paramitā.

O budismo prega "seis paramitās", isto é, seis métodos para alcançar a "outra margem", ou melhor, para apreender, aqui, a "outra margem". E, entre eles, é considerado o primeiro e o melhor aquele que "vê claramente que os cinco agregados são vazios". O corpo carnal não existe, a matéria não existe, os cinco agregados não existem; eles são vazios, no exato estado em que existem. Com esta compreensão, contempla-se o corpo verdadeiro (ou ser verdadeiro) indestrutível neste próprio corpo carnal, tal qual ele é. Na Seicho-No-Ie, o método ensinado para realizar isso é a Meditação Shinsokan.

Cont...

Do livro "A Verdade da Vida, vol. 39", pp. 154-159

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