sábado, maio 11, 2013

Resultados obtidos a partir do correto Desapego à Matéria - 2/5

 
Masaharu Taniguchi 
 
 
Como já disse, as religiões sérias não foram criadas premeditadamente por seus respectivos iniciadores. No caso da seita Tenri, por exemplo, como a fundadora dizia frases que extrapolavam o senso comum, no início as pessoas a consideravam louca, mas ela não estava nem um pouco louca. Seu amor puro e a seriedade com que buscava a Verdade sintonizaram com o mundo de elevada dimensão, permitindo-lhe receber os ensinamentos de Deus. Os ensinamentos transmitidos pela fundadora são maravilhosos, mas, com o passar do tempo, seus sucessores e pregadores foram sistematizando a doutrina com a inteligência humana e expandindo-a de modo forçado, o que trouxe problemas à seita.

Nenhuma religião que seja genuína veio do homem carnal, pertencente ao mundo dos cinco sentidos. Por esta razão, a essência de uma religião é difícil de ser compreendida por pessoas que vivem apenas no mundo dos sentidos. Qualquer religião bem conceituada possui uma luz misteriosa, uma força misteriosa impossível de ser entendida ou criada pela inteligência humana; as palavras e as afirmações aparentemente vulgares contêm uma força misteriosa, inexplicável. É essa força que cura e salva as pessoas. Isso acontece em todas as religiões bem conceituadas. Na verdade, quando conhecemos a fundo as religiões, compreendemos que todas elas se identificam na essência, sejam elas budistas, cristãs ou xintoístas. As aparentes divergências são como a diferença de vestimenta entre um povo e outro. Desconhecendo isto, as religiões se agridem entre si, vendo somente a aparência. Então, em que ponto elas se identificam? É quando pregam que o homem é filho de Deus ou de Buda. Eis a essência! Entretanto, o modo de pregar a filiação divina do homem difere muito conforme a época, o lugar e o nível cultural do povo. Por exemplo, segundo algumas religiões, o homem se torna filho de Deus gradativamente. Segundo outras, o homem já é filho de Deus. Umas ressaltam o pecado, dizendo que é preciso eliminá-lo para que o homem possa se tornar filho de Deus. Outras pregam que o pecado não é existência verdadeira. Desta forma, do mundo de elevada dimensão, Deus orienta os homens de diversos modos segundo a época, a circunstância, a cultura, os costumes, etc., através de líderes religiosos. As diferenças no modo de pregar não significam, absolutamente, que as religiões sejam basicamente diferentes umas das outras. A essência é uma só.

Na Bíblia encontramos a seguinte frase: "Quem quiser preservar a sua vida, perdê-la-á; e quem a perder, salvá-la-á". Quem interpretar essa frase ao pé da letra, com sua inteligência cerebral, dirá que isso é um disparate, um absurdo. Mas quem diz isso está, na verdade, demonstrando que sua capacidade perceptiva é tão pequena que só pode perceber o mundo de três dimensões. Segundo a interpretação da Seicho-No-Ie, a citada frase bíblica quer dizer que "não devemos nos prender ao corpo carnal". Aquele que se prende ao seu corpo carnal e procura preservá-lo acaba perdendo-o. Aquele que está com a mente presa à sua doença, pensando "Esta doença é grave; preciso curá-la", dificilmente se cura. Dizem que os homens modernos, preocupados com seu corpo, estão quase todos neuróticos. De onde vem a neurose? Ela vem do egoísmo. Torna-se neurótico aquele que só pensa em si próprio e em seu corpo, preocupado em manter-se saudável.

No livro Vida absoluta, escrito por Hyakuzo Kurata, há um personagem que, ao perceber a existência do nariz no meio do rosto, ficou com a mente fixa no nariz e acabou neurótico. Se compreendesse que o nariz não é existência verdadeira, ficaria curado na hora (risos da plateia). Esse personagem ficou com a atenção tomada pelo nariz, que então passou a incomodá-lo dia e noite: quando queria ver algo, o nariz atrapalhava; quando se deitava para dormir, o nariz não lhe saía da mente, tirando o sono. Assim, ele acabou neurótico quase louco.

Como bem mostra esse exemplo, a pessoa acaba adoecendo quando sua mente se fixa em qualquer parte do corpo. Portanto, para restaurar a saúde, a Seicho-No-Ie aconselha a deixar de pensar no corpo e abandonar a mente que se preocupa com o corpo. Se pregamos que "o corpo carnal não existe, a matéria não existe", é para que a mente, que está preocupada com o corpo material, volte-se para o Eu verdadeiro, que é imaterial e livre. Compreendendo que o corpo carnal não existe, a mente se liberta porque é impossível se prender a algo inexistente. Compreendendo que o nariz não existe, a mente se liberta. Quando se pensa que o nariz existe, a mente se prende a ele, e a pessoa fica neurótica. É por isso que pregamos que o homem não é um ser material, mas um ser espiritual. Tudo o que perece (a matéria) está perecido desde o começo; só perece aquilo que não tem Vida. A Vida é imperecível. E o homem é Vida. Compreendendo isto, não há razão para o ser humano se preocupar com o corpo carnal. Jesus Cristo também disse: "Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida?". Como se vê, todas as religiões ensinam a mesma Verdade.

Apesar de surgirem cada vez mais médicos e remédios no mundo, as doenças aumentam cada vez mais, ao invés de diminuir. Esse estranho fato se deve à excessiva preocupação das pessoas com seu corpo. Os médicos nem sempre são culpados. Mas os médicos incompetentes levam as pessoas a se preocuparem com o corpo, e consequentemente a humanidade fica com o organismo cada vez mais frágil. Receitam, por exemplo, uma dieta rigorosa com base em estudos meticulosos do índice de caloria, vitaminas, etc., dos alimentos. E ultimamente, com o avanço da bacteriologia, tornaram-se muito exigentes quanto à esterilização. Entretanto, se fervermos ou cozermos os legumes para matar os micróbios, será destruída a vitamina C; e, se quisermos preservar essa vitamina, não poderemos eliminar os micróbios. Ficamos numa situação muito difícil. Quanto ao arroz, o dr. Saeki, do Laboratório Dietético, recomenda o arroz não polido, com embrião, pois, segundo ele, o arroz polido prejudica os intestinos. O dr. Futagui, por sua vez, afirma que o arroz integral é o mais nutritivo e que o arroz beneficiado é bagaço. Mas o prof. Katasse, da Universidade de Osaka, diz que arroz integral é prejudicial à saúde porque contém muito magnésio. Para ele, o melhor é arroz polido, pois o pó usado nos alimentos é rico em cálcio. Se até os experts no assunto divergem entre si, que dizer de nós, que somos leigos? E, se dermos ouvido a cada uma dessas opiniões, ficaremos realmente neuróticos.

Não devemos nos preocupar também com o tempo de sono. Quem aprendeu que o ser humano precisa de oito horas de sono para se recuperar do cansaço e acreditar nisso, ficará cansado quando varar a noite estudando na véspera de exame ou quando tiver trabalho extraordinário.

Em suma, quando nossa mente se atém ao corpo carnal, preocupada em manter a saúde, nossa força vital diminui. Esta aumenta quando compreendemos que o homem não é corpo carnal, não é um ser material, limitado, mas um ser imaterial, ilimitado. O homem é um com a grandiosa força que criou o Universo, é um com a infinita energia que da nebulosa criou o sistema solar. Esta é a Verdade pregada pela Seicho-No-Ie. Compreendendo esta Verdade, o homem conscientiza que ele é, na Essência, um ser infinitamente grandioso. Até então, ele se considerava um pequeno ser material, mas agora conscientiza que é um com a grandiosa força que preenche todo o Universo e que criou as nebulosas e o sistema solar. O homem é um com a Vida infinita que vivifica todos os seres vivos; ele é um ser infinitamente grandioso e majestoso que transcende o tempo e o espaço. Quando se adquire esta consciência, desaparecem não só a doença, mas todos os tipos de sofrimento, e concretiza-se na Terra o paraíso repleto de felicidades. Foi para proporcionar esta consciência à humanidade que surgiu a Seicho-No-Ie.

Quando alcança esta elevada conscientização, obviamente o homem não se considera mais um ser material, e sua mente não se atém ao corpo carnal. Consequentemente, a doença desaparece. Para exemplificar, vou citar o caso de uma pessoa que se curou de neurastenia.

Reside em Kyoto um senhor chamado Miwa, fornecedor de "cadeiras de descanso Miwa", que sofria de neurastenia. Ele se tratou durante muito tempo no Hospital Sansei, mas sem resultado. Depois se internou no hospital psiquiátrico da Universidade de Kyoto, onde passou a ser rigorosamente vigiado como se fosse um doente mental. Ele tem um vizinho chamado Zenkiti Oka, que é um dos diretores da Companhia de Gás de Kyoto e fervoroso adepto da Seicho-No-Ie. Compadecido com o estado do sr. Miwa, enviou-lhe um folheto da Seicho-No-Ie. Acontece que o sr. Miwa estava com a vista muito fraca e tinha dificuldade em ler, mesmo com o auxílio de óculos. Apesar disso, foi lendo-o aos poucos, e sua mente se tornou alegre. Com isso, passou a enxergar cada vez melhor as letras e até se recuperou parcialmente da neurastenia. Isso foi no ano retrasado. Sabendo que eu iria proferir uma palestra em Kyoto, ele obteve a permissão do médico para deixar o hospital só por um dia, a fim de me ouvir. Até então, ele não conseguia sair sozinho à rua, pois a pulsação acelerava demais quando andava. Naquele diz, porém, ele andou bastante e nada lhe aconteceu. Ouvindo minha palestra, sentiu-se tão bem que não precisou mais voltar ao hospital. Desde então, passou a frequentar diariamente a sede da Seicho-No-Ie, que na época ficava em Sumiyoshi.

O sr. Miwa, embora tivesse quarenta e poucos anos de idade, parecia ter uns setenta anos, com cabelos totalmente brancos e o rosto enrugado. Ele tem uma irmão de quase setenta anos de idade. E, quando os dois andavam juntos, algumas pessoas perguntavam a ela "Esse é o seu marido?", pois ele aparentava ter mais de setenta anos. Mas, após conhecer a Seicho-No-Ie, seus cabelos começaram a escurecer a partir da raiz. Se o escurecimento fosse notado depois de uns quinze dias, não seria nada admirável. Porém, a maneira como os cabelos do sr. Miwa escureceram foi tão extraordinária, tão rápida, que se notava a mudança da cor a cada dia que passava. Pensando bem, já que ele estava envelhecido mais do que a idade, talvez sua recuperação rápida não seja tão fora do comum.

Ele não conseguia andar na rua devido à taquicardia, porque, com a mente preocupada com o corpo carnal, pensava: "Será que não vou desmaiar e cair na rua? Será que não vou morrer?". Porém, ao compreender que "o corpo carnal não é existência verdadeira", perdeu o medo de cair na rua, pois a queda de algo que "não existe verdadeiramente" não lhe importava mais. Criou coragem e saiu à rua, mas não lhe aconteceu nada. Assim, ficou completamente curado.

Jesus Cristo ensinou que não devemos ficar ansiosos (preocupados) com o corpo, mas, enquanto se pensa que "o corpo existe verdadeiramente", é impossível não se preocupar com ele. Portanto, é imprescindível compreender que o "corpo carnal não existe". E a Seicho-No-Ie é uma filosofia que torna fácil esta compreensão.

O budismo também prega a inexistência do corpo carnal. A sutra Vimalakirtinirdesa, por exemplo, diz que "este corpo vem da ilusão". A Prajña-paramitá-sutra (Sutra da Sabedoria) diz que "a matéria é vazia". Se, apesar disso, existem budistas que não conseguem resolver seus problemas por mais que leiam sutras, é porque consideram a "inexistência da matéria" como simples ideia filosófica desvinculada da vida prática. Eles interpretam que o "vazio" não significa "inexistência", mas a "existência" que transcende o existir e o não existir. Devido a essa interpretação vaga, ficam confusos, sem saber se o corpo carnal existe ou não. É por isso que não conseguem resultados concretos na vida cotidiana. O ensinamento de Sakyamuni é admirável, mas não manifesta força para vivificar a vida cotidiana porque seus seguidores o interpretam de modo muito complexo, apenas filosófica e teoricamente, desligando-o por completo da vida prática.

A Seicho-No-Ie, porém, interpretando de modo claro e simples a frase "a matéria é vazia", afirma categoricamente que "a matéria não existe!". Aqui está a força para dinamizar a vida prática. Se interpretarmos o "vazio" de modo tão ambíguo que não possamos saber se ele significa "existência" ou "inexistência", não saberemos que atitude tomar na vida prática. Contudo, se dissermos que "a matéria não existe; ela é mera projeção da mente", a Verdade se torna simples e facilmente compreensível, podendo ser imediatamente aplicável na vida prática. Simplificar a Verdade comum a todas as religiões e torná-la aplicável na vida - eis a característica da Seicho-No-Ie, e aí está a razão por que consegue inúmeras transformações milagrosas na vida prática. Essas transformações não se limitam apenas à cura de doenças; estendem-se à harmonização de lares, solução de problemas econômicos, etc. São inúmeros os casos de pessoas que tinham dificuldades financeiras porque estavam com sua mente presa à matéria, pensando que "a matéria existe", mas que passaram a receber a provisão infinita do mundo da Imagem Verdadeira quando desbloquearam sua mente, compreendendo que "a matéria não existe".

 
(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 27", pp. 53 à 61)
 

2 comentários:

  1. Maria Fernanda Cirotto12 maio, 2013 22:48


    Como diz uma das fundadoras da Unipaz, a Lydia Rebouças: " Tão espiritual que é material, tão material que é espiritual".

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  2. Da mesma forma, os ensinamentos iluminados e não-duais dizem: não existe mundo material e mundo espiritual, porque não existem dois mundos. o que existe é unicamente UM, a realidade infinita, que Deus sendo. EU SOU!

    Grato pelo comentário!
    Namastê!

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