quinta-feira, maio 09, 2013

Resultados obtidos a partir do correto Desapego à Matéria - 1/5

 
 Masaharu Taniguchi

No dia 3 de junho de 1935, proferi uma palestra no salão do Clube Militar de Kobe. Aproximadamente 1.500 pessoas lotaram o salão, ficando ainda do lado de fora mais de 1.000 pessoas que não couberam. Elas me pediram com veemência que repetisse a palestra no dia seguinte, e só se retiraram quando concordei. O presente texto contém a transcrição da palestra do segundo dia. A do primeiro dia está inscrita no volume 25.


Sinto-me honrado com a presença de todos vocês. Creio que as pessoas hoje presentes são, na maioria, as que não couberam neste recinto ontem. Mas procurarei não repetir o que disse, visto que muitos de vocês já me ouviram ontem.

O mundo fenomênico em que vivemos - o mundo perceptível aos cinco sentidos - é um mundo tridimensional constituído de comprimento, largura e altura. Suponhamos que exista um tipo de larva que perceba apenas uma dimensão, a retilínea, e portanto não seja capaz de perceber a largura (2ª dimensão) nem a altura (3ª dimensão). Tal larva se locomoveria apenas em linha reta e, se surgisse em seu caminho algum objeto vindo da direita ou da esquerda (da 2ª dimensão), ficaria espantada, pois não entenderia de onde teria surgido tal objeto. Suponhamos também que exista um bichinho que perceba apenas duas dimensões - o comprimento e a largura, ou seja, o plano -, portanto incapaz de perceber a altura (3ª dimensão). Um dia, esse bichinho põe ovos e os cerca com uma substância gelatinosa que ele mesmo produziu, a fim de protegê-los. Assim, ele fica tranquilo porque nem ele e nenhum outro bichinho da mesma espécie poderá atravessar essa barreira para pegar os ovos. Se, porém, aparecer um homem, que pertence ao mundo de três dimensões, e pegar por cima esses ovos, o bichinho ficará atônito, pensando: "Como será que entraram aqui para pegar os meus ovos, se a barreira que construí não foi violada?". Ele não consegue entender como desapareceram os ovos, pois pensa que só existem duas dimensões - a largura e o comprimento - e não sabe que existe uma outra dimensão, a altura. Entretanto, nós, seres humanos, vivemos no mundo de três dimensões, constituído de comprimento, largura e altura. Mas será que não podem existir outras dimensões além dessas? A matemática superior levantou a hipótese de existir mundos de quatro, cinco, seis ou sete dimensões. Nós, que vivemos no mundo de três dimensões, pensamos que não existem outras dimensões, mas, assim como existe o mundo tridimensional abarcando o bidimensional, pode existir um mundo com mais dimensões que contenha o tridimensional.

Como já disse anteriormente, uma larva que vive no mundo unidimensional da linha reta só sabe seguir em linha reta e não compreende que existe o mundo bidimensional, isto é, o plano. E os seres que vivem no mundo do plano pensam que só existem o comprimento e a largura e nem imaginam que existe o mundo tridimensional, como no caso daquele bichinho dos ovos, de que falei há pouco. Da mesma forma, nós também não percebemos a existência de um mundo superior ao tridimensional, isto é, um mundo com mais dimensões que contenha o tridimensional. E, se alguém desse mundo de dimensão superior às três dimensões (comprimento, largura e altura) "enfiar a mão" no nosso mundo tridimensional e levar este relógio de bolso, por exemplo, acharemos muito estranho, sem entender como e por onde ele possa sumir. E as curas que ocorrem na Seicho-No-Ie têm a mesma explicação. Ocorrem certas curas que nos levam a acreditar que houve a interferência de um mundo de dimensão mais elevada, pois as doenças desaparecem como por encanto, sem que se tome providência alguma neste mundo tridimensional.

Vou citar um caso recente, relatado nesta carta pelo médico Shintoku Ono, especialista em cirurgia, dermatologia e venereologia, que anteontem esteve na sede da Seicho-No-Ie e contou mais detalhes a respeito. Ele tinha miopia e astigmatismos em grau tão avançado que, mesmo usando óculos, só podia ler letras grandes. Certa vez, ele viu um anúncio dos livros da Seicho-No-Ie num jornal e encomendou o livro A Verdade da Vida, que recebeu três dias depois. Mas, como as letras eram miúdas, não conseguiu ler e pensou: "Ih, que letra miúda! Deveriam usar um tipo maior. Este livro só serve para quem tem vista boa. Não poderá salvar pessoas como eu que têm vista fraca. Que pena!". Fechou o livro e guardou-o numa gaveta. Passada cerca de uma semana, ele foi pegar um objeto na gaveta e, ao abrir o livro sem querer, teve uma surpresa: estava enxergando perfeitamente as letras! Este é um caso diferente. A Seicho-No-Ie prega que a situação da pessoa muda, que a doença desaparece e que o lar se harmoniza como consequência da compreensão da Verdade através da leitura, mas o dr. Ono deixou o livro numa gaveta e se curou antes de o ler. Portanto, não fui eu que curei o astigmatismo do dr. Ono. Como as letras eram miúdas, ele guardara o livro na gaveta e, uma semana depois, quando o pegou de novo, já estava enxergando. Como isso foi possível? Como aconteceu? Não tem lógica, mas é um fato.

Creio que entre os presentes há muitos que ouviram o próprio dr. Ono contar o caso na reunião de anteontem na presença de aproximadamente setenta pessoas. O dr. Ono é uma pessoa sincera, pois, apesar de ser médico, confessou que não é o remédio que cura as doenças. Além da vista, ele sofria também de nevralgia, mas ficou completamente curado enquanto lia A Verdade da Vida. Sendo médico, havia recorrido a todos os medicamentos e tratamentos durante dez anos, mas em vão, e isso o fizera perceber a ineficácia dos remédios. E agora, lendo A Verdade da Vida, fez uma reflexão e concluiu que recitar aos pacientes um remédio ineficaz como sendo eficaz é enganá-los. Passou a sentir peso na consciência. Não querendo mais exercer sua profissão, veio consultar-me sobre o que fazer doravante. Ele expôs o seu desejo de se empregar numa seguradora, onde apenas examinará e diagnosticará o estado de saúde dos pretendentes ao seguro de vida, pois nessa função não precisará receitar remédios. Assim poderá também, nas horas vagas e nos dias de folga, dedicar-se ao Movimento de Iluminação da Humanidade. É realmente um médico singular e consciencioso!

Bem, como já disse, a cura do dr. Ono não seria nem um pouco intrigante, se fosse resultante de sua transformação causada pela leitura do livro sagrado, mas ele se curou antes de o ler. Este é o motivo por que as pessoas encaram a Seicho-No-Ie como religião misteriosa ou milagrosa. A cura consequente à transformação mental não é milagrosa nem misteriosa, e sim um fato natural, lógico. Quando, por exemplo, a mente endurece, os vasos sanguíneos também endurecem, podendo provocar derrame. Isso é natural. Quando o coração está magoado, triste ou aflito, é natural que surja problema no coração físico. E não é nada estranho que o coração melhore quando a mente se torna alegre pela leitura dos livros da Seicho-No-Ie. Acontece, porém, que o dr. Ono seu curou antes de ler, antes de mudar a mente. Isso é que parece estranho, mas não há nada de estranho. O fato de parecer estranho mostra o pequeno alcance de nossos sentidos, que percebem apenas o mundo tridimensinoal. Nossos sentidos não podem captar os mundos de quatro ou cinco dimensões, mas eles existem de fato. E é fato também que os seres de um mundo quadridimensinoal interferem no nosso mundo tridimensional. No caso do dr. Ono, só podemos concluir que ele foi curado por um médico invisível do mundo quadridimensional.

O que quero dizer é que a religião não é algo que possa ser criado deliberadamente pelo homem. Por mais que alguém queira criar uma religião eclética, fundindo, por exemplo, o cristianismo, o budismo e o xintoísmo, será impossível. Mesmo que alguém "crie" uma religião com a segunda intenção de ganhar dinheiro, não poderá iluminar a humanidade nem curar doenças. Surge uma religião quando vem do mundo invisível uma ajuda que nos permite realizar obras sobre-humanas no sentido de iluminar a humanidade.

Esta manhã veio em casa um senhor chamado Takeji Suzuki, trazendo um garrafão de shoyu (molho de soja). Ele estudou a Ciência Cristã quando esteve nos Estados Unidos, praticou takuhatsu (uma espécie de mendicância religiosa que consiste em ir de casa em casa oferecendo serviços) na seita Ittoen e é profundo conhecedor do budismo. Ele é gerente de uma empresa estabelecida na Manchúria e é amigo íntimo do sr. Guenzaburo Ueda, que foi auditor da Osaka Shoji. O sr. Ueda me apresentou o sr. Suzuki aproximadamente um mês atrás quando o trouxe à minha casa. Disse-me que é uma pessoa admirável que vive na vida prática o espírito de takuhatsu e que conhece bem o sr. Nishida, fundador da seita Ittoen. Pegado à sua casa, existe uma grande mansão com amplo jardim que mede cerca de 20.000m², pertencente a uma família tradicional. Seu proprietário faleceu há pouco tempo, e atualmente nela reside a viúva e a criadagem.

Certo dia, quando o sr. Suzuki descansava na varanda, viu no jardim do vizinho um criado velhinho e fraco arrancando ervas daninhas com muita dificuldade. O sr. Suzuki ficou a observá-lo, mas sentiu tanta pena que pulou a cerca e foi ajudá-lo., dizendo: "Vovô, deixe-me ajudar um pouco". Passados alguns dias, viu na rua o velhinho ainda mais enfraquecido e caminhando a muito custo. Então perguntou: "Que aconteceu?". Ao que o velhinho respondeu: "Estou tão fraco que não consigo mais trabalhar. Estou sendo despedido. A patroa disse que poderei ficar morando no quarto dos criados, se houver alguém que assine termo de responsabilidade, garantindo que eu não vou prejudicá-la. Como não há ninguém que faça isso por mim, serei posto na rua e não terei onde morar". Compadecido, o sr. Suzuki convidou-o a entrar. O velhinho, que mal conseguia andar, subiu os degraus da casa do sr. Suzuki como que se arrastando. Como o sr. Suzuki tinha um compromisso e estava para sair, só podia fazer companhia ao velhinho durante uns cinco minutos. Por isso, resolveu fazer apenas uma oração rápida e disse: "Não sei se vai adiantar, mas vou orar por você". Mas o velhinho não podia se sentar corretamente no tatami porque suas pernas não dobravam. A solução era sentar-se com as pernas estendidas para frente. O sr. Suzuki queria sentar-se bem à frente do velhinho e colocar as mãos na cabeça dele, mas não o alcançaria por causa da distância entre eles criada pelas pernas esticadas do velhinho. Então, posicionou-se atrás dele e, com as mãos colocadas em sua cabeça, mentalizou: "O homem é, na verdade, filho de Deus. E no filho de Deus não existe doença!". Ele não pensou se o velhinho iria melhorar, nem acreditava que tivesse poder para curá-lo. Todavia, ficou a mentalizar essas palavras durante uns cinco minutos. Tendo um compromisso, disse ao velhinho: "Por hoje é só, pois tenho de sair. Volte amanhã, que vamos estudar sua situação". Assim que retirou as mãos da cabeça do velhinho, este se levantou com a maior facilidade e começou a andar com firmeza. O sr. Suzuki ficou espantado. Foi a grande alegria do velhinho.

O sr. Suzuki tem uma sobrinha, uma moça intelectual, que mora com ele. Quando seu tio, entusiasmado pela Seicho-No-Ie, começara a ler a sutra sagrada todos os dias, ela o caçoara dizendo: "Tio, parece que o calor afetou a sua cabeça". Porém, presenciando a cena em que o velhinho começou a andar firmemente com apenas cinco minutos de oração do tio, ficou pasmada. O velhinho, que chegara quase se arrastando, foi embora andando com passos bem leves.

Dias depois, o velhinho levou um envelope contendo algum dinheiro e ofereceu-o ao sr. Suzuki. "É insignificante, mas aceite-o como sinal de minha gratidão". Mas o sr. Suzuki recusou-o, dizendo: "Não posso aceitar isso, de modo algum. Se eu tivesse a mínima intenção de receber recompensa, o senhor não teria sido curado. Além do mais, não fui eu quem curei o senhor. Foi o Anjo da Seicho-No-Ie. Logo não há razão para eu receber gratificação". O velhinho não teve outra alternativa senão levar de volta o envelope. Ontem, porém, o velhinho voltou à casa do sr. Suzuki enquanto este ouvia a minha palestra e lá deixou um garrafão de shoyu - o mesmo garrafão que o sr. Suzuki me trouxera esta manhã. O velhinho estava tão grato que não poderia deixar de agradecer de alguma forma. Ele levou esse garrafão de shoyu como sinal de sua imensa gratidão. Então o sr. Suzuki trouxe o garrafão de shoyu para mim, alegando que não pode aceitá-lo porque não foi ele quem curou o velhinho. Também não fui eu quem o curou, mas o "Pensamento Iluminador", que não tem endereço. Por isso estou sem saber para onde levar este garrafão de shoyu (risos na plateia).

Se eu tivesse iniciado a Seicho-No-Ie com a intensão de "criar uma religião" para ganhar dinheiro curando doenças, não ocorreriam curas como essa, de forma alguma. Nenhuma religião séria foi criada premeditadamente pelo seu fundador. Jesus Cristo não recebeu o batismo no rio Jordão a fim de criar uma religião. Sidharta (Sakyamuni) não abandonou premeditadamente seu palácio com a intenção de criar uma religião. Ele se afligia com os "quatro sofrimentos", que são a vida, a morte, o envelhecimento e a doença. Ele buscou desesperadamente um meio de superar esses quatro sofrimentos. Portanto, ele abandonou o palácio real para a sua própria salvação, e não para fundar uma religião.

A seita Tenri também não foi instituída com o deliberado intuito de ganhar dinheiro, construindo grandes santuários. Sua fundadora, Mikiko Yamanaka, jamais pensou em criar uma religião para curar doenças e arrecadar dinheiro dos fiéis. Ela tinha amor puro e grande fé em Deus. Por isso, Deus a ajudou através do mundo espiritual, isto é, do invisível mundo da quarta e quinta dimensões, fazendo co que ela, uma mulher idosa e analfabeta, escrevesse ensinamentos tão profundos. Seu ensinamento é maravilhoso, independentemente do mérito da atual organização da seita. Quando o amor dela sintonizou com o Amor que preenche o Universo, ela recebeu ajuda do mundo de dimensão elevada e conseguiu escrever ensinamentos que excedem a inteligência humana.


(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 27"; pp. 45 à 53)
 
 
 

2 comentários:

  1. estou muito impreecionado com essa historia mas nao consigui entender o porque devemos nos preocupar com outro mundo. Porque um dia nem este um dia vai acabar quando jesus voltar.

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  2. Olá anônimo,

    Pelo que eu entendi do texto, ele não diz para nós nos preocuparmos com outros mundos. Ele faz referência a outras dimensões do mundo (4ª e 5ª dimensões), que são aspectos ocultos/invisíveis aos olhos deste mundo de três dimensões em que estamos vivendo. Na verdade, ele menciona a existência dessas dimensões superiores a fim de poder explicar como determinadas coisas inexplicáveis (curas, soluções de problemas, etc.) podem acontecer neste mundo de 3 dimensões, e que parecem não ter uma explicação plausível do nosso ponto de vista.

    Tais coisas inexplicáveis são interferências que ocorrem a partir desses planos maiores de existência. O mundo de 4ª ou 5ª dimensão são mundos de maior liberdade, e são mais elevados do que este em que estamos vivendo; eles também são habitados por seres, criados por Deus. O universo que Deus criou é um lugar muito vasto.

    Quando temos um desejo e uma intenção sincera de fazer o bem, de ajudar o próximo, ajudar a humanidade, Deus envia seres divinos para nos acompanhar e nos ajudar em nosso trabalho. Ele coloca seus "representantes", ou "anjos", para nos assistir invisivelmente a fim de que realizemos o trabalho dele. por exemplo: se você tem uma associação ou organização voltada para realizar um bem maior (sem esperar nenhuma recompensa pessoal a ser obtida com o seu trabalho), pode ter certeza que sua organização está sendo assistida por seres elevados que a espiritualidade envia para ajuda-lo em seu trabalho. Sua organização está sendo protegida e as coisas estão sendo cuidadas para que tudo ande bem. Da mesma forma, se uma religião é criada, ou se uma igreja é fundada com propósitos sinceros e puros, lá existem "anjos" que são designados especificamente para proteger o local, acompanhar as pessoas e ajudar nos trabalhos. Assim, associações, organizações, igrejas, religiões - todas possuem o seu anjo de guarda específico. Eles auxiliam o mundo terreno (3 dimensões) a partir do lugar mais elevado em que estão (4ª, 5ª, 6ª, ou uma mais elevada dimensão).

    Grato por seu comentário.

    Grande Abraço!

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