quinta-feira, agosto 30, 2012

Vocês despertarão, porque nenhum outro desfecho está disponível



Total consciência não é algum estado mítico inatingível, é o seu estado natural: completamente vivaz e totalmente desperto na Realidade, em que vocês sempre existiram desde o momento de sua criação.

Aquilo que vocês experimentam na Terra, na ilusão, é que é IRREAL.

Seu Pai os criou a partir do Amor - na alegria! - e neste estado de alegria vocês existem eternamente. NÃO HÁ OUTRO ESTADO!

E sim, suas experiências na Terra, na ilusão, parecem mesmo convincentemente reais, e com frequência perigosamente inseguras. Mas, como a razão deixa bem claro para vocês, se vocês acompanharem-na com sua inferência lógica, esse estado aparente só pode ser irreal.

Deus, seu Pai Divino, é infinito Amor incondicional indiscriminado. Lá no fundo, no centro de seu ser, vocês sabem disso.

Nada pode destruir ou erradicar este amor, porque ele é a verdade ali colocada por seu Pai para estar permanentemente com vocês, como parte de seu estado eterno e divino de existência. É verdadeiro, real e eterno, e não existe mais nada, porque mais nada é necessário. Se fosse necessária mais alguma coisa, então Deus teria falhado! E essa possibilidade não existe e nem poderia existir. Ela é irreal.

O filho de Deus, o que cada um de vocês o é, participa da Unidade todo-poderosa de Deus, porque Ele conferiu Sua Unidade a vocês no momento de sua criação.

Este poder é seu para ser utilizado - é por isso que ele lhes foi conferido - e, tal como seu Pai, vocês dão continuidade à eterna e contínua criação da verdade infinita e da beleza, que não tem e nunca poderá ter um estado além ou externo a ela - porque não existe outra condição.

Apesar disso, vocês escolheram imaginarem-se como separados de seu Pai, para praticar um jogo em que vocês se escondem d'Ele, e que é a ilusão que vocês experimentam como sendo tão aparentemente real e dolorosa.

A ilusão realmente é um pesadelo, do qual vocês despertarão (pesadelos são obscurecimentos efêmeros e fantasmagóricos que se dissolvem no nada com a luz do dia) porque ele é irreal e insatisfatório, e porque nenhum outro desfecho está disponível ou é possível.

Só isso já é uma razão para se alegrar! Para se alegrar no conhecimento de que vocês são permanente e inseparavelmente Um com seu Pai Divino.

Para vocês a única incerteza é quando vocês irão parar com esse jogo e despertar. Mas mesmo essa incerteza também é irreal, já que vocês verdadeiramente nunca foram dormir - porque vocês são Um com seu Pai, que está eterna, estática e alegremente desperto na brilhante luz do dia eterno, onde se dá toda a existência.

Focalizem-se no amor dentro de vocês - essa chama inextinguível, a sua conexão divina - e compartilhem-no indiscriminadamente, tal como é a sua intenção divina e a intenção de seu Pai.

Permitam que a sensível ternura do amor cresça e se expanda dentro de vocês, para dissolver e dispersar a ilusão apavorante, enquanto vocês despertam do medo e da incerteza no esplendor da Realidade: a luz sempre presente de sua eterna existência e o êxtase feliz da unidade com Deus - o Ser Supremo, a quem nem palavras, nem pensamentos, nem imagens, nem sonhos jamais poderiam descrever, pois, sendo real, Ele está além de todas as noções que vocês poderiam conceber na ilusão.

E é por isso que vocês deveriam se alegrar, porque vocês são Um com Ele nesse eterno estado glorioso.


segunda-feira, agosto 27, 2012

"A mente sem pensamentos" 2/2



Pergunta: Osho, quando Krishna está dizendo à Arjuna: "Você, eu e todas essas pessoas estivemos aqui antes e estaremos aqui depois", isso apenas mostra a conclusão, como você diz, de que o conteúdo sem forma - o ser - é mais importante do que a forma do corpo. Mas não existe também a outra possibilidade: de que o conteúdo sem forma não pode ter sua manifestação correta sem a forma? Qual o propósito da argila em si se ela não assumir as formas de vasos e tigelas?




OSHO: Existe diferença entre existência e manifestação. Aquilo que não se manifesta também pode existir. A árvore está latente na semente: a árvore ainda não se manifestou, mas ainda assim é. É no sentido de que pode se tornar. É no sentido de estar latente, de ser um potencial.

Uma experiência pioneira está sendo realizada na Oxford University. É um experimento científico e eu acredito que seja um dos experimentos mais importantes que estão sendo realizados.

O experimento está sendo realizado com a ajuda de câmeras extremamente sensíveis que conseguem fotografar a árvore que está escondida na semente e que se manifestará por completo dentro de vinte anos. É incrível! Aconteceu acidentalmente enquanto eles estavam tirando a foto de um broto. Muitas experiências científicas acontecem por acaso - porque os cientistas são muito convencionais, muito conformistas. Geralmente um cientista nunca é revolucionário.

Às vezes os revolucionários se tornam cientistas - esse é outro assunto -, mas o contrário não é muito comum de acontecer. Um cientista se prende ao que já é conhecido na ciência, e não permite que nada novo adentre esse mundo.

A história toda da ciência mostra quanta oposição cada nova descoberta recebia de outros cientistas - mas de mais ninguém. Portanto, as novas descobertas geralmente acontecem sem intenção. O cientista não está procurando por elas, mas elas acontecem acidentalmente.

No laboratório os cientistas estavam estudando flores com a ajuda de câmeras muito sensíveis. Estavam tentando fotografar um broto, mas em vez de um broto, uma flor apareceu no filme. Havia um botão diante das câmeras, mas o que as lentes registraram foi uma flor! Na época acreditaram que tinha sido um erro da câmera: deve ter sido exposta por acidente, alguma coisa tinha dado errado. Portanto, eles resolveram esperar o botão se abrir. E quando ele se abriu, os cientistas ficaram surpresos. O problema não era das câmeras; o problema estava na compreensão dos cientistas. Quando a flor nasceu, ela era idêntica à flor que havia sido fotografada anteriormente.

Depois eles deram prosseguimento à pesquisa. Os cientistas chegaram à conclusão de que o que vai acontecer no futuro já está acontecendo em algum mundo sutil de vibração agora mesmo - caso contrário não poderia ter se tornado verdade.

Uma criança nasce após viver escondida por nove meses dentro do ventre da mãe. Ninguém sabe o que está acontecendo por dentro, mas quando uma criança aparece, depois de nove meses, não é de repente. Ela passou por uma jornada de nove meses dentro do útero. Da mesma maneira, quando um botão se abre em uma flor, antes disso, as ondas eletromagnéticas que o cercavam se modificaram para se transformarem em uma flor - no ventre. Isso pode ser fotografado. Isso quer dizer que mais cedo ou mais tarde seremos capazes de fotografar a velhice de uma criança. Acredito que isso será possível.

Dessa maneira, a astrologia pode ganhar uma base científica sólida. Até agora, a astrologia não pôde se tornar científica; agora ela será capaz de se tornar, do ponto de vista de que o que vai acontecer no futuro já está acontecendo agora, de certa forma. Podemos ou não vê-lo, mas esse é outro assunto.

O problema é algo assim: eu estou sentado em baixo de uma árvore e você está sentado nos galhos da árvore. Você diz que consegue ver um carro na estrada e eu não o vejo. Eu digo que não há carro algum, a estrada está vazia. Até onde eu vejo, a estrada está vazia.

Para mim, o carro está no futuro. Você está sentado no topo da árvore, para você está no presente. Você diz: "Tem um carro", e eu digo: "Não há carro nenhum neste momento. Pode ser que tenha algum no futuro". Mas, para você, está no presente, você o vê.

Depois de um tempo, eu também começo a ver o carro. Do futuro, ele veio até o presente, para mim. Então ele passa pela estrada e, mais uma vez, eu não consigo vê-lo. Ele veio do passado para mim. Mas do topo da árvore, você diz que ainda o vê. Para você, ainda está no presente.

Para mim, o carro estava no futuro, e então ele veio para o presente e depois foi para o passado. Para você, ele tem se movido em um presente contínuo. Você está sentado em um nível mais alto que eu, e isso é tudo.

Krishna está enxergando de uma altura, de um topo. Ele está falando a partir desse topo quando diz que todos nós já existimos antes, que existimos agora e que também existiremos no futuro. Na verdade, de onde Krishna está olhando, apenas o presente existe; apenas um presente eterno existe na altura onde ele está.

De onde Arjuna está olhando ele tem de dizer: "Não sei se existimos antes ou não. Não sei". A visão de Arjuna vai apenas até o nascimento - na verdade, nem até aí.

Se pensar bem, não vai conseguir se lembrar de nada antes de seus quatro anos de idade. Antes disso, tudo é contado. As pessoas dizem que você existia. Sua memória retrocede apenas até os quatro anos de vida. Para uma pessoa inteligente, essa memória pode retroceder até os três anos de idade. Uma pessoa ainda mais inteligente consegue voltar aos dois anos de idade. Mas como você pode ter começado a existir se não existiu durante esses dois anos?

Mesmo que consiga se lembrar de sua vida no nascimento - e as outras pessoas podem lhe ajudar a fazer isso -, você existia no ventre da sua mãe antes de seu nascimento e não se lembra disso. Se você hipnotizar uma pessoa, ela é capaz de voltar a incidentes como o tombo que a sua mãe levou, quando estava grávida de três meses. A criança no ventre também se fere quando a mãe sofre algum acidente. Portanto, as lembranças do útero também são possíveis. E ninguém consegue se lembrar além disso, da vida passada. Mas, para nós, tudo isso estará no passado. Precisamos acordar todas essas memórias.

Para Krishna, tudo está em um eterno agora; tudo é apenas agora. Daqui em diante, de onde ele pode ver tudo, Krishna diz a Arjuna: "Essa pessoas já existiam antes e existirão novamente, também. Eu existi antes e você também".

Pode haver o medo de que a frase de Krishna não seja compreendida, de que Arjuna vai pensar que ele existiu antes como uma pessoa chamada Arjuna. Krishna não está dizendo isso. A pessoa chamada Arjuna nunca existiu como Arjuna antes; não poderia ter existido. A personalidade chamada Arjuna é apenas um enfeite. A consciência sem forma escondida por trás desse enfeite existiu antes. A pessoa chamada Arjuna também nunca mais vai existir: é apenas uma roupagem e vai se desintegrar com a morte. Mas o que essa roupa estava cobrindo continuará existindo no futuro.

Por mais que Arjuna tente entender o que Krishna está dizendo, ele vai entender de modo errado. Não vai entender e vai pensar: "Eu existi antes como Arjuna e você existiu antes como Krishna. Todas essas pessoas diante de nós também existiram antes". Ele vai repetir a mesma pergunta: "Então essas mesmas formas também já existiram antes?".

Não, essas formas nunca existiram antes. Mas uma forma é uma manifestação. A existência - a existência sem forma, sem formato - não é uma manifestação. Mas a existência também pode não ser manifestada. O que é visível não é tudo que existe. O invisível também existe. O que é visível a nós, mesmo? Uma fração muito pequena é visível.

Se perguntarmos ao cientista hoje, ele começa a admitir que o que se manifesta é muito pequeno. Por exemplo, não existia rádio alguns séculoa atrás. Agora existe. Sentados aqui podemos ligar o rádio e escutar uma voz de Londres. Isso quer dizer que ao apertar o botão do rádio você ligou uma voz em Londres? Não, a voz de Londres estava passando por você o tempo todo, mas você não tinha como escutá-la sem um aparelho de rádio para receber/captar as ondas sonoras. Mas, mesmo quando não conseguia escutar a voz, ela existia como uma forma não manifestada - só que seus ouvidos não a detectavam.

Existem milhares de outros sons passando pela atmosfera. De acordo com os cientistas, somos capazes de ouvir até certo ponto. Só conseguimos ouvir até esse ponto. Não podemos escutar nem mais nem menos. Existe um limite para nossa capacidade de ouvir - e muito se passa nos limites acima dele, assim como abaixo.

O que não conseguimos ouvir ainda existe e o que não conseguimos ver ainda existe. Mas apenas esse tanto da existência do qual temos percepção é que se manifesta, está disponível para nós.

Por exemplo, a luz não existe para o cego - pois a luz não consegue se manifestar para ele. O cego não tem como ver a luz. Mas, se pudermos imaginar uma espécie de seres existindo em algum outro planeta distante, que tenha mais do que cinco sentidos, perceberemos que existem coisas no universo sobre as quais não conhecemos. Nossos cinco sentidos não esgotam a percepção de tudo o que existe no universo.

De acordo com os cientistas, a vida existe em pelo menos cinquenta mil planetas. Eles conhecem cerca de quatro bilhões de planetas e subplanetas, e quase cinquenta mil deles têm a probabilidade de ter vida. Talvez exista neles uma forma de vida muito diferente de vida. Pode ser que ali existam seres que tenham sete sentidos, ou quinze sentidos, ou até setenta sentidos. Eles podem saber de coisas com as quais nunca sonhamos - porque só é possível sonhar com coisas que conhecemos. Não podemos sonhar com nada que não conheçamos. Não podemos sequer imaginá-las. Nosso Kalidasa e Chavabhuti e Rabindranath Tagore, nossos maiores poetas, não conseguem sequer imaginar na poesia o que está além de nossos sentidos - mas existem coisas. Não podemos negar sua existência só porque não as percebemos.

A manifestação é um fenômeno muito superficial. A existência é um fenômeno muito interno. Na verdade, mais correto seria dizer que a existência não é um fenômeno, é uma qualidade de ser, de existir, enquanto a manifestação é um acontecimento.

Por exemplo, eu estou sentado aqui, e então canto uma canção. Como antes eu não estava cantando, de qual lugar dentro de mim essa canção veio? Certamente saiu de algum lugar, mas poderia um médico dissecar o meu corpo e capturar essa canção? Algum cientista, psicólogo ou neurocirurgião seria capaz de pegar minha canção operando meu cérebro? Não, ninguém poderia encontrar a canção dentro de mim. Mas se a canção não estivesse dentro de mim, ela não teria se manifestado de forma alguma.

Antes a canção não tinha se manifestado. Estava em algum lugar, como uma semente; estava escondida. Talvez ela tenha existido como espécie de energia ou ondas sutis, sem se manifestar, mas ela certamente existia em algum lugar. Então se manifestou. Não passou a existir por causa dessa manifestação; estava ali dentro antes disso - e isso não quer dizer que ela tenha se manifestado totalmente, porque no processo minhas próprias limitações também criaram obstáculos.

Até o fim de sua vida Rabindranath Tagore disse que não tinha sido capaz de cantar a canção que queria. Mas como ele sabia que queria cantar algo que não conseguia? Certamente havia uma sensação por dentro, uma percepção de que algo precisava ser cantado. É mais ou menos como a sensação que você tem quando o nome de uma pessoa está na ponta de sua língua, mas você não consegue dizê-lo. Parece loucura dizer que esse nome está na ponta de sua língua, mas que não consegue dizê-lo. Se está na ponta de sua língua, do que mais precisa? Diga-o! Mas não, você simplesmente não consegue externá-lo.

O que isso significa? Significa que lá no fundo existe a sensação de que você sabe, mas ele não se manifesta, a mente consciente não o captura. Você se lembra vagamente dele. E se você morrer, for dissecado, e tentarmos procurar dentro de você o que estava na ponta de sua língua, não vamos encontrar. A ponta da língua está lá, mas o nome que estava prestes a ser dito, não. Ele continuará sem se manifestar, escondido nos recessos de sua existência, desaparecido.

O que Krishna está dizendo é que você não é apenas aquilo que se manifestou em você, você também é aquilo que não se manifestou. E o não manifestado é vasto, e aquilo que se manifestou é apenas um fragmento. Esses fragmentos se manifestaram muitas vezes e vão se manifestar muitas outras vezes. Mas o que não se manifestou, o que não termina, que não começa e é infinito, é inesgotável. Apesar de todas essas manifestações, ele continua inesgotável.

Certamente, se não se manifestar, não seremos capazes de reconhecer por meio de nossos sentidos - porque os sentidos só podem perceber o que se manifesta. Mas não somos apenas sentidos, e se conseguirmos aprender a arte de adentrar os sentidos, aquilo que não se manifesta também será notado, também será reconhecido, visto e ouvido, também será tocado em um lugar mais profundo do coração. Na Bíblia, Jesus diz que os olhos não viram nem os ouvidos ouviram o que foi preparado por Deus ao homem.

A manifestação não é uma compulsão por existência. É sua peça. A existência não tem de assumir uma forma - assumir uma forma é sua peça. É por isso que Krishna chama o mundo, a vida, nada além de uma encenação, uma peça.

E uma peça quer dizer que, quando alguém aparece em cena como Rama, isso é apenas uma forma; e quando aparecem alguém como Ravana, isso também é uma manifestação em uma forma. Eles estão brigando um com o outro com arco e flechas em suas mãos, o que é só uma forma. Um pouco mais tarde, atrás do palco, eles vão conversar um com o outro sobre Sita, por quem estão lutando. A luta vai terminar e eles vão tomar uma xícara de chá juntos na Sala Verde!

Krishna está falando sobre a Sala Verde e Arjuna está falando sobre o palco. Mas o que acontece no palco é apenas uma forma, uma figura: é apenas encenação. A existência pode existir sem uma forma, mas a forma não pode existir sem a existência. Como eu disse antes, não pode haver ondas sem o oceano, mas o oceano pode existir sem as ondas.

Quando Rama e Ravana saem do palco e começam a conversar e tomar chá, para onde irão as formas, os personagens que se manifestaram como Rama e Ravana? Terão desaparecido. Eles eram apenas ondas e formas, que desaparecem se não houver uma força de vida por trás delas. A forma muda, a figura muda, a encenação muda, mas o ator não muda. O que está por trás de tudo isso não muda. É sobre isso que Krishna está falando.


"Assim como esse ser passa pela infância, juventude e velhice neste corpo, ele também passa pela mudança de corpos. E os serenos e tranquilos não sofrem por isso."

Krishna está dizendo isso: assim como tudo está mudando em seu corpo - existe a infância, a juventude, a velhice, o nascimento e a morte -, assim como nada é estático neste corpo, tudo está em fluxo, tudo está mudando. As crianças estão se tornando jovens, os jovens estão se tornando idosos, os idosos estão desaparecendo com a morte.

Isso é muito interessante. Não é sentido na linguagem, porque não existe dinamismo nas palavras. As palavras são coisas estáticas. E como as palavras são estáticas, os idiomas fazem muita injustiça à vida. Nada é estático na vida. Por isso, quando impomos palavras estáticas à vida, que é dinâmica, estamos cometendo um grande erro.

Dizemos: "Essa é uma criança". É uma maneira errada de dizer isso. Uma criança nunca está no estado de "ser". Uma criança está sempre no estado de se "tornar". Na verdade, deveríamos dizer que uma criança está se "tornando". Nós dizemos: "Ele é velho", mas isso está errado. Ninguém é velho; todas as pessoas estão ficando velhas.

Tudo é um tornar. Não existe nada que "seja". Tudo está se tornando constantemente. Dizemos: "Isso é um rio". Que maneira errada de dizer as coisas! Um rio "é"? Um rio quer dizer aquilo que está em movimento, que está correndo.

Todas as palavras são estáticas, apesar de nada ser estático na vida. Essa é a nossa grande injustiça em relação à vida. E usando essas palavras dia e noite, esquecemos a realidade. Quando dizemos que alguém "é um jovem", o que isso quer dizer na vida, não no dicionário, mas na vida? Na vida, a juventude nada mais é que um movimento em direção à velhice. Você não vai encontrar isso escrito no dicionário. E o movimento não é algo que aconteceu em algum lugar do passado. Está acontecendo agora; continua a acontecer.

Krishna está dizendo a Arjuna: "As coisas não são estáticas, mesmo no que você chama de 'esta vida'. As formas que você vê nesta vida foram crianças no passado, e depois passaram para a juventude, e agora estão se tornando velhas".

Se um foto for tirada da primeira célula quando a concepção acontece no ventre, e mais tarde for mostrada à pessoa com a informação: "Este é você há cinquenta anos", a pessoa simplesmente não irá acreditar. Vai dizer: "Você deve estar brincando! Como eu posso ser isso?". Você aceitaria que era aquela coisinha pequena, aquele ponto minúsculo? Certamente que não. Mas essa é a sua primeira fotografia. Você deveria colocá-la em um álbum. E se não for isso, então não pode ser o que a foto mostra que você é hoje - porque na vida essa imagem será mudada em breve.

Supondo que coloquemos a fotografia de alguém tirada no dia de sua morte lado a lado à foto do dia em que essa pessoa nasceu - você acha que seremos capazes de ver qualquer semelhança entre as duas fotos? Não conseguiremos encontrar nenhuma conexão entre as duas. Não seremos capazes de relacioná-las. Mas nunca prestamos atenção para esse fluxo aparentemente desconexo da vida.

Krishna está tentando estimular esse pensamento em Arjuna. Ele está dizendo que as formas em si que Arjuna teme serão mortas, destruídas. Que estão desaparecendo a cada momento. O homem está sempre morrendo durante toda a sua vida. Sua vida é um longo processo de morte. O que começa com seu nascimento culmina com sua morte. O processo de nascer é o primeiro passo e o de morrer é o último. E não é que a morte apareça de repente, um dia. Desde o primeiro dia do nascimento de alguém, a morte se aproxima do fim dessa pessoa todos os dias - e é por isso que consegue alcançá-la.

Tudo está mudando, mas mesmo assim não entendemos a razão: "Como é que no meio dessas mudanças, eu ainda esteja carregando um sentimento persistente de ser a mesma pessoa que eu era quando criança, jovem, e agora um idoso?". Apesar de todas as mudanças, onde e como essa identidade, essa continuidade, essa lembrança permanece? E para quem e por quê?

Deve haver uma realidade em mudança por dentro, caso contrário, quem vai se lembrar?

Consigo lembrar de algo que aconteceu quando eu tinha dez anos de idade. Aquele que estava presente em mim quando eu tnha dez anos de idade deve estar presente agora també, até certo ponto, caso contrário, como vou me lembrar de uma coisa que aconteceu quando tinha dez anos? Esse "eu" que eu sou hoje, certamente não existia naquela época.

Então, quem é esse que se lembra? De onde vem esse fio de memória? deve haver um centro, um eixo, dentro do qual todas as mudanças ocorrem. Os caminhos mudaram, a charrete passou por vários caminhos, mas deve haver um eixo que tenha visto a roda em todos os seus estados. A roda em si não consegue lembrar - ela muda o tempo todo. É preciso existir um elemento imutável aqui.

Por isso Krishna está dizendo que existe a infância, a juventude e a velhice, mas em meio a todas essas mudanças existe uma realidade estável, imutável, e é a lembrança dessa realidade para a qual precisamos acordar.

Então não seremos capazes de dizer: "Eu era uma criança", ou "Eu era um jovem", ou "Agora sou velho". Não. Então nossa compreensão da realidade será muito diferente. Nós diremos: "eu estava ali na infância", "estava ali em minha juventude", "estava ali em minha velhice". "Um dia eu nasci e um dia eu morri". E o "eu" deixará de ser relacionado com todos esses estados da mesma maneira que um viajante passa por muitas estações. Na estação de Ahmedabad, ele não diz: "Eu sou Ahmedabad". Depois de ele chegar à Bombay, ele não diz que se tornou Bombay. Ele diz que está na estação Bombay. Se ele fosse se identificar com Bombay, então ele nunca teria sido capaz de se identificar com Ahmedabad, e vice-versa.

Se você é uma criança, como pode se tornar um jovem? E se é um jovem, como pode se tornar um idoso? Certamente deve existir alguém dentro de você que não é uma criança. É por isso que a infância pode vir e partir, a juventude pode vir e partir, e a velhice virá e morrerá. A roda do nascimento e da morte gira, mas existe uma realidade no meio de todo esse movimento que está vendo o ir e o vir e tudo, como as diferentes estações passando no caminho.

Podemos ver que o que pensamos ser é na verdade apenas um de nossos estados transitórios, por que passam nosso ser. Mas não somos eles. Krishna propõe que lembremos disso.


sábado, agosto 25, 2012

"A mente sem pensamentos" 1/2

Osho


Pergunta: As ações são motivadas pela idéia de um objetivo e queremos certos resultados. Por isso, se a mente é livre do ego ou do pensamento o tempo todo, como as ações podem ocorrer? Como a mente sem pensamento pode manifestar qualquer coisa? Se todos se tornam inativos ao se tornarem constantemente livre de pensamentos, como a sociedade pode seguir adiante? Ela não vai perecer?



Resposta:

Uma pessoa não se torna inativa quando ela se livra do ego. Tampouco se torna inativa quando se livra do pensamento. Ao se tornar livre do ego, apenas a idéia de "quem faz" desaparece. A ação é entregue ao todo e flui com total momentum. Um rio está fluindo sem nenhum ego. O vento sopra sem nenhum ego. As flores nascem sem nenhum ego. E da mesma maneira, tudo acontece de uma vida espontânea, sem ego - a diferença é que nenhuma sensação de quem faz o que existe dentro dela.

Por isso, quando eu disse hoje de manhã que o ego de Arjuna se tornou seu sofrimento e tortura constantes, não quer dizer que quando ele esquecer seu ego suas ações terminarão. E quando eu disse que o pensamento cria preocupações ao homem e se sua mente se tornar livre de pensamentos - se ela for além da preocupação - não quer dizer que uma mente sem pensamento não vai mais falar ou agir; ou que ela deixará de se expressar.

Não, não é assim. A mente sem pensamento se torna oca como uma flauta. As músicas passarão por ela, mas não serão as suas próprias músicas, mas sim as do divino. Os pensamentos surgirão dela, mas não os pensamentos dela (a mente), e sim do todo.

Uma mente assim se entregará ao todo. Ela só irá dizer o que o todo a fizer dizer. Só fará o que o todo lhe fizer. A essência interna do "eu" se desintegrará - e com sua desintegração, não haverá ansiedade, angústia.

"Não é que existiu um tempo em que eu não era, ou você não era, ou todos esses reis não eram, nem haverá um tempo quando todos nós não existiremos. Isso é absoluto, máximo."

Arjuna parece estar procupado que todas essas pessoas diante dele sejam mortas na Guerra, que deixem de existir. Krishna diz a ele que aquilo que existe sempre existirá, e aquilo que não existe nunca existe.

É bom que entendamos isso.

A religião sempre disse isso, mas a ciência também começou a falar nos mesmos termos. E é melhor começarmos com a ciência, porque a religão fala dos topos que a maioria das pessoas ainda não atingiu; ao passo que a ciência fala sobre a base, sobre o chão, onde todas as coisas ficam.

Uma das descobertas mais profundas da ciência é de que a existência não pode ser posta na não-existência. Aquilo que existe não pode ser aniquilado. E aquilo que não existe também não pode ser criado. Toda nossa informação científica e know-how, todos os laboratórios do mundo e todos os cientistas do mundo juntos não podem aniquilar nem mesmo um único grão de areia. Tudo o que podem fazer é transformá-lo, dar-lhe novas formas.

O que chamamos de criação do universo, o big bang, também não passa de uma manifestação de uma nova forma - não a criação de uma nova existência, apenas uma nova forma. E o que chamamos de big crunch não é a aniquilação da existência, apenas da forma, do formato. As formas mudam constantemente, mas o que está escondido dentro da forma é imutável.

É como a roda de uma carriola, que se move e gira, mas o ponto em seu centro se mantém estático. A roda gira ao redor de si. Aqueles que só olharem para a roda dirão que tudo é uma mudança, um fluxo. Aqueles que olharem para o ponto central dirão que no centro de todo o movimento existe algo que não se move, que permanece estático.

E o mais interessante é que se separarmos a roda do eixo, ela não é capaz de se mover! O movimento da roda depende daquilo que não se move. As formas mudam, mas a mudança depende aquilo que não tem forma, que não é mudado.

Quando Arjuna diz que todas essas pessoas morrerão, ele está falando sobre a forma. Ele está dizendo que todas essas pessoas serão aniquiladas; ele não sabe nada além da forma. E Krishna está dizendo que não é que essas pessoas que você está vendo hoje não existiam antes - elas existiam antes também: eu estava aqui antes e você estava aqui antes. E também não é que os que estão aqui hoje não estarão mais amanhã. Não, nós estaremos aqui no futuro também - sempre, para sempre. A existência é do não-começo ao não-fim.

Por isso, é preciso entender que Krishna e Arjuna estão falando sobre duas coisas diferentes.

Arjuna está falando sobre a forma, e Krishna está falando sobre a não-manifestação da forma. Arjuna está falando sobre o visível e Krishna está falando sobre o invisível. Arjuna fala daquilo que está ao alcance dos olhos, dos ouvidos, das mãos; Krishna está falando sobre aquilo que está fora do alcance dos olhos, dos ouvidos e das mãos. Krishna está falando sobre algo que nos será uma bênção se algum dia a notarmos.

O visível nem sempre está lá. "Sempre" é uma palavra grande. O visível não existia sequer há um minuto. Você está olhando para o meu rosto; não é o mesmo rosto que estava aqui um momento atrás; e não será o mesmo rosto daqui a um momento. Dentro de um momento muitas coisas morreram em meu corpo e muitas coisas apareceram.

Buda costumava dizer para as pessoas que iam vê-lo: "Quando sair daqui, não será a mesma pessoa que era quando chegou. Em uma hora muitas coisas terão acontecido".

Em setenta anos um homem muda completamente pelo menos dez vezes. A cada sete anos todos os átomos e moléculas do corpo mudam. A cada momento algo morre no corpo e é expelido; a cada momento algo novo está nascendo, está surgindo.

Você coloca o novo para dentro por meio de sua alimentação. O corpo todo muda completamente em sete anos. Mas continuamos dizendo: "sou a mesma pessoa". Para nós, a semelhança das formas é a permanência da forma.

Você deve assistir a filmes de vez em quando. Se o filme passa muito lentamente, você ficará surpreso. Para o braço ser erguido e alcançar a cabeça, milhares de fotos têm de ser tiradas. Então a sequência de todas essas fotos é feita com muita rapidez. Por causa disso, você vê o braço sendo erguido como um ato normal. Se assistí-lo em câmera lenta, verá em quantas posições a mão tem de estar para ser filmada.

Da mesma maneira, quando olhamos para uma pessoa, não estamos vendo a mesma pessoa o tempo todo. Durante o tempo que passamos olhando para ela, nossos olhos vêem milhares de rosto da pessoa. Quando a imagem é processada e uma figura se forma em nossas mentes, coisas no rosto já mudaram.

E, da mesma maneira, existem incontáveis estrelas no céu. As estrelas que vemos não estão exatamente onde nós a vemos. Elas já estiveram ali. Demora quatro anos para que a luz da estrela mais próxima chegue à Terra. E a luz não viaja devagar. A velocidade da luz é de cento e oitenta e seis mil milhas por segundo. Demora quatro anos para que a estrela mais próxima mostre sua luz, mesmo que essa luz viage nessa tremenda velocidade. Quando os raios de luz nos alcançam, vemos as estrelas onde elas estavam há quatro anos. É possível que nesse tempo elas tenham deixado de existir, podem ter se desintegrado. As estrelas que vemos à noite não estão onde as vemos. A noite é muito enganosa, as estrelas são muito enganosas - nenhuma das estrelas está realmente onde você a as vê.

O que vemos não é exatamente o que existe. E nessa curta fração de tempo, tudo está mudando. Quando olho para seu rosto, os raios de luz começam a viajar de seu rosto e alcançam meus olhos, mas isso também tem um intervalo, mesmo que mínimo. Nesse meio-tempo você não é mais o mesmo.

Heráclito disse: "Não é possível pisar duas vezes no mesmo rio". Nem mesmo isso é totalmente verdadeiro. É difícil pisar no mesmo rio uma vez sequer, pisar duas vezes é impossível - pois quando o seu pé toca a superfície do rio, o rio continua correndo.

As formas correm como um rio, mas para nós elas parecem estar estáticas. Parece idêntico porque é parecido. Parece ser igual ao que vimos ontem, por isso acreditamos ser idêntico. Mas a forma muda a todo momento.

Arjuna ficou muito preocupado com o mundo das formas; nós também nos preocupamos! Ele pergunta: "O que vai acontecer se essas pessoas morrerem?"- sobre aqueles que estão morrendo a cada momento. Ele está preocupado com aqueles que já estão morrendo, que não podem ser salvos; ele está preocupado com coisas impossíveis. E a pessoa que se preocupa com coisas impossíveis nunca vai se livrar da preocupação.

Existe um mundo de formas - de aparências, de sons, de raios e ondas -, é um fluxo constante. Tudo muda continuamente. No momento, estamos todos sentados aqui - todos nós estamos mudando, pulsando, balançando. Tudo está mudando. Uma pessoa que quiser salvar o "mundo de mudanças" da mudança quer o impossível. O homem enlouquece ao bater contra os muros dos desejos impossíveis.

Lembro de um incidente na vida de Sócrates. Quando Sócrates estava morrendo, Creto, um de seus amigos, perguntou: "você está prestes a morrer, mas não está preocupado".

Sócrates respondeu: "Não estou preocupado, porque se vou deixar de existir após a minha morte, não tenho razão para me preocupar - e se eu não sobreviver, quem vai ficar para se preocupar? Eu não estarei mais aqui para saber se eu morri. Não sofrerei por isso. Se eu deixar de existir, não haverá ninguém para saber que eu morri. Por isso não há motivos para preocupação. E, se eu não morrer mesmo depois da morte, o que há para se preocupar? Só existem duas possibilidades: ou eu vou deixar de existir, ou não. Não existe outra possibilidade. Por isso eu não estou preocupado".

Krishna está dizendo a Arjuna que 'aquilo que irá morrer', irá morrer; não sobreviverá de qualquer forma por causa de seus esforços. E que aquilo que não vai morrer não vai ser morto mesmo que ele tente matá-lo - portanto ele deve parar de se preocupar desnecessariamente.

Existe essa expansão do mundo, da forma para a falta de forma. Se a analisarmos do ponto de vista da forma, então não faz sentido se preocupar, porque aquilo já está morrendo... morrendo... morrendo a cada momento. É como uma linha traçada na água - ela começa a desaparecer antes de ser terminada. E se olharmos para ela do ponto de vista da não-manifestação da forma, então aquilo que não vai morrer nunca vai morrer, e nunca morreu antes.

Mas não estamos acostumados com a falta de forma, nem Arjuna. É importante entender que a preocupação de Arjuna mostra mais uma coisa. Arjuna está dizendo que eles vão morrer. Isso também quer dizer que Arjuna considera a si mesmo apenas uma forma - caso contrário não estaria dizendo isso. O que dizemos sobre os outros na verdade está sendo dito sobre nós mesmos. Quando vejo alguém morrendo e penso: "Meu Deus! Essa pessoa está morta! Essa pessoa morreu para sempre!" - eu deveria saber que eu mesmo não sei nada à respeito de minha própria realidade interna, que não morre, que não perece, que não desaparce.

Quando Arjuna expressa preocupação com a morte deles, está demonstrando preocupação com sua própria morte. Ele não conhece a realidade dentro dele que é eterna. Da mesma forma, quando Krishna diz que eles não vão morrer, ele está dizendo algo à respeito de si mesmo. Ele conhece a vida eterna.

Nosso conhecimento externo nada mais é do que uma extensão de nosso conhecimento interno. Nosso conhecimento a respeito do mundo nada mais é do que nosso conhecimento a respeito de nós mesmos. O que sabemos de nós mesmos é o que mostramos ao todo como conhecimento dele. E o que não sabemos sobre nós mesmos nunca poderá ser sabido no contexto do outro. O autoconhecimento é o único conhecimento. Todo o outro conhecimento tem como base uma ignorância profunda, e o conhecimento baseado na ignorância é completamente inseguro.

Mas Arjuna parece estar falando sobre grande conhecimento, sobre grande religiosidade - mas ele não sabe que existe algo sem forma e além de qualquer forma, de que há algo intrínseco à existência, que é eterno. Ele não sabe disso. E a pessoa que não sabe da vida eterna não sabe de nada. A pessoa que só conhece a morte é tomada por uma grande escuridão e ignorância.

Então este é o critério: se você conhecer apenas a morte, está enraizado na ignorância; se conheceu aquilo que não morre, está enraizado no conhecimento. Se tiver medo da morte - não importa se for da sua própria morte ou da morte de outras pessoas -, isso só prova uma coisa: que você não conhece a vida eterna. E nada existe além da vida eterna.

A morte é apenas um nome para as ondas da superfície. Só existe o Oceano, mas ele é invisível. Visíveis são as ondas. Você já viu o oceano? Se já esteve na praia, vai afirmar sem pestanejar que já viu o mar. Mas o que você viu são simples ondas. Você não viu o mar. As ondas não são o oceano. As ondas estão no oceano, mas não são o oceano - porque o oceano pode existir sem as ondas, mas as ondas não podem existir sem o oceano. As ondas são o que é visível, estão espalhadas pela superfície do oceano. Nossos olhos vêem apenas elas; nossos ouvidos ouvem apenas seu som.

Mas o interessante é que você não consegue realmente ver uma onda - porque a onda é aquilo que está ondulando, mudando. Antes de vê-la, ela já mudou. A onda constantemente vem e vai. Ela simultaneamente se transforma e não se transforma. Ela sobre e desce, é e não é. Passa por esses dois lados simultaneamente - é essa onda que vemos.

A pessoa que considera as ondas do oceano vai ficar ansiosa: "O que vai acontecer? As ondas estão desaparecendo, o que vai acontecer depois disso?" Mas quem conhece o oceano vai dizer: "Não importa se as ondas desaparecerem. A água, o oceano que está aparecendo nas ondas estava lá antes delas e continuará depois que elas forem embora".

Uma pessoa perguntou a Jesus: "O que você sabe a respeito de Abraão?". Abraão foi um profeta antigo, muito antes da época de Jesus.

Jesus respondeu: "Antes de Abraão existir, eu existia".

O homem não pôde acreditar em Jesus. Jesus tinha trinta anos de idade, e Abraão tinha morrido milhares de anos antes. Como Jesus podia dizer que ele existira antes de Abraão?

Jesus está falando, na verdade, do mar, e não da onda que nasceu do ventre de Maria. Não está falando sobre a onda chamada Jesus. Está falando do oceano que existiu antes da onda e que existirá depois da onda.

Similarmente, quando Krishna diz: "Nós existimos antes. Você, eu e todas essas pessoas no campo de batalha já estivemos aqui antes e existiremos depois também", ele está falando sobre o oceano. E Arjuna está falando sobre a onda. Geralmente uma conversa entre uma pessoa falando do oceano e a outra da onda se torna muito difícil - porque uma fala do leste e a outra fala do oeste.

É por isso que o diálogo do Gitá é tão comprido, extenso. Arjuna vai trazer à tona assuntos sobre as ondas, enquanto Krishna vai falar sobre o oceano. Eles não cruzam seus caminhos em nenhum ponto. Se conseguissem fazer isso, o problema seria resolvido imediatamente. Por isso, eles vão continuar por muito tempo. Arjuna vai repetir a si mesmo e voltará para as ondas. Ele só vê ondas. E o que uma pessoa que só vê ondas pode fazer? Afinal, são as ondas que estão na superfície.

Na verdade, uma pessoa que depende apenas do olhar só consegue ver ondas. Se alguém quiser ver o mar, é um pouco difícil vê-lo com os olhos abertos. Tem de ser com os olhos fechados. A verdade é que, se quiser ver o oceano, não tem de olhar com os olhos abertos, tem de mergulhar no oceano. E quando está mergulhando, seus olhos naturalmente têm de estar fechados. Você tem de penetrar abaixo das ondas, dentro do oceano. Mas aquele que não penetrou nas ondas de sua própria mente não consegue penetrar nas ondas que surgem nas mentes dos outros. A tristeza de Arjuna se transforma apenas em uma coisa: ignorância.


quinta-feira, agosto 23, 2012

A iluminação de Ramana Maharshi



Sri Ramana Maharshi nasceu em 30 de dezembro de 1879 em Tiruchuzhi, uma cidade na província Tamil Nadu, ao sul da Índia. Seus pais lhe deram o nome de Venkataraman. Nada havia de anormal no rapaz. Possuía um corpo forte, se destacando no futebol, artes marciais, natação, entre outros esportes. O garoto não manifestava nenhum interesse em espiritualidade, meditação ou religião. Entretanto, aos seus 16 anos de idade, em julho de 1896, ocorreu uma experiência que transformou a sua vida para sempre. Ele mesmo a descreve:

"Cerca de seis semanas antes de eu deixar Madurai de vez, aconteceu a grande mudança em minha vida. Eu estava sozinho numa sala do primeiro andar da casa de meu tio. Raramente ficava doente, e naquele dia minha saúde era perfeita, mas um repentino temor da morte apossou-se de mim. Não tentei encontrar qualquer explicação ou razão para aquele temor. Sentia apenas que ia morrer, e comecei a pensar no que devia fazer. Não me ocorreu consultar um médico, ou os mais velhos, ou os amigos. Percebia que teria de enfrentar o problema sozinho, resolvendo-o de pronto, ali mesmo."

Eu me acomodei no chão, em puro prazer, ouvindo-o. Minha melancolia se dissolveu por completo assim que comecei a me concentrar nele. Reconhecia sua voz, seu jeito delicado de se mover, sua fala pausada e seu refinado humor. Aquilo tudo parecia sagrado, pelo simples fato de estarmos ali naquele momento.

"O choque produzido pelo temor da morte fez com que minha mente se voltasse para dentro, e eu disse, sem chegar na verdade a articular as palavras: 'A morte chegou. Que significa ela? O que estará morrendo? Este corpo morre'. E imediatamente dramatizei a ocorrência da morte. Deitei-me com os membros distendidos como se a rigidez da morte já tivesse tomado conta de mim e imitei um cadáver. A fim de emprestar maior realismo à investigação, suspendi a respiração e mantive os lábios bem apertados, de modo que nenhum som escapasse." Eu o ouvia fascinado, sem respirar, com medo de perder alguma de suas palavras.

"Pois bem", pensei, "este corpo está morto. Será cremado e reduzido a cinzas. Mas com a morte deste corpo estarei morto? Serei eu este corpo? Ele está silencioso e inerte, mas sinto toda a força de minha personalidade e até mesmo ouço a voz do Eu dentro de mim, totalmente apartada do corpo, de modo que sou Espírito transcendendo ao corpo. O corpo morre, mas o Espírito que o transcende é imune à morte. Isso quer dizer que sou um Espírito Imortal."

Não se tratava de pensamentos imprecisos, eles coriscavam dentro de mim tão vividamente como a verdade que eu percebia diretamente, prescindindo quase de um processo de raciocínio. Eu era uma coisa muito real, a única coisa real no estado em que me encontrava, e toda atividade consciente ligada ao meu corpo estava centralizada nesse Eu. Daquele momento em diante, o Eu passou a atrair toda a minha atenção, com poderoso fascínio. O temor da morte desaparecera para sempre.

Dali por diante, a absorção no Eu prosseguiu sem dissolução de continuidade. Outros pensamentos poderiam ir e vir, como as diferentes notas de uma melodia, mas o Eu continuava como a nota sruti, fundamental, subjacente, que se mistura com todas as demais notas. Ainda que o corpo estivesse ocupado em falar, ler ou qualquer outra coisa, eu continuava sempre centralizado no Eu. Anteriormente àquela crise eu não tinha uma percepção clara do meu Eu, e não me sentia atraído conscientemente por Ele. Não sentia qualquer interesse perceptível ou direto por Ele, muito menos qualquer inclinação para manter-me Nele em caráter permanente."

Neste momento sua individualidade dissolveu-se no Eu Real, e aquele jovem indiano que nada tinha de promissor transforma-se em um dos maiores Sábios que a Índia já conheceu. Na terminologia espiritual, ele havia “Realizado o Eu”, ou “Alcançado a Iluminação/Libertação”; o que normalmente surge apenas como resultado de anos de intensa prática espiritual (sadhana), para o jovem Sábio surgiu espontaneamente, sem nenhuma prática ou desejo prévios.

E ele sempre dizia: “Tão logo se devociona ao Ser Supremo, a divina atividade automaticamente começa a agir”. Bhagavan Sri Ramana jamais fez demonstrações de poderes, nem sequer tinha interesse por eles. Sempre ensinou que tais poderes não são nada além de fúteis e nocivas distrações no caminho direto da autoconscientização. Ensinou que não há mistérios para serem desvendados, não há enigmas para serem decifrados, não há graus para serem atingidos. Tudo é simples e natural. Somos o que somos. Simplesmente somos o Ser.

Bhagavan Sri Ramana ensina que devemos importar-nos em apenas procurar nossa real identidade, a divina, pois somos divinos em essência. O homem ignora-se como o Ser Supremo e confunde essa sua natureza divina com o ego profano, com a mente pensante. Quando alguém diz “eu”, que é que se quer dizer? Quem é realmente esse “eu”? De onde ele surge? Se o homem deseja conhecer a Verdade Absoluta, ele primeiramente deverá adquirir o conhecimento básico de si mesmo, isto é, desse “eu” a que ele se refere constantemente.

Sri Ramana Maharshi abriu para a humanidade o eterno caminho da Verdade Suprema de forma nova, conveniente às condições de nossa época. Esse caminho direto tem por objetivo essencial ajudar a todos aqueles que querem vencer a poderosa ilusão do ego profano e da mente pensante, de maneira a permanecer no estado natural do Divino Ser. Ao codificar o caminho da autoconscientização, Sri Ramana criou, efetivamente, a solução para todos os que buscam o autoconhecimento. Até então, o acesso à sabedoria dos Mestres era exclusivo dos reclusos do silêncio. Ramana mostrou um caminho possível de ser trilhado livremente, conforme as condições da vida moderna.


(Ramana Maharshi ao lado de Paramahansa Yogananda)

terça-feira, agosto 21, 2012

O que há neste instante

Advaita: Não-Dualidade


Neste instante não há busca e nem o que ser encontrado.

Tudo que aqui se apresenta neste instante é abraçado, desde o palpável e o impalpável, o tangível e o intangível, o tempo e o atemporal.

E nada se contradiz porque tudo é uma só unidade indivisível.

Eu rio como ri uma criança diante de tudo isto.

Este instante é satsang, é "encontro consigo mesmo".

Não há nada além para ser encontrado, nada além a ser visto, nada a ser descoberto.

Neste encontro daquilo que não pode ser encontrado, nesta visão direta daquilo que não se pode ver, nesta descoberta daquilo que nunca esteve oculto está o Ser.

Não preciso saber coisa alguma, não preciso chegar a lugar algum ou alcançar qualquer coisa, porque eu já sou, eu sempre fui e sempre serei, eternamente aqui e agora presente, revelado, descoberto, vivenciado continuamente, constantemente, nessa bem-aventurança que é Ser.

Esta paz basta por si mesma. Este amor basta por si mesmo. Este silêncio não é tocado por palavras, mas as palavras surgem inspiradas por este silêncio.

Onde está este silêncio, está esta paz e está este amor.

Descanso nesta alegria, nesta paz, para além de todas as discussões, de todas as especulações, de todos os pensamentos.

Que alegria é ver que tudo esta presente aqui e agora neste instante, não há mais para onde ir e não há onde chegar, só há o celebrar deste eterno presente.

Gratidão Satguru por revelar isto a partir do meu coração. Porque o meu coração e o Seu são um só.

Jay Guru Deva!


sábado, agosto 18, 2012

O "Eu" Único Autoiluminado

Lillian DeWaters


Conheça seu próprio Eu, e você será Autoiluminado. Veja o seu Eu, e você verá a Deus. Renuncie à crença em outro eu, outra mente, outro corpo e mundo ao lado do Um Presente, Imaculado e Imutável, e a Iluminação será imediata e direta. Você será, então, livre em Espírito, Mente e Corpo. Se você aceitar a crença enganosa de que a Mente e o Corpo são humanos ou materiais, não estará consciente da Verdade de que Mente e Corpo têm sido sempre Espírito. A aceitação do Espírito como única presença, aqui e agora, faz com que sejam abolidos os esforços, fadigas e lutas.

Temor algum se relaciona com essa reviravolta e aceitação deste iluminado ponto de vista. Toda interpretação, doutrina ou prática, que nos vincula a seres degenerados - humanidade ou mortais - é varrida pela Luz resplandecente e Conhecimento perfeito de que o Infinito EU SOU permanece inseparável e único, e que EU SOU este "EU SOU".

Se você observar seus pensamentos com a ideia de corrigi-los, purificá-los ou controlá-los, estará, então, se identificando com uma mente que não existe. Não há mente alguma ao lado da Mente divina ou espiritual; e, não há nenhum ser, senão a Egoidade-Una-Infinita. Se pretender conhecer a Verdade, e experienciar o Eu Real, aqui e agora, terá de parar de acreditar ou de ensinar a prática da correção, evolução ou transformação de seres mortais ou de mentes humanas. Todo tipo de trabalho e esforço nesse sentido será em vão.

Para que tenha consciência da Verdade, é preciso que você seja a Verdade, e para conhecer o que é real e verdadeiro, terá de se conhecer identificado como a Consciência Única. Aceite apenas a Mente Única - consciente de inexistir qualquer outra -, e então, seus pensamentos serão satisfatórios e inspiradores.

Desligue-se de sistemas e métodos que o impeçam de saber que há somente um Eu, uma Mente e um Pensar. Descarte todas as práticas que o identifiquem com um mortal ou ser humano, com mente, pensamento e vontade próprios seus, e que o manteriam preso à errônea crença de que você está separado da Perfeição. A Verdade é que existe somente um Eu, uma Mente, uma Consciência ou Percepção: e, este Um é VOCÊ.

Nada em Deus ou de Deus é humano, mortal, material, irreal ou ilusório. Deus é o Inteiro, a Totalidade. Para assim ser, precisamos ser este UM. Deus é integral – o Integral, Deus é a Íntegra da Vida, Ser, Mundo e Existência. Nesta Integralidade, não há separação; nenhum sofrimento; nenhuma luta ou destruição; nenhuma morte. Nesta Integralidade existe Luz, Visão, Revelação – constante e infindável.

Aqueles que volverem seus corações a Deus, total e completamente – abandonando e abolindo todos os ensinamentos atuais, que prendem o mundo à crença de que estamos separados do Espírito, Deus, o Um (ou que somos algum outro, que não o Espírito) – saberão de Deus que o Espírito e a Existência espiritual são a única Presença. Eles viverão em sua própria Consciência ou Percepção perfeita e pura de que o Espírito é tudo, e de que nós nada podemos ser, senão Espírito.

O fim do mundo significa dar fim à diabólica crença de que somos mortais ou humanidade. Veremos este mesmo Eu, este mesmo Corpo, e este mesmo Mundo como o Real e Verdadeiro – verdadeiramente, o próprio Reino dos Céus. E então, não haverá doença, guerra, sofrimento nem morte; pois, a primeira crença em pecado e separação terá sido banida pela Luz e Revelação resplandecentes e gloriosas de que o EU SOU permanece Total e Único; de que “Eu” sou o único UM – não há ninguém além de “MIM”.


quarta-feira, agosto 15, 2012

A Realidade de Cristo

Joel S. Goldsmith


O Cristo não é apenas um nome dado a alguma coisa intangível ou nebulosa. O Cristo é uma realidade divina, uma presença viva e onipresente. Ele está bem onde você está, e onde eu estou. Cristo não é uma pessoa. É um princípio. Ele é um princípio de vida. Ele é um princípio de Deus, que forma a realidade de seu ser. Mas, por causa da experiência do filho pródigo, entendemos o que é o poder físico, o que é o poder mental; sabemos o que é trabalhar arduamente com nós mesmos, mas não aprendemos ainda  como ficar tranquilos e deixar o Cristo trabalhar. Nós, na crença, nos tornamos separados do verdadeiro Cristo do nosso ser. É quase como se vivêssemos numa casa com as persianas fechadas e nos acostumássemos a andar na escuridão ou num quarto iluminado artificialmente. À medida que o tempo passasse, esqueceríamos realmente que havia algo como a luz solar e que fora de nossas sombras delineadas estava o sol radiante e quente. Sob nosso aspecto de seres humanos, fizemos exatamente isso. Fechamos as persianas – nossas persianas mentais. Isto é o que Jesus quis dizer, ao afirmar: “Tendo olhos, não vedes e tendo ouvidos, não ouvis”. Estas faculdades espirituais foram fechadas, de modo que não estamos cientes do fato de que apenas além do âmbito de nosso aspecto humano existe a divindade do nosso ser chamada Cristo, o Espírito de Deus no homem.

Em nosso estudo, em nossa prática, e na nossa associação com os outros, passo a passo desenvolvemos uma percepção deste Poder ou Presença infinita e invisível, chamada de Cristo. Descobrimos que há uma Presença real conosco, que desempenha nosso trabalho para nós; que o desempenha através de nós; que o desempenha como nós. Isto foi o que tornou possível aPaulo dizer: “Eu vivo, mas já não sou eu quem vive, é Cristo quem vive em mim”. Lembre-se de que Ele desempenhou aquilo que é dado para eu fazer; Ele aperfeiçoou aquilo que me ocupa, ou como o Salmista diz: “O Senhor aperfeiçoará o que me concerne”. Este é o Cristo, e este Cristo é o princípio ou o Espírito de Deus presente em você, como, digamos, sua integridade, sua lealdade, sua fidelidade, sua fidedignidade. Estas são as qualidades que você reconhece estarem presentes em você; e você as reconhece, não porque já as viu ou as ouviu, mas por causa de seu efeito em sua experiência. Sua honestidade e sua integridade conquistaram para você o respeito de seus sócios. A lealdade e a fidelidade fizeram de você bom cidadão, bom marido,ou esposa, bom filho. Estes são os efeitos da qualidade da integridade, da lealdade, da fidelidade, da honestidade e da fidedignidade. Mas há algo maior do que qualquer uma dessas, algo maior do que todas elas reunidas, e isso é a percepção consciente, o reconhecimento consciente deste Cristo, que pode criar e criará estas qualidades em nós, mesmo se e quando parecer que elas estão faltando.

O Cristo em nós é a nossa inteligência divina, a nossa sabedoria espiritual. Esta não é a sabedoria humana: a sabedoria humana pode cometer erros; a sabedoria humana pode ser enganada. Nossa sabedoria humana frequentemente se baseia em experiências passadas ou no senso comum; mas o Cristo (esta intuição espiritual, esta sabedoria, orientação e poder espirituais) nunca comete um erro; e Ele nos leva a fazer coisas que, humanamente, pensamos não serem sábias ou que, humanamente, nem mesmo poderíamos pensar em fazer. Nem mesmo podemos saber que passo devemos dar; mas este Cristo, ao abrir nossa consciência, dá o passo para nós, mesmo antes de estarmos cientes da necessidade. Cristo é uma realidade. Cristo é aquele de quem você pode depender: você pode ouvi-Lo e, através dEle, encontrar sua inspiração, sua orientação, sua direção. Cristo é uma consciência de cura. Quando nos pedem para curarmos a nós mesmos ou a outros, se tivermos tocado este Cristo, não há mais necessidade de depender de afirmações da verdade ou de qualquer atividade. Este “Algo”, chamado de Salvador, o Princípio salvador, a Presença de cura ou o Cristo que cura, toma conta. Ele recupera; Ele revivifica; Ele reconstrói; Ele edifica.

Cristo é uma realidade. Cristo não é simplesmente um nome, um termo para alguma coisa intangível. Não, Cristo é tão palpável em sua experiência como qualquer coisa que você possa ver ou tocar. Ele é tão real como seu professor ou como um livro – só que mais real. Se todos nós pudéssemos conhecer a realidade, a onipresença, a onipotência do Cristo, entenderíamos por que podemos colocar nEle toda a confiança; como Ele vai à nossa frente para fazer tudo o que temos de fazer. Mas, o Cristo é mais do que isso! É uma influência unificadora. Cristo é o cimento, a influência unificadora, que nos une em entendimento.

Cristo é um fio invisível, que nos une; mas não só a nós: Ele une todos os homens e mulheres, por todo o mundo, independentemente de religião, de credo ou de região. Todos aqueles que têm como objetivo ver o reino de Deus manifestado na Terra estão unidos conosco através deste fio do Cristo.


segunda-feira, agosto 13, 2012

Consciência é sua condição original


 
Kiranji


No escutar total não existe mente, nenhum pensamento, nenhum você. Apenas o escutar permanece. Quando eu digo para você estar simplesmente atento do que está acontecendo agora, você precisa fazer algo para estar atento? Isso é um fazer? Que tipo de fazer é isto? Escutar os pássaros ou me ouvir é um “fazer”? Realmente não podemos chamar isso de fazer. Ao invés disso, ele é um “acontecer”. Cantar e atenção do cantar estão simplesmente acontecendo. Permanecendo na atenção desse acontecimento é o espaço sem pensamento e sem esforço do qual falávamos antes. Este espaço sem esforço e sem pensamento é iluminação. Quando você retorna para este espaço e permanece lá, você está de volta ao seu próprio estado natural.

Isso é sua própria consciência, seu próprio estado, seu próprio espaço. Este espaço não é parte da mente ou de seus pensamentos. Ele é tão puro, tão virgem, tão cheio de contentamento. Neste estado, você está afinado com a força de vida do aqui-agora, força de vida da existência está pulsando aqui-agora todo o tempo. Quando você está afinado com ela, você recebe o presente de alegria, benção e silêncio. Este é seu estado natural. Você é parte dessa existência. Você é existência. Simplesmente permaneça totalmente em unicidade com a existência. Você é Ela! Deixe-me tentar explicar este espaço em minhas próprias palavras. Pura consciência é seu estado natural. Portanto, cada individuo já é, de certa forma, iluminado, e sempre foi porque consciência é sua natureza. Não é correto dizer que somente alguns poucos escolhidos se tornarão iluminados e o resto das pessoas não se tornarão iluminadas. Iluminação pode acontecer para qualquer pessoa. Você só precisa acordar.

As pessoas estão simplesmente adormecidas e sonhando. Elas estão sofrendo em seus sonhos. Você está sonhando que você quer acordar. E você está também sonhando que isso é difícil, cheio de esforço, ou até mesmo impossível acordar. É por isso que você não consegue acordar. Mas estar acordado e consciente é sua natureza e seu próprio espaço. Você está preso nas misérias de seu sonho ao invés de estar simplesmente acordado e atento e destacado do sonho. É só um sonho! NÃO É SEU SONHO. Você é consciência. Você é a atenção testemunhando o sonho. Você não é o corpo e a mente que está tomando parte nos acontecimentos do sonho.

Você é a consciência testemunhante na qual eles estão ocorrendo. Você é pura existência. Você é pura consciência. Você é pura paz. Durante seu sono e sonho, este espaço está lá de alguma forma, em algum lugar. Até durante seu sono e sonho, consciência, atenção, e acordamento existem. De outro modo, como você poderia acordar de seu sono para o despertar? Quando a luz aparece, a escuridão desvanece. Escuridão como tal não existe. Escuridão não é nada mais que ausência de luz. Similarmente, quando o acordar acontece, o sono desaparece. Por outro lado, durante o sono, atenção e consciência permanecem presentes como um fundo sobre o qual o sono ocorre. Por causa da consciência que está presente durante o sono, você sabe que você dormiu bem ou não após você ter acordado. A paz do sono não é uma experiência que é experienciada no corpo ou na mente de um experimentador.

Aquela paz é consciência, existência e paz em si mesma. Isso é o que você é. Nós experimentamos o que somos durante cada noite de sono. Experimentamos iluminação durante o sono, ainda que em total ignorância. Uma vez reconhecido e realizado o fato de que não somos o corpo nem a mente, mas a consciência e paz eterna na qual eles aparecem como um sonho, nossa busca termina. Faz um giro de 180 graus! Retorne e permaneça em seu estado natural! Reconheça que você é aquele despertar. Isto é tudo.


quinta-feira, agosto 09, 2012

"O Pai sabe o que vos é necessário"

Dárcio Dezolt


Quando Jesus disse que “o Pai conhece nossas necessidades antes que Lho peçamos”, esta revelação tem seu valor e importância suprema em termos de “conhecermos a Verdade”. Em geral, a frase é vista como Deus sabendo do que precisamos como meios de sobrevivência pessoal “neste mundo”; porém, este enfoque dualista, que acredita que Deus vê seres humanos, não é o real conteúdo da frase de Jesus.

Quando meditar, parta desta citação entendendo claramente o seguinte: DEUS sabe Se revelar como sendo o seu EU. Somente isto é o que importa! DEUS está permanentemente consciente de ser VOCÊ! Não será preciso pensar em “esforço humano” para esta Verdade ser conhecida! Uma, porque jamais “mente ilusória” conhecerá a Verdade; e outra, porque a Mente que é Deus, é a sua!

Por esse motivo, “antes que um ego ilusório” pense em pedir algo a Deus, o próprio Deus já sabe de tudo e, simplesmente por ser TUDO, o Pai glorifica todo Filho com a glória de ser UM COM ELE. Conhecer o Fato permanente de que Deus é perfeitamente Autossuprido, e que somos um com Ele, nos faz discernir naturalmente que “de nada, jamais, necessitamos”.

Seja objetivo nestas “contemplações”, aceitando que “toda a Natureza iluminada” é manifesta AGORA como o Ser que VOCÊ É! O que Jesus pretende, com esta revelação, é que você “suba ao Pai”, vendo-se NELE, e não mais nas “aparências”, meras ilusões flutuantes entre crenças de estar ora carente, e ora suprido. Tiago já nos havia alertado: “Toda boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do Alto, descendo do Pai das Luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. A principal delas, evidentemente, é dádiva da “iluminaçao espiritual”. Aceite-a pela graça, sem jamais negá-la ou pedi-la: já lhe é concedida! “Vosso Pai se agradou em dar-vos o Seu Reino”, disse Jesus!


terça-feira, agosto 07, 2012

Efeitos da Iluminação Espiritual (Goldsmith)

Joel S. Goldsmith


Todo aumento de nossa compreensão espiritual representa mais luz para nós, que expulsa as trevas dos sentidos. Este fluxo de iluminação continuará até que tenhamos compreendido por inteiro que a nossa verdadeira identidade é a "Luz do mundo". Sem a iluminação, lutamos contra as forças do mundo, trabalhamos para viver, nos esforçamos para manter nossa posição e competimos por riquezas e honrarias. Muitas vezes lutamos contra nossos amigos, para acabarmos percebendo que lutamos contra nós mesmos. Não há segurança nas posses materiais, mesmo que tenhamos vencido a luta pela sua obtenção.

A iluminação nos traz primeiro a paz, e depois a confiança e a segurança; isto nos dá repouso das contendas do mundo, e então todo o bem flui para nós pela Graça. Podemos agora perceber que não vivemos pelo que ganhamos ou conquistamos; vivemos, sim, pela Graça.

Tudo que temos é dádiva de Deus; nós não ganhamos o nosso bem, pois que já o possuímos. "Filho, tu estás sempre comigo, e tudo que tenho é teu."

Os prazeres e os sucessos do mundo nada são se comparados com as alegrias e os tesouros que se desdobram diante de nós pela consciência espiritual. À luz da Verdade, os maiores triunfos e felicidades mundanas são como nada, diante dos tesouros da Alma e sua imensa glória, insondável e desconhecida pelos sentidos.

Possuindo a Luz divina dentro de si, ganha o homem sua liberdade do mundo, e a segurança contra todos os perigos terrestres e humanos. Nosso momento histórico tem amedrontado e assustado a muitos. Os espiritualmente iluminados reconhecerão que nenhum bem aparece ou desaparece, que a atividade espiritual tem por natureza a realização, e que, como a sua iluminação lhes revelou a verdade dos fatos, eles estão ancorados à Alma, à consciência divina, à paz espiritual, à segurança e à serenidade.

Não mais temeremos as mudanças das condições exteriores, que não passam do reflexo da totalidade interior. Com a certeza de que somos consciência espiritual individual, embora infinita, e que incorpora todo o bem, não mais precisamos levar em consideração aquilo que os sentidos nos mostram.

A iluminação espiritual revela a harmonia do Ser e dispersa as aparências captadas pelos sentidos materiais. Ela nada muda no universo, pois que o universo é espiritual, habitado pelos filhos de Deus, mas muda nossa visão do universo.


segunda-feira, agosto 06, 2012

A Existência é Substância; a vida é sombra


- Meher Baba -


A Existência é eterna, enquanto que a vida é perecível. Comparativamente, a Existência é o que seu corpo é para o homem e a vida é como a roupa que cobre o corpo. O mesmo corpo muda de roupa de acordo com as estações, com o tempo e as circunstâncias, da mesma forma que a Existência eterna e una sempre está lá através de todos os inúmeros aspectos variados da vida.

Envolta além do reconhecimento pelo manto da vida com suas dobras e cores variadas está a Existência imutável. É o traje da vida com seus véus - o véu da mente, da energia e das formas grosseiras que "encobrem" e se sobrepõe sobre a Existência, apresentando a Existência eterna, indivisível e imutável como transiente, diversificada e em constante mudança.

A Existência é onipresente e é a essência fundamental que sublinha todas as coisas animadas ou inanimadas, reais ou irreais, variadas em espécie ou uniforme em formas, coletivas ou individuais, abstratas ou substanciais.

Na eternidade da Existência não existe o tempo. Não há passado nem futuro, apenas o presente eterno. Na eternidade nada jamais aconteceu e nada jamais acontecerá. Tudo está acontecendo no interminável AGORA.

A Existência é Deus, enquanto que a vida é ilusão.
A Existência é Realidade, enquanto que a vida é imaginação.
A Existência é eterna, enquanto que a vida é efêmera.
A Existência é imutável, enquanto que a vida está sempre mudando.
A Existência é liberdade, enquanto que a vida é um aprisionador.
Existência é indivisível, enquanto que a vida é múltipla.
Existência é imperceptível, enquanto que a vida é enganosa.
A Existência é independente, enquanto que a vida é dependente da mente, da energia e das formas brutas.
A Existência é, enquanto que a vida parece ser.
A Existência, portanto, não é a vida.

O nascimento e a morte não marcam o início ou o fim da vida. Considerando que as diversas fases e estados da vida que constituem os chamados nascimentos e mortes são regidos pelas leis da evolução e da reencarnação, a vida vem a existir uma única vez, com o advento dos primeiros raios pálidos da consciência limitada, e sucumbe à morte apenas uma vez ao alcançar a Consciência Plena da Existência Infinita.

A Existência, onisciente, onipotente, Deus onipresente, está além de causa e efeito, além do tempo e do espaço, além de todas as ações.

A Existência toca a tudo, todas as coisas e todas as sombras. Nada jamais pode tocar a Existência. Mesmo o próprio fato de seu ser não tocar a Existência.

Para perceber a Existência é preciso despreender-se da vida. É a vida que dá limitações ao Ser ilimitado. A vida do ser limitado é sustentada pela mente que cria impressões, pela energia que alimenta o impulso para acumular e dissipar essas impressões através de expressões, e por formas grosseiras e corpos que funcionam como instrumentos através dos quais essas impressões são gastas, reforçadas e, eventualmente, exauridas através de ações.

A vida está densamente associada às ações. A vida é vivida através de ações. A vida é valorizada através de ações. A sobrevivência da vida depende de ações. As ações são o que faz a vida ser conhecida - ações opostas em natureza, ações afirmativas e negativas, ações construtivas e destrutivas. Portanto, para deixar a vida sucumbir até sua morte definitiva é deixar todas as ações terminarem. Quando as ações terminam completamente, a vida do ser limitado espontaneamente experimenta-se como a Existência do Ser ilimitado.

A Existência ao ser realizada (percebida e atingida), a evolução e a involução da consciência estão completas, a ilusão desaparece e a lei da reencarnação não pode mais aprisionar.

Simplesmente desistir de cometer ações nunca colocará um fim nas ações. Seria simplesmente significar pôr em ação uma outra ação - a da inatividade.

Escapar das ações não é o remédio para a erradicação das ações. Pelo contrário, isso daria margem para o ser limitado ficar mais envolvido no próprio ato de escapar, criando assim mais ações.

As ações, tanto as boas quanto as ruins, são como nós no emaranhado da linha da vida. Quanto mais persistentes os esforços para desatar os nós da ação, mais firmes tornam-se os nós e maior o emaranhamento.

Somente ações podem anular ações, da mesma maneira que o veneno pode neutralizar os efeitos do veneno. Um espinho profundamente enraizado pode ser extraído ao usarmos um outro espinho ou qualquer objeto pontiagudo semelhante a um espinho, como uma agulha, utilizada com habilidade e precaução. Da mesma forma, as ações são totalmente arrancadas por outras ações, quando são cometidas por algum agente de ativação que não seja o 'ser'.

Karma yoga, dnyan yoga, raj yoga e bhakti yoga servem o propósito de serem sinais importantes no caminho da Verdade, orientando o buscador para a meta da Existência eterna. Mas a vida alimentada por ações, segura tão apertado o aspirante que mesmo com a ajuda desses sinais inspiradores, ele falha em ser guiado na direção certa. Enquanto o Ser é vinculado por ações, o aspirante ou mesmo o peregrino no caminho da Verdade, certamente irá se extraviar pelo auto-engano.

Ao longo de todas as eras, sadhus e buscadores, sábios e santos, Munis e monges, tapasavis e Sanyasis, yogis, Sufis e talibs têm lutado durante suas vidas inteiras, passando por dificuldades incalculáveis em seus esforços para se desembaraçarem do emaranhado de ações e perceberem a Existência eterna ao sobrepujarem a vida.

Eles falham em suas tentativas porque quanto mais lutam com seu 'ser', mais firmemente seu ser é agarrado pela vida, por meio de ações intensificadas pelas austeridades e penitências, reclusões e peregrinações, meditação e concentração, declarações assertivas e contemplação silenciosa, por uma intensa atividade e inatividade, pelo silêncio e pela verbosidade, por japas e tapas, e por todos os tipos de yogas e chillas.

A emancipação das garras da vida e a liberdade dos labirintos das ações são possíveis para todos e alcançadas por poucos, quando um Mestre Perfeito, Sadguru ou Qutub é abordado e sua graça e orientação são invocadas. O conselho invariável do Mestre Perfeito é a rendição completa a ele. Os poucos que se entregam por completo - mente, corpo, bens, de modo que com sua entrega total eles entregem também conscientemente seu próprio "ser" ao Mestre Perfeito - ainda mantêm seu próprio ser que permanece consciente para cometer ações que são agora ativadas apenas pelos ditames do Mestre.

Tais ações, após a entrega do 'ser', não são mais ações da própria pessoa. Assim, essas ações são capazes de arrancar todas as outras ações que alimentam e sustentam a vida. A vida torna-se então gradualmente sem vida e, eventualmente, sucumbe pela graça do Mestre Perfeito, à sua morte final. A vida, que uma vez impediu o aspirante perseverante de realizar a Existência perpétua, já não pode operar seu próprio engano.

Eu enfatizei no passado, eu lhes digo agora e repetirei era após era para todo o sempre: para vocês deixarem cair seu manto da vida e perceberem a Existência que é eternamente sua.

Para realizar esta verdade da Existência imutável, indivisível, que tudo permeia, a maneira mais simples é se entregar a mim completamente, tão completamente que você nem sequer fique consciente de sua rendição, consciente apenas de me obedecer e agir como e quando eu lhe ordenar.

Se você busca viver eternamente, então implore pela morte de seu ser enganoso nas mãos da entrega total a mim. Esse yoga é a essência de todos os Yogas em um.


sexta-feira, agosto 03, 2012

"Há uma unção!"


"Há uma unção
Já posso sentir
Verdadeiramente
Deus está aqui

Eu prefiro estar
Na tua casa, oh Senhor
Onde flui um rio de amor
Onde flui a benção do Senhor

Eu prefiro estar
No meio da congregação
E no meio desta comunhão
Servindo ao meu Deus e aos meus irmãos

Ah, ah
Ah, ah
Como é bom viver em união
Ah, ah
Ah, ah
Como és precioso, meu irmão."
.
.
.

"E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo." (1 João; 2:20)

A letra dessa canção é um verdadeiro presente! Ela anuncia o Amor onipresente e incondicional de Deus, que perpassa, permeia e cobre todo o mundo. Não está fora do alcance de ninguém! Está presente! Está aqui e agora! A unção está onde o autor da música está cantando! A unção está onde o ouvinte da música a escuta! Só o Amor (Onipresente) de Deus (Onipresente) é real.

Muitos buscadores desejosos de conhecer e experienciar Deus estão tentando fazer isso mediante esforços próprios. O ser humano por si mesmo não pode perceber, porque é dotado de mente, que percebe o mundo e todas as demais coisas de forma dual. A mente dualística é a inimizade contra Deus, diz a Bíblia.  Como está escrito: "As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam."(1 Coríntios 2:9).  A presença de Deus e o Reino de Deus só podem ser percebidos através de um sentido de UNICIDADE, e esse sentido espiritual está além da mente. O que faz o homem perceber Deus e Seus mistérios é o próprio Deus. A visão e a percepção são dons de Deus, que Ele nos concede pela Graça. Quando o homem afinal vem a percebê-Lo, foi Deus que percebeu por e através do homem. Cristo diz que "é do agrado do Pai dar-vos o Reino". Deu-nos o Reino e deu-nos também os meios de percebê-lo. Mas não tentemos encontrar o Reino de Deus neste mundo, pois "o Meu Reino não é deste mundo". O Reino de Deus e as coisas de Deus não podem ser percebidos pelo "homem natural". Pois, "o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. (1 Coríntios 2:14). Deus é Espírito, e as coisas de Deus só podem ser discernidas "de Espírito para Espírito". Não recebemos o espírito do mundo que só vê as coisas do mundo! Mas recebemos o Espírito de Deus que provém de Deus para que pudéssemos conhecer o que nos foi dado gratuitamente por Deus! Não temos o espírito do mundo (mente humana), temos a Mente de Cristo! Essa é a unção concedida!

Diz a Bíblia: "E a unção que vós recebestes dEle, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a Sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis." (1 João; 2:27)

Repetindo o versículo de abertura desta postagem: "E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo." (1 João; 2:20)

Está revelado! Ou seja: é assim que já é!

Como perceber isso? O primeiro passo a ser dado é aceitarmos essas revelações Bíblicas! São promessas para nós! A condição humana sua e minha não nos permite perceber ou verificar a veracidade destas informações: "Sois deuses", "temos a Mente de Cristo", "hoje estarás comigo no paraíso", "em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser". Devemos confiar! Só essa é a Verdade, nada mais! A aceitação correta das revelações gera uma espécie "vazio" no ponto da mente que pensa que já "conhece" e "percebe" o que é verdade, e faz com que a atenção/interesse/energia em nós sejam redirecionados daquele ponto para o vasto "espaço" que os ensinamentos chamam de "dentro de nós", e lá vão se acumulando. Chega um momento em que toda a energia acumulada neste "vasto espaço" torna-se tão gigantesca, que algo extraordinário se desencadeia: a percepção do divino. Quando desse modo praticamos a confiança/aceitação em sua forma correta, essa atitude faz com que durante todo o tempo estejamos "batendo à porta", até que a mesma nos seja aberta. "Batei, e abrir-se-vos-á". Assim, essa atitude dócil de confiança e aceitação torna-se uma oração de nossa parte, pois o tempo todo estamos pedindo silenciosa e internamente: "Pai, revela-me a Verdade; sei que Sua unção está sobre mim e que por isso Ela já me está revelada/concedida. Eu confio nisso! Por Sua unção, eu a percebo. Percebe-a em mim e através de mim, e permita-me percebê-la". Com essa atitude, tornamo-nos abertos e receptivos. 

"Há uma unção"... aceite isso com o coração inocente de menino e confie nisso! A unção já está, ela já é! Não coloque empecilhos a fim de que possa começar a percebê-la. Não é necessário que uma luz misteriosa comece a brilhar sobre você para que somente então você possa dizer "sim, há uma unção". Ela está aí, confie, admita-a! Com coração de criança! Torne-se receptivo e sinceramente interessado em conhecer somente Aquilo que Deus está percebendo em você (não apenas em você, mas no universo inteiro!). Essa atitude criará o "clima" que finalmente o fará perceber com a Mente de Cristo, através da qual as coisas de Deus serão reveladas. E, quando estiver "percebendo" você entenderá que não houve um momento no tempo a partir de onde "começou a perceber". A sua percepção será a de que "Isso que percebo, eu sempre o percebi!" Que possas preferir estar na casa do Senhor. Lá é também a sua casa, porque você é um filho de Deus, uno com Deus, vivendo com Deus e em Deus. É o paraíso de perfeição infinita, onde, no dizer da canção acima, fluem rios de Amor e de bênçãos do Senhor. 

"Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente." (Salmos 16:11)