Pergunta: Osho, quando Krishna está dizendo à Arjuna: "Você, eu e todas essas pessoas estivemos aqui antes e estaremos aqui depois", isso apenas mostra a conclusão, como você diz, de que o conteúdo sem forma - o ser - é mais importante do que a forma do corpo. Mas não existe também a outra possibilidade: de que o conteúdo sem forma não pode ter sua manifestação correta sem a forma? Qual o propósito da argila em si se ela não assumir as formas de vasos e tigelas?
OSHO: Existe diferença entre existência e manifestação. Aquilo que não se manifesta também pode existir. A árvore está latente na semente: a árvore ainda não se manifestou, mas ainda assim é. É no sentido de que pode se tornar. É no sentido de estar latente, de ser um potencial.
Uma experiência pioneira está sendo realizada na Oxford University. É um experimento científico e eu acredito que seja um dos experimentos mais importantes que estão sendo realizados.
O experimento está sendo realizado com a ajuda de câmeras extremamente sensíveis que conseguem fotografar a árvore que está escondida na semente e que se manifestará por completo dentro de vinte anos. É incrível! Aconteceu acidentalmente enquanto eles estavam tirando a foto de um broto. Muitas experiências científicas acontecem por acaso - porque os cientistas são muito convencionais, muito conformistas. Geralmente um cientista nunca é revolucionário.
Às vezes os revolucionários se tornam cientistas - esse é outro assunto -, mas o contrário não é muito comum de acontecer. Um cientista se prende ao que já é conhecido na ciência, e não permite que nada novo adentre esse mundo.
A história toda da ciência mostra quanta oposição cada nova descoberta recebia de outros cientistas - mas de mais ninguém. Portanto, as novas descobertas geralmente acontecem sem intenção. O cientista não está procurando por elas, mas elas acontecem acidentalmente.
No laboratório os cientistas estavam estudando flores com a ajuda de câmeras muito sensíveis. Estavam tentando fotografar um broto, mas em vez de um broto, uma flor apareceu no filme. Havia um botão diante das câmeras, mas o que as lentes registraram foi uma flor! Na época acreditaram que tinha sido um erro da câmera: deve ter sido exposta por acidente, alguma coisa tinha dado errado. Portanto, eles resolveram esperar o botão se abrir. E quando ele se abriu, os cientistas ficaram surpresos. O problema não era das câmeras; o problema estava na compreensão dos cientistas. Quando a flor nasceu, ela era idêntica à flor que havia sido fotografada anteriormente.
Depois eles deram prosseguimento à pesquisa. Os cientistas chegaram à conclusão de que o que vai acontecer no futuro já está acontecendo em algum mundo sutil de vibração agora mesmo - caso contrário não poderia ter se tornado verdade.
Uma criança nasce após viver escondida por nove meses dentro do ventre da mãe. Ninguém sabe o que está acontecendo por dentro, mas quando uma criança aparece, depois de nove meses, não é de repente. Ela passou por uma jornada de nove meses dentro do útero. Da mesma maneira, quando um botão se abre em uma flor, antes disso, as ondas eletromagnéticas que o cercavam se modificaram para se transformarem em uma flor - no ventre. Isso pode ser fotografado. Isso quer dizer que mais cedo ou mais tarde seremos capazes de fotografar a velhice de uma criança. Acredito que isso será possível.
Dessa maneira, a astrologia pode ganhar uma base científica sólida. Até agora, a astrologia não pôde se tornar científica; agora ela será capaz de se tornar, do ponto de vista de que o que vai acontecer no futuro já está acontecendo agora, de certa forma. Podemos ou não vê-lo, mas esse é outro assunto.
O problema é algo assim: eu estou sentado em baixo de uma árvore e você está sentado nos galhos da árvore. Você diz que consegue ver um carro na estrada e eu não o vejo. Eu digo que não há carro algum, a estrada está vazia. Até onde eu vejo, a estrada está vazia.
Para mim, o carro está no futuro. Você está sentado no topo da árvore, para você está no presente. Você diz: "Tem um carro", e eu digo: "Não há carro nenhum neste momento. Pode ser que tenha algum no futuro". Mas, para você, está no presente, você o vê.
Depois de um tempo, eu também começo a ver o carro. Do futuro, ele veio até o presente, para mim. Então ele passa pela estrada e, mais uma vez, eu não consigo vê-lo. Ele veio do passado para mim. Mas do topo da árvore, você diz que ainda o vê. Para você, ainda está no presente.
Para mim, o carro estava no futuro, e então ele veio para o presente e depois foi para o passado. Para você, ele tem se movido em um presente contínuo. Você está sentado em um nível mais alto que eu, e isso é tudo.
Krishna está enxergando de uma altura, de um topo. Ele está falando a partir desse topo quando diz que todos nós já existimos antes, que existimos agora e que também existiremos no futuro. Na verdade, de onde Krishna está olhando, apenas o presente existe; apenas um presente eterno existe na altura onde ele está.
De onde Arjuna está olhando ele tem de dizer: "Não sei se existimos antes ou não. Não sei". A visão de Arjuna vai apenas até o nascimento - na verdade, nem até aí.
Se pensar bem, não vai conseguir se lembrar de nada antes de seus quatro anos de idade. Antes disso, tudo é contado. As pessoas dizem que você existia. Sua memória retrocede apenas até os quatro anos de vida. Para uma pessoa inteligente, essa memória pode retroceder até os três anos de idade. Uma pessoa ainda mais inteligente consegue voltar aos dois anos de idade. Mas como você pode ter começado a existir se não existiu durante esses dois anos?
Mesmo que consiga se lembrar de sua vida no nascimento - e as outras pessoas podem lhe ajudar a fazer isso -, você existia no ventre da sua mãe antes de seu nascimento e não se lembra disso. Se você hipnotizar uma pessoa, ela é capaz de voltar a incidentes como o tombo que a sua mãe levou, quando estava grávida de três meses. A criança no ventre também se fere quando a mãe sofre algum acidente. Portanto, as lembranças do útero também são possíveis. E ninguém consegue se lembrar além disso, da vida passada. Mas, para nós, tudo isso estará no passado. Precisamos acordar todas essas memórias.
Para Krishna, tudo está em um eterno agora; tudo é apenas agora. Daqui em diante, de onde ele pode ver tudo, Krishna diz a Arjuna: "Essa pessoas já existiam antes e existirão novamente, também. Eu existi antes e você também".
Pode haver o medo de que a frase de Krishna não seja compreendida, de que Arjuna vai pensar que ele existiu antes como uma pessoa chamada Arjuna. Krishna não está dizendo isso. A pessoa chamada Arjuna nunca existiu como Arjuna antes; não poderia ter existido. A personalidade chamada Arjuna é apenas um enfeite. A consciência sem forma escondida por trás desse enfeite existiu antes. A pessoa chamada Arjuna também nunca mais vai existir: é apenas uma roupagem e vai se desintegrar com a morte. Mas o que essa roupa estava cobrindo continuará existindo no futuro.
Por mais que Arjuna tente entender o que Krishna está dizendo, ele vai entender de modo errado. Não vai entender e vai pensar: "Eu existi antes como Arjuna e você existiu antes como Krishna. Todas essas pessoas diante de nós também existiram antes". Ele vai repetir a mesma pergunta: "Então essas mesmas formas também já existiram antes?".
Não, essas formas nunca existiram antes. Mas uma forma é uma manifestação. A existência - a existência sem forma, sem formato - não é uma manifestação. Mas a existência também pode não ser manifestada. O que é visível não é tudo que existe. O invisível também existe. O que é visível a nós, mesmo? Uma fração muito pequena é visível.
Se perguntarmos ao cientista hoje, ele começa a admitir que o que se manifesta é muito pequeno. Por exemplo, não existia rádio alguns séculoa atrás. Agora existe. Sentados aqui podemos ligar o rádio e escutar uma voz de Londres. Isso quer dizer que ao apertar o botão do rádio você ligou uma voz em Londres? Não, a voz de Londres estava passando por você o tempo todo, mas você não tinha como escutá-la sem um aparelho de rádio para receber/captar as ondas sonoras. Mas, mesmo quando não conseguia escutar a voz, ela existia como uma forma não manifestada - só que seus ouvidos não a detectavam.
Existem milhares de outros sons passando pela atmosfera. De acordo com os cientistas, somos capazes de ouvir até certo ponto. Só conseguimos ouvir até esse ponto. Não podemos escutar nem mais nem menos. Existe um limite para nossa capacidade de ouvir - e muito se passa nos limites acima dele, assim como abaixo.
O que não conseguimos ouvir ainda existe e o que não conseguimos ver ainda existe. Mas apenas esse tanto da existência do qual temos percepção é que se manifesta, está disponível para nós.
Por exemplo, a luz não existe para o cego - pois a luz não consegue se manifestar para ele. O cego não tem como ver a luz. Mas, se pudermos imaginar uma espécie de seres existindo em algum outro planeta distante, que tenha mais do que cinco sentidos, perceberemos que existem coisas no universo sobre as quais não conhecemos. Nossos cinco sentidos não esgotam a percepção de tudo o que existe no universo.
De acordo com os cientistas, a vida existe em pelo menos cinquenta mil planetas. Eles conhecem cerca de quatro bilhões de planetas e subplanetas, e quase cinquenta mil deles têm a probabilidade de ter vida. Talvez exista neles uma forma de vida muito diferente de vida. Pode ser que ali existam seres que tenham sete sentidos, ou quinze sentidos, ou até setenta sentidos. Eles podem saber de coisas com as quais nunca sonhamos - porque só é possível sonhar com coisas que conhecemos. Não podemos sonhar com nada que não conheçamos. Não podemos sequer imaginá-las. Nosso Kalidasa e Chavabhuti e Rabindranath Tagore, nossos maiores poetas, não conseguem sequer imaginar na poesia o que está além de nossos sentidos - mas existem coisas. Não podemos negar sua existência só porque não as percebemos.
A manifestação é um fenômeno muito superficial. A existência é um fenômeno muito interno. Na verdade, mais correto seria dizer que a existência não é um fenômeno, é uma qualidade de ser, de existir, enquanto a manifestação é um acontecimento.
Por exemplo, eu estou sentado aqui, e então canto uma canção. Como antes eu não estava cantando, de qual lugar dentro de mim essa canção veio? Certamente saiu de algum lugar, mas poderia um médico dissecar o meu corpo e capturar essa canção? Algum cientista, psicólogo ou neurocirurgião seria capaz de pegar minha canção operando meu cérebro? Não, ninguém poderia encontrar a canção dentro de mim. Mas se a canção não estivesse dentro de mim, ela não teria se manifestado de forma alguma.
Antes a canção não tinha se manifestado. Estava em algum lugar, como uma semente; estava escondida. Talvez ela tenha existido como espécie de energia ou ondas sutis, sem se manifestar, mas ela certamente existia em algum lugar. Então se manifestou. Não passou a existir por causa dessa manifestação; estava ali dentro antes disso - e isso não quer dizer que ela tenha se manifestado totalmente, porque no processo minhas próprias limitações também criaram obstáculos.
Até o fim de sua vida Rabindranath Tagore disse que não tinha sido capaz de cantar a canção que queria. Mas como ele sabia que queria cantar algo que não conseguia? Certamente havia uma sensação por dentro, uma percepção de que algo precisava ser cantado. É mais ou menos como a sensação que você tem quando o nome de uma pessoa está na ponta de sua língua, mas você não consegue dizê-lo. Parece loucura dizer que esse nome está na ponta de sua língua, mas que não consegue dizê-lo. Se está na ponta de sua língua, do que mais precisa? Diga-o! Mas não, você simplesmente não consegue externá-lo.
O que isso significa? Significa que lá no fundo existe a sensação de que você sabe, mas ele não se manifesta, a mente consciente não o captura. Você se lembra vagamente dele. E se você morrer, for dissecado, e tentarmos procurar dentro de você o que estava na ponta de sua língua, não vamos encontrar. A ponta da língua está lá, mas o nome que estava prestes a ser dito, não. Ele continuará sem se manifestar, escondido nos recessos de sua existência, desaparecido.
O que Krishna está dizendo é que você não é apenas aquilo que se manifestou em você, você também é aquilo que não se manifestou. E o não manifestado é vasto, e aquilo que se manifestou é apenas um fragmento. Esses fragmentos se manifestaram muitas vezes e vão se manifestar muitas outras vezes. Mas o que não se manifestou, o que não termina, que não começa e é infinito, é inesgotável. Apesar de todas essas manifestações, ele continua inesgotável.
Certamente, se não se manifestar, não seremos capazes de reconhecer por meio de nossos sentidos - porque os sentidos só podem perceber o que se manifesta. Mas não somos apenas sentidos, e se conseguirmos aprender a arte de adentrar os sentidos, aquilo que não se manifesta também será notado, também será reconhecido, visto e ouvido, também será tocado em um lugar mais profundo do coração. Na Bíblia, Jesus diz que os olhos não viram nem os ouvidos ouviram o que foi preparado por Deus ao homem.
A manifestação não é uma compulsão por existência. É sua peça. A existência não tem de assumir uma forma - assumir uma forma é sua peça. É por isso que Krishna chama o mundo, a vida, nada além de uma encenação, uma peça.
E uma peça quer dizer que, quando alguém aparece em cena como Rama, isso é apenas uma forma; e quando aparecem alguém como Ravana, isso também é uma manifestação em uma forma. Eles estão brigando um com o outro com arco e flechas em suas mãos, o que é só uma forma. Um pouco mais tarde, atrás do palco, eles vão conversar um com o outro sobre Sita, por quem estão lutando. A luta vai terminar e eles vão tomar uma xícara de chá juntos na Sala Verde!
Krishna está falando sobre a Sala Verde e Arjuna está falando sobre o palco. Mas o que acontece no palco é apenas uma forma, uma figura: é apenas encenação. A existência pode existir sem uma forma, mas a forma não pode existir sem a existência. Como eu disse antes, não pode haver ondas sem o oceano, mas o oceano pode existir sem as ondas.
Quando Rama e Ravana saem do palco e começam a conversar e tomar chá, para onde irão as formas, os personagens que se manifestaram como Rama e Ravana? Terão desaparecido. Eles eram apenas ondas e formas, que desaparecem se não houver uma força de vida por trás delas. A forma muda, a figura muda, a encenação muda, mas o ator não muda. O que está por trás de tudo isso não muda. É sobre isso que Krishna está falando.
"Assim como esse ser passa pela infância, juventude e velhice neste corpo, ele também passa pela mudança de corpos. E os serenos e tranquilos não sofrem por isso."
Krishna está dizendo isso: assim como tudo está mudando em seu corpo - existe a infância, a juventude, a velhice, o nascimento e a morte -, assim como nada é estático neste corpo, tudo está em fluxo, tudo está mudando. As crianças estão se tornando jovens, os jovens estão se tornando idosos, os idosos estão desaparecendo com a morte.
Isso é muito interessante. Não é sentido na linguagem, porque não existe dinamismo nas palavras. As palavras são coisas estáticas. E como as palavras são estáticas, os idiomas fazem muita injustiça à vida. Nada é estático na vida. Por isso, quando impomos palavras estáticas à vida, que é dinâmica, estamos cometendo um grande erro.
Dizemos: "Essa é uma criança". É uma maneira errada de dizer isso. Uma criança nunca está no estado de "ser". Uma criança está sempre no estado de se "tornar". Na verdade, deveríamos dizer que uma criança está se "tornando". Nós dizemos: "Ele é velho", mas isso está errado. Ninguém é velho; todas as pessoas estão ficando velhas.
Tudo é um tornar. Não existe nada que "seja". Tudo está se tornando constantemente. Dizemos: "Isso é um rio". Que maneira errada de dizer as coisas! Um rio "é"? Um rio quer dizer aquilo que está em movimento, que está correndo.
Todas as palavras são estáticas, apesar de nada ser estático na vida. Essa é a nossa grande injustiça em relação à vida. E usando essas palavras dia e noite, esquecemos a realidade. Quando dizemos que alguém "é um jovem", o que isso quer dizer na vida, não no dicionário, mas na vida? Na vida, a juventude nada mais é que um movimento em direção à velhice. Você não vai encontrar isso escrito no dicionário. E o movimento não é algo que aconteceu em algum lugar do passado. Está acontecendo agora; continua a acontecer.
Krishna está dizendo a Arjuna: "As coisas não são estáticas, mesmo no que você chama de 'esta vida'. As formas que você vê nesta vida foram crianças no passado, e depois passaram para a juventude, e agora estão se tornando velhas".
Se um foto for tirada da primeira célula quando a concepção acontece no ventre, e mais tarde for mostrada à pessoa com a informação: "Este é você há cinquenta anos", a pessoa simplesmente não irá acreditar. Vai dizer: "Você deve estar brincando! Como eu posso ser isso?". Você aceitaria que era aquela coisinha pequena, aquele ponto minúsculo? Certamente que não. Mas essa é a sua primeira fotografia. Você deveria colocá-la em um álbum. E se não for isso, então não pode ser o que a foto mostra que você é hoje - porque na vida essa imagem será mudada em breve.
Supondo que coloquemos a fotografia de alguém tirada no dia de sua morte lado a lado à foto do dia em que essa pessoa nasceu - você acha que seremos capazes de ver qualquer semelhança entre as duas fotos? Não conseguiremos encontrar nenhuma conexão entre as duas. Não seremos capazes de relacioná-las. Mas nunca prestamos atenção para esse fluxo aparentemente desconexo da vida.
Krishna está tentando estimular esse pensamento em Arjuna. Ele está dizendo que as formas em si que Arjuna teme serão mortas, destruídas. Que estão desaparecendo a cada momento. O homem está sempre morrendo durante toda a sua vida. Sua vida é um longo processo de morte. O que começa com seu nascimento culmina com sua morte. O processo de nascer é o primeiro passo e o de morrer é o último. E não é que a morte apareça de repente, um dia. Desde o primeiro dia do nascimento de alguém, a morte se aproxima do fim dessa pessoa todos os dias - e é por isso que consegue alcançá-la.
Tudo está mudando, mas mesmo assim não entendemos a razão: "Como é que no meio dessas mudanças, eu ainda esteja carregando um sentimento persistente de ser a mesma pessoa que eu era quando criança, jovem, e agora um idoso?". Apesar de todas as mudanças, onde e como essa identidade, essa continuidade, essa lembrança permanece? E para quem e por quê?
Deve haver uma realidade em mudança por dentro, caso contrário, quem vai se lembrar?
Consigo lembrar de algo que aconteceu quando eu tinha dez anos de idade. Aquele que estava presente em mim quando eu tnha dez anos de idade deve estar presente agora també, até certo ponto, caso contrário, como vou me lembrar de uma coisa que aconteceu quando tinha dez anos? Esse "eu" que eu sou hoje, certamente não existia naquela época.
Então, quem é esse que se lembra? De onde vem esse fio de memória? deve haver um centro, um eixo, dentro do qual todas as mudanças ocorrem. Os caminhos mudaram, a charrete passou por vários caminhos, mas deve haver um eixo que tenha visto a roda em todos os seus estados. A roda em si não consegue lembrar - ela muda o tempo todo. É preciso existir um elemento imutável aqui.
Por isso Krishna está dizendo que existe a infância, a juventude e a velhice, mas em meio a todas essas mudanças existe uma realidade estável, imutável, e é a lembrança dessa realidade para a qual precisamos acordar.
Então não seremos capazes de dizer: "Eu era uma criança", ou "Eu era um jovem", ou "Agora sou velho". Não. Então nossa compreensão da realidade será muito diferente. Nós diremos: "eu estava ali na infância", "estava ali em minha juventude", "estava ali em minha velhice". "Um dia eu nasci e um dia eu morri". E o "eu" deixará de ser relacionado com todos esses estados da mesma maneira que um viajante passa por muitas estações. Na estação de Ahmedabad, ele não diz: "Eu sou Ahmedabad". Depois de ele chegar à Bombay, ele não diz que se tornou Bombay. Ele diz que está na estação Bombay. Se ele fosse se identificar com Bombay, então ele nunca teria sido capaz de se identificar com Ahmedabad, e vice-versa.
Se você é uma criança, como pode se tornar um jovem? E se é um jovem, como pode se tornar um idoso? Certamente deve existir alguém dentro de você que não é uma criança. É por isso que a infância pode vir e partir, a juventude pode vir e partir, e a velhice virá e morrerá. A roda do nascimento e da morte gira, mas existe uma realidade no meio de todo esse movimento que está vendo o ir e o vir e tudo, como as diferentes estações passando no caminho.
Podemos ver que o que pensamos ser é na verdade apenas um de nossos estados transitórios, por que passam nosso ser. Mas não somos eles. Krishna propõe que lembremos disso.
Osho comentando Gita, que privilégio!! Onde mais teríamos acesso a um texto deste nível "nuclear" além do Templo dos Iluminados, através do anfitrião Gu??
ResponderExcluirNamastê!!
=)
ResponderExcluirE que privilégio é ter você participando aqui com seus comentários! Esse é o seu primeiro! Muito bom!
Textos de níveis como esse do Osho são exatamente para chamar a atenção de pessoas como esta que fez o comentário acima!
Namastê!
Gugu,
ResponderExcluirBonita a imagem final deste post em que além do próprio Osho aparecem vários personagens iluminados, dentre os quais alguns consegui identificar e outros apenas presumi que sejam, tais como:
Guru Nanak
Lahiri Mahasaya
Sri Yukteswar
Mahavira
Yogananda
Patânjali
Babaji
Adi Shankara
Ramakrishna
E talvez a representação de alguns Amesha Spentas...
Interessante seria se os discípulos de cada um destes divinos personagens [inclusive dos que não identifiquei ] pudesse compartilhar neste Templo dos Iluminados um pouco de seus respectivos ensinamentos.
Silvano
Osho é sempre cercado por uma atmosfera de arte, beleza, unidade e ao mesmo tempo diversidade, leveza, totalidade, festa, celebração. Essa foto (não apenas essa, as outras também!) do Osho expressa o que o próprio personagem representa. Ou seja, a imagem da foto representa o próprio personagem (que é uma representação!). E o personagem, por sua vez, representa o Ser!
ResponderExcluirSe os seguidores de cada um desses caminhos pudessem compartilhar aqui um pouco dos ensinamentos de seus mestres, isso seria uma festa! A coisa toda se tornaria "nuclear"! Hehe...
Grande Abraço!