domingo, fevereiro 19, 2012

Conscientizando a Presença de Deus - 3/5

Joel S. Goldsmith


PORTANTO, SEDE VÓS PERFEITOS

Tornamos a ser uma Lei sobre nós mesmos a partir do momento em que conscientizamos Deus em nosso íntimo e aceitamos que Ele nos dirija; do momento em que reconhecemos nosso relacionamento como Filhos e Herdeiros dEle, em usufruto de todas as riquezas celestiais. Só pela consciente e compreensiva aceitação desta Verdade é que nos colocamos sob a Lei de Deus. Estamos sob às leis da humanidade, sob a Lei do Karma, sob a Lei de Causa e Efeito. Todas as leis que operam sobre a consciência humana, produzem seus efeitos sobre nós, individualmente, enquanto não atingirmos a realização espiritual e não demonstrarmos a plenitude da harmonia pela Graça.

O mandamento é: "Portanto, sede vós perfeitos como é perfeito a vosso Pai celestial". Elevando-nos gradualmente à perfeição é que nos separamos das leis e crenças que governam o mundo. Não há meio de um ser humano chegar a ser perfeito enquanto não reconhecer a perfeição potencial de Deus em seu íntimo, como possibilidade de alçar-se de "glória em glória", sob a orientação divina, sob Seu Reino e Sua Lei. Só podemos ser perfeitos pela realização da perfeição divina que já está em nós. Este reconhecimento é importante para estímulo e esforço consciente de superação da influência de massa.

Como dissemos, esta perfeição não se ganha num instante. Devemos começar no ponto em que nós estamos, sem reclamar essa perfeição a nós mesmos, mas "esquecendo-nos das coisas que ficam para trás" e conscientizando que "Eu e o meu Pai somos Um". Esta unidade governa nossa vida com harmonia. É uma benção - mesmo na pequena medida inicial de nossa capacidade. Ninguém, neste momento, está exprimindo a plenitude de Deus. Mas podemos regozijar-nos se, em alguma medida, já podemos demonstrar a capacidade de separar-nos da consciência de massa; se, em alguma proporção podemos apartar-nos dos erros, das doenças e das limitações a que estaríamos sujeitos num viver comum.

Não caiamos no mesmo erro de alguns estudantes metafísicos que desanimaram e desistiram do esforço, por não haverem demonstrado harmonia e liberdade interior completas. Ao contrário, alegremo-nos a cada pequeno avanço neste sentido, em nossa experiência, pois é prova de que estamos nos aproximando da mais alta realização, que será seguramente alcançada, se persistirmos neste caminho.

De nada nos vale saber, ler, pensar, que a sintonia com o Divino interno é benéfico. É preciso praticar! É indispensável buscar essa sintonia, para conquistá-la aos poucos. Se não a buscamos, quando a realizaremos?

Nossa vida, neste ano, pode ficar sob a orientação e governo amorosos de Deus, na medida em que aceitarmos e praticarmos esta verdade e nela persistirmos. Não há meio de a Lei ou a Verdade espiritual tocar-nos com a Graça, se não as aceitamos e não as buscamos conscientemente. Depende só de nós: é algo intransferível; ninguém pode fazer por nós, por mais que nos ame e por mais estreitos que sejam os laços que nos unam. Lembremos: mesmo depois de três anos de íntimo convívio com o Mestre, Judas O traiu; os demais discípulos (com exceção de João) O abandonaram, quando Ele mais precisava deles. Isso mostra do quão convictos devemos estar da Verdade, para abraçá-la e demonstrá-la em todas as circunstâncias.

A RESPONSABILIDADE DO SER INDIVIDUAL

Toda pessoa que participa de um ensinamento espiritual recebe, em alguma medida, uma maior harmonia em sua vida e, se nele persistir, a Consciência do Instrutor ou do Praticista poderá ajudá-la ainda mais. Todavia, tal benefício é temporário a não ser que a pessoa, por ela mesma, procure desenvolver a sua consciência. O Instrutor ou Praticista, não pode dar ou garantir harmonia espiritual ao estudante, mas apenas erguer-lhe a consciência, abrir-lhe a compreensão, estimulá-lo. O despertar mesmo é de dentro para fora e só o estudante pode realizá-lo, se aproveitar o estímulo e fizer o próprio esforço, até que sua consciência se desenvolva.

Os pais não podem garantir o que os filhos menores virão a ser na vida, embora façam de tudo para prover-lhes padrões morais e espirituais que lhe sirvam de fundamento no confronto com a vida. Assim também é a relação do Instrutor com o estudante.

A criança, apesar de haver recebido orientação das mais satisfatórias no lar e haver-se mostrado obediente e comportada, quando adulta e se for para o mundo, poderá não aplicar e até desvirtuar a educação que recebeu, tornando-se uma dissipadora de sua geração. Quem pode prever a futura atuação do estudante espiritual?

PASSOS NO DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL

Quando o estudante deste caminho se põe sob a orientação de um Instrutor, é-lhe ensinado que o primeiro e importante passo que deve dar, é o do RECONHECIMENTO CONSCIENTE do governo de Deus; é submeter-se, sincera e voluntariamente à orientação do Divino interno, como Sua Lei e Substância. Deve praticar diariamente a conscientização da Presença interna, recordando-se constantemente dela como inspiração e ajuda; como poder que supera qualquer problema ou desafio na vida exterior.

Com esta prática ele chegará à firme convicção do que disse o Mestre: "Eu venci o mundo". Que desejou o Mestre significar com isto? Que havia alcançado um alto nível de consciência, onde não mais podia ser afetado pela consciência de massa, ou leis mentais e materiais. O comportamento dos governos, a segurança do mundo, o clima, as flutuações econômicas, os alimentos, as crenças reinantes, os eventos todos -- nada disso já o podia afetar. Ele havia atingido tal alto nível de consciência, que lá só podiam funcionar as leis espirituais.

Os primeiros passos para o alcance desse elevado estado de consciência são:

a) o reconhecimento da Presença interna;
b) o reconhecimento de que esse Espírito interno é o único poder, a única Lei e a única Realidade.

Desde manhã, através do dia, até à noite, somos bombardeados pelas crenças mundanas em poderes materiais, mentais e legais. Devemos estar alertas para não nos deixarmos afetar por elas. Cada um de nós deve conquistar algum grau de reconhecimento de que o único poder real é o espiritual: a Lei, a Vida espiritual, onipresente. As leis materiais e mentais não têm poder - a não ser o poder que lhes damos quando nelas acreditamos. Eis a Verdade que liberta os homens das restrições deste mundo. Este é o princípio básico; a serena e firme convicção de que devemos chegar: o poder espiritual é a única realidade!

Deste modo podemos começar a compreender, ainda que em pequena medida, o que disse o Mestre: "levanta-te, toma o teu leito e anda!" "Estende a tua mão!" Jesus quis dizer: Qual o poder que pode existir fora de Deus? Há outro poder que não seja Deus? O erro será um poder? Ou a doença? Ou o dinheiro? Será que existe realmente um poder fora de Deus e de seu amoroso governo? Gradual e seguramente também chegaremos àquele ponto em que podemos dizer: "Levanta-te, toma o teu leito e anda!" - porque aquilo que reconhecíamos como poder ou limitação, fora de nós (em virtude de nossas crenças em dois poderes: o bem e o mal) já não representam poder e nem limitação para nós. Enquanto aceitamos dois poderes, ficamos sujeitos a eles. Logo, o primeiro passo de realização que devemos fortalecer, é de que há somente uma Presença e um Poder internos, que governam nossa vida e circunstanciais. E esse poder é espiritual. Essa Lei é espiritual. Essa atividade é espiritual. Tudo o mais é desprovido de poder, de presença, de continuidade, de causa e de efeito - porque não tem lei que o sustente. A única Lei é Deus e Deus é amor!

Assim, o Ano Novo é modelado por aquilo que realizamos em nosso íntimo. É verdade que ainda continuamos com nossas atividades, atendendo aos nossos deveres no mundo, cuidando de nossos negócios ou de nossa profissão - seja ela qual for - mas agora de forma diferente: governados pela Consciência crística interna.

Fixemos bem os dois pontos básicos:

1. Praticando a Presença divina em nós.
2. Mudar nossa consciência à respeito da crença universal em dois poderes para a compreensão e aceitação da verdade: que existe um só poder.

Estes princípios nos trarão desde o início uma grande sensação de paz e de harmonia à nossa experiência. Em suma, através da prática, aprendemos que esta interna contemplação e a paz que ela nos traz tem o poder de mudar a história do mundo - sem necessidade de comícios em palanques; sem esforços de proselitismo e nem revoluções religiosas, políticas ou econômicas. Este poder interno desvela novas idéias, novas invenções, novas descobertas.

Sim: a interna contemplação muda a história deste mundo e traz à manifestação os mistérios escondidos, que devem vir à tona, à luz, para estabelecera paz neste mundo. A Civilização ainda não se realizou. O mundo gosta de acreditar que está vivendo num período de civilização, mas, na verdade, a civilização ainda não começou na Terra. Só os seus estágios iniciais são evidentes. Se a palavra "civilização" tem algum significado, deve ser o de "fraternidade" e isto se concretizará quando os homens se relacionarem como autênticos irmãos. Fora disto, só poderá ser chamada de animalidade. Qualquer fracasso em "amar ao próximo como a nós mesmos" mostra nosso discernimento da real civilização. Logo, não se pode dizer, em sã consciência, que a civilização tenha chegado à Terra, enquanto não houver amor ao próximo, como a nós mesmos.

A civilização deve começar em nós, dentro de nós, indivíduo a indivíduo, e elevada e multiplicada na família e na sociedade, ao nível referido pelo Mestre no "Sermão da Montanha", cujos conceitos vão além do desejo de revide, de desforra, de devolver mal por mal, da Lei de Talião, do "olho por olho e dente por dente". Cada um de nós deve realizar esta experiência!

Aquilo que somos por dentro torna-se evidente a todas as pessoas que nos conhecem de perto, de modo que a tranquilidade, a paz, a quietude e o amor internos que atingimos virão a ser uma experiência espiritual sentida e avaliada por aqueles que nos circundam. A falta disso é também sentida por todos. Este é o motivo por que é importante que nossa vida, no Novo Ano, seja governada pela Graça do Divino interno: devemos exprimir autêntico amor ao próximo e uma maior confiança na Verdade. Devemos compreender, com todo o nosso Ser, que o único poder é espiritual e ele esta em nós, mais perto do que os pés e mãos, mais próximo do que a respiração.

Podem compreender agora a importância de sentir o poder espiritual em nós, acompanhando-nos aonde vamos - em alto mar, debaixo do mar, na terra ou no ar, em hospitais, em prisões, em nossos lares ou qualquer outro local que visitemos? Aonde quer que formos, levaremos em nós esta Presença e Poder espiritual de Deus. Mas é preciso que reconheçamos! Só quando conscientemente reconhecemos esta Presença e Poder é que nos podemos beneficiar. A consciência desta interna Presença e a plena fé, nela, é que torna santo o lugar em que estamos.

Quando imbuímos nossa consciência inteiramente desta Verdade é que somos libertados das influências mundanas e podemos dizer, como o Mestre: "Eu venci o mundo!"

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