sexta-feira, dezembro 30, 2011

O Príncipe da Paz

Joel S. Goldsmith

O significado pleno de Natal não pode ser conhecido, senão através da compreensão da natureza imutável de Deus. Deus é. Eterna e infinitamente, Ele é o mesmo, ontem, hoje e para sempre. O que é próprio de Deus sempre foi, continua sendo agora, e sempre será. Em decorrência desta compreensão, o verdadeiro Natal não começou há dois mil anos: seu início está além do tempo. O que ocorreu há dois milênios foi meramente a revelação de uma experiência que se tem repetido, não somente "antes que Abraão fosse", mas antes mesmo que o tempo fosse. Deus não inaugurou nada de novo há dois mil anos.

O verdadeiro sentido de Natal é este: Deus plantou na consciência de cada um de nós uma divina semente que há de germinar e vir a ser um Filho de Deus. Ninguém jamais existiu, nem existe agora e tampouco existirá, sem esta influência espiritual; sem este Poder que foi implantado em nossa consciência, desde o princípio.

A missão do Filho de Deus foi revelada através do ministério de Jesus Cristo e do que ele ensinou: "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância" (não eu, Jesus, mas Eu, o Filho de Deus). Disse Jesus: "Se eu der testemunho de mim mesmo, meu testemunho não é verdadeiro...Eu de mim mesmo não posso nada: o Pai, em mim, é Quem faz as obras...Eu Sou o pão da vida...Eu Sou a ressurreição e a vida". Este era o Filho de Deus falando através de Jesus, o mesmo Filho de Deus que está no íntimo de cada indivíduo, desde o início dos tempos.

Mergulhe em seu íntimo para encontrar a paz que foi estabelecida desde o princípio.

Conta, uma antiga história, que havia um rei justo, amável, pacífico e misericordioso. Seu vizinho, rei das terras limítrofes, estava empenhado em guerras de conquista. Movido por sua índole justa e misericordiosa, o primeiro rei mandou um embaixador ao reino vizinho, em missão de paz. Entrementes, para proteger o povo, começou o preparo bélico. De um extremo a outro da nação se movimentaram para o provável conflito. Desde então, a alegria se apagou no coração do povo. O sorriso desapareceu da face das pessoas. Isso entristeceu o rei, que se recolheu em prece, em busca de uma solução que devolvesse a paz e harmonia à sua gente. Um dia, a esposa de um dos oficiais da corte pediu audiência para revelar-lhe um segredo. E o que ela sussurrou em seu ouvido fê-lo sorrir. De rosto iluminado, o rei a incumbiu de ir ao encontro de todas as mulheres, não os homens, para confiar este segredo, até que todas o soubessem e o pusessem em prática. O rei levantou-se e foi segredar à rainha o que aprovara. E a própria rainha foi, com a esposa do oficial, correr o reino, para comunicá-lo a todas as mulheres. Dentro de algum tempo o sorriso voltou ao semblante do povo. Um cântico novo era entoado por toda aquela terra. O júbilo foi restabelecido.

No dia de Natal chegou um arauto do embaixador que estava no reino vizinho, anunciando que fora assinado um tratado de paz. O rei mandou dizer ao povo que cessassem os preparativos bélicos. E os oficiais da corte pediram ao rei que lhes dissesse qual fora o segredo, que provocara tão grande transformação no povo e conquistara um improvável tratado de paz. O rei lhes explicou que o segredo, embora singelo, encerrava um poder imenso: consistia nisto: "Retirar-se, pela manhã, em curto período de silêncio, de vazio e introspecção. Orar a Deus (sem pedir a paz nem qualquer outra coisa), e comungar com Ele, deixando que Sua paz permeasse e enchesse o íntimo. Depois, durante o dia, várias vezes conscientizar essa Presença, no íntimo, como paz". Tal foi o segredo que devolveu alegria ao povo e assegurou harmoniosas relações com o reino vizinho.

Aos estudantes da Verdade, esta história parecerá mui familiar, porque sabem que em estágio avançado não se ora pela paz ou ordem em nosso reino interno. Deus já plantou esta semente em nossas almas, em nossos corações, em nossas mentes. Para que esta semente germine e emerja à superfície de nossa consciência, devemos mergulhar no próprio íntimo, abrindo o canal, a fim de que o "Fulgor aprisionado" se escape de lá, abençoando nossa vida e contagiando as pessoas de nosso convívio.

A função deste Filho de Deus é levar-nos a vivenciar a paz; induzir-nos a experienciar uma vida abundante; a dinamizar as potencialidades divinas, manifestando, de dentro para fora, tudo o que o Pai é e tem, como foi dito: "Filho, tu sempre estás comigo. Tudo o que é meu, é teu". Esse "tudo" é a semente que foi plantada em nós. Quando furamos o solo em busca de petróleo; ou cavamos minas, para extrair ouro, prata, diamante; ou quando mergulhamos à cata de pérolas; não estamos trazendo para fora o que Deus formou dentro da terra e do mar? Somos, acaso, responsáveis por tudo que se formou no seio da terra ou dos mares, ou do ar? Fomos nós que formamos tudo isso? Alguém pode responder, pela ciência, que tudo isso se formou durante milhões e milhões de anos, antes que tivéssemos consciência de sua utilidade. No entanto, foi tudo previsto e tudo o que temos a fazer é extrair tudo isso que Deus preparou, para atender às nossas necessidades.

O mesmo ocorre no universo espiritual. O reino dos céus não está fora de nós ("não acrediteis quando vos disserem: ei-lo aqui; ei-lo acolá, porque o reino dos céus está dentro de vós"). Como, então, poderemos usufruir este reino, senão procurando-o e encontrando-o dentro de nós mesmos? Para contatá-lo, é mister cavar e mergulhar em nós mesmos. Quanto mais profundamente cavarmos e mergulharmos neste silêncio interior, tanto maiores e mais ricos tesouros traremos à manifestação.

Nossas vidas individuais manifestam a Graça de Deus

Para compreender o "Dia de Natal", devemos entender com clareza que Deus plantou a semente de Si mesmo em cada um de nós. Tal semente deve germinar e converter-se no Filho de Deus plenamente desenvolvido, cuja missão é tornar nossas vidas bem-sucedidas e demonstrar a glória de Deus, como Jesus a revelou. Desde que "eu, de mim mesmo, nada posso", e, "se der testemunho de mim mesmo, meu testemunho não é verdadeiro", o que nos cumpre é simplesmente demonstrar, em nossas vidas individuais, a graça de Deus -- Sua sabedoria, Espírito, saúde e abundância. Ao tornar o potencial em dinâmico, a possibilidade em atualidade, podemos dizer que Deus vai do infinito para o infinito; que Deus é o mesmo sempre, e Ele não faz acepção de pessoas.

Se Deus tudo criou para sempre, então, desde o princípio dos tempos, a humanidade trouxe, dentro de sua própria alma, a divina paz e a divina graça. Infelizmente não podemos partilhar estes dons com nossos semelhantes e nem eles conosco, enquanto cada um não os encontrar em seu íntimo. É uma simples descoberta, mas não podemos dar o que não descobrimos ou aquilo de que não temos consciência ainda. Todavia, quando o descobrimos, assumimos uma responsabilidade: "a quem muito é dado, muito lhe será exigido". Espera-se muito daqueles que encontraram dentro de si a paz: eles devem derramá-la sobre os demais.

Se ainda não encontramos o Cristo dentro de nós mesmos, não podemos partilhar essa Consciência com os outros. Se não realizamos a paz em nós mesmos, não podemos manifestá-la ao próximo nem suscitá-la nele. Quem não expressa amor não pode atraí-lo. Aquele que não exprime abundância, não pode atraí-la. Ninguém pode atrair a paz, se, antes, não a encontrou dentro de si. Tudo o que gostaríamos de receber de nossos familiares, amigos, comunidade e do mundo, ou partilhar com eles, há de ser, primeiramente, encontrado dentro de nós mesmos .

Até mesmo Jesus nada deu ao mundo, até o momento em que o Cristo Se revelou dentro dele: "O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque Ele me ungiu para pregar o evangelho aos pobres; para curar os quebrantados de coração, para pregar a libertação aos cativos e devolver a visão aos cegos". Antes desta ordenação ele não fora ungido para curar os doentes. Assim, para que alguém possa partilhar o espírito de paz, de alegria, de amor e abundância, deve, antes, ter sido ordenado pelo Espírito de Deus.

A paz deve começar conosco

O Natal não teria valor e significado algum para nós, se acreditássemos que o "Príncipe da Paz" viveu há dois milênios e hoje não está mais na terra. Em verdade, o "Príncipe da Paz" viveu há dois mil anos e também em tempos anteriores, como ainda hoje está presente, no coração e na Alma de cada indivíduo, esperando ser libertado neste mundo. Não disse o Cristo: "Antes que Abraão fosse, eu Sou"?

Esta paz (do Cristo) não pode ser realizada com pedidos, em oração para que Ele transforme nosso povo ou as pessoas de outro país. Esta transformação deve começar em nós mesmos. Por que não reconhecemos nossas carências, antes de exigi-las dos outros? Deixemos tranqüilo o nosso próximo e voltemo-nos ao próprio íntimo, em discrição e sacralidade, comungando silenciosamente com o Príncipe da paz, o Príncipe da alegria, da saúde, da plenitude e da perfeição espiritual. Quando atingirmos, em alguma medida, a cristicidade, preencheremos nossas carências e teremos compreensão para não mais pretender a transformação de nosso próximo e nem orar pedindo paz, já que ela fluirá de nosso coração a toda a humanidade.

"A paz que ultrapassa todo o humano entendimento" já está dentro de nós. Em nossas meditações diárias tomamos contato com ela, para que seja liberada em nós, qual uma pomba, e comece a estender as asas sobre o universo inteiro. Buscar paz em outra pessoa ou dela exigir, é escapismo, é fugir da meta, é adiar a própria experiência da paz. Esperar justiça, misericórdia ou gratidão dos outros, é um equívoco. Essa é uma tarefa pessoal, intransferível. Cabe-nos encontrar tudo isso e mais no reino de Deus, que se acha no centro de nosso ser.

Quando Jesus ensinava o povo, às margens do mar da Galiléia, nas montanhas ou na aridez do deserto (onde dois ou três pudessem reunir-se), sempre apontava o indivíduo e lhe atribuía a responsabilidade: "TU deves perdoar setenta vezes sete: TU deves orar pelos que te perseguem: TU deves procurar em primeiro lugar o reino de Deus, que está dentro de ti". Ele sempre se dirigia a quem desejava ouvi-lo. Nada disse a Herodes e apenas se limitou a responder a caifás e a Pilatos e nem lhes exigiu a paz, porque se a tivessem dentro deles, teriam, com ela, envolvido a humanidade.

Quando começamos a assumir a responsabilidade pessoal de manter a saúde e a harmonia, descobrimos que a realização interna que encontramos, nos momentos de meditação, transborda de nós e abençoa a nossa família. Posteriormente, quando assumimos o dever de ajudar nossos amigos, parentes e os semelhantes, em geral, que nos pedem ajuda, já não lhes exigimos nada e nem dizemos que sejam saudáveis, úteis, justos ou misericordiosos. Apenas nos retiramos ao lugar secreto, dentro de nós, e comungamos com o Filho de Deus, até ficarmos plenificados de paz. Ao realizar essa paz, desbordamo-la àqueles que nos solicitaram ajuda. Não é que transferimos essa paz por alguma espécie de magia, de sugestão, "abracadabra" mental ou hipnotismo. Não. Simplesmente procuramos o reino de Deus em nós e lá encontramos a paz, o sentido de unidade, a comunhão espiritual em Cristo. Como corolário, essa influência emana de nós e vem a ser uma lei de vida, de paz e amor, para todos os que nos pediram ajuda.

Uma das mais recentes revelações que recebi foi esta: não me é necessário orar em favor de alguém ou ter a intenção de tratar espiritualmente alguém. Só é necessário encontrar minha própria paz interna, e quando a realizo em mim, como conscientização da harmonia e plenitude da bênção, imediatamente afeto as pessoas que se ligaram a mim, em busca de auxílio. É uma sintonia de consciência, como a da mulher hemorrágica, dos evangelhos, que tocou a orla do manto de Jesus (afinou-se à consciência crística em Jesus) e, no mesmo instante em que a paz do Mestre a envolveu, foi curada!

A dignidade e sacralidade do indivíduo

O significado acerca do Cristo nos escapará, se não compreendermos que o Cristo sanador jamais foi crucificado, ou encerrado num túmulo. O Cristo sanador é o "Príncipe da Paz", que mora em nosso íntimo: o Filho de Deus que foi entronizado em nós qual uma semente, desde o princípio. Através de nossas meditações, da contemplação e comunhão interna com essa divina Centelha, fazemos ressurgir esse Filho de Deus, em nós. Esta comunhão faz manifestar tudo aquilo que o Filho de Deus é em nosso universo.

É um milagre da graça que, "onde dois ou mais estejam reunidos, em nome dEle, ali Se manifeste o reino de Deus, neles e entre eles". É um milagre da graça que, um com Deus, seja a maioria. Cada vida singular é um milagre da graça de Deus; cada indivíduo é um descendente do Altíssimo.

O homem ocidental deve aprender a apreciar a dignidade do homem individual, para merecer a força moral plena, que trará eventualmente a paz à terra. Não é pelo poderio militar que se implanta a paz. Ela será estabelecida pela capacidade moral das nações que tenham vislumbrado o significado e valor real de um indivíduo, e a razão desse valor. Não é por sua condição humana que um indivíduo é valioso. O grande valor de um indivíduo é ser ele, potencialmente, o Cristo, o Príncipe da Paz. Por isso ele é tão importante para Deus, tal como os maiores profetas, santos e salvadores são.

Se apenas dez homens justos pudessem tomar consciência da dignidade e sacralidade do ser individual, agiriam com tal força moral que poderiam alterar para melhor a natureza de toda uma cidade ou estado, os negócios de uma nação, e talvez, ajudar nos relacionamentos internacionais. Deve haver elevação do ideal crístico, a respeito da natureza individual do ser; deve haver o reconhecimento de nós mesmos como descendentes de Deus; deve haver a convicção de que nossa vida não é nossa, senão a Vida de Deus individualmente expressa através de nós, como você e como eu: a Mente de Deus individualmente manifestada como a sua mente e a minha. Se fôssemos simplesmente essa forma que vemos no espelho refletida, qual seria a razão de nossa existência na Terra? Se observamos o modo de proceder de certas pessoas, meramente como seres humanos, perguntaríamos porque elas são toleradas neste mundo. Só quando começarmos a compreender a natureza dAquele que está latente em cada indivíduo, à espera de ser conscientizado e soerguido, para nossa redenção e missão, como Filhos de Deus na Terra -- só então entenderemos que viemos a este mundo para demonstrar toda a glória de Deus. Este é o verdadeiro Natal, isto é, o Cristo corporificado, o Verbo feito carne.

"Pois eu desci dos céus, não para fazer a minha própria vontade, mas a vontade dAquele que me enviou". Esclarece o Mestre que, em virtude da natureza universal de Deus, é tarefa, minha e sua, viver de tal modo que a vontade de Deus se faça em e através de nós -- e não a vontade pessoal, minha e sua. Nossas vidas devem ser consagradas a Deus, em obediência a esse princípio.

Qualquer indivíduo que seja capaz de não se identificar com suas solicitações humanas e tome consciência de que "estou aqui para que a vontade de Deus Se cumpra, para dar saída ao 'Fulgor aprisionado' em mim; estou aqui para ser um canal consciente, amoroso e desinteressado ao Cristo interno, em benefício de todos os que ainda se encontram em escuridão", em tal indivíduo o Cristo vive e age.

Napoleão disse que todo soldado leva na mochila um bastão de marechal, uma outra forma de reconhecer as imensas e imprevisíveis possibilidades de cada indivíduo. É uma expressão paralela ao ensinamento cristão, segundo o qual, todo indivíduo, mercê da divina Semente nele plantada, pode exprimir a autoridade e dignidade de um Ser espiritual autêntico.

A humanidade teve a fortuna de contar com grandes instrutores, que alcançaram a realização do Espírito interno e a visão de Sua vontade: Moisés, Elias, Eliseu, Jesus, João, Paulo, Buda. Todos esses homens ensinaram essencialmente a mesma coisa. Mas foram simples cicerones, revelando o que haviam alcançado e o que o homem pode alcançar. Foram suficientemente humildes para reconhecer que se eles não se fossem, o Consolador não nos poderia vir, pelo emergir da Consciência espiritual interna. Percebamos, também, que a revelação dos Mestres espirituais, em todos os tempos, foi a de um princípio universal, que devemos internamente demonstrar como revelação crística. Caso contrário, como poderia o reino de Deus implantar-Se na Terra, se não fosse plantado e desabrochado em cristicidade, em cada indivíduo?

A não ser por esse potencial divino que reclama expansão, poderiam os povos deste mundo melhorar? Poderiam as pessoas más transformar-se em boas pessoas? As ignorantes em sábias? Haveria algum poder para tirar a raça humana do que sempre foi: de um estado selvagem, brutal, de servidão e carência, de ignorância em massa? Poderia o mundo transformar-se, a não ser pela vontade divina que vagamente apreendemos como vontade nossa, de buscar a realização do Natal, a natureza da verdade? Isto se deve à Semente de Deus, plantada na consciência humana, em mim e em você, e que deve germinar e frutificar, definindo nossa identidade individual.

Haveria outro meio de se fazer isso? A educação é, naturalmente, uma valiosa ajuda para a sociedade civilizada, mas, o mero treinamento acadêmico, o simples cultivo intelectual, não podem fundamentar uma consciência moral e integral. Só a realização de nossa natureza espiritual pode fazê-lo. Só o florescimento da natureza crística pode nos elevar acima das limitações humanas, formando uma sociedade de pessoas inspiradas, com elevado sentido moral e espiritual. Dizer às pessoas que devem ser boas, que deve haver paz na terra, que deve haver retidão nas relações humanas, não basta. Nem os sermões o conseguem. A paz na Terra será realizada apenas por um meio: encontrando-a em nosso próprio íntimo e abrindo caminho para que ela desborde à nossa experiência, abençoando e fazendo de nós mesmos uma bênção. De fato, ao encontrar e experimentar a paz de Deus, atrairemos pequenos grupos afins que acharão, por sua vez, essa paz. Desse modo, ela se irá espalhando, "ad infinitum".

Libertando o "fulgor aprisionado"

A paz está encerrada em você e em mim. É preciso libertar o "Príncipe da Paz" de nosso íntimo e deixá-Lo sintonizar-se como todos aqueles que, neste momento, se acham maduros e receptivos para a "experiência do despertar". Repitamos: não se consegue isto pela tentativa de moralização das pessoas ou de pedir aos outros que sejam melhores do que têm sido. Nada disso. Isto é feito individualmente, pelo mergulho em si e libertação do Príncipe da Paz, que está encerrado dentro de nós. Isto é feito ao comungarmos com o Espírito interno, ao conscientizá-Lo em nós. Desse modo vamos formando uma abertura pela qual Ele emerge e Se liberta, caminhando diante de nós para realizar nossas obras, segundo a perfeita vontade do Pai. Notem bem: não nos cabe ir ao encontro do mundo para salvá-lo, senão ir ao encontro de nós mesmos, de nossa real identidade, para nos fundirmos em nova consciência e deixarmos que Ela se expanda de nós, em realização e ajuda.

Não há mérito espiritual em milhares de palavras que possamos enunciar; não há valor moral ou espiritual nas centenas de lições que possamos dar. A graça de Deus não pode alcançar as consciências humanas pela moralização. Só a consciência pode atingir a consciência. Retiremo-nos, em nossos lares, em nossos templos, em vales e colinas, para encontrar a paz escondida em nosso interior. Convertamo-nos em faróis através dos quais a graça de Deus possa ser irradiada. Então essa Presença invisível poderá preceder-nos no caminho, aplainando o solo e preparando mansões para nós. Os períodos de silêncio e de conscientização da Presença constituem o que de mais precioso podemos oferecer ao mundo.

Cada vez que vemos uma pessoa e realizamos que esta graça divina está dentro dela, somos-lhe uma bênção silenciosa. Assim, entoamos, sem vozes nem escrito, a paz ao mundo. Olhemos um indivíduo e tomemos consciência de que a graça de Deus está nele também; que ele é um Filho de Deus. Esta é, simplesmente, a prática de libertar o "Fulgor aprisionado": o reconhecimento do Cristo, no íntimo de nossos amigos; além da mera aparência de um ser humano, andando sobre a Terra. É ver e regar, com esta verdade, a semente divina plantada em seu íntimo.

Esta semente continua enterrada dentro de nós e permanecerá como simples semente ou possibilidade, enquanto não a nutrirmos com o alimento espiritual adequado: o reconhecimento constante, repetido, de nossa identidade espiritual.

Dentro do ser individual está o Filho de Deus, este Eu, que ele é; dentro dele está a divina Presença e o divino Poder -- a Graça de Deus. O EU, dentro dele, é o alimento, o brilho do Sol e a chuva fecundante, para esta semente.

Depois esta semente começa a brotar. A natureza de nossos amigos, parentes, sócios, companheiros de trabalho, começa a mudar aos nossos próprios olhos, sem que eles mesmos saibam o porquê. É possível que algo se desenvolva neles e encetem uma busca de Deus, de verdade, até que uma mensagem ou um mensageiro lhes revele que não há necessidade de buscar longe, porque o que estão buscando está dentro deles mesmos e o desejo que sentem é o próprio apelo do "Fulgor Aprisionado" para despertar e libertar-se. O que buscam é a divina Realidade neles: o Filho de Deus, o Santo Graal dentro de susas próprias consciências.

Toda sacralidade do Filho de Deus está estabelecida no centro de nosso ser -- a eternidade, a imortalidade, a natureza infinita da seidade de Deus -- porque somos UM com o Pai, e tudo que o Pai tem, já é nosso: a Sua sabedoria,a Sua Mente, a Sua Graça, a Sua Presença, a Sua Substância, o Seu Ser. O próprio alento de nossa vida, pois somos UM e, nesta unidade, encontramos a plenitude e nossa união com toda a humanidade. Somente na unidade com Deus é que nos sintonizamos com a Luz individual em cada ser e nos identificamos com tudo que haja percorrido o globo no passado, no presente e no futuro.

O Natal revela-nos que Deus plantou o Seu Filho em nós!

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz. Do incremento deste principado e da paz, não haverá fim." (Isaías 9: 6-7 )


terça-feira, dezembro 27, 2011

O mundo vai acabar?


Allen White

Olhar para os acontecimentos, temendo que o mundo esteja para acabar, é cair na armadilha de julgar pelas aparências. Jamais as aparências podem ser a base de discernimento do que é Real e do que é ilusão. A despeito de quão horrorizante uma aparência possa ser, percebamos que DEUS É O ÚNICO MUNDO QUE HÁ. Como Deus é eterno, o Mundo é eterno. Em vista de sua natureza eterna, este Mundo é indestrutível.

Nossa Bíblia sugere que o mundo um dia irá acabar. Porém, que significa realmente isso? Significa que alguma coisa referente a este mundo chegará ao fim. E esta “alguma coisa” é a nossa falsa percepção do mundo.

A falsa percepção deste mundo como sendo “um mundo de matéria” chegará ao fim. A falsa percepção deste mundo como “um mundo criado” chegará ao fim. Como poderia a Eternidade ter tido “começo”? Além disso, a falsa noção de que a morte é o passaporte para o paraíso, onde ficaremos aliviados das tribulações da existência material, chegará ao fim.

Cristo disse que “passarão o céu e a terra”. Explicava que eles passarão como estados separados de existência. Houve quem dissesse que “a terra, corretamente percebida, é o paraíso”. Qualquer um que tiver o discernimento de que o paraíso está exatamente aqui e agora, estará experienciando o fim de um mundo de pura ilusão.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Natal

Joel S. Goldsmith

Uma mensagem de Natal deve ser uma mensagem de paz, em que nossos pensamentos se voltam do conceito de paz que o mundo busca, para a realização da verdadeira paz, “a Minha paz”, que vem assim que os homens se encontram prontos a recebê-la.

O mundo busca uma paz que jamais pode ser encontrada, enquanto o senso de paz estiver baseado na cessação de guerra. Esta paz, ainda quando esteja realizada, é temporária, pois está baseada somente em conferências e relacionamentos entre homens e nações. A verdadeira paz é consumada, exclusivamente, quando nos despimos da armadura da carne, no momento em que deixamos de erguer a espada em defesa dos temores e ódios do mundo e cessamos de guerrear com as condições terrenas.

A paz duradoura reina somente quando os relacionamentos entre os homens estão alicerçados na conexão de cada um com Deus. A paz é realizada quando nos encontramos unidos com nossos companheiros através da experiência da vivência de Deus. A paz é alcançada quando contemplamos antes o Filho de Deus governando nossa vida e, em seguida, também a de nosso irmão.

O mundo está procurando a paz “lá fora”, mas ela deve ser encontrada dentro do nosso próprio ser individual, na medida em que hospedamos o Príncipe da Paz. Portanto, deixemos de procurar a paz que “o mundo está buscando” e empenhemo-nos em encontrar “A paz de Deus que ultrapassa todo entendimento humano”. “A Minha Paz vos deixo, a Minha Paz vos dou: não como o mundo vos dá. Que não se turvem vossos corações e nem se receiem”. (Ler Isaías 42: 1-9, em seguida, Isaías 61-62: 1-4 e 62: 12).

As advertências, e as promessas do Velho Testamento, são muitas vezes mal interpretadas, como se fossem dirigidas a algum homem em particular ou a uma determinada raça. Os amigos Hebreus consideravam-se filhos de Deus, distintos e favorecidos por Ele; tal má interpretação levou à adoração de certas pessoas chamadas de salvadores, como se fossem, por si mesmas, o Cristo. Isto gerou o sectarismo em determinadas religiões, com limitadas diferenças e inimizades.

Deus não ungiu especificamente um homem ou um povo: Deus tem ungido o Seu Bem-amado, o Cristo. O Cristo é uma entidade espiritual, um impulso espiritual – Um espírito que está no homem. É Ele que, em nós, é abençoado, ungido e sustentado pelo Pai.

Ocasionalmente, este divino Impulso Espiritual, o Cristo, se manifesta de uma forma mais pronunciada num indivíduo aqui, noutro acolá; porém, Ele existe na consciência de cada um, na face do globo terrestre. Chega um período específico. na vida de cada indivíduo, em que ele recebe a anunciação espiritual e então o Cristo é concebido, nutrido e desenvolvido. Num dia de Natal, o Cristo nasce; em outras palavras, a presença do Cristo é realizada dentro do nosso ser.

O nascimento de Cristo não ocorre cronologicamente no dia 25 de dezembro nem em lugares de terras santas, mas ocorre, sim, na consciência elevada do indivíduo. Este estado de consciência elevado é a Cidade Santa – a cidade cuja busca foi esquecida, o lugar de nascimento e o lugar onde habita o Cristo. Onde quer que o Espírito de Deus apareça na consciência humana, todas as bênçãos e profecias em relação aos ricos frutos do Cristo se evidenciam.

Na luz do Cristo, o cenário humano se revela como algo fantástico. É somente depois da realização do Cristo em consciência, que o sentido profundo da verdadeira humildade é compreendido. Antes desse acontecimento, sempre haverá um sentido pessoal do ego; mas, com o nascimento do Cristo, todo sentido de exibição pessoal, todo desejo de algo ou de alguém, e toda a espécie de ambição humana são perdidos. A partir desse ponto de transição em consciência, onde havia necessidades, desejos pessoais ou uma vida incompleta, passa-se a não mais ter uma vida própria para ser plenificada com seus apegos e suas necessidades de êxitos e sucessos. Neste estado de consciência não existe nem mais um senso de necessidade de Deus, porque há a realização de se contemplar Deus agindo através de si. Esta atividade nunca é para benefício pessoal, mas se torna uma bênção para aqueles que ainda não experienciaram a concepção e o nascimento de Cristo dentro do seu próprio ser e, portanto, não realizaram a natureza universal de Cristo.

Elias revelou a natureza do Cristo como sendo a “pequenina e silenciosa voz” que está dentro e ao alcance de cada indivíduo que se torna receptivo a ouvir; Daniel revelou o Cristo como uma “pedra cortada da montanha sem mãos”. Nas palavras de Isaías (42; 2-4): “Não chamará, não se exaltará, nem fará ouvir sua voz na praça. A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; em verdade, produzirá o juízo”. Quando Cristo Jesus falava daqueles que “tinham olhos, mas não viam”, referia-se a uma capacidade interna que contempla aquilo que jamais os olhos humanos seriam capazes de captar.

A natureza do Cristo é uma atividade espiritual, totalmente sem cumprimento físico, assim mesmo suficiente para destruir os quatro reinos temporais. As palavras e os pensamentos de Elias, de Daniel, Isaías e outras grandes personagens bíblicas, transitam no meu ser e se unem na revelação de uma Essência espiritual única, de uma Presença e de um Poder. Mesclados com estes pensamentos estão também os das crianças que vêm ao mundo com deficiências. Estas crianças, com seus clamores, indagam: “por que isto?, por que eu?, por que comigo?”, e suas vozes penetram a consciência da Terra, e esta não tem resposta aos seus problemas e às suas necessidades de cura. Um clamor semelhante se faz dos povos do mundo inteiro, ansiosos por uma cessação de guerras e esperançosos de uma paz mundial, e a Terra também não tem resposta para eles.

Mas há uma resposta! A resposta é o Cristo! Cristo é a influência espiritual dentro de você, de mim e de todas as almas e corações abertos para a anunciação, para a experiência da concepção e nascimento do Cristo. O Espírito do Senhor Deus Todo-poderoso está sobre o Cristo do seu ser individual e esta suave Presença é manifestada, não pela força e nem pelo poder, mas sim pela unção do próprio Espírito.

É este Cristo a resposta à paz mundial, assim como também é a resposta a todos aqueles pequeninos que clamam por suas heranças divinas de saúde, harmonia e plenitude.

A maior missão do Cristo é curar o mundo, portanto, se torna necessário, para aqueles que sentiram o toque do Cristo para servir, abrir caminho para a atividade do Cristo, que é permear a consciência humana com o conhecimento e o amor do Cristo. A prece é o canal ativo em nossa consciência, que traz a Presença e o Poder de Deus aos afazeres humanos.

Eventualmente você poderá receber pedidos para uma ajuda específica; e, para estar preparado, é preciso aprender a manter a comunhão com o Príncipe da Paz, com nenhum outro propósito a não ser o da própria comunhão com Ele. Você deve reservar períodos todos os dias para a meditação e nesses momentos se isentar de qualquer preocupação com os problemas relacionados com sua própria vida. Sua única razão para meditar deve ser experienciar em consciência a comunhão com Deus.

Nesta comunhão, a atividade de Cristo em você se torna o agente curador por todos aqueles que lhe solicitem ajuda.

Pensem acerca da consciência curadora que pode ser suscitada no mundo, quando cada estudante da verdade se conscientizar, em primeiro lugar, que “o único filho bem-amado, que está no âmago do Pai”, é o Cristo do seu ser individual.

Tudo que o Pai tem, está derramado sobre esta Centelha divina, vital, eterna e imortal, e o lugar onde Ele habita é dentro de você, em sua consciência!

Lembre-se sempre de que “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles”.

A atividade amorosa do Cristo, em você, é suficiente para derrubar os reinos temporais. Mas, uma coisa é exigida: cada Cristo deve ter o seu Jesus. A criança espiritual deve ter o Seu representante na Terra, e Ela deve ser liberada ao mundo através da conscientização daquelas pessoas que chegaram a realizar o Cristo em si mesmas.

É nossa função recolhermo-nos, diariamente, sem nunca falhar, com o propósito de receber o Príncipe da Paz e, dessa forma, criar-Lhe a possibilidade de atuar em nossos negócios e relacionamentos humanos.

Não é necessário dirigi-Lo ou esclarecê-Lo; a nossa parte consiste em esperar, silenciosamente, sem esforço e sem poder, e deixá-Lo ocupar nossa consciência! Você pode vislumbrar o que acontece, quando o Cristo realmente realizado começa a tocar a consciência de todas as pessoas na Terra, removendo delas as causas e os efeitos do erro humano? O Cristo, ao nos tocar a consciência, liberta-nos dos ódios e dos medos do mundo, abençoando assim inúmeras pessoas.

A prece feita dessa forma nos abre à visitação e à comunhão com o Príncipe da Paz, fazendo de nossa consciência a Cidade Santa, onde o Cristo habita, e através da qual Ele acha o caminho de entrada em todas as consciências humanas.

Enquanto a videira recebe a sua substância pelo Pai, cada galho está sendo alimentado. O Santo de Israel, o Espírito de Deus no homem, o Cristo, está sempre presente, porém, disponível somente na medida em que nos abrimos para recebê-Lo, deixando-O em nós habitar. Nosso único propósito, ao entrarmos em comunhão com o Cristo, é o de Lhe propiciar uma entrada ao mundo, para que possam ser demolidas as crenças humanas cristalizadas e ser estabelecido o Reino de Deus sobre a Terra.

Saibamos que não nos cabe um trabalho pessoal, temos somente que nos aquietar e “deixar fluir”.

No verdadeiro sentido da humildade, não há um “eu” dirigindo esta atividade; ao contrario, há um sentimento profundo de paz e quietude, onde nos tornamos exclusivamente desejosos de deixar o Cristo se encarregar dos negócios do Pai.

Nunca você ou eu poderemos nos ocupar dos negócios do Pai – somente o Cristo pode executar as funções de Deus sobre a Terra, estabelecendo Seu reino nos corações de todos aqueles que são receptivos e responsivos à Sua presença curadora.

E assim, no dia de Natal, façamos votos de boa sorte ao Príncipe da Paz em Sua jornada de amor nas consciências humanas, de modo que cada indivíduo que tenha seu pensamento e mente, Espírito e Alma, abertos à concepção e nascimento de Cristo, possa conhecer essa Presença amorosa capaz de lançar a paz na Terra e a boa vontade entre os homens.


quarta-feira, dezembro 21, 2011

Despertar é saber que jamais adormeceu!

Dárcio Dezolt

“Estivestes comigo desde o princípio”, disse Jesus. Revelava a Mente única e já-desperta em todos os seres, formando a Unidade Perfeita chamada “Deus”. Assim como a Mente é única, o “Estado Desperto” é único e permanente! Se a Mente dormisse por um segundo, o caos universal se estabeleceria!

Uma ilusão de massa faz parecer que “alguém precise despertar”. Por isso é chamada “ilusão de massa”: não existe mente alguma para despertar! A Mente única, divina, já é Desperta!

Uma pessoa perguntou-me: “Isto que você fala, você já experienciou?”. Ao afirmar que sim, eu completei: “E TODOS O ESTÃO EXPERIENCIANDO AGORA! Porque a Mente ÚNICA é onipresente, e não experiencia nada por “pedaços”. Quando você deixar a “crença” de que possui mente humana, aceitando a Mente única e infinita sendo a “sua”, perceberá que “o estado búdico”, ou “estado paradisíaco”, é a condição PERMANENTE tanto sua como de todos os integrantes do Universo real”.

“Crença” em mente humana não o faz possuí-la jamais! Tal fenômeno jamais poderia ter realidade, uma vez que implicaria a ausência da Mente divina! Que significa “despertar espiritualmente”? Significa VOCÊ perceber que JAMAIS ADORMECEU! Nada mais que isto! Jamais existiu “alguém para despertar”: DEUS É TUDO, fato eterno que INCLUI VOCÊ!

terça-feira, dezembro 20, 2011

Deus: tão distante e tão próximo!

Dárcio Dezolt


Observando como atua o hipnotismo, podemos entender como Deus, sendo onipresente -- e, mais que isso, sendo o Ser que somos --, pode aparentar estar distante! A iludível mente humana não merece confiança alguma, sendo meramente um falso instrumento de captação da Existência. O que ela nos mostra é um “filme tridimensional” em contínua manifestação, com efeito hipnótico no sentido de nos prender a atenção em suas imagens a ponto de considerá-las realidades. E é quando ouvimos alguém dizer, diante de alguma situação desarmônica: “Fazer o quê? Temos de encarar a realidade!

Há tempos, conheci uma senhora que fazia tratamento através de hipnose. Quando ela estava sob efeito do transe hipnótico, deixou de ver-me, mesmo estando eu ao lado dela e do hipnotizador. E ela recebia do hipnotizador a seguinte sugestão: “A senhora está somente vendo a mim e a mais ninguém! Constate isto por si mesma!”. E ela olhava bem pela sala toda, corria os olhos em minha direção como não vendo nada de minha presença! Para ela, eu não somente estava invisível, como também ausente! Em seguida, recebeu outra sugestão: “Suas pálpebras estão coladas e não poderá abrir os olhos! Tente abri-los!” E aquela senhora se esforçava para “descolar as pálpebras”, sem o conseguir! Tão logo as sugestões hipnóticas se encerraram, ela abriu os olhos normalmente!

Quando lemos, nos artigos sobre a Verdade, que “este mundo é pura sugestão hipnótica” e que, de fato, estamos todos vivendo no Reino de Deus e como a própria Presença divina, o propósito é unicamente o de “percebermos” que a Verdade é verdadeira, e que a “imagem hipnótica”, chamada “este mundo”, é uma ILUSÃO! Assim como aquela senhora não me via e não podia sequer abrir suas pálpebras, em decorrência de atuar sobre ela uma SUGESTÃO HIPNÓTICA, a humanidade se oprime e vive tolhida pela HIPNOSE DE MASSA, que ilusoriamente a limita a um “mundo de três dimensões” constituído de “matéria” e com o “bem e o mal” ali se expondo! Esta ILUSÃO aparentemente oculta a ONIPRESENÇA DA PERFEIÇÃO, assim como a hipnose me ocultou aos olhos daquela senhora!

Quando você entender o sentido do uso da expressão “HIPNOSE DE MASSA”, neste estudo, assim como pôde entender a maneira com que “eu sumi” para a senhora hipnotizada, VOCÊ ENTENDERÁ QUE DEUS É TUDO, INCLUSIVE VOCÊ! E nunca mais fará orações ou meditações para curar ou melhorar algo da Existência! Sua única “ocupação” será “não se deixar hipnotizar” pelas falsidades chamadas de “mundo terreno”.

Dentro da “hipnose de massa”, Deus lhe parecerá distante! Por desmascará-la, Deus lhe estará à mão! Lembre-se: este estudo se reduz a isto: reconhecer que DEUS É TUDO, e que a suposta “mente hipnotizada” para ver mundo material não existe! Não pode, portanto, estar sendo a sua mente! Deus é Mente única, contempla unicamente o Universo espiritual de Perfeição absoluta, e “sua parte” é aceitar, reconhecer e discernir, em SI PRÓPRIO, a ação desta Mente única onipresente.


"Perceber que estamos agindo em sonho é o começo do despertar. Não espere que o poder de Deus atue no sonho, mas, antes, que desfaça o sonho." (Joel Goldsmith)

"Não busque o contato com Deus para que Ele ajuste, modifique ou sane o sonho. A conscientização ou compreensão de Deus desfaz o sonho." (Joel Goldsmith)

"Tenha certeza de que sua oração não seja uma tentativa de melhorar o universo de Deus." (Joel Goldsmith)

sábado, dezembro 17, 2011

Esclarecimentos profundos sobre a Verdade - 2/2


Masaharu Taniguchi


PERGUNTA

Sassaki -
Concordo plenamente com o senhor, no tocante à visão de que o bem está intrinsecamente ligado à felicidade, e o mal, ao sofrimento. Os conceitos morais até hoje conhecidos tendem a enaltecer os sofrimentos, o que eu considero um grande erro. Costumo referir-me à moralidade como sendo "o caminho feliz". Penso que o modo de viver da Seicho-no-ie é expansão desse caminho feliz. Estou plenamente de acordo também com o modo de viver da Seicho-no-ie, que consiste em viver segundo a Verdade, cuidando da vida cotidiana com a mente alegre. Acredito sinceramente que considerar rotineiro ou sem sentido o trabalho ou a própria existência é um artifício da mente. Por isso, quando algo que faço me parece sem sentido, reflito que isso é devido à falha de minha própria mente e empenho-me em corrigí-la. Tenho certeza de que Deus criou todas as coisas de modo que trabalhássemos com alegria e reverência. Portanto, faço o possível para afastar o pensamento de que o meio em que vivo e o meu trabalho sao aborrecidos.

A "realidade tal como é", de que estou falando, não é, em absoluto, aquilo que é apreensível aos sentidos como a pedra, a água, etc. Minha crença fundamental é a de que tudo neste mundo surge com o "colorido" que nossa mente em ilusão lhes atribui (à água, à pedra, etc.). A realidade pura, que está além dos coloridos atribuidos pela nossa mente subjetiva, não pode, em absoluto, ser conhecida através do "eu" constituído de cinco sentidos. Nós, seres humanos, vivemos alegres ou tristes vendo o que nós mesmos pintamos. Portanto, penso que a verdadeira salvação consiste em "apagar" o quadro pintado pela nossa própria mente.

A realidade que só se revela quando eliminamos o colorido atribuído pela mente - ou seja, os artifícios da mente -, essa é que é a "realidade tal como é", a que estou me referindo. É a realidade que só podemos conhecer no estado de total comunhão do mundo interior com o exterior, no estado em que não há o confronto entre "aquele que apreende" e "aquilo que é apreendido". Em última análise, o que apreendemos como realidade não é a "realidade tal como é". A "realidade tal como é" a que me refiro é anterior à percepção por parte da mente humana. penso, pois, que tudo aquilo que ora se apresenta aos nossos olhos, isto é, que é apreendido por nossos sentidos, não passa de imagem resultante do colorido que nossa própria mente atribuiu à realidade propriamente dita. será que é a essa imagem que o senhor se refere como sendo "projeção distorcida do Jissô"? Essa é a questão. A "realidade tal como é" (o Jissô), a que me refiro, não é realidade distinta e separada dos fatos concretos a que estamos presenciando, mas também não é a própria realidade percebida pela nossa mente. Penso que, quando penetramos no Jissô através do despertar, simplesmente passamos a reverenciar todos os seres e todas as coisas do universo, e isso é feito natural e espontaneamente. Creio que a negação de tudo quanto é apreensível aos sentidos, pregada pela Seicho-no-ie, identifica-se com a minha negação da realidade aparente, como sendo resultado do colorido atribuído pela mente. O Jissô de que falo persiste em nós, seja nas dores ou na alegria; se ele não é percebido, é apenas porque está oculto sob a capa da dor ou da alegria. A maioria das pessoas, face a um sofrimento, vê apenas a realidade da dor. Mas eu acredito que uma mesma realidade da dor encerra duas realidades: a realidade pura que transcende as dores e a realidade aparente que se apresenta a nível dos sentidos. Por isso,meus esforços de auto-aprimoramento têm-se concentrado em superar a realidade aparente - ou, em outras palavras, apagar o colorido atribuído pela mente.

Segundo o meu conceito de Jissô (realidade pura), mesmo estando-s doente, é possível superar a doença, ainda que não ocorra a cura. Chamo isso de "felicidade fundamental". O mesmo se aplica às vicissitudes da vida em geral. Superando-se o fato tal como ele se apresenta, ocorre a cura da doença ou a melhora da situação, e chamo isso de "felicidade secundária". A "felicidade secundária" vem gradativamente. Assim, superando-se primeiramente a doença pela conscientização da verdadeira natureza humana isenta de doença e morte, começa, depois, a ocorrer gradativamente a cura da doença, e consegue-se a longevidade. A "felicidade fundamental" é algo que pode ser alcançado mesmo estando-se no meio de adversidades. Mas, ocorrendo tal conscientização, essas adversidades também desaparecem naturalmente. Eu faço questão de traçar clara distinção entre a "felicidade fundamental" e a "felicidade secundária". A primeira pode ser alcançada igualmente por todas as pessoas, mas quanto à segunda há diferença de pessoa para pessoa.

Tendo lido A Verdade da Vida e tendo ouvido agora há pouco as explanações suas, constatei muita identidade entre o modo de viver preconizdo pela Seicho-no-ie e o meu próprio modo de viver, e isso me deixou bastante entusiasmado. Porém, há um ponto com o qual não posso concordar plenamente. O senhor tem afirmado, com demasiada ênfase, que a felicidade surge imediatamente na vida real com consequência do repentino despertar espiritual, mas eu acho que isso tende a suscitar a ideia de que a felicidade neste mundo seja algo absoluto. Se é que simultaneamente ao despertar espiritual manifesta-se a total felicidade neste mundo, obviamente a pessoa nunca mais haveria de ficar doente nem sofreria a morte física. Eu penso que a inexistência absoluta da doença e da morte só se verfica a nível da conscientização do Jissô. Obviamente, essa conscientização influencia o corpo humano e age sobre a matéria, e a felicidade vai se concretizando naturalmente, tornando-se possível que a pessoa fique relativamente livre de doenças e que sua vida alcance relativa longevidade. Mas isso é sempre relativo. Quando sentimos a felicidade íntima proveniente da conscientização de nossa essência eterna e perfeita, deixamos de dar exagerada importância às agruras e alegrias desta vida, e justamente por isso os altos e baixos da maré da vida vai se amainando naturalmente. Meu desejo é levar uma vida de serena alegria, baseada na conscientização de nossa essência eterna e perfeita, sem me preocupar nem mesmo em amainar os altos e baixos da maré da vida.

No meu presente estado espiritual, prefiro apreender o Jissô, penetrando fundo no sofrimento, em vez de descartar o sofrimento como sombra da mente. Quero crer que "Deus estpa presente também no meio das dificuldades". Em outras palavras, sei que existem dois caminhos, um que consiste em descartar os sofrimentos considerando-os ilusões, e outro que consiste em mergulhar fundo neles, para depois superá-los e alcançar a alegria eterna, e, pelo menos por enquanto, eu prefiro este último caminho.


RESPOSTA:

Taniguchi -
Os ensinamentos da Seicho-no-ie são fáceis e difíceis, ao mesmo tempo. Isto é, são aparentemente fáceis, mas, na verdade encerram pensamentos muito profundos. Assim sendo, entre os simpatizantes da Seicho-no-ie, há os que concordam com a doutrina, tendo-a compreendido apenas superficialmente, e outros que, tendo-a apreendido em maior profundidade, fazem perguntas para esclarecer eventuais dúvidas. O senhor, sr. Sassaki, pertence a este último grupo.

Alegra-me muito que o senhor esteja de acordo com os ensinamentos da Seicho-no-ie, no tocante a seus pontos essenciais, difíceis de compreender. talvez nos divirjamos quanto à maneira de explicar, pois o senhor fala em "superar o sofrimento admitindo-o tal como ele está manifestado", o que é mais um modo de dizer que é preciso superar o sofrimento depois de admitir a sua existência, ao passo que eu digo que o sofrimento não existe verdadeiramente porque é apenas ilusão ("um aspecto resultante do colorido atribuído pela mente", conforme o senhor disse), e afirmo que não é preciso nem se pode superar o sofrimento, porque ele não existe. Ao fato de alguém estar doente e não se prender a doença diz-se "transcender a doença". Todavia, se a doença não existe, não há necessidade de transcendê-la. somos originariamente isentos de doença. Mesmo que a doença pareça existir, ela não passa de ilusão (falso aspecto) resultante do colorido atribuído pela mente. Pode-se dizer que o próprio fato de admitir o confronto entre o Jissô (existência verdadeira) e o falso aspecto é ilógico, pois existe unicamente o Jissô.

Algumas pessoas, admitindo a doença e o sofrimento como existências verdadeiras, acreditam haver um sentido neles e concluem: "A doença e o sofrimento são realidades, nas quais Deus está presente e, portanto, são bênçãos; a mente que não os aceita como bênçãos é a mente em ilusão". Quem pensa assim faz com que seu subconsciente crie afinidade com doença, sofrimento, pobreza, etc., e passa a ter uma atitude mental negativa como a de atrair por si mesmo a doença e sentir uma espécie de prazer no ato de ficar doente. Nos casos extremos, a pessoa pode tornar-se tal qual São Francisco de Assis, que apesar de ter sido um santo de extraordinárias virtudes, deixou-se dominar pela ideia de aceitar prazerosamente os sofrimentos, passou a orar para que fosse permitido experimentar as mesmas dores que Jesus Cristo suportou, e finalmente passou a apresentar em seu corpo as marcas das cinco chagas de Cristo. As pessoas relgiosas que buscam sua realização pessoal nos sofrimentos e nas doenças passam a sentir prazer em contrair doenças, em vez de manifestar em seu corpo o aspecto perfeito do seu eu verdadeiro originariamente isento de sofrimentos, doenças e iniquidades. Assim, passam a procurar atrair, intencionalmente, a doença e a miséria, que as pessoas comuns abominam. Na verdade, tanto aquelas pessoas como estas últimas estão presas à matéria, de uma ou de outra forma. Se despertarem para a Verdade de que "o corpo carnal é apenas uma sombra projetada pela mente e, portanto, não é existência real", compreenderão que a doença e todos os demais sofrimentos referentes ao corpo carnal também não existem realmente. E, já que não tem sentido acreditar naquilo que não existe, não mais sentirão necessidade de fugir dos sofrimentos, nem de enaltecê-los e desejar que eles venham. Então, terã transcendido realmente os sofrimentos.

Contudo, observandoo mundo fenomênico, constatamos a manifestação de sofrimentos, doenças, etc., e isso é um fato que não podemos negar. No estado subsequente ao "despertar repentino" a que o senhor se refere, a pessoa passa a viver, durante algum tempo, num mundo dualístico em que, de um lado, se reconhece a perfeição do seu eu verdadeiro e, do outro, se vê a doença (aspecto aparente). E, no processo em que o aspecto aparente vai cedendo lugar à perfeição do eu verdadeiro, a pessoa vai vencendo passo a passo as imperfeições fenomênicas e aproximando-se gradativamente da original perfeição do Jissô (eu verdadeiro) conforme o senhor mesmo disse. Completando-se esse processo, o homem atinge, finalmente, o estado em que "seu corpo tal como é, torna-se imortal". Nesse momento, seu corpo deixa de ser um simples corpo carnal e se transforma num corpo espiritual que supera as limitações físicas.

Na verdade, o corpo carnal, atualmente cheio de limitações e imperfeições, é produto da mente e é sustentado pela mente. Logo, com a transformação da mente que o sustenta, transformam-se também a natureza e o estado do corpo. Se alguém supõe que o corpo carnal em si seja imortal, é porque não sabe que o corpo carnal é projeção da mente. Se compreendesse que o corpo carnal é projeção da mente, compreenderia que o corpo está morrendo e nascendo a todo instante, isto é, transformando-se constantemente conforme a mudança da mente. Se a pessoa libertar sua mente da ilusão e conseguir apreender realmente a sua Essência, ocorrerá uma grande transformação também no corpo, que então se tornará um corpo espiritual e sublime. E quando tal corpo deixa este mundo, causa-nos a impressão de que morreu, mas isso não é morte; é evolução da natureza do corpo. Quando uma pessoa que alcançou o despertar liberta-se do corpo incômodo e passa para um estado espiritual e livre (nota: o autor não está se referindo a morte no sentido concebidos pelo espiritismo), diz-se que atingiu o nirvana. Isso difere totalmente do fato de alguém morrer doente, sem despertar, com a mente apegada ao corpo carnal por considerá-lo existência verdadeira. Aparentemente, os dois fatos parecem a mesma coisa, mas há grande diferença no seu conteúdo - a diferença é intrínseca. No primeiro caso, a pessoa, devido ao seu despertar, alcança um estado de total liberdade, enquanto que, no segundo, a pessoa permanece no estado de auto-prisão mental e continuará a sofrer reencarnando várias vezes, enquanto não despertar.

A parapsicologia está provando que, após o desencarne, o espírito continua possuindo um corpo imaterial, cujo grau de liberdade varia conforme o grau de despertar. A maioria dos espíritos que aparecem nas fotografias e sessões mediúnicas são os que ainda não alcançaram o estado de verdadeira liberdade, mas são uma prova de que existe corpo espiritual, que é bem mais livre do que o corpo carnal.

Bem, retomando o tema principal, devo esclarecer que o modus vivendi da Seicho-no-ie baseia-se na compreensão de que este mundo visível é mundo da projeção da mente e que, justamente por ser uma imagem projetada, melhora quando se aperfeiçoa a mente, que é o filme. Obviamente, o aperfeiçoamento do mundo projetado é secundário, e não o consideramos mais importante que a apreensão do mundo do Jissô (mundo verdadeiro e absoluto), que é fundamental. Entretanto, a maioria das pessoas está interessada no aperfeiçoamento do mundo fenomênico e pouco lhe interessa um apelo como "Não se apegue ao mundo fenomênico porque ele não é existência verdadeira", pois este soa como algo despropositado e alheio à vida real do cotidiano. Por esse meio, é difícil conduzir as pessoas à compreensão da Verdade. Então a Seicho-no-ie diz: "Se você prentende aperfeiçoar sua vida neste mundo fenomênico, deve ajustar o 'filme' mental porque este mundo é projeção da mente". Assim, as pessoas, ajustando a mente e vendo sua situação material melhorar de fato, convencem-se: "Realmente, este mundo é mera projeção da mente".

Até agora, a maioria das seitas budistas aconselhava: "Rejeite o mundo fenomênico porque ele é mera imagem projetada". Mas eu digo que não é preciso rejeitá-lo, justamente porque é mera imagem projetada. A Seicho-no-ie permite aperfeiçoar o mundo da projeção e por esse meio conduz as pessoas à compreensão do mundo verdadeiro, o Jissô.

(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 12", pgs. 33-41)


quinta-feira, dezembro 15, 2011

Esclarecimentos profundos sobre a Verdade - 1/2

Masaharu Taniguchi


PERGUNTA:

Sassaki -
Lendo os primeiros volumes de A Verdade da Vida, senti alegria e também um grande assombro. Isto porque esse livro, ao mesmo tempo que fala do caminho da Verdade que tenho procurado trilhar, prova ser possível alcançar um estado que considero ideal mas que ainda não consegui alcançar. Eu acredito que a salvação se concretiza quando apreendemos a "realidade tal como ela é". Considero as alegrias e os sofrimentos desta vida meras tonalidades da mente que dão colorido a realidade pura e simples. Por isso, tenho me esforçado em abandonar as preocupações e contemplar a Essência Perfeita (Jissô) da Vida. Acredito que é este o caminho que levará, finalmente, ao estágio que torna possível ao indivíduo superar não só os sofrimentos espirituais mas até mesmo os sofrimentos físicos, e com essa crença venho encetando a jornada da vida. Mas, na prática, é muito difícil atingir essa meta.

Por isso, ultimamente andava cheio de dúvidas. Principalmente no que se refere às dores físicas, vinha me questionando: Já que as dores físicas se fazem sentir ainda que não pensemos nelas, não será inútil tentar superá-las enquanto levarmos esta vida terrena como seres humanos sujeitos a sensações físicas? Tenho perguntado a diversos estudiosos do assunto se é realmente possível superar as dores físicas, mas nenhum deles soube me esclarecer satisfatoriamente, apresentando provas evidentes. Eu próprio pesquisei o assunto, fazendo incursões na História da antiguidade, mas não encontrei evidências de que o ser humano consegue transcender as dores físicas. Li a história de um mestre budista hindu do século III que, ferido gravemente pela espada de um herege, morreu sorrindo; a história de São Francisco de Assis que, certa vez, vendo o fogo começar a queimar a roupa do corpo, exclamou alegremente: "Oh, fogo, tu também és meu irmão!" e deixou que o fogo se espalhasse; ou a história do sacerdote Kaicen, que, no incêndio que destruiu o Templo Erin, permaneceu em seu interior juntamente com outros sacerdotes e, mesmo quando o fogo se alastrou em suas vestes, manteve-se imóvel e morreu sentado. Não podia, porém, deixar de pensar que mesmo essas pessoas não transcenderam realmente a dor física, tendo-a apenas suportado estoicamente. Por isso, encontrar na época atual alguém que possua prova da superação da dor constituía ultimamente o meu maior interesse. Claro que também na época atual existem pessoas que praticam excentricidades como, por exemplo, pôr a mão no fogo, usando forças paranormais. Mas isso não é a prova que eu procurava.

Empregar forças paranormais é praticamente o mesmo que usar apetrechos; a única diferença é que as forças paranormais são invisíveis. O que eu buscava não era um meio de chegar a um estado de insensibilidade à dor, usando faculdades paranormais, mas sim o caminho para transcender a dor, pura e simplesmente. E ao ler o livro escrito pelo senhor, constatei, maravilhado, que ali estava o caminho que eu buscava. Decidi que, doravante, empenhar-me-ei no estudo e na prática do caminho pregado pelo senhor. Peço-lhe que me oriente sempre.

Recentemente um jovem de Etigo escreveu-me, dizendo que se encontrava à beira da loucura devido aos sofrimentos físicos e mentais insuportáveis e pedindo-me que o socorresse. Sem saber como ajudá-lo pessoalmente, informei-o a respeito do senhor e enviei-lhe um exemplar de seu livro. Estou certo de que isso trará resultados positivos.

Não sei se é de seu conhecimento, mas o dramaturgo Hyakuzo Kurata compartilha minhas dúvidas quanto à libertação do homem das dores físicas. Será que ele já falou com o senhor sobre esse assunto? Gostaria de fzer-lhe algumas perguntas.

Essa libertação significa que a realidade da dor deixa de existir? Ou significa que, apesar da realidade da dor continuar existindo, a pessoa se liberta dela? Naturalmente, eu também admito que as doenças do corpo melhoram ou saram quando a pessoa consegue transcendê-las. Mas penso que a melhora e a cura são efeitos secundários, e acredito que a questão principal deve ser a eliminação do sofrimento mesmo que a realidade da dor permaneça tal como é. Eu considero a realidade da dor e a sensação de sofrimento dois fatos distintos. Acredito que a realidade em si, a realidade tal como ela é, não pode ser modificada, mas que as sensações humanas, como sofrimentos, alegrias, etc., são produtos da ilusão e podem ser modificadas. Que acha do meu ponto de vista? Penso que o fundamental é atingir o estado em que se é possível sorrir mesmo estando em plena realidade da enferma dor, e considero efeito sencundário o fato de isso conduzir à cura em si. Tenho aqui um papel, em que anotei rapidamente os meus pensamentos, a fim de submetê-los ao julgamento de meus professores e amigos. Peço lincença para lê-lo diante do senhor e dos demais.

MINHA ATITUDE PERANTE A VIDA

- Sigo em frente, tendo como meta tornar-me uma pessoa capaz de sentir-se satisfeita com todas as coisas tais como elas são, e de realizar qualquer coisa com alegria.

- Creio que sofrimento e alegria, simpatia e ódio, etc., são produtos da ilusão e que, portanto, é possível libertar-se deles escancarado a "realidade tal como é".

- Considerando todos os sofrimentos como punição contra a ilusão, procuro aceitá-los docilmente em vez de tentar escapar deles, e esforço-me para apreender a essência de tudo.

- Creio que tanto a hesitação face às circunstâncias, como o fato de agir ora corretamente e ora erroneamente, são produtos da ilusão, e que, portanto, apreendendo a essência de tudo e todos, poderei agir sempre de modo absolutamente correto.

- Esforço-me para nunca dexar de apreender a "realidade tal como ela é", antes de passar para a ação.


O ESTADO NATURAL E VERDADEIRO

O estado natural e verdadeiro não pode ser outro senão o "estado real, tal como é", anterior a qualquer artifícios da mente. No entanto, nós, seres humanos, classificamos tudo e todos com critérios de nossa própria mente, estabelecemo-lhes limites com palavras, e ainda por cima atribuímo-lhes os mais variados "coloridos" com nossos sentimentos e emoções, e assim interpretamos, nós mesmos, a tragicomédia da vida. Acho que assím, é, em síntese, a vida mundanal.

Por conseguinte, para libertarmo-nos realmente dos sofrimentos, é imprescindível eliminar totalmente os artifícios da mente e voltar ao "estado real, tal como é". Penso que as doutrinas pregadas pelos santos da antiguidade também visavam isso.

No "estado real, tal como é" não há interferência da ação da mente. Portanto, quando a ele retornamos, todos os seres e todas as coisas deixam de se apresentar com distinções, limites e valores que nossa mente lhes havia atribuído, e revelam-se tal como são, com suas características e seus valores autênticos. Assim, torna-se possível reverenciar neles o infinito, que transcende todo e qualquer valor atribuído pela mente, e surge-nos espontaneamente o amor e respeito para com eles. Ademais, não havendo interferência das ações da mente, obviamente não seremos dirigidos nem pelo raciocínio nem pela vontade, e podemos apreender os fatos exatamente como eles são, o que nos permite, em quaisquer circunstâncias, agir livre e desembaraçadamente, sem hesitações e sem a necessidade de nos apoiar em algo. Alcançando tal estado espiritual, é lógico que podemos resolver todos os problemas deste mundo.

Como podemos, então, alcançar tal estado? É decidirmo-nos a seguir docilmente, com espírito isento, a "ordem" proveniente da "realidade tal como é", que pode ser assim traduzida: "Nada há que fazer. Está bem assim como é". Essa obediência deve ser imediata, sem a interferência de nenhuma intenção da mente. Quando nos habituamos a ouvir a "ordem" provinda da "realidade tal como é", passamos a ter espírito verdadeiramente isento, e então percebemos que a própria realidade se manifesta, revelando por si a resposta. A própria realidade, emitindo ordens e revelando por si mesma as respostas, vai eliminando as ilusões e manifestando eternamente o mundo da harmonia. considero esse processo a manifestação da vontade de Buda.

(O sr. Sassaki termina a leitura).


RESPOSTA:

Taniguchi -
Os termos de suas declarações por escrito, intituladas "Minha atitude perante a vida" e "O estado natural e verdadeiro", que o senhor acabou de ler, parecem-me bastante parecidos com o que a Seicho-no-ie ensina. Todavia, a questão está na expressão "a realidade tal como é", usada pelo senhor. Se o significado dela é o mesmo da expressão "Essência da Vida" por mim usada, então podemos dizer que a sua filosofia coincide com a da Seicho-no-ie. Porém, se o senhor entende que aceitar a "realidade tal como é" significa aceitar docilmente a realidade do mundo perceptível aos cinco sentidos (por exemplo, a realidade da doença), considerando que "assim como é, está bem", e se essa é a sua atitude perante a vida, não podemos dizer que sua filosofia é a mesma da Seicho-no-ie.

A filosofia da Seicho-no-ie parte da negação de tudo quanto pode ser captado pelos sentidos. Em vez de ensinar que devemos aceitar docilmente a "realidade do mundo apreensível aos sentidos, tal como ela é", ensina que o mundo captado pelos sentidos não é realidade. A "realidade tal como é" existe no mundo verdadeiro (mundo do Jissô) e é a realidade da perfeição, da bondade e beleza supremas, na qual não há lugar para sofrimentos e tristezas. Em outras palavras, a Seicho-no-ie admite, não a realidade do mundo visível tal como ela é, mas sim a realidade do mundo que transcende os sentidos, o qual pode ser apreendido naturalmente após a negação total do universo visível aos olhos carnais.

O mundo perceptível aos sentidos é projeção imperfeita do mundo do Jissô (mundo verdadeiro). Assim sendo, quando afirmamos o mundo verdadeiro após havermos negado a "sombra projetada" (o mundo apreensível aos sentidos) e apagado todas as ilusões - do mesmo modo que traçamos a figura correta de algo no quadro-negro, após apagar o desenho mal feito -, o aspecto perfeito do mundo verdadeiro projeta-se corretamente neste mundo material. E então encontramos a salvação também neste mundo dos cinco sentidos. De fato, muitos são os adeptos que conseguiram a cura da doença ou a solução dos problemas financeiros.

A projeção da perfeição do mundo verdadeiro não significa tornarmo-nos capazes de permanecer no meio do fogo sem sentir a dor da queimadura, mas sim surgir naturalmente ordem e harmonia na nossa vida de modo que nunca acontecerá de ficarmos cercados pelo fogo. A conscientização da nossa essência eterna e perfeita não nos leva a atos insensatos como o de permanecer no meio do fogo e saudar com sorriso as chamas que queimam as nossas vestes, mas sim estabelece a harmonia entre nós e o fogo, fazendo com que ele seja sempre o nosso aliado, fornecedor de calor para aquecer o corpo, cozinhar alimentos, etc., e nunca um agressor que queima nossas roupas ou o nosso corpo. A conscientização da nossa essência eterna e perfeita não nos torna insensíveis à dor do ferimento causado por um projétil, mas faz com que nunca sejamos atingidos, como foi o caso do sr. Guizô Kubota, de Xangai. Em suma, a conscientização de nossa essência eterna e perfeita não nos confere a capacidade de realizar proezas fantásticas, mas sim, faz com que nós, vivendo conforme as leis da natureza, possamos manifestar neste mundo apreensível aos sentidos a harmonia do mundo verdadeiro.

O senhor disse, há pouco, que "a realidade em si, a realidade tal como ela é, não pode ser modificada". Se o senhor se referiu à realidade do mundo apreensível aos sentidos, então devo dizer que sua ideia difere consideravelmente da filosofia da Seicho-no-ie. Nós, seguidores dessa filosofia, não consideramos a dor física como um fato real; sabemos que a dor é mera "sombra da ilusão", e conseguimos transcender a dor através dessa conscientização. Sabemos que o sofrimento atual é reflexo dos carmas do passado, é mera "sombra" projetada e não um elemento real, e temos a convicção de que, contanto que mentalizemos a perfeição do Jissô (ser verdadeiro) e não nos deixemos prender aos fatos aparentes nem tornemos a criar carmas que venham a projetar aspectos negativos, o mundo concreto (mundo da projeção) que surgirá em seguida será bem melhor que antes. E temos tido provas reais disso.

Quanto ao sr. Hyakuzô Kurata, de que o senhor falou há pouco, só tive algum contato na época em que ele era editor da revista literária Seikatsu-sha. Ouvi dizer que, no últimos tempos, ele vem se dedicando ao aprimoramento espiritual junto à seita Oomoto e também no templo de Narita-Fudô. Portanto, não sei dizer até que ponto nossas ideias coincidem, hoje em dia.
Cont...


(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 12", pgs. 24-33)

domingo, dezembro 11, 2011

Ser o personagem significa "não ser o personagem"


Dárcio Dezolt


Se um diretor resolver filmar “A Vida de Jesus”, por certo buscará um ator para representar Jesus e outro para representar Judas, além dos demais personagens. Por mais que estes dois atores atuem, jamais eles serão Jesus ou Judas! Estarão sendo sempre “eles próprios”. O suposto “mundo fenomênico” é uma ILUSÃO! Não há realidade em suas encenações! Levar em conta as manifestações dualistas das aparências é negar toda a Verdade de que Deus é, aqui e agora, a NOSSA PRÓPRIA PRESENÇA.

Certa vez, ao expor a Verdade de que a Perfeição é onipresente, alguém perguntou-me: “Você se considera perfeito?” Esta pergunta, obviamente, partia da suposta “mente humana”, uma vez que a Mente infinita, sendo a Perfeição absoluta, exclui esse tipo de questionamento.

Para a mente ilusória, Jesus Cristo é divino, perfeito, enquanto os demais seres são todos humanos e imperfeitos. Esta mente é falsa: capta a “encenação” e esconde a Realidade. Se o ator encarnando Judas dissesse ser perfeito, e o outro encarnando Jesus dissesse ser pecador, quem estivesse vendo o filme diria que as coisas estariam trocadas, erradas ou incorretas. Por que? Por ver os “personagens” atuando fora do CONCEITO HUMANO da crença coletiva. Esta crença fraudulenta aceita seres perfeitos e imperfeitos, por medir cada um mediante uma régua ilusória.

Voltando à pergunta: “Você se considera perfeito?”, uma resposta poderia ser: “Se você acha que ser personagem é ser personagem, a resposta é não! O Judas não poderia representar seu papel sendo perfeito! Mas, se você entender que ser o personagem significa não ser o personagem, eu sou perfeito!” E o mesmo é válido para todos! Estudar a Verdade é permanecer em MIM, no Cristo ou a Verdade, em Deus sendo TUDO! Sem se deixar mover em nada pelo “teatro ilusório” da suposta mentalidade humana!

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Oração para reconciliar com todas as coisas

Por alguns instantes, vamos concentrar a nossa mente nas ideias apresentadas neste vídeo. A concentração mental, principalmente quando imbuída de convicção, é oração que possui o poder de concretizar no mundo fenomênico as ideias contempladas.

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Visão Real do Universo


Dárcio Dezolt


Por mais que as pessoas gostem e aparentem preferir artigos que falem de melhor vivência humana, de aplicação da Verdade na vida e nos relacionamentos humanos, tudo isso, de fato, é secundário! Tem apenas importância relativa, enquanto perdura uma crença coletiva e hipnótica que ilusoriamente endossa uma mentira chamada "universo material". Quando esta visão material do Universo for entendida como ILUSÃO, a VISÃO REAL DO UNIVERSO passará a ser única a ser levada em consideração.

"Isto quer dizer que você não dorme, não come, não trabalha?" - disse-me alguém. E eu lhe respondi: "Você saberá a resposta quando você se despojar da visão material para discernir espiritualmente o Universo. Só então, a frase 'Em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser' (Atos 17: 28) lhe fará sentido! Até então, nem esta frase, e nem qualquer resposta que eu lhe dê, o satisfará!"

Tendo ouvido esta resposta, a pessoa me perguntou: "Então você é Deus?". Respondi a ela: "Não existe nenhum 'você' no Universo. O 'Eu Sou Infinito' é a única presença e o único legislador da Realidade eterna! Se esta Vida pudesse nos ser subtraída, não mais haveria a minha existência, e nem a sua!"

Por mais que intelectualmente fiquemos a discutir a Verdade, se o assunto não caminhar além do intelecto, de nada valerão as argumentações! O Reino é dos pequeninos, e não de sábios e entendidos, disse Jesus. Entretanto, quando as argumentações são encaradas como instrumentos de ruptura do "efeito hipnótico" que causa a aceitação fraudulenta de "mundo material", todas elas são válidas! É comum ouvirmos a frase: "religião não se discute!"; porém, tudo se discute, e justamente das discussões, vão surgindo os lampejos que, por sua vez, atuam como anuladores do "mesmerismo".

Se dissermos a alguém: "Você é Deus!", de imediato ouvimos a reação em contrário, vinda da crença material nele cristalizada! Entretanto, se lhe dissermos: "Sua Vida é Deus", a "crença" se verá incapaz de negar o fato, ou, no mínimo, sente dificuldade em fazê-lo! A Verdade é Deus sendo TUDO e, por conseguinte, sendo TODOS NÓS! Quaisquer que possam ser os chamados "propósitos humanos", há, em todos eles, o propósito espiritual, que é o desmantelamento da ILUSÃO DE MASSA. Mesmo que, de momento, as pessoas digam não concordar com a Verdade a elas dita, ali ficarão as sementes até que germinem!

Aparentemente avaliado, o mundo se mostra como material, em que "aparece um Jesus", ou algum outro suposto mestre, para "salvar a humanidade". Porém, diante da VISÃO REAL DO UNIVERSO, nada disso tem realidade! Por isso Jesus disse: "E vós também testificareis, pois, estivestes comigo desde o princípio". Deixemos de lado, portanto, esta visão fraudulenta de universo material, em que uns salvam outros, para, de fato, contemplarmos a Realidade imutável em que tudo é Obra permanente de Deus, manifestada AQUI e AGORA como Unidade Perfeita! Este é o "Referencial da Luz", o Referencial permanente da Verdade eterna!

domingo, dezembro 04, 2011

O permanente estoque invisível


Dárcio Dezolt


Todas as ideias perfeitas são concretas e permanentes obras de Deus, perenemente disponíveis, independentemente de estarem sendo ou não vistas pela suposta mente humana. Se alguém estivesse com uma folha branca em mãos para fazer alguns cálculos que julgasse necessários, será que deixaria de fazê-los por não enxergar os algarismos disponíveis nesta folha? Acreditaria que tanto eles quanto as regras matemáticas estariam ausentes? Não! Pegaria a folha de papel e uma caneta e trabalharia com os algarismos e com as regras integralmente a ele ali disponíveis, mas, aparentemente invisíveis.

O mesmo se dá com as regras de suprimento, de saúde, de harmonia, e todas as demais, que estão inteiramente disponíveis aqui e agora, para que todos as possamos utilizar! Seja saúde, seja dinheiro, seja companhia, seja o que for, cada ideia é realidade concreta e disponível àquele que a toma mentalmente no “invisível”, o permanente estoque divino de todas as ideias, coisas e realidades. “Ao que tem, muito lhe é dado; ao que não tem, o pouco que tem lhe será tirado”, disse Jesus. Explicava a presença incólume de nossa herança celeste, sempre à nossa disposição, quando a vemos onde sempre se encontra: em nossa Consciência, e não nas aparências.

Seja qual for o bem que você constate ser necessário em suas atividades de cada dia, não aceite sequer a possibilidade de ele estar ausente! Assim como está sempre certo da presença dos algarismos, ao fazer suas contas, esteja igualmente certo de estar de posse de tudo de que necessite, sendo, esta certeza, uma admissão incondicional da Verdade de que você e tudo que tem realidade são uma unidade inseparável chamada “Consciência iluminada”.

“Minha união consciente com Deus unifica-me com todos os seres e ideias espirituais”, assim diz Joel S. Goldsmith. E, segundo ele, esta frase é das mais elevadas e importantes de O Caminho Infinito. Habitue-se a aceitar esta Verdade! A partir disso, “enxergue” tudo de que necessite “já em suas mãos”. Jamais acredite que algo lhe falte, por estar invisivel à mente humana! Esta mente, além de cega e surda, não é a sua!

Lembre-se: negar a presença de seu bem, por estar ele invisível em dado momento, é o mesmo que negar os algarismos e as regras matemáticas, por estar você diante da folha em branco! A ausência é ilusória! A permanência do estoque invisível de ideias divinas, e sua “unificação” com ele, o deixará constantemente suprido de tudo que legitimamente lhe for necessário ou requerido nesta vida.

quarta-feira, novembro 30, 2011

A moralidade de Gandhi



Numa ocasião, perguntaram a Mahatma Gandhi quais são os fatores que destroem o ser humano. Ele respondeu assim:

"A Política sem Princípios, o Prazer sem Responsabilidade, a Riqueza sem Trabalho, a Sabedoria sem Caráter, os Negócios sem Moral, a Ciência sem Humanidade e a Oração sem Caridade. A vida tem ensinado a mim, que as pessoas são amáveis, se eu sou amável; que as pessoas estão tristes, se estou triste; que todos me querem bem, se eu quero bem a eles; que todos são maus, se eu os odeio; que há rostos sorridentes, se eu sorrio para eles; que há rostos amargurados, se estou amargurado; que o mundo é feliz, se eu sou feliz; que as pessoas tem nojo, se eu sinto nojo; que as pessoas são gratas, se eu tenho gratidão. A vida é como um espelho: Se sorrio, o espelho me devolve o sorriso. A atitude que tomo na vida, é a mesma que a vida tomará ante mim."

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"Você tem vivido feliz com as contribuições que oferece ao mundo?
Quantas vezes já parou para uma conversa casual?
Quando foi a última vez que olhou alguém firme nos olhos?
O último sorriso desinteressado, mas gentil?
Você já se comprometeu com algo que fosse realmente significativo para outras pessoas?
Já fez algum trabalho voluntário?
Já ouviu alguém sem condenar ou julgar?
Já deu algo para uma pessoa estranha sem ser esmola ou informação?
O que você realmente tem feito para deixar esse mundo diferente do que encontrou?
Já fez algo generoso sem contar para ninguém?
Já amou uma pessoa de verdade?
Já libertou alguém do seu egoísmo?
Já perdoou?
Já fez um pensamento positivo para alguém que machucou você?
Já agradeceu seus pais pela vida que recebeu?
Já cedeu seu espaço para uma pessoa saudável, não grávida, não idosa, não doente e não necessitada?
Já tocou alguma música para elevar o ânimo de alguém? (no assobio também vale)
Já olhou o albúm de fotos de uma pessoa e se deliciou com aquilo?
Já ouviu uma confissão?
Já consolou uma pessoa que perdeu um ente querido sem ser bobo ou óbvio?
Se você quer que o mundo tenha mais espaço para o amor, ame.
Se quer paz, pacifique.
Se quer equanimidade, seja justo.
Mas se esperar que alguém faça isso no seu lugar, continue se queixando.
Toda grande história começa num pequeno detalhe!"
(Mahatma Gandhi)




segunda-feira, novembro 28, 2011

Permanecer em Deus


Pe. Fábio de Melo


A Palavra de Deus para nós hoje é uma palavra de permanência, de profundidade. O verbo "permanecer" é muito mais que o verbo "estar".

O que é de César dê a César. O que é de Deus dê a Deus. Isso define um sinal de permanência. Assim como hoje eu tenho a marca do sacerdócio em mim, somos marcados como consagrados a Deus por meio dos sacramentos que recebemos, e, por meio deles, recebemos a marca de Deus em nós.

Seguir Jesus é permanecer n'Ele e com Ele. Aos poucos vamos percebendo a ação da graça em nós. Para irmos pregando aquilo que vivemos e vivermos aquilo que pregamos.

Precisamos ter coragem de quebrar as "fachadas" da nossa felicidade, pois Deus não pode trabalhar em "fachadas", Ele só pode trabalhar em nosso coração. Precisamos romper com as máscaras. O processo de retirar as máscaras consiste em retirar, de dentro de nós, todas as falsidades e as hipocrisias que estão em nós.

O seguimento de Jesus exige um contínuo arrependimento e reconciliação consigo mesmo, com as pessoas e com Deus.

O selo do divino em nós é a eternidade de Deus semeada em nossos corações. Precisamos semear esta eternidade dentro dos nossos corações, tendo como referencial Jesus Cristo, Ele que é o "manso o humilde de coração".

Nos relatos evangélicos, podemos identificar que existem três figuras, que quando todos partiam, eles sempre estavam presentes, eram eles: Pedro, Tiago e João. Eles estavam presentes, porque eles queriam conhecer a fundo o seu Mestre. E para isso, eles fizeram de tudo para estabelecer uma intimidade com o Senhor.

Ninguém pode nos aflingir quando reconhecemos as nossas fraquezas, as nossas dificuldades, e corremos atrás para que essas dificuldades não sejam determinantes em nossa vida. Descubra os seus grandes limites e comece a trabalhar a partir deles.

A vida em Deus requer disciplina, precisamos focar nossa atenção naquilo que é essencial. Ainda mais nos dias de hoje. Porque desde quando as crianças entram nas escolas, elas já vão aprendendo a ser falsas com os seus amiguinhos. E todos os desdobramentos das fachadas, que muito cedo começamos a aprender, neutralizam a nossa consciência, fazendo com que deixemos de fazer um verdadeiro exame de consciência.

As fachadas da felicidade colocam obstáculos para você não permanecer em Deus. Como na parábola da figueira na qual Jesus pede que cortem a figueira que não está dando fruto.

Permanecer em Deus é você ter o rótulo do reconhecimento de Jesus em seu interior. Sabe por que é difícil quebrar as fachadas? Porque elas são nocivas e confortáveis, pois aparentemente nos fazem bem, mas, no fundo, causam um mal tremendo em nosso interior e em nossas famílias.

É difícil quebrar a fachada das "felicidades" que estão seduzindo os seus filhos. É triste reconhecer que, aos 14 anos, os jovens já consumam bebidas, já possuam vida sexual ativa e alguns já estão viciados em drogas. Hoje celebramos o Dia da Mulher, mas é lamentável constatar que meninas de 14 anos estejam tendo uma vida sexual ativa, e o pior: dentro de casa com a desculpa de que "é mais seguro". Que tristeza!

Não é seu filho que impõe as regras dentro da sua casa! Os pais precisam ser pais de verdade e dizer aos filhos: "Aqui nesta casa, você filho participa, mas quem manda somos nós [os pais]!”.

Estirpe o álcool da sua casa. Pais, conversem com seus filhos e expliquem a eles que a proibição não é ruim, mas é um gesto de amor. Pais, façam de tudo para que os seus filhos tenham a oportunidade de ter o que é essencial para a vida.

A permanência com Senhor nos ensina a ter bom senso. Você não vai perder o gosto pela vida, pelo contrário, você vai aprender a fazer as escolhas certas. A Palavra de Deus nos fala que o "salário do pecado é a morte". E mais cedo ou mais tarde, o diabo vai lhe apresentar a "notinha".

Muitas vezes, nós estamos fazendo a nossa escolha pelo veneno do diabo, e ele é saboroso, mas as suas consequências são sérias. A missão do diabo é nos desumanizar.

É em Jesus que eu preciso permanecer, em cada momento e em cada instante, isso é permanecer em Deus: ter Cristo dentro de mim.

À medida que vamos crescendo em Deus, nossas feições vão se tornando mais leves. O monsenhor Jonas Abib já entrou tanto em nossa vida, e em nossos corações, que se ele resolvesse ficar em silêncio hoje, ele poderia, porque ele, por si só, já é uma pregação.

O mundo está carente de homens que deem testemunho com o seu jeito de ser e de viver. O altar não é o lugar da vaidade, mas o lugar do testemunho. Quanto mais alto for o altar onde você estiver, tanto maior deverá ser o seu testemunho. Honre a sua profissão, seja testemunho do Evangelho onde você estiver. Leve Jesus com você. Não importa qual função está desempenhando, você carrega em seu coração a marca indelével de que Jesus está com você. Em pensar que você é um sacrário, você leva Jesus em você, permanecer em e com Jesus.

Conversão é isto: se deixar ser tomado por Jesus, parecer com Jesus, o seu diferencial precisa ser o Cristo.

A partir do momento em que você tem Jesus dentro do seu coração, você com a sua vida pode proclamar: Ele está no meio de nós!

Podemos contar com você? Você quer ser um seguidor de Jesus? Você quer permanecer com Ele? Neste carnaval eu renovo com o Senhor o compromisso de ser como Ele e com Ele por onde quer que eu vá.

Os verdadeiros amigos de Jesus foram retirados do lodo e da miséria, e se isso aconteceu com eles, pode acontecer conosco também. Tudo que eu posso fazer, para que o Reino de Deus aconteça aqui, eu quero fazer, Senhor. Pode contar comigo!

Nunca permita que o mundo retire de você este direito: de permanecer no Senhor.




quarta-feira, novembro 23, 2011

Beijando o sapo (Gangaji)



Gangaji: Oi.

Questão: Oi. Quero lhe perguntar sobre uma experiência que tive. Há momentos em que tenho a experiência de uma imensidão que simplesmente não tem limites e, realmente, não tem nada a ver comigo...

G: Ah! Espere um momento. Vamos devagar. Que declaração! Ser capaz de fazer uma declaração como esta é algo muito bonito. E saber, reconhecer, que "realmente, não tem nada a ver comigo."

Q: Meu sofrimento geralmente aparece quando vivencio uma personalidade que tem muitos problemas.

G: Personalidade significa problemas. É uma palavra-código para problemas. Até mesmo personalidades encantadoras.

Q: Mas o que faço com a personalidade?

G: Que tal se não fizer nada com a personalidade?

Q: Ela simplesmente vai continuar sendo infeliz.

G: Creio que você jamais deixou de "fazer algo" com a personalidade. Acho que você lutou contra a personalidade, mudou a personalidade, jurou que nunca teria aquela personalidade, experimentou outras personalidades, adaptou a personalidade, ou tentou disfarçar a personalidade. Não fazer nada com a personalidade é ter um encontro real com o que está motivando e controlando a personalidade. No momento em que estávamos falando, era um medo enorme. Para todo mundo, geralmente, em algum momento, é o medo: um medo enorme, um medo divino. Se, neste momento, você não fizer nada com a sua personalidade; se você não a consertar, não a negar, não cair no sono e ignorá-la, não ceder a ela, não contar alguma história a si mesma sobre ela, o que acontece?

Q: Ela desaparece.

G: Que mistério!

Q: Mas o que é isso? É aí que preciso de ajuda.

G: Quando ela está presente é quando você não tem que fazer nada. Quando ela desaparecer, faça tudo que você quiser. Isso é tão sutil, mas se for dito um pouco mais explicitamente, torna-se um dogma. E esse não é o objetivo. Senão, teremos "Eu não faço nada", "Eu não sou nada, você também?"

Q: Há um poema sobre isso. É mais ou menos assim: "Eu não sou nada, você também? Mas não conte a ninguém, porque vão querer formar um clube dos nadas."

G: Sim. Há um segredo escondido em seu coração, que sabe que não é absolutamente nada. E estamos em uma época na qual, de alguma maneira, pode-se falar disso em público.

(O grupo exclama: "Viva!")

G: Viva! É uma celebração. Então, os hábitos da personalidade que aparecem no tempo e desaparecem no tempo, são reconhecidos como o que são realmente: insetos. Você pode ver a luz através da nuvem de insetos; você não pega a espingarda e tenta eliminá-los. Isso não funciona. E, se tentar, você será uma destas pessoas que carregam uma espingarda. E o que vamos fazer com você? É possível simplesmente ficar quieto. Na quietude, o que está debaixo da personalidade e o desejo de mudar a personalidade se encontram. Você tem consciência disso?

Q: Sim.

G: Que foi?

Q: Há uma repulsa, uma aversão a essa personalidade.

G: Sim, é um certo ódio, não é? Você está disposta a simplesmente deixar a sua consciência penetrar o ódio e senti-lo totalmente? Você está disposta a sentir o ódio sem contar uma história sobre ele? Este é o desafio. A história do autodesprezo é conhecida; em vez disso, mergulhe a sua consciência completamente no autodesprezo pré-verbal, sem lutar contra ele. E, se estiver lutando, pare de lutar e simplesmente deixe sua consciência afundar mais profundamente nesta repulsa.

Q: Há uma convicção de que eu sou má.

G: Este é um "insight" que surgiu da exploração. Isso é bom, mas estou mais interessada na experiência direta da própria repulsa. Então, digamos que você é má, que esta convicção está correta. Você é má e isso é repulsivo. O que significa isso quando é acolhido? Não consertado, mas acolhido. O que você está sentindo?

Q: Não tenho certeza.

G: O que você está sentindo, sem contar uma história? Simplesmente diga a verdade: neste momento, o que está aqui?

Q: Apenas um bloqueio…

G: Isto é uma teoria.

Q: Não sei.

G: A repulsa está presente? Antes você soube imediatamente quando ela estava presente. Não teve de questioná-la. Agora você pode criá-la novamente. Há um forte apego a este autodesprezo como identidade.

Q: Sim, sim.

G: "Isto é realmente o âmago do meu ser, isto é o que tem que mudar para esta expansão ilimitada, que não tem nada a ver comigo, ficar permanentemente na minha vida." Estou dizendo que, se simplesmente penetrar neste âmago e sentir a repulsa completamente, você descobrirá que no âmago da repulsa está a expansão ilimitada e perfeita. A repulsa se transforma imediatamente em expansão. Mas isto exige a sua disposição, a sua vontade de conhecê-la completamente. É como beijar o sapo. Você sabe que, para uma jovem princesa, um sapo é uma coisa asquerosa. Mas este é o requisito. Você conhece a história? Você é a jovem princesa. E nós estamos conversando sobre o sapo que vive dentro de você, que é o seu Ser Amado perfeito, mas que lhe parece tão nojento. Portanto, a sua velha e sábia fada-madrinha está lhe dizendo para entrar e beijar o sapo. Você chegou bem perto; na verdade, por um momento, você nem conseguiu achar o sapo e, então, começou a fazer o que você faz, subconsciente ou conscientemente, para criar a "sapice", o caráter reptílico, a repugnância, o lamaçal e a feiúra. Perfeito. Isto é o que está esperando pelo seu abraço. Isso é o que tem que ser libertado. O ilimitado, a verdade de quem que você é, já é livre. A "sapice" está aparecendo em você para ser libertada, e o seu beijo a libertará. Não a sua rejeição, nem a sua agressão. Você já tentou isto e ela não larga você, porque ela precisa de você para se libertar. O que é que há, o que você está sentindo? Está certo, isso é bom; isso é muito bonito.

Q: (Soluçando.) É muito bonito. Obrigada.

G: São boas novas, não? Sim, boas novas. Não é a sua beleza que precisa ser libertada; é a sua feiúra, que você mantém escondida. Aquilo que não pode ser exposto. Um simples beijo que é um reconhecimento, um encontro; que é, no mínimo, uma ausência de rejeição. Apenas um "Tudo bem, você está aí, então entre." Muito bom, obrigada por vir aqui falar comigo.