quinta-feira, outubro 13, 2011

A Natureza Livre da Vida


Masaharu Taniguchi


Outro dia, um leitor perguntou-me o seguinte: “Se a doença não é existência real, não passando de mera sombra da mente, não poderíamos dizer que também a saúde é mera sombra da mente e não é existência verdadeira?”

Sem dúvida alguma, a saúde física também não passa de projeção da mente, não é existência real. Por isso mesmo, por mais saudável que seja o corpo carnal, não dura mais do que cento e poucos anos e acaba desaparecendo. Tudo que não é existência verdadeira se destrói. Não devemos pensar que o corpo carnal seja existência real. Considerando-o existência real, nossa mente se prende a ele. Prendendo-se, a mente perde a liberdade; perdendo a liberdade, torna-se distorcida e imperfeita, isto é, doente. A origem de toda doença está na mente que considera este limitado e incômodo corpo carnal como existência verdadeira e se prende a ele.

É um tanto constrangedor pregar um sermão como este ao senhor, que é médico. Mas os médicos, em vez de corrigir o filme mental, concentram suas atenções à imagem da doença projetada na tela carnal e tentam corrigir essa imagem, cortando-a com bisturi, colocando-lhe remendos ou retocando-a externamente. Entretanto, por mais que corrijam a tela, ela voltará a refletir a imagem de doença enquanto não for corrigida a gravação do filme (imagem mental). E a melhor maneira de corrigir essa imagem do filme mental é deixar de gravar na mente o corpo afetado pela doença. E, para não gravar na mente o corpo doente, o melhor é esquecê-lo completamente.

Quando esquecemos da existência do corpo, seus órgãos passam a desempenhar plenamente suas funções. O coração trabalha de maneira perfeita quando não nos lembramos de sua existência. O estômago funciona perfeitamente quando não nos lembramos de sua existência. Quando pensamos preocupadamente “aqui está o coração” ou “aqui está o estômago”, eles passam a apresentar problemas. Na essência somos Vida, somos Espírito vívido que vibra dinamicamente. Entretanto, julgamos que somos corpo carnal, que somos matéria, que somos um ser imperfeito e cheio de limitações. Só pelo fato de pensarmos assim já estaremos degenerando, afastando-nos da verdadeira natureza da Vida, que é dinâmica e livre. O fato de a Vida, que é dona da mais absoluta liberdade, considerar-se uma existência material cheia de limitações é o cúmulo da degeneração. Essa degeneração do juízo é que se projeta no corpo em forma de doença.

Há quem argumente que adoeceu sem nunca ter pensado em doença. Mas o fato de o homem, que é Vida infinitamente livre, considerar-se um ser material cheio de restrições, equivale a considerar-se doente. A medicina e a fisiologia modernas ensinam que o homem não passa de matéria. Isso equivale a impedir que o homem conscientize sua Vida, livre por natureza, e sugestioná-lo negativamente com a ideia de que ele é escravo da matéria, adoecível e perecível. Eis por que as doenças proliferam quanto mais evolui a medicina. Mas a Seicho-No-Ie, ao contrário da medicina, refuta o conceito de que o homem seja matéria e proclama que o ser humano é a própria Vida livre e independente. Existem diversos casos de enfermos que conseguiram se livrar de doenças consideradas incuráveis pela medicina, simplesmente porque, lendo A Verdade da Vida ou a Sutra Sagrada Kanro no Hoou, conscientizaram que são Vida livre de imperfeições e não mera matéria. Tenho comigo um depoimento de cura de câncer estomacal (o prof. Taniguchi faz circular entre os presentes a carta de um adepto).

Não se deve considerar existência verdadeira o que é visível aos olhos carnais. Não se deve considerar real aquilo que se percebe através dos cinco sentidos. Então, poder-se-ia considerar existência verdadeira aquilo que é percebido pela vidência? Não. Aquilo que é existência verdadeira não pode ser visto nem mesmo pela vidência. Por isso a sutra sagrada Kanro no Hoou diz: “a Realidade transcende os cinco sentidos, transcende inclusive o sexto sentido e não se projeta à percepção do homem”. Quem considera existência real aquilo que capta através dos cinco sentidos torna-se prisioneiro dos cinco sentidos e não pode manifestar a liberdade própria da Vida. Do mesmo modo, quem considera existência real aquilo que percebe através do sexto sentido ou da vidência torna-se prisioneiro do mundo do sexto sentido e perde a liberdade própria da Vida. Conheço pessoas que dizem enxergar espíritos através da vidência. Afirmam que vêem espíritos maléficos, espíritos errantes, espíritos de animais, espíritos vingativos, etc. Será que todos esses espíritos existem mesmo? Eles existem, mas em outro sentido da palavra “existir”, porque na concepção verdadeira eles não existem, ou seja, eles não são existências verdadeiras.

Os micróbios também existem, mas naquele outro sentido da palavra. Os micro-organismos são visíveis ao microscópio, sendo possível cultivá-los a multiplicá-los, mas eles não existem como causadores de doenças. Isto porque Deus jamais cria algo desarmônico que possa causar mal. O que Deus não criou não existe. Considerar existente algo que não foi criado por Deus – isto é ilusão. Dizemos que os micróbios patogênicos existem num outro sentido da palavra “existir”, porque são seres inexistentes que se concretizaram através da ilusão. Também os espíritos maléficos não existem, pois Deus não criou seres que causam malefícios. O “modo de viver da Seicho-No-Ie” consiste em viver olhando somente o que existe no mundo harmonioso criado por Deus.

Aqueles que possuem o dom da vidência podem temer os espíritos maléficos que enxergam e adoecer por causa desse temor, da mesma forma que alguns médicos podem se sentir atemorizados vendo os vírus patogênicos através do microscópio. Nesse sentido, os videntes que enxergam espíritos maléficos são mais infelizes do que quem não possui o dom da vidência. Analogamente, os civilizados que veem micro-organismos patogênicos têm menos resistência às doenças do que homens primitivos que nem desconfiam da existência de micróbios.

As pessoas comuns dizem “isto existe porque é percebido pelos cinco sentidos”, mas a Seicho-No-Ie afirma que aquilo que é perceptível aos cinco sentidos não é existência real. Os cinco sentidos nada mais são que instrumentos para perceber a sombra projetada pela mente. O que aparenta ser uma existência concreta não passa de pensamento materializado. Analogamente, os espíritos vistos nitidamente através da vidência não são existências reais, mas apenas manifestações da mente.

Há aqui uma mesa. Todos os senhores veem-na sólida e firme. Entretanto, experiências feitas por um médium demonstram que a mesa não é tão sólida quanto aparenta ser, permitindo que um copo colocado sobre ela atravesse-a e passe para o lado debaixo. Para o espírito que age por intermédio desse médium, a mesa é um material transpassável, sem nenhuma solidez. Aí está o segredo do fenômeno de aporte, que consiste em transportar objetos através da parede para dentro de uma sala fechada. É claro que esse segredo não é nenhum truque de natureza material; o segredo está na diferença de vibrações do nosso pensamento e as dos seres pertencentes ao mundo espiritual. Convém frisar que estou me referindo apenas ao fenômeno de aporte através de um corpo sólido, e não a outras modalidades de fenômenos paranormais.

Esta mesa (apontando-a com o dedo) se nos afigura sólida porque nossos cinco sentidos acreditam que ela é sólida, projetam essa ideia (de que é sólida) na mesa e sentem-na sólida. Por conseguinte, para espíritos de determinado nível que não creem na solidez da matéria, nada mais fácil do que fazer um copo atravessar a mesa ou transportar um objeto qualquer através de paredes. Mas isto não quer dizer que a mesa seja uma miragem e não exista de forma alguma. O que existe como mesa são ondas mentais que se fazem sentir como “mesa”. Não é a “mesa” em si que existe, mas ondas mentais com aspecto de mesa. Como não se trata de matéria e sim de ondas de vibração mental, os espíritos que vivem em dimensão diferente da nossa podem perfeitamente fazer o aporte. Pode-se dizer o mesmo em relação à doença.

A doença propriamente dita não existe. O que existe são vibrações mentais que assumem aspecto de doença. Por isso, o segredo da cura está em eliminar as vibrações da ideia de doença. Assim, é perfeitamente explicável por que até doenças graves como o câncer podem ser curadas ao se compreender a Verdade de que o homem é filho de Deus e a doença não existe, através da leitura de A Verdade da Vida ou da sutra sagrada Kanro no Hoou. A razão é mais do que evidente: ao se perceber que a doença não existe, desaparece a ideia de doença; consequentemente, a doença, que nada mais é que materialização dessa ideia, também desaparece. Mas se a pessoa ler superficialmente os livros da Seicho-No-Ie e não assimilar a Verdade de que a doença não existe (isto é, mantiver a ideia corrente de que “a doença existe”), não será curada, pois a ideia de doença mantida em sua mente continuará a se manifestar no mundo das formas. Na verdade, tudo que concebemos na mente concretiza-se em nosso corpo ou no ambiente onde vivemos. Por isso digo sempre que as obras sagradas como A Verdade da Vida ou Kanro no Hoou devem ser lidas e relidas várias vezes; não basta que o leitor entenda intelectualmente o que nelas está escrito. É preciso que a ideia de doença vá sendo destruída a cada leitura, até ser exterminada, quando então a doença desaparecerá subitamente, e a possibilidade de adoecer também deixará de existir. É o mesmo que acontece no cinema: no instante em que a imagem da doença for retirada do filme, ela desaparecerá também da tela. Por isso, os livros sagrados da Seicho-No-Ie devem ser lidos repetidas vezes até o desaparecimento total da ideia de doença gravada no filme da mente subconsciente.

(Do livro “A Verdade da Vida”, vol. 15, p. 107-113)


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