quarta-feira, junho 29, 2011

Deus aparece como a consciência individual - Final


Joel S. Goldsmith


A FINALIDADE DA VIDA

Eis diante de nós um dos assuntos mais importantes do mundo. Para quê nascemos? Não é possível que tenhamos vindo a este mundo simplesmente para ganharmos a vida, nos procriarmos, fazer serviços domésticos, escrituração mercantil ou seja lá o que for que o destino nos reserve, apenas pelo privilégio de, no final das contas, nos deitarmos para morrer. Se vivemos a fazer somente essas coisas, é porque ainda não descobrimos nossa verdadeira vocação.

Contudo, no momento que identificares a Deus, a Consciência infinita, como a tua consciência individual, transporás os limites do teu ambiente, por mais fechado que pareça. Sentirár o impulso insopitável de conhecer a finalidade da tua vida, porque todos nós temos uma alta missão a cumprir neste mundo. "Não está escrito na vossa lei... Sois deuses?" (Jo 10:34). Sempre o Mestre tentou alçar a consciência pessoal do homem ao nível que permitisse a este o reconhecimento da própria e verdadeira identidade, Deus - que és, que somos. Jesus simplesmente aconselhou seu povo a ser o que ele era.


"... É esta a vontade de quem me enviou: que todo homem que vir o Filho e crer nele tenha a vida eterna... (Jo 6:40)


Se puderes sentir ou perceber que Deus trabalha através de alguma pessoa, terás então que reconhecer que Ele trabalha igualmente através de ti, porque a experiência dessa pessoa era como a tua, antes que o Espírito a tocasse. O objetivo do ensino da verdade espiritual é elevar o nível de nosso entendimento a ponto de nos podermos aperceber de nossa verdadeira identidade. Se puderes crer que notaste sinal de Consciência espiritual, ou Consciência-Deus, emanar de algum instrutor espirtual, estarás crendo que "o Filho" está nele e, nesse momento, estarás salvo. Serás de tal modo levantado que saberás que o que é verdade a respeito dele o é também com relação a tua própria identidade. Se assim não o for, será porque o que notaste nesse instrutor não é real. Deus não olha as pessoas. Atenta na história da vida de todos os líderes espirituais e descobrirás que, antes de se tornare líderes, aconteceu-lhes algo que despertou suas mentes do mesmerismo dos serviços domésticos ou das atividades de empregado ou do comércio, permitindo-lhes perceber o fato de que o Cristo era o próprio ser dele, o fato de que o próprio ser deles era "o Filho".


"... É esta a vontade de quem me enviou: que todo o homem que vir o Filho e crer nele tenha avida eterna, e eu o ressuscite no último dia." (Jo 6:40).


Ao te aperceberes de que "o Filho" está dentro de ti, o teu próprio ser ser´levantado a um nível de consciência que te permitirá entender que tudo o que tenha sido verdade em relação aos líderes espirituais do passado, é verdade também em relação a ti, porque o que aparece como "tu" e como "eu" é intrinsecamente o mesmo EU.


Murmuraram dele os judeus por ter dito: "Eu sou o pão que desceu do céu." (Jo 6:40)

Como os seres humanos detestam ouvir isso! Como os irrita ouvir alguiém dizer: "Tenho algo de Deus dentro em mim. Sou a própria presença de Deus." Ofendem-se com isto porque acgam que alguém está se colocando acima deles, julgando-se maior que eles e pretensendo separar-se dos demais. Não compreendem que isso é apenas a expressão de um princípio que todos devem e podem adotar.


Diziam: "Não é este, porventura, Jesus, filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como diz, pois: Eu desci do céu?"

Tornou-lhes Jesus: "Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se não o atrair o Pai que me enviou; eu o ressucitarei no último dia. Está escrito nos profetas: Serão todos ensinados por Deus." (Jo 6: 42-45)


Compreendes a mensagem? Jesus coloca-se acima de si mesmo e glorifica o Cristo, internamente. Depois volta e diz: "serão todos ensinados por Deus." Ei-lo, pois a reduzir a mínimo a personalidade humana.

Nosso estudo é para que Deus possa se revelar como nossa consciência individual: Eu sou o Verbo que se fez carne. O início da sabedoria é quando desviamos nossa atenção do mundo externo, do mundo dos efeitos ou aparências e começamos a perceber que o poder não se encontra nele, mas em nós, como indivíduos. É-nos dado indivdualmente todo o poder. Como indivíduos, nós temos domínio sobre todas as coisas que aparecem no mundo dos efeitos.

Ao invés de darmos tratamentos, vejamos se podemos sorrir, pelo menos internamente - não abertamente, para não ofender a ninguém ou não parecer que estejamos fazendo pouco de seus sofrimentos -; vejmos se podemos sorrir na atitude de quem dissesse mentalmente: "Sim, mas eu sei que não há poder em aparências. O poder está em mim, em ti, em cada um, não importa quem seja ele. Deus, a consciência de qualquer indivíduo, é o poder. Já não mais odeio, não amo nem temo aparências externas, ou o que o homem mortal ou efeitos materiais me possam fazer." Não atribuas poderes a números, a "pães e peixes", porque eles não têm nenhum poder. "Eu sou o poder". Deus, a divina Consciência, tem que aparecer como o meu infinito suprimento espiritual, como o meu corpo espiritual, ilimitado.


A IMPORTÂNCIA DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA DO CURADOR ESPIRITUAL

Quando recorres a um curador espiritual, que é o que pensas que te vai ajudar? tens alguma ideia sobre qual seja a razão, o modo ou processo por que se dará a cura que esperas? Será por fé cega, confiança em Deus? Ou reconheces que se opera pelo estado de consciência do curador? Quando pedes auxílio a um curador, esse auxílio vem porque ele alcançou um estado de consciência em que o mal, ou erro, seja qual for seu nome ou natureza, perdeu seu poder aparente.

Se pedires a ajuda de alguém que crê que a dor seja alguma coisa que se deva recear, ou que o erro seja algo odioso ou temível, não serás curado. Mas quando perdires a ajuda de um curador que não teme germes, infecções ou contágio; alguém que sabe qe micróbios, infecções e contágio não existem como poder, senão simplesmente como efeitos - serás curado ui rapidamente. O que cura é o estado de consciência do curador espiritual.

Poder-se-á perguntar: "Onde está Deus em tudo isso?" Na consciência que sabe que não existe nada que lhe seja oposto. Deus é esse estado de consciência do curador que não teme, não odeia nem ama o erro sob forma alguma. Então, e só então, é que o curador é realmente capaz de curar.

Aquele que teme a doença ou sente repugnância por esta ou aquela forma de pecado, ou que critica ou condena o alcoólatra ou o libertino, revela não possuir estado de consciência capaz de curar realmente. O estado de consciência do curador é agente curativo somente na medida em que esteja isento de medo, aversão ou amor ao erro, seja qual for o nome ou a natureza deste. Se tememos certa doença e acreditamos que ela tenha o poder de matar, então não podemos curá-la. Além disso, precisamos compreender que não há um Deus sentado perto de nós aguardando oportunidade para intervir no trabalho a nosso favor.

Deus é Consciência espiritual infinita, em que não há pecado, doença nem morte. Na medida em que o curador reconhecer esta verdade, tal será seu estado de consciência. Ninguém superou de todo a crença de que existe poder e presença na matéria. Mas Jesus conseguiu superá-la mais do que todos os outros.

Há nisto um outro ponto a considerar. Talvez queiras saber por que será que um dia vais a um curador e és curado instantaneamente e, depois, em outra época, tens de voltar a ele quatro ou cinco vezes antes que se dê a cura. No primeiro caso, a cura foi instantânea porque quando pediste o auxílio do curador, este se achava num alto estado de consciência, isenti de ódio, medo e amor às aparências. No segundo, a cura foi retardada porque as sugestões hipnóticas do mundo, chegadas através de rádio e televisão ou de manchetes de jornais, ou devidas a problemas de família, talvez o tivessem feito descer daquele alto estado de consciência.

O sistema econômico sob o qual vivemos não é o mesmo da época de Jesus. Naquele tempo lhe era possível tomar seu manto branco, subir uma montanha, lá ficar durante quarenta dias e depois vir curar multidões. Se hoje pudéssemos fazer isso, nós também poderíamos curar as multidões. Mas a maioria dos curadores não podem fazê-lo. Para ser franco, em parte os próprios pacientes sõ culpados desta situação. Eles tendem a ficar ressentidos com o curador quando não o encontram à sua disposição. Querem que seja possível comunicar-se com ele durante as vinte e quatro horas de cada dia e os sete dias de cada semana, e por isso, até certo ponto, ajudam a impedir que se operem curas instantâneas.

Não permitem ao curador permanecer no alto estado de consciência necessário para produzí-las. O curador faria melhor trabalho se pudesse ausentar-se frequentemente por períodos de dois ou três dias de cada vez.

Não há mistério nem milagre em relação à cura. Esta resulta diretamente da influência do estado de consciência daquele a quem se recorre. Ao pedires o auxílio do curador, entras em contato com a consciência dele. Se ele sempre estivesse num estado de consciência divina, infinita, toda vez que lhe pedisses ajuda serias curado imediatamente. Se a cura não segue de imediato ao pedido de ajuda, é unicamente porque o curador ainda não alcançou esse estado de consciência, ou, se o alcançou, não o mantém.

Farás curas à medida que te aperceberes desta verdade: Deus é que é a tua consciência divina, e não a tua mente pensante.

Quando alguém te pedir ajuda, volta-te, imedatamente e sem hesitar, ao teu mais alto entendimeno, sabendo que o auxílio está chegando na medida de tua percepção de Deus como consciência individual, consciência que nada sabe acerca do erro e nem toma conhecimento de forma alguma de erro e que, por isso mesmo, não o odeia, não o teme, nem o ama.

Na proporção em que estudares, na medida em que meditares, Deus ou a Verdade, Se manifestará e Se revelará como a tua consciência individual.



domingo, junho 26, 2011

Deus aparece como a consciência individual - Parte 1


Joel S. Goldsmith

A CONSCIÊNCIA APARECE COMO "PÃES E PEIXES"

Depois disto, passou Jesus para a outra margem do lago da Galiléia, chamado lago de Tiberíades. Seguiu-o grande multidão de povo, porque viam os sinais que fazia aos doentes. Subiu então Jesus ao monte, onde se sentou em companhia dos seus discípulos. Estava próxima a festa pascal dos judeus.

Erguendo os olhos e vendo que numerosa multidão vinha procurá-lo, disse Jesus a Filipe: "Onde compraremos pão, para que a gente tenha o que comer?" Mas isto dizia apenas no intuito de pô-lo à prova; porque bem sabia o que havia de fazer.

Respondeu-lhe Filipe: "Duzentos denários de pão não bastariam para que cada um deles recebesse um bocadinho".

Ao que lhe observou um dos discípuos, André, irmão de Simão Pedro: "Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes; mas que é isto para tanta gente?"

Disse Jesus: "Mandai esta gente sentar-se."
(Jo 6:1-10)



Parecia haver carência e limitações materiais. E a primeira reação da maioria de nós, em tal situação, seria: "Tenho somente cinquenta centavos, quando necessito de cinco dólares." É nesse ponto que as preocupações materiais começam a provocar o que o mundo chama de úlceras. Em nosso ensino, fazemos como fez o Mestre: imediatamente damos as costas ao quadro. Acaso cinquenta centavos ou cinco dólares suprem realmente as nossas necessidades? Ou será a presença da Consciência divina, que aparece como a nossa consciência individual? Não será essa Presença, e nada mais, o que atenderá às nossas necessidades?

Se te lembrares desta lição, nunca mais procurarás "pães e peixes" ou moedas e cédulas, nem julgarás a profundidade e a vastidão do universo de Deus pela tua visão limitada das coisas. Não descobrimos como multiplicar "paes e peixes", mas descobrimos a lei do amor.

No afã de prover às necessidades de sua vida, o sentido finito começará, digamos com cem dólares e pensará: "Quando eu tiver um milhão...". Mas não importa quanto aumente a quantidade de "pães e peixes" - ou dólares -, porque isto nunca te satisfará. Estarás satisfeito somente quando puderes olhar para o que tens no mundo externo e dizer: "Isto não é o que eu necessito. O que eu necessito é reconhecer que dentro de mim está o reino de Deus; que dentro de minha consciência está o universo espiritual, e que das profundezas de minha consciência flui a riqueza de meu ser." E isto nada tem a ver com "pães e peixes".

Para chegares a esse estado de consciência, é indispensável praticar meditação, porque frequentemente serás tentado a olhar para os "pães e peixes" e dizer: "Eu tenho" ou "tu tens" ou "eu não tenho... eu preciso". E então, para não caíres nessa tentação, precisarás lembrar-te de desprezar os números, quantidades e qualidades dessas coisas externas e te compenetrares de que "Nada preciso do mundo exterior; nenhuma quantidade de coisas poderá atender às minhas necessidades. Estas só poderão ser supridas pela minha compreensão da riqueza de minha própria consciência." Assim é como cada um de nós poderá "morrer" diariamente para o sentido mortal, material, e renascer para o Espírito. Em outras palavras: o Espírito tornar-se-á, para nós, a substância tangível, isto é, a forma e a quantidade de todas as coisas no reino externo. E porque a Consciência é infinita, Sua aparência estará infinitamente manifesta.

A Consciência infinita não pode aparecer como apenas uma, duas ou mil ideias. Ela tem que Se manifestar como todas as ideias de que precisares por toda a eternidade. Não estamos usando a verdade espiritual para multiplicar alguns pedaços disto ou daquilo. Estamos desprezando a crença de que exista presença e poder no mundo externo e voltando à nossa compreensão de que a Consciência infinita está aparecendo como a nossa consciêcia individual.


RECONHECENDO A FONTE

Disse Jesus: "Mandai esta gente sentar-se." É que havia muita gente no lugar. Sentaram-se, pois, os homens em número de uns cinco mil. Tomou Jesus os pães, deu graças e mandou-os distribuir a todos que estavam sentados; da mesma forma, os peixes, quanto queriam.
(Jo 6: 10-11)


Por que deu ele graças? Será por que fazia isso parte do ritual? Sabes que ele não estava obedecendo ordens para dar graças a ninguém. Assim, pois, ao dar graças, sem dúvida, estava pondo o princípio em ação.

A ação de graças é um reconhecimento da Fonte. Dar graças é reconhecer a Causa. Por isso, quando dizemos: "Graças a ti, Pai, eu sou", estamos exprimindo nossa convicção de que o nosso suprimento não se origina de nenhum ser humano, mas, sim, do Pai. Não vem de nossa inteligência humana, de nossa engenhosidade ou de nossa personalidade. Procede do Pai. Dar graças é portanto um ato de reconhecimento da Fonte de todo suprimento, a qual é a Consciência. Sem o reconhecimento de que a Consciência é essa Fonte, não há demonstração da verdade de que o suprimento vem dessa Fonte como consequência natural de nosso contato com Ela. Quando reconhecemos a Deus, a Consciência infinita de nosso ser, como a Fonte de tudo o que chega até nós, então o nosso "Obrigado, Pai!" representa o nosso reconhecimento da nulidade do ego humano e do esforço humano. É um reconhecimento da presença e poder de Deus como fonte de tudo o que chega até nós como suprimento de todas as nossas necessidades.

Em cada passagem de tua vida, a gratidão desempenha um papel talvez muito maior do que imaginas. Gratidão não é sentimento relacionado com outra pessoa. É tua harmonia, teu contato com Deus, tua união com Deus. Em verdade, nunca precisas dizer "Obrigado" a outrem que tenha servido de canal para o bem que recebes. Naturalmente que nós o fazemos como uma forma de cortesia. Entretanto, se essa expressão externa de gratidão não for acompnhada da compreensão interna de que Deus, nossa consciência e a fonte daquilo por que somos gratos, estaremos agradecendo à fonte errada, e teremos perdido a essência do verdadeiro sentido de gratidão. A graça que Jesus rendeu ao Pai, foi o seu reconhecimento silencioso de que Deus é a causa e o feito de toda e qualquer quantidade de "pães e peixes".

Depois de todos fartos, disse a seus discípulos: "Recolhei as sobras, para que não se percam." Recolheram e encheram doze cestos com os pedaços dos cinco pães de cevada, que sobraram aos que tinham comido. Vendo o povo o feito poderoso que Jesus acabara de realizar, exclamou: "Este é realmente o profeta que deve vir ao mundo."

Reparou Jesus que queriam vir levá-lo à força para proclamá-lo rei. Pelo que tornou a retirar-se para o monte, ele sozinho.

Ao anoitecer, desceram os discípulos ao lago, embarcaram e dirigiram-se para a outra margem, rumo a Carfanaum.Já era escuro, e ainda Jesus não fora ter com eles. Iam as vagas empoladas com forte ventania. Tinham remado uns vinte e cinco a trinta estádios, quando avistaram Jesus a andar sobre as águas e aproximar-se da embarcação. Encheram-se de terror. Jesus, porém, lhes disse: "Sou eu, não temais!"
(Jo 6:12-20)



De que se aterrorizaram eles? De alguma coisa externa? De algum efeito? Da forte ventania? Ou das ondas empoladas? E qual foi a reação de Jesus ante aquela tormenta? - "Sou eu; não temais!".

O Eu é Deus, a Consciência divina aparecendo como consciência individual. Portanto, a toda "tormenta" com que depares em tua vida, ao invés de procurares algo com que fazê-la cessar, fica onde estás e dize: "Sou eu; não temais!". Eu, Deua, aparecendo como a consciência individual, tenho que ser a lei para tormentas, ventos, ondas, vulcões e até para bombas atômicas.

Em "O Caminho Infinito", nós estamos retirando toda a confiança que tínhamos no suposto poder e presença das coisas do mundo externo - quer sejam dólares, "pães e peixes", tormentas, pecado ou doença - e depositando nossa fé no verdadeiro e único poder, que é o de Deus, que aparece como a nossa consciência individual em cada um de nós. Esse Eu, esse Eu que eu sou, é a lei para toda tormenta.


Ora, vendo eles que Jesus e seus discípulos já não estavam lá, embarcaram e foram a Carfanaum, em busca de Jesus. Deram com ele na outra margem e perguntaram-lhe: "Mestre, quando foi que chegastes aqui?"

Respondeu-lhe Jesus: "Em verdade, em verdade, vos digo: Andai à minha procura, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos."
(Jo 6: 24-26)



Sim, eles voltaram pelo pão. Mas teriam visto o milagre? Não perceberam que o pão fora produzido pela consciência? Acaso estavam interessados nisso? - Não. Estavam interessados somente em obter mais pães e peixes. Sua atenção estava focalizada nas coisas do mundo; estava presos ao ódio, ao medo, ao amor e ao desejo pelas coisas do mundo.

ESFORÇA-TE POR ALCANÇAR A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL

Isto nos leva a pensar no preceito: "Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir." De nada adiante sermos alimentados hoje pelo grande Mestre para a ele voltarmos amanhã em busca de mais alimento. Quando presenciais uma cura, procuras saber o seu segredo? Ou como operou o milagre, indiferente com os efeitos?

Por favor, observa este ponto. Cuida que teus sentimentos não fiquem hipnotizados pela magnitude da demostração, a ponto de esqueceres de investigar o seu segredo, a sua causa. Precisamos deixar que Deus, a consciência de nosso ser, seja a medida da nossa demonstração de cura. Sendo infinita, nossa consciência tem que manifestar-se como uma infinitude de "pães e peixes", como uma quantidade ilimitada de dólares, como um lar infinito, como ação ilimitada.

E agora chegamos à essência do nosso trabalho.

Lemos no evangelho segundo João, pouco depois do registro desta resposta de Jesus: "Andais à minha procura, não porque vistes sinais...", o seguinte:


"Não vos afadigueis por um manjar perecedor, mas, sim, pelo manjar que dura para a vida eterna e que o Filho do homem vos dará..."
(Jo: 6:27).



Não te afadigues, não estudes, não medites, nem dês tratamento visando a produzir um efeito. Não vivas no mundo dos pensamentos e dos objetos. Trabalha por conseguir aquele estado de consciência que produzirá equilíbrio na tua mente, no teu corpo, na tua carteira, no teu lar, na tua vida familiar, nas tuas relações em geral, bem como nos negócios nacionais e internacionais.

A consciência espiritual não dá valor à "comida que perece", mas, sim, àquela consciência que constitui a lei da vida e que se manifesta na forma de "comida perecível". Jesus não disse que não devamos ter essa comida. Ele disse que o Filho do homem nos dará a verdadeira comida e que é por essa que devemos nos esforçar, isto é, por esse estado de consciência.

O objeto desta obra/ensinamento é a revelação de um novo tipo de homem - a revelação, dentro de nosso próprio ser, do homem espiritual que de fato somos. A maioria de nós não está satisfeita com o que vê e com o que parece existir. Nunca estaremos satisfeitos enquanto não nos voltarmos para o homem que realmente somos. Então é que acabará a luta de todo momento entre o espírito e a carne. O término desta luta e a abertura da conciência ao desenvolvimento espiritual tornaram-se algo mais que uma vaga esperança quando os instrutores espirituais começaram a demonstrar que se precisa e como de pode viver realmente em contato consciente com Deus durante os sete dias da semana. O mundo está reclamando com o aparecimento de um novo tipo de homem, em cuja consciência não haja guerra nem coisa alguma que provoque hostilidades. E isto é realmente um milagre!


Perguntaram-lhe: "Que nos cumpre fazer para praticarmos as obras de Deus?" Respondeu-lhes Jesus: "A obra de Deus está em que tenhais fé naquele que ele enviou."
(Jo:6:28-29)



Este é um dos preceitos mais importantes que se encontram na Bíbia: "... que tenhais fé naquele que Ele enviou." Quem foi que Ele enviou? A Si mesmo, como a consciência de cada um de nós! Deus individualizado como o Filho! Deus enviou-se a si próprio em se manifestando como cada um de nós. Precisas aprender a confiar na tua própra consciência como sendo a Consciência de Deus aparecendo como tua consciência. Assim é como aprenderás a fazer as obras de Deus. Está certo fazeres essas obras, pois ele disse que poderemos fazê-las. Não fosse assim, ele poderia ter dito "Vós, pobre e pequeninas almas!", mas, pelo contrário, o que ele disse foi: "... que tenhais fé naquele que Ele enviou." Deves crer que a Consciência infinita, chamada Deus, foi enviada ao mundo como tua consciência.

A carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus. Se não entraste no reino do céu, é porque durante toda a tua vida tens estado a lidar com a carne o sangue. Agora precisas abandonar todo o teu interesse pela carne o sangue e começar a compreender "aquele que Ele enviou". Quando começares a crer real e verdadeiramente que Deus é a tua consciência, que tudo o que necessitas provém da tua consciência divina, e não de fora, não do munco dos efeitos, então estarás na primeira etapa da expansão espiritual.

Replicaram-lhe eles: "Que sinal nos dás para que o vejamos e te demos fé? Qual a tua obra? Nossos pais comeram o maná, no deserto, conforme está escrito: Do céu lhes deu pão a comer."

Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do céu; meu Pai é que vos dará o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá a vida ao mundo."
(Jo 6:30-33)



O que é esse "ele"? É um homem, ou é a tua consciência? É a Consciência divina aparecendo como a tua consciência individual a dar vida a teu corpo, a sustentar tua posição social, teu lar. O pão de Deus é a Consciência divina, infinita, que aparece como tua consciência individual: é Deus a desdobrar-se, revelar-se, manifestar-se como teu ser individual. Quando souberes isto, poderás realmente crer n'Ele e esperar tudo o que for necessário na vida: todo suprimento, toda paz, todo domínio.


Disseram-lhe eles: "Senhor, dá-nos sempre esse pão." Tornou-lhes Jesus: "Eu sou o pão da Visa. Aquele que vier a mim jamais terá fome; e quem crê em mim jamais terá sede."
(Jo: 6:34-35)



O mundo pensa que esse "mim" representa um homem chamado Jesus Cristo, que viveu há dois mil anos. Mas esse "mim", esse "Eu" é Deus, o Ego infinito, que aparece como o ego individual. "Eu sou o pão da vida"; e o lugar onde estou é terra santa porque Eu estou nele. Não é isto algo tremendo?! A Consciência espiritual individualiza-se como sendo tu! O mundo tem estado a dizer que Jesus Cristo é ou foi essa Consciência, esse Eu, mas como nos poderá tal coisa ajudar, se somente Jesus é essa Consciência, esse Eu, e eu não O sou?

"... Bem vos dizia eu que não crêdes, ainda que me tenhais visto. Tudo quanto o Pai me dá vem a mim; e eu não repelirei a quem vier comigo; porque desci do céu, não para cumprir a minha vontade, mas, sim, a vontade daquele que me enviou."
(Jo 6: 36-38)



Percebe que isto se aplica a nós? Que o nosso único propósito é "fazer a vontade daquele que me enviou"? Ser algum poderia ser atraído a uma pessoa agora, ou há dois mil anos atrás, só por possuir esse alguém alguma espécie de mensagem pessoal. A menos que percebas que, não apenas eu, o autor destas palavras, vim a este mundo para fazer "a vontade daquele que me enviou", mas que esta também é a tua missão na vida, não terás alcançado o ponto mais importante de toda esta obra.
Cont...


quinta-feira, junho 23, 2011

Todo o poder está na Consciência - Final

Joel S. Goldsmith

CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL

Este ensinamento trata da expansão das atividades da consciência, ou seja, de auto-revelação ou automanifestação de Deus, a Consciênca Infinita, Indivisível, que Se revela, Se desenvolve, e Se manifesta como consciência individual. Este trabalho é, potanto, de natureza individual e deve ser realizado pelo esforço próprio de cada um - pelo teu esforço.

E teu êxito se revelará quando alcançares certo grau de consciência espiritual.

Consciência espiritual é esse estado de consciência do qual desapareceream até certo ponto as crenças mundanas. Consciência espiritual, ou consciência-crística, é esse estado de consciência que não mais reage às coisas do mundo externo. Tu és consciência infinita, espiritual. És a lei para a tua vida. Nada do que está fora de ti - nada do que existe como efeito - pode ter influência ou autoridade sobre ti. És a lei para todo efeito. Quando amas, odeias ou temes alguma coisa do mundo externo, é porque estás hipnotizado, num estado de consciência mortal.

O que os seres humanos mais procuram neste mundo é ganhar dinheiro - primeiro o dinheiro, depois o sexo. Estas são as coisas que a humanidade busca com mais empenho. A consciência mortal valoriza o dinheiro e diz: "Isto me ajudará muito!". Mas a consciência espiritual não confia nele. Ela conhece a verdadeira natureza do suprimento: "Suprimento é a minha consciência individual; é a Consciência-Deus individualizada como sendo eu. Seja lá o que for que pareça necessário à minha vida, terá que vir como revelação da infinitude da minha consciência. Por isso não me procupo com a aquisição de um dólar ou de um iate."

Esta é a atitude que precisas aprender a tomar, que precisas praticar até que se torne uma realidade em tua vida. Humanamente, esta atitude não é natural para os adultos, mas o é inteiramente para as crianças. A criança, que ainda não aprendeu a valorizar o dinheiro, é capaz de lançar fora uma moeda de ouro de vinte dólares. Seu senso de valor é o afeto, o amor que sente aos pais e o que estes têm por ela. Este amor é o seu suprimento, e ela o sabe. Enquanto existir esse afeto entre a criança e seus pais, o alimento diário, a roupa e o lar se lhe apresentarão naturalmente. O amor é o senso de suprimento da criança. Somente quando perde este senso de amor é que o seu senso de suprimento muda e passa a representar-lhe cinquenta centavos ou um milhão de dólares.

Precisamos voltar a ter essa mesma confiança que tínhamos nos dias de nossa infância. O Mestre nos disse que temos de nos tornar "como uma criança" (Lc, 18:17). Procuremos, pois, voltar a esse estado em que não se considera o dinheiro como suprimento. Comecemos a compreender que o nosso suprimento é o Amor, a Consciência, ou a espiritualidade, e que enquanto tivermos a presença do Amor, tudo o que precisarmos chegará até nós pelo desdobramento natural de Sua presença. Isso representa uma etapa no desdobramento e revelação de Deus, a divina Consciência, que aparece como amor, suprindo as nossas chamadas necessidades humanas. É fácil compreender que por algum tempo precisa-te lembrar, toda vez que lidares com dinheiro, de que este não é suprimento, mas, sim, efeito do Amor, o resultado da presença de Deus, que aparece como a tua consciência. Deste modo, desenvolverás, pouco a pouco, dentro de ti mesmo uma atitude na qual não reconhecerás o dinheiro como o teu verdadeiro suprimento.

Como exemplo disto, cito o caso do casal de hindus que se iniciou na vida espiitual e se pôs a caminho com suas tigelas de pedintes. Certo dia, quando andavam por uma estrada, o marido à frente, e bem perto da mulher, inclinou-se e apanhou algo no chão, esfregou-o no manto e meteu no bolso. A mulher perguntou o que havia encontrado. Quando ele mostrou um diamante, ela de imediato o repreendeu com severidade: "Estamos vivendo uma vida espiritual. Como poderá este diamente ter mais valor que o lôdo de que lhe tiraste?" O valor não está no diamente. O valor está em nossa consciência. O valor é a nossa consciência, que é a substância, a forma, o princípio e a lei para o diamante. Enquanto Eu existir - e o "Eu" é Deus -, serei a lei que produzirá aquilo que eu precisar, sob a forma necessária, seja ela qual for.


TODO O PODER ESTÁ NA CONSCIÊNCIA

Vamos supor que alguém te telefone e diga: "Estou doente. Ajuda-me." Pois bem: até agora, quando alguém te dizia: "Não me sinto bem", provavelmente negarias isso, mas daqui por diante vamos aprender a não mais negá-lo. Não vamos levantar uma "parede" diante da doença. Ao invés disto, responderemos: "De que se trata? De algum poder? De alguma presença? De alguma realidade? Ou todo o poder está na consciência do indivíduo, que é a lei da saúde? E esse tumor, essa dor, ou essa carência, constituem alguma lei? Não. Naturalmente que não."

Desde o momento em que comecem a pedir-nos ajuda, esta deve ser a nossa atitude, a nossa compreensão. Poderemos encontrar-nos dizendo a nós mesmos: "E daí?" ou alguma coisa semelhante que nos ajude a concordar com o adversário. O princípio da cura é o seguinte: "Entra em acordo sem demora com o teu adversário." Não poderás combater coisa alguma com que estiveres de acordo. No momento em que te empenhes em luta ou combatas qualquer afirmação errônea que se te apresente, estarás acirrando o ânimo do teu adversário, ao invés de te reconciliares com o que se te afigura um erro mas, que na realidade, não passa de uma ilusão - se é que pode haver realidade numa ilusão. No instante em que combates ou atacas qualquer erro como algo que precise ser removido, tu o estarás ajudando a firmar-se, e então ninguém sabe quanto tempo a cura levará. As curas instantâneas se realizam quando o curador está cônscio ou convicto de que não existe poder ou presença na suposta manifestação do erro.

Havera tal coisa como possibilidade de cura enquanto estivermos pensando em cura ou tentando curar doenças ou seja o quê for? A cura resulta do reconhecimento de que a consciência individual é Deus, ou que Deus é a consciência do indivíduo. A consciência do indivíduo é a lei que determina o estado em que ele se encontra externamente. Em linguagem bíblica: "maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo."

A Consciência, de Deus - a consciência do indivíduo -, é sempre a lei, é sempre a presença, é sempre a realidade. Tudo o que aparece exteriormente não passa de efeito e, como tal, não pode ser a lei. Como efeito, não pode ser causa. Como efeito, não pode ser poder. Nenhum efeito pode ter poder sobre outro efeito. É lei espiritual. A Consciência é todo o poder. Todo poder vem do Alto. Deus deu domínio ao homem. Em outras palavras: Deus, a Consciência universal, deu ao homem, isto é, à consciência espiritual individualizada, todo o poder sobre todas as coisas que existem no reino dos efeitos, quer seja uma pequenina flor ou um planeta no céu.

No momento em que admitires que alguma coisa do reino dos efeitos tenha domínio sobre ti, estarás convertendo-a em lei para ti mesmo, e por isto sofrerás enquanto não mudares de atitude para com essa coisa, compreendendo não ser possível que o Eu, a plenitude de Deus manifesta, o Filho infinito de Deus, de quem Deus disse: "Filho, tudo o que é meu é teu", esteja à mercê de alguma coisa do mundo externo, à mercê de alguma condição ou de qualquer conjuntura externa. Quando te compenetrares de que Deus, a Consciência divina e infinita, constitui a consciência do indivíduo e é a lei para o universo, tomarás posse da tua vida e terás certo grau de domínio sobre ela. Do contrário, continuarás vítima de certa forma de governo externo, de certa quantidade de dólares; vítima de germes, infecções ou contágio. Somente à medida que conscientizares tua unidade com Deus; somente até o ponto em que sentires realmente que és a própria presença de Deus atuando como uma lei para o teu universo, somente até esse ponto é que serás senhor da tua existência!

"Onde está Deus, eu estou. 'Eu e o Pai somos um'. O lugar onde estás (onde Eu estou) é solo santo. Se faço minha cama no mais profundo abismo, Eu, Deus, estou ali. E esse EU SOU é uma lei para tudo o que aparece como sendo o universo inteiro, o universo externo do efeito."

O primeiro passo para atingir a Consciência-Cristo, consiste em perder o medo seja do que for, no mundo do efeito. A Consciência-Cristo não teme nem pecado, nem se horroriza deste, mas limita-se a dizer: "Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais. Quem vos impediu? Levanta-te, toma o teu leito e anda." E por que? Porque dessa maneira ela se põe de acordo com o adversário e reconhece que o único poder é a consciência do indivíduo. Toda vez que vires pecado, carência ou limitação no cenário da vida externa, em vez de te precipitares a dar tratamento, deverás dizer: "Não, tu não vais me fazer de tolo! Tu existes como uma espécie de efeito. Não passas de uma ilusão como aquela de que os trilhos de estrada de ferro se encontram num ponto distante de nós. Meus olhos já não me enganam mais."

Não dês tratamentos! Não dês tratamentos a Deus e Seu universo! O tratamento, em si mesmo, não tem valor. A história da metafísica não conhece ninguém que tenha alterado alguma condição real por meio de tratamento. Nunca se melhorou alguma coisa em todo o universo espiritual por meio de tratamento. O que tem valor é a oração. Ora sem cessar, porque oração é desdobramento de consciência. Pela tua oração é que Deus se manifesta e ti. Em teu estado de oração é que Deus revela Sua verdade à tua consciência individual.

Oração é revelação da realidade divina à nossa consciência individual. O segredo que nos permite viver espiritualmente, consiste em nos voltarmos para dentro de nós mesmos, nos observarmos e estarmos sempre procurando ouvir a realidade divina. Este é o segredo que nos revela Deus como o centro de nossa indvidualidade. Nesta intimidade de nosso ser - e somente nela -, é que se encontram a harmonia, a paz, alegria, poder ou domínio.

É nessas profundezas de teu ser que o universo espiritual deve revelar-se a ti. Não te deves preocupar ou perturbar com o que estiver acontecendo no mundo. Não quero dizer que escondas a tua cabeça na areia. Continuarás cuidando dos teus negócios, levando a vida segundo o teu mais alto sendo de retidão. Mas não te interessarás pelo resultado dos teus esforços, quando viveres conforme esse senso de retidão.

Lembra-te: Existe um universo invisível, e tu o estás procurando. "A carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus" (I Co 15:50). Nada do que existe para os teus sentidos mortais poderá ser levado para o Reino de Deus. Agora, não nos dedicamos a procurar melhorar as condições humanas, mas à revelação de Deus e do universo espiritual, que se manifesta como a nossa consciência individual. Há um universo infinito, invisível. Há um mundo de ideias espirituais, mas esse mundo não tem relação com o mundo das coisas que podemos ver, ouvir, apalpar, saborear e cheirar. O que percebemos neste mundo dos sentidos é um panorama deformado da ideia divina, do universo real que vemos "obscuramente, como por espelho em enigma". Aqui mesmo, justamente onde parece que estamos, está Deus. Mesmo em qualquer lugar onde pareça haver um fenômeno mortal, por mais insignificante e corriqueiro que seja, também ali está presente o universo espiritual. Nós o contemplamos "como espelho", e o chamamos de mortal e material. Mas, em sua verdadeira imagem, em sua verdadeia essência, ele é espiritual e divino.


quarta-feira, junho 22, 2011

Todo o poder está na Consciência - Parte 1


Joel S. Goldsmith


O objetivo de "O Camnho Infinito" é levar-nos a experimentar o desdobramento da atividade de Deus como consciência individual. Trata-se de uma revelação dentro de teu próprio ser, de algo que ocorre dentro de ti.

O Reino de Deus está dentro de ti. Na verdade, tu és a individualização, de tudo o que Deus é: "Filho, tudo o que é meu é teu" (Lc, 15:31).

O Trabalho de "O Caminho Infinito" consiste em revelar o Infinito Invisível dentro de ti, dentro da parte exterior a que chamamos de ser humano e que, na realidade, não é ser humano, e, sim, um ser divino. O mundo interpreta o cenário da vida humana em termos humanos. Mas o que aparece no mundo como se fosse um ser humano, isto é, como 'tu', como 'eu', receberá, das profundezas de seu ser, mediante este trabalho, a revelação da sua verdadeira natureza.

A revelação que emana deste trabalho não é como a que se faz de um intelecto para a outro intelecto. É a divina Consciência revelando-Se como ser individual. Para os homens, as coisas de Deus são tolice, mas "se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça" (Mc, 7:16). Que esta mensagem se afirme e se firme na tua consciência; que estas palavras circulem na tua consciência até que possas captar a visão interna do que se contém nestas linhas. Então a mensagem será tua. E poderás transmití-la, não com as minhas palavras, com a minha linguagem, ou usando o relato das minhas experiências; será a tua própria revelação desta mesma verdade.

Em metafísica, não se pode ir muito longe ensinando apenas a letra da verdade. O verdadeiro ensinamento consiste na revelação da consciência interna. Se eu te transmitir algo que apenas ouvi, ou li, ou memorizei, isso não encontrará eco em ti. Se o ensinamento não tiver se tornado minha própria consciência, não poderás assimilá-lo. A única verdade que receberás na tua consciência, lendo este livro/texto, será aquela que for parte viva de meu ser. Perceberás a chama dessa verdade, e ela deitará raiz dentro de ti.

Infelizmente, na prática da metafísica se fazem aos pacientes muitas afirmações cujas verdades não foi demonstrada nem se tornou parte viva da consciência do curador.

Não há verdade mais profunda que a declarada nesta afirmação: "O erro não existe". O universo mortal deveria entrar totalmente em colapso quando se declarasse essa verdade, mas apesar do número de vezes que ela tem sido afirmada, o mundo continua sempre do mesmo velho modo. Por que? Porque a verdade desta afirmação não se tornou idéia incorporada à consciência e absorvida por ela.

O curador espiritual poderá dizer ao paciente: "Não existe senão uma vida, e essa vida é Deus. Isto que estás vendo é sugestão, não é real, não faz parte do teu ser." Quando o curador tem convicção e consciência desta verdade, muitas vezes o erro - a doença, o pecado, ou a carência - desaparece sem que ele precise fazer afirmações. Entretanto, se o curador estiver simplesmente a repetir o que viu, o que leu, ou alguma coisa de que se recorde, apenas desejando e esperando que isto seja verdade, então suas afirmações não terão poder algum.

As coisas de Deus são tolice, para os homens, e assim também os assuntos dos homens são tolices para Deus. Procura lembrar-te disto quando fores tentado a levar qualquer dos teus problemas a Deus. Pensar que Deus cure um corpo enfermo, ou que solucione determinado problema de desemprego, ou que faça com que seja eleito o teu candidato favorito, é tolice. Os assuntos humanos, os relativos a este sonho de Adão - este sonho de existência material de toda a humanidade - são desconhecidos de Deus. Isto é o que torna possível a cura. A doença não tem existência real: é desconhecida de Deus. É por isto que a doença e a aflição, ao se chocarem com a consciência que conhece esta verdade, inevitavelmente se rendem pela impotência própria da sua nulidade.

Lembra-te sempre de que, no mundo espiritual, ensinar e aprender são coisas espirituais. Entra na tua consciência e ora a Deus. Roga a Deus que te seja revelado o teu mestre e o conhecimento que ele deve impartir. Ora assim: "Pai, conduz-me a ele; conduz-me ao mestre; conduz-me ao meu mestre".

O objetivo e consequência da prática dos ensinamentos do Caminho Infinito é a expansão das atividades da tua Alma, o desenvolvimento das faculdades a Alma do teu próprio ser. Precisas escolher um instrutor espiritual com muito mais cuidado do que o que terias na escolha de um professor na esfera dos conhecimentos humanos. Para aqueles que transmitem conhecimentos espirituais, o ensino é um ministério sagrado. Um instrutor deve viver de tal maneira na consciência de Deus, que possa tornar-se capaz de impartir realidades divinas. Isso só poderá ser fruto de um estado de consciência de quem pratica e vive esta verdade. Nada é mais sagrado do que o ensino espiritual. Nada existe que mais contribua para elevar-te acima o senso de vida mortal, material, que o ensino espiritual correto.

Sê, pois, guiado pelo Espírito! Faze desta busca de um mestre um rito sagrado! Quando receberes alguma instrução, ou a encontrares em algum livro, senta-te silencioso e medita durante algum tempo: dá-lhe oportunidade de trabalhar dentro de ti.
Cont...


sábado, junho 18, 2011

O VERDADEIRO REVERENCIAR - Final


Masaharu Taniguchi

A reverência e a oração não serão verdadeiras se não forem absolutamente incondicionais. Reverenciar ou orar sob alguma condição é como fazer uma transação.

Falamos em reverenciar o marido, a esposa, os filhos, etc., mas é preciso que a reverência seja absolutamente incondicional. Não devemos fazer a oração ou reverenciar os outros, pensando que em troca disso receberemos graças. Se uma esposa reverenciar seu marido pensando que desse modo ele deixará de frequentar boates e se envolver com outras mulheres, não conseguirá melhorá-lo. Pelo contrário, ele poderá até piorar. Não adianta recorrer à reverência como um meio para corrigir as distorções de algo ou alguém. Com esse expediente, não é possível ocorrer a melhora. Para endireitar o que está distorcido, não adianta ater-se ao aspecto distorcido e recorrer a expedientes para endireitá-lo. É preciso deixar de ver o aspecto distorcido e contemplar unicamente o ser verdadeiro, sem nenhuma distorção.

Conta-se que havia, outrora, uma velha que vendia bolinhos à beira da estrada para Godaisan. Godaisan é um dos lugares do Zen-budismo, e muitos monges peregrinos passavam por aquela estrada. Como a estrada se bifurcava um pouco adiante da barraquinha da velha, os monges paravam e lhe perguntavam: "Qual dos dois caminhos devo seguir para chegar a Godaisan?" Consta que a velha respondia invariavelmente: "Siga reto, sempre para frente". Não obstante haver ali dois caminhos, a velha dizia: "Siga reto, sempre para frente".

Isso é muito interessante, e nos faz refletir. A velha vendedora de bolinhos sabia com tanta certeza o caminho para Godaisan, que sua mente nem cogitava na existência da bifurcação. Assim também devemos ser, na jornada da vida. Não devemos cogitar na existência de "bifurcações". O Caminho é um só, e basta seguí-lo. É ilusão pensar que há "bifurcação" na estrada da vida. É ilusão o pensamento dualístico de que existem o bem e o mal, a saúde e a doença, a luz e a treva, etc. É preciso desfazer essa ilusão, negar tal dualismo, passando a crer que existe unicamente o bem, unicamente a saúde, unicamente a luz. Se assim acreditarmos, assim será a nossa vida.

Como era sábia aquela velha vendedora de bolinhos, não acham? Basta seguirmos reto, sempre para frente. Não há o que vacilar, olhando para os lados. Não haverá erro se seguirmos em frente o caminho natural do ser humano, de acordo com a nossa natureza original. Os erros ocorrem porque nossa mente, devido à ilusão, ora se dirige para um lado, ora para o outro. Em última análise, os erros não passam da consequência de mantermos cerrados os olhos da mente e ficarmos desorientados. Contanto que abramos os olhos da mente e sigamos reto, infalivelmente surgirão coisas boas. Neste mundo não há nada que seja má, porque Deus não criou o mal.

Novamente vou falar do mestre Kyoguen. No livro Mumon-Kan, consta um Koan (questão para meditação) apresentado pelo mestre Kyoguen. É o seguinte: Suponhamos que tu estejas dependurado sobre um abismo, sustentando o teu peso com teus próprios dentes, cravados num galho que se estende sobre o precipício. Nesse momento, aproxima-se um sacerdote Zen e te pergunta: "- Por que Dharma veio à China, vindo do Oeste?" Em tal circunstância, como procederás?

De acordo com as regras do Zen, aquele que não responder uma pergunta formulada será considerado derrotado. Mas se a pessoa, na circunstância acima, abrir a boca para responder, cairá no abismo e morrerá. Então, o que fazer? É o que chamamos de dilema. Os Koans do Zen geralmente envolvem um dilema. Apresentam situações como aquela em que uma pessoa se vê entre duas espadas. Avançando ou recuando, será perfurado pela espada.

Apresentado o Koan, os discípulos do Zen fazem a concentração espiritual, meditam profundamente sobre a questão, e finalmente expressam as ideias que lhes pareçam constituir a solução do problema. Os discípulos cujas ideias forem aprovadas serão considerados diplomados nesse Koan.

As situações aparentemente dilemáticas como a do Koan acima citado não são meros temas para meditações filosóficas. Com frequência, as pessoas deparam realmente com situações comparáveis àquela, na vida cotidiana. Por exemplo, alguns me dizem: "sei que é contra a lei sonegar os impostos. Mas sou um pequeno comerciante e, se não sonegar os impostos, meu negócio não poderá se manter, e eu e minha família passaríamos fome. O que devo fazer?" Perguntas como essa, sobre situações dilemáticas, são-me feitas frequentemente. Em qualquer área de nossa vida surgem situações dilemáticas. então, como devemos proceder para solucionar esses Koans que nos são apresentados na vida prática?

À luz dos ensinamentos da Seicho-no-ie, a solução é fácil. Não há dificuldade alguma em solucionar dilemas como aquele em que a pessoa sabe que é contra a lei sonegar os impostos, mas sabe também que, se não praticar a sonegação, seu negócio não poderá se manter e sua família passará fome. a solução do dilema pode parecer difícil para quem fica a ver dois caminhos diante de si. É preciso deixar de ver dois caminhos. A Seicho-no-ie ensina que não existem dois caminhos. O caminho é um só e, portanto, basta "seguir reto, sempre para frente", como dizia aquela velha vendedora de bolinhos. Só existe um caminho. O caminho para vivermos verdadeiramente é um só. No entanto, devido à ilusão, nós próprios criamos dois caminhos antagônicos, pensamos que existem o caminho da treva e o caminho da Luz (bifurcação) e que eles se conflitam, e isso é que constitui o erro fundamental.

Não existem situações em que devamos escolher entre sonegar os impostos ou morrer de fome. Imaginar existente o que não existe, isso é ilusão. Muitas pessoas, em estado de ilusão, ficam a conjeturar a existência de vários caminhos diante de si. Pensam que há dois, três ou mais caminhos, quando, na verdade só existe um. Devido a isso, ficam indecisos e desorientados, acabam se esgotando mentalmente e passam a sofrer de depressão, insônia e tensão. Desfazendo a ilusão de que há vários caminhos e conscientizando que o caminho é um só, tudo se resolverá facilmente.

Podemos dizer que o próprio mestre Kyoguen procedeu como um tolo ao apresentar aquele Koan do "homem sobre o abismo", que faz supor a existência de dois caminhos. Se esse Koan tivesse sido apresentado ao mestre Oo-Baku, talvez este tivesse esbofeteado o mestre Kyoguen, dizendo: "És um tolo! Não sabes que não existem dois caminhos? O caminho é um só! No entanto, pensas que existem dois caminhos e que é preciso escolher um deles".

Em verdade, nosso caminho é um só, e consiste em abandonarmos o apego e fazermos fluir naturalmente a nossa Vida, tal como ela é, sem distorções.

Alguns perguntarão: "Se assim proceder, tudo correrá bem?" Eles mereceriam ser esbofeteados pelo mestre Oo-Baku, pois quem faz tal pergunta certamente busca algo com sentimento de apego. O apego provém da mente em estado de ilusão. É preciso desfazer totalmente a ilusão. É tola a pergunta: "Se assim proceder, tudo correrá bem?" A essência do ser humano é a Vida. Quando a Vida flui tal como ela é, sem nenhuma distorção, nada haverá que constitua barreira. No entanto, muitos se perguntam, preocupados: "Seguindo reto, alcançarei o objetivo? Será que não vou esbarrar em nenhum obstáculo?" O que faz pensar assim é a mente em ilusão, mente que admite a existência de "bifurcações" no caminho da vida. Tais pessoas desconhecem a verdadeira natureza da própria Vida. Para a Vida não existe obstáculo. Portanto, só pode prosseguir. A nós, seres humanos, cabe revelar natural e plenamente essa verdadeira natureza da Vida.

"Assim obterei vantagens?", "Se proceder desse modo, ficarei curado?", "Com isso, minha situação econômica melhorará?" - tudo isso são questões de importância secundária. Quem faz tais perguntas são como aqueles que querem bebidas de segunda qualidade, e mereceriam receber do mestre Oo-Baku aquela repreensão: "Vocês não passam de bebedores de resíduos de sakê". Não devemos ser buscadores de "resíduos", que ignoram a existência da bebida da mais alta qualidade, que é a água da Vida. Bebendo da água da Vida (isto é, apreendendo a essência da Vida), tornamos-nos imortais. O próprio Jesus Cristo afirmou: "aquele que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte para jorrar para a vida eterna" (João 4, 14). Sim, aquele que descobrir dentro de si a fonte da Vida não morrerá nem adoecerá, ainda que a morte e a doença ocorram a nível fenomênico.

A fonte da Vida existe em toda parte. Existe também dentro de nós mesmos. O importante é conscientizarmos isso e sentirmo-nos profundamente gratos por esta suprema bênção. Se, não obstante conscientizarmos a fonte da Vida que existe em nós, ficarmos pensando "o que poderemos obter quando bebermos dela", estaremos apegados às questões secundárias. O apego é um empecilho.

Aqueles que reverenciam a Deus pura e simplesmente, sem nenhum apego, denotam a verdadeira nobreza espiritual. Neles, vemos a Vida reverenciando a Vida; um ser búdico reverenciando Buda; um ser divino reverenciando Deus. Reverência pura e simples - o importante é isso. Reverenciar e agradecer pelo fato de conscientizarmos que, assim mesmo como somos, estamos salvos e seguros no seio da Grande Vida (Deus).

A verdadeira fé não é aquela em que agradecemos a Deus pelo fato de ele nos proporcionar benefícios no plano fenomênico. Não se reverencia para que surjam dádivas ou para que o mundo seja iluminado. Podemos dizer que o mundo da Luz existe dentro das mãos postas em postura de reverência. Porém, isso não quer dizer que, espiando dentro das mãos, possamos vê-lo. As mãos postas simbolizam a Vida que reverencia a Vida. E onde a Vida reverencia a Vida, já está realizado o mundo da Luz, o paraíso. Mas, para apreendermos a Vida, devemos uma vez passar pela porta do "nada", isto é, abandonar a ideia de que o corpo carnal, a matéria e o mundo exterior são existências verdadeiras. Devemos abandonar inclusive a ideia de que o mundo interior existe. Se estamos pensando que nossa mente existe, ainda não abandonamos tudo. Devemos anular tudo o que é fenomênico. Precisamos uma vez apagar tudo o que está desenhado em nossa mente, tal como apagamos a lousa, compreendendo que tudo o que considerávamos existente era, na verdade, inexistente. Somente então surgirá o mundo verdadeiro, perfeito, inalterado, sem distorções.


("A Verdade da Vida, vol. 12", pgs. 174-180)

quinta-feira, junho 16, 2011

O VERDADEIRO REVERENCIAR - Parte 2

Masaharu Taniguchi


O próprio sacerdote Kyoguen, que foi mestre de Oo-Baku e também do príncipe Sen-Soo (que posteriormente tornou-se imperador), no princípio buscava Buda no mundo exterior. Vamos falar um pouco desse sacerdote famoso que, segundo consta nos livros, alcançou o despertar espiritual no momento em que ouviu o som produzido por uma pedrinha ao bater-se num bambu.

Kyoguen foi discípulo do sacerdote Içan durante muito tempo. Porém, por mais que ouvisse os sermões do mestre e lesse livros, não conseguia apreender a Verdade. Conhecia bem todas as sutras e era capaz de citá-las fluentemente, mas não conseguia penetrar no âmago delas. Certo dia, o mestre Içan ordenou: "Diga como é Buda. Diga-o com suas próprias palavras, com as palavras que vêm de dentro de você, e não aquelas escritas nos livros ou transmitidas por outras pessoas". Kyoguen foi incapaz de responder, pois não sabia, afinal, como era Buda. Então, queimou todos os seus livros, desistiu de continuar como discípulo do mestre Içan e retirou-se para uma localidade distante, onde construiu uma cabana e passou a viver sem se preocupar em saber como é Buda. Certo dia, estava ele a varrer o quintal que ficava ao lado de um bambuzal, quando o movimento da vassoura atirou uma pedrinha em direção a um bambu. No momento em que ouviu o som da pedrinha chocar-se na haste do bambu, Kyoguen teve a súbita compreensão de que o bambu, a pedra, o céu, a terra e ele próprio eram "um só" em sua essência - isto é, compreendeu que havia união intrínseca entre o céu, a terra e todos os seres - e alcançou o despertar espiritual.

Contanto que apuremos os "ouvidos da mente", podemos apreender a Verdade em qualquer lugar. Em todo lugar existem "mestres" que transmitem a Verdade. Seja uma pedrinha à beira do caminho, o capim que cresce por aí ou o bambu que cresce no mato revelam-se como portadores da mensagem da Verdade, quando os vemos com os "olhos da mente" e os ouvimos com os "ouvidos da mente".

O mestre fundador da seita Konkô disse: "Ouve agora o soar do universo abrindo-se". Antes de mais nada, é preciso saber onde se encontra o universo. A maioria das pessoas pensa que o universo se encontra fora de seu mundo interior. E muitos são os que pensam que os seres humanos são como fundos ou vermes que proliferam na face da terra. Se lhes for dito para "ouvir soar do universo abrindo-se", talvez eles pensem que haja alguma porta na terra ou no céu e passem a procurá-la aqui e acolá.

Para compreender o significado dessas palavras, é preciso, em primeiro lugar, saber que o universo existe dentro de nós mesmos. É também um engano pensar que Buda existe fora de nós; Ele está dentro de nós mesmos, e quando conscientizamos isso, as graças búdicas surgem naturalmente. Em última análise, não é preciso rogar as graças búdicas, pois elas estão em nós mesmos. Empenhar-se na busca de graças búdicas, sem perceber que elas estão dentro de nós mesmos - esse é o estado de ilusão. Como sabia disso, o mestre Oo-Baku disse: "Não estou buscando, com apego, nem Buda, nem a Verdade, nem a salvação dos homens. Estou, pura e simplesmente, reverenciando Buda". O próprio fato de se ansiar pelas graças búdicas constitui um grande erro. A mente que anseia alcançar o despertar, que anseia chegar ao estado búdico, é a mente em estado de ilusão. Buda está presente dentro de cada um de nós. A Verdade está dentro de cada um de nós. E as graças búdicas existem, abundantes, em cada um de nós.

No entanto, muitos vivem a buscar algo, pensando que o que procuram existe no mundo exterior. Acredito que as pessoas aqui presentes não sejam assim. Mas parece que a maioria das pessoas que queriam ser discípulos do mestre Oo-Baku vivia buscando algo que pudesse vir de fora. Certa vez, o mestre Oo-baku reuniu seus discípulos e ralhou-os, dizendo: "Todos vocês não passam de bebedores de resíduos de sakê". Se uma pessoa não passa de um bebedor de resíduos de sakê, naturalmente ela não está à altura de beber o sakê de primeira qualidade. Portanto, o que o mestre quis dizer foi o seguinte: "Nenhum de vocês está procurando a Verdade pura. Todos vocês estão apenas pensando em receber as graças búdicas". Buscar apenas as graças búdicas é como buscar apenas os resíduos de sakê. A Seicho-no-ie ensina que, em última análise, as graças também são "projeções" da mente. Corrigindo-se a atitude mental, desaparecem as distorções manifestadas no plano fenomênico.

O sr. Nakabayashi, que há pouco fez a palestra inicial, sofria de uma doença que o impedia de mover os braços e de manter o corpo ereto, e não apresentava sinais de melhora enquanto vivia brigando com seu irmão, mas, quando houve a reconciliação, logo ficou curado. O fato de ele ter recuperado a capacidade de mover os braços e manter o corpo ereto foi uma graça búdica, mas, em última análise, essa foi a "projeção" da mente do próprio sr. Nakabayashi, que deixou de odiar o irmão. Em outras palavras, o aspecto manifestado no plano fenomênico mudou porque a mente do sr. Nakabayashi mudou.

A maioria das pessoas fica exultante com as graças alcançadas - que, afinal, são projeções da mente -, esquecendo-se de se rejubilar com o que deu origem a essa graça. Aí está o equívoco. O mais importante não é a cura em si, mas sim o que deu origem a ela. Portanto, se uma pessoa procura reconciliar-se com os pais, irmãos ou qualquer outra pessoa por achar que esse é o meio para conseguir a cura, ela não está procedendo corretamente.

Como já disse, as graças são "projeções" da mente. Buscar apenas a graças é como buscar sombras. O mestre Oo-Baku poderia ter dito, portanto, a seus discípulos praticantes do Zen: "Vocês não passam de perseguidores de sombras".

Quando se fala no Zen, algumas pessoas podem pensar que o Zen consiste em ficar-se horas e horas sentado, com a mente concentrada, na expectativa de compreender alguma Verdade, mas o Zen não é isso. Zen é a própria Vida que existe em toda a parte do Universo. Portanto, é o próprio Buda, na linguagem budista, e é o próprio Deus, na linguagem do cristianismo. Buda (ou Deus, para os que preferem essa designação) está presente em toda parte. O já citado Rinzai foi esbofeteado pelo mestre Oo-Baku porque, sem compreender essa Verdade, perguntou-lhe onde poderia encontrar Buda. Buda (ou Deus) é onipresente. Portanto, está presente também dentro de nós mesmos. Muitas pessoas pensam que o grande mestre que conduz o homem à iluminação está em algum lugar do mundo exterior. Mas, na verdade, esse mestre está dentro de cada um.

Algumas pessoas, tendo-se curado através de remédios, dizem que "os remédios curaram sua doença"; outras, tendo-se curado através dos ensinamentos da Seicho-no-ie, dizem que "a Seicho-no-ie curou sua doença". Ambas as afirmações são incorretas. Nem remédios nem a Seicho-no-ie curam doenças. Então, o que é que as cura? A vida. A Vida é que cura doenças. Experimentem ministrar remédios num corpo sem Vida. Eles não surtirão nenhum efeito, é claro. Mas se ministrarmos remédios num corpo em que ainda existe Vida, esse corpo inicia o processo de cura, estimulado pelos remédios. Um cadáver não reage, por mais que lhe ministremos remédios ou apliquemos injeções de cânfora, de iodo, etc. Mas um corpo vivo reage. A Vida em ação - esse é o processo de cura.

Mas muitas pessoas pensam, equivocadamente, que a Seicho-no-ie é que as curou, ou os remédios é que as curaram. Tais pessoas, se fossem discípulos do mestre Oo-Baku, certamente seriam esbofeteados por ele três vezes, como aconteceu com Rinzai.

Muitas pessoas conseguiram a cura de suas doenças depois que passaram a frequentar a Seicho-no-ie. Mas, estritamente falando, não é a Seicho-no-ie que as curou. Quem as curou foi a própria Vida delas. A função da Seicho-no-ie é fazer com que as pessoas conscientizem que tudo existe dentro de si mesmas. Exortamos, pois: "Não tentem apoiar-se naquilo que vocês pensam existir no mundo exterior. Ergam-se com a força de sua própria Vida!" Erguer-se com a força de sua própria Vida - é assim que se alcança a paz espiritual e a independência. Quando se ergue com a força de sua própria Vida, a pessoa passa a não temer coisa alguma.

Na Prajña-paramitá-sutra está escrito: "Afastando as ilusões, não mais sentireis temor". Ilusão é o equívoco de julgar realidade aquilo que não é existência real e de buscar alguma coisa ou alguém onde eles não existem. Por exemplo: buscar no mundo exterior as graças búdicas, sem conscientizar a nossa própria natureza búdica, ou pensar que no mundo exterior existem muitas coisas que nos fazem mal - tudo isso é ilusão. Quando destruímos por completo e eliminamos da mente as ilusões, passamos a não temer coisa alguma. É isso o que está escrito na citada sutra.

Falamos em abrir-se o universo dentro de nós, e na manifestação de nossa natureza búdica. Isso ocorre quando abrimos os olhos de nossa mente. O ser humano está envolto pela Luz desde o princípio, mas não a vê porque mantém cerrado os olhos de sua mente, por si mesmo. Precisamos abrir os olhos da mente. Então, o paraíso se manifestará aqui mesmo e todas as graças nos serão dadas. É inútil buscarmos algo, movidos pelo apego. O apego é uma espécie de bloqueio. No entanto, a maioria das pessoas pensam, com apego: "Quero que me seja concedida essa graça". Para os que perseguem as graças com apego, a Luz da Verdade não se manifesta, e eles não conseguem alcançar as graças. Há pessoas que dizem: "Fui a Seicho-no-ie, mas a minha doença não sarou". Se não conseguiram a cura, é porque tinham a mente apegada à ideia de curar-se pela Seicho-no-ie. O apego, em relação ao que quer que seja, tolhe a nós mesmos. É por isso que a Seicho-no-ie ensina que não devemos nos apegar a coisa alguma. Devemos nos tornar livres de apego. Aquele que vive sem nenhum apego, em total conformidade com o fluxo da Vida, já é um "iluminado". É a própria imagem de Buda, manifestada aqui e agora. Buda se revela em toda parte, e isso é uma grande bênção.

A Sra. Yassukawa e o sr. Sato, citados no começo, estavam na entrada do salão de conferências e reverenciavam cada pessoa que entrava ou saía. Eles estavam fazendo isso com espírito totalmente isento. Espírito isento é espírito sem nenhum apego. Aquelas duas pessoas não estavam reverenciando os outros por achar que isso lhes traria alguma vantagem ou faria com que suas famílias recebessem graças. Ambos estavam reverenciando os outros com espírito totalmente isento. Com esse reverenciar, revelam sua natureza búdica. E também os outros revelavam espontaneamente a sua natureza búdica, ao serem assim reverenciados.
Cont...

("A Verdade da Vida, vol. 12", pgs. 168-174)

terça-feira, junho 14, 2011

O VERDADEIRO REVERENCIAR - parte 1


Masaharu Taniguchi


Certo dia, ao chegar ao salão de conferências, reparei em dois membros da Seicho-no-ie, a sra. Yassukawa e o sr. Kinjiro Sato, que reverenciavam respeitosamente cada pessoa que chegava ou saía. A imagem daqueles dois, que cumprimentavam e reverenciavam com profundo respeito a todas as pessoas, é o reflexo da imagem do próprio Buda.

Nem o sr. Sato nem a sra. Yassukawa estavam procedendo daquele modo motivados por algum interesse particular. Eles não estavam lá para zelar pela ordem do recinto e receber recompensa por isso. Eu vi refletida a image de Buda nas figuras daqueles dois que reverenciavam os outros, sem nada esperar em troca.

Reverenciar com a mente livre de qualquer interesse ou apego - essa é a atitude que reflete a imagem do próprio Buda.

Ainda ontem, estive lendo um livro da seita Zen, em que consta a seguinte história: Havia outrora na China um imperador chamado Sen-Soo, que se dedicou ao estudo da doutrina budista desde a infância. No princípio, ele estudou como grande sacerdote Kyogen, e posteriormente com o sumo-sacerdote Sai-An, época em que teve como colega o mestre Oo-Baku, que era o líder dos discípulos e que, mais tarde, fundou a escola Oo-Baku, do Zen-Budismo.

Pois bem: Certo dia, encontrando o colega Oo-Baku a orar fervorosamente diante da imagem de Buda, Sen-Soo (que, na época, ainda não era imperador) fez-lhe a seguinte pergunta: "Por que o senhor está orando a Buda, se, na sutra Vimalakirti está escrito que não devemos buscar, com apego, nem Buda, nem a Verdade, nem a salvação dos homens?" De fato, na sutra Vimalakirti consta que o homem não deve apegar-se ao desejo de alcançar o estado búdico e buscar isso com ansiedade; não deve apegar-se ao desejo de apreender a Verdade buscá-la ansiosamente; e nem mesmo deve apegar-se ao desejo de salvar as pessoas. Respondendo à pergunta de Sen-Soo, Oo-Baku disse: "Não estou buscando, com apego, nem Buda, nem a Verdade, nem a salvação dos homens. Estou, pura e simplesmente, reverenciando Buda". Portanto, aquela era a verdadeira oração, sem intenções nem apego.

Orando com total desprendimento, o homem se identifica com Buda. O que está escrito na sutra Vimalakirti significa o seguinte: É inútil o homem empenhar-se na busca da Verdade visando tornar-se um grande sábio; é inútil buscar Buda, visando igualar-se a ele; e é também inútil orar pela salvação de alguém, se essa oração é feita com a mente em apego. É muito comum as pessoas pensarem: "Quero que meu filho doente seja curado. Ouvi dizer que, orando à divindade "X", consegue-se a cura. Vou orar a ele todos os dias". Será inútil orar com essa atitude mental. Quando o filho adoece gravemente, algumas mães pensam: "Na Seicho-no-ie, ensinam que basta o casal restabelecer a harmonia conjugal para que os filhos recuperem a saúde. Portanto, vou procurar reverenciar meu marido". Essa não é a atitude mental correta, visto que se baseia no apego em relação ao filho. Podem haver casos em que se consegue a cura mesm partindo dessa atitude mental, como se verifica pelos fatos vivenciados por algumas pessoas, mas isso não é fé verdadeira. Mesmo assim, isto é, mesmo que a esposa procure harmonizar-se com o marido somente com o objetivo de curar o filho, tal atitude mental é melhor do que a de guarda rancor contra o marido. Porém, orar com aquela atitude mental denota interesse próprio, porque a pessoa se dirige a Deus movida pelo apego a alguém ou algo. Orar assim é como fazer uma trasação comercial. Se alguém pensa: "Orando, conseguirei benefícios", esse é um pensamento interesseiro, mercantilista. Não é a fé sincera e verdadeira. A verdadeira fé é aquela em que a pessoa nada pede a Deus, nada exige dEle. Por ter consciência disso é que Oo-Baku disse: "Não estou buscando, com apego, nem Buda, nem a Verdade, nem a salvação dos homens. Estou, pura e simplesmene, reverenciando Buda".

Consta que esse mestre Oo-Baku era um homem de quase dois metros de altura e muito energético para com seus discípulos. Tanto que, certa vez, deu uma bofetada em Rinzai, que mais tarde tornou-se mestre e fundou a escola Rinzai. O episódio se deu no tempo em que Rinzai era discípulo do mestre Oo-Baku. Estando já há cerca de três anos a dedicar-se ao estudo do Zen sob a orientaçãodo mestre Oo-Baku, e mesmo assim não tendo compreendido a essência dos ensinamentos, pensou: "Não posso ficar aqui, passando os dias em vão, indefinidamente. Mas o que devo fazer?" Resolveu então falar com o mestre Oo-Baku e perguntou: "Onde encontrarei Buda?" Sem nada dizer, o mestre deu-lhe uma bofetada.

Imaginem o que aconteceria se, nos dias atuais, um mestre religioso - por exemplo, um preletor da Seicho-no-ie - desse uma bofetada num adepto. Criar-se-ia um grande problema, é claro. Aliás, os mestres do Zen costumavam trazer na mão uma espécie de régua cumprida ou uma bengala, e usavam-nas para corrigir as posturas erradas dos discípulos durante a sessão de meditação ou, às vezes, quando um discípulo custava enteder os ensinamentos. Mesmo quando alguém procurava um mestre famoso para pedir-lhe que o aceitasse como discípulo, dificilmente era atendido. Quase sempre, o candidato era recusado. Mas muitas pessoas, por mais que fossem rejeitadas, insistiam em pedir para que fossem aceitas como discípulos. Hoje em dia, é diferente. Não há pessoas que buscam com tanto fervor o aperfeiçoamento espiritual. Se as igrejas fossem tão rigorosas e exigentes com aqueles que as procuram para encontrar o caminho da Verdade, eles logo desistiriam. Potanto, na Seicho-no-ie, não há professores "bravos" como o mestre Oo-Baku. Aquele que não trata os outros com bondade e paciência não consegue exercer bem a função de preletor da Seicho-no-ie. Os preletores da Seicho-no-ie jamais devem assumir ares de superioridade, como quem diz: "Sou eu quem oriento vocês". Devem ser humildes, e agradecer a Deus a oportunidade de transmitir os ensinamentos aos que vêm em busca da Verdade.

Mas voltemos ao caso acima narrado, e vamos refletir por que o mestre Oo-Baku esbofeteou o discípulo Rinzai. Essa análise é muito interessante.

Rinzai perguntara ao mestre: "Onde encontrarei Buda?" A mente ansiosa por encontrar Buda - esta é uma forma de apego. Era preciso que Rinzai abandonasse a ânsia de encontrar Buda. Era preciso, também, que ele compreendesse que, se ele está vivo, é porque Buda está vivo, aqui e agora. O mestre Oo-Baku, vendo a ansiedade de Rinzai e percebendo que ele se perdera na busca de Buda, pensou: "Esse tolo ainda não compreendeu que Buda está vivo, aqui e agora, junto de cada um de nós, e vive a buscá-lo aqui e acolá. Vou dar-lhe um bofetada, para que consiga despertar". Assim, o mestre esbofeteou o discípulo Rinzai para destruir a ilusão que o impedia de compreender a Verdade. E mesmo tendo sido esbofeteado, Rinzai voltou a perguntar: "Onde encontrarei Buda?", e o mestre tornou a esbofeteá-lo. Ainda assim, Rinzai perguntou pela terceira vez: "Onde encontrarei Buda?", e pela terceira vez o mestre o esbofeteou. Finalmente, o teimoso Rinzai desistiu. Ele pensou "Ficando aqui, só recebo bofetadas" e fugiu dali, indo procurar o monge Taigu, a quem contou o que lhe tinha acontecido. Então o monge Taigu disse: "Como é bondoso o seu mestre Oo-Baku! Volte para junto dele e torne a ser discípulo dele". Foi então que Rinzai compreendeu o propósito de seu mestre; voltou para junto dele, e finalmente alcançou o despertar.

Assim era o mestre Oo-Baku. Foi um grande homem; foi um homem arrojado. Não porque tinha quase dois metros de altura, nem porque esbofeteava os discípulos. Sua grandiosidade e arrojo está no fato de ele ter realmente "assimilado" Buda. Pessoas que sabem realmente quem é Buda e onde ele se encontra - essas é que são grandiosas e arrojadas. Mas a maioria das pessoas não sabe realmente onde se encontra Buda, e por isso vive a procurá-lo, a buscar a Verdade, a liberdade e todas as demais bênçãos de Buda. A partir do momento em que compreender realmente onde se encontra Buda, deixará de buscá-lo no mundo exterior.
Cont...

("A Verdade da Vida, vol. 12", pgs. 163-168)






domingo, junho 12, 2011

Chega de adiar - acorde!

Osho


Prepare-se para o dia — o amanhecer bateu à sua porta. Saia desse sono, não se esconda debaixo do cobertor, por mais aconchegante que seja e por mais que sua mente diga: "Fique mais um pouquinho, só mais alguns minutos".

Não dê atenção à mente, pois esses minutos nunca terminarão, e a mente está sempre adiando. Ela quer que você continue dormindo, porque a mente só pode existir quando você dorme.

Quando você desperta, a mente desaparece, assim como os sonhos desaparecem quando você acorda. A mente é um fenômeno onírico, constituído da mesma matéria dos sonhos. Por isso, chega de adiar — acorde.

quarta-feira, junho 08, 2011

Ensinamento relativo, Ensinamento Absoluto.




Os diversos textos e artigos postados neste site apresentam diferentes níveis de profundidade e de espiritualidade. "Espiritualidade" diz respeito ao Espírito. Significa cada vez mais "ir rumo ao Espírito" a fim de conhecê-Lo e apreendê-Lo total e por completo, inteiramente, absolutamente, de maneira que só haja Ele. Tal seria o ideal. Entretanto, essa tarefa pode ser ou parecer um tanto árdua e difícil. Assim, propositadamente às vezes são postados textos contendo carga relativa (pouco ou média) de espiritualidade e, outras vezes, textos com carga absoluta de espiritualidade. É o caso dos textos de cura que têm sido postados ultimamente. São textos absolutos, ao invés de relativos.

Quanto mais absoluta for uma literatura, mais desinteressante ela será aos olhos do mundo, pelo simples motivo de que ela não agrada ou alimenta o mundo e todas as coisas referentes a ele. O ensinamento absoluto não ensina o homem o que fazer para resolver os seus problemas, alcançar uma boa vida, ser mais saudável ou mais rico, nem dirá o que fazer para se elevar ou progredir espiritualmente. Seu objetivo é apenas um: fazer com que a pessoa conheça Deus, diretamente, aqui e agora. Atua no sentido da frase de Cristo, que disse: "larga tudo quanto tens, e segue-me".

A finalidade de um ensinamento relativo é a de provisoriamente suprir o homem, até que este esteja e condições de elevar-se ao nível do Absoluto. Identificado com o relativo, o homem ainda não é capaz de "largar tudo quanto tem", porque a vida humana lhe é interessante; o indivíduo ainda se entretém com o mundo, de um modo ou de outro. Ele sente-se atraído, o mundo lhe é real demais, o mundo satisfaz e é o bastante; assim, quer sempre viver o agradável e busca ter diversas experiências dentro do mundo. Uma espiritualidade que o ajude andar no caminho que deseja o agradará. Se um ensinamento puder ajudá-lo em suas intenções, será de grande valia. Mas não será de grande valor/atração aquele que diz: "larga tudo quanto tem, e me segue".

À medida que a pessoa vai transcendendo o mundo, a consciência passa a ampliar-se; o mundo, que antes era um grande palco, começa a ser visto como uma sala confinada, um aspecto diminuto da existência - apenas a "ponta do ice berg". E o Absoluto vai ficando mais leve de ser buscado, estudado, praticado.

O post anterior retrata bem essa faceta, quando diz que o mundo só aceita a Verdade quando esta vem disfarçada de fábula, metáfora, parábolas e alegorias. Se for dito ao homem diretamente que "Deus é tudo", isso não será compreendido/valorizado, é pesado demais - inaceitável. Igualmente, se lhe disserem que "a matéria não existe, mundo fenomênico não existe", também não aceitará. Mas se a mesma verdade é dita de maneira camuflada, polida, revestida de aspectos agradáveis, então ele poderá dar uma chance. Mas a chance dada é em função das vestes, da aparência falsa, do encobrimento, a partir do que ele espera obter a satisfação de suas expectativas mundanas, e nisso ele perde o essencial. Por isso, a verdade nua e crua não é aceita, por ser vista como inalcançável (avaliação feita com base em verdades pré-concebidas), impossível, e até mesmo por ser boa demais pra ser verdade.

Na verdade, a Verdade nua e crua coloca o homem numa posição de perigo. Se ele a aceitar, terá de abrir mão de todos os seus condicionamentos, conceitos, crenças, pensamentos... é como se ele tivesse que abrir mão de si próprio, tamanho o grau de sua identificação com tais coisas. Por isso, ele não aceitará. Mas se a Verdade vier maquiada, disfarçada com palavras como "Deus pode ser alcançado, um dia isso acontecerá", então de repente tudo se torna muito lindo. Isso permite que o homem mantenha-se como ele é pelo menos por hoje/agora, e a Verdade passa a ser uma filosofia bonita, com a qual a pessoa se orgulha de viver. Enquanto isso, permanece o fato de que o agora é sempre agora e de que a verdade estará sempre no futuro. É uma posição bastante confortável. Esse condicionamento impede por completo a Verdade Absoluta de ser percebida.

O ideal era que somente a Verdade Absoluta fosse buscada. Mas o mundo seduz bastante. A fim de ajudar (pouco a pouco) o homem a superar tal demasiada atratividade pelo mundo, existem os ensinamentos relativos. Tanto Jesus Cristo como Buda possuíam doutrinas provisórias, a fim de poder preparar e conduzir as pessoas à realização da Verdade espiritual. Portanto, a espiritualidade possui graus, níveis de crescimento espiritual, (falando de um ponto de vista relativo). Em contrapartida, não há nada para ser alcançado, porquanto tudo já está feito - tudo já é - neste exato agora. Do ponto de vista absoluto, não existem níveis de desenvolvimento espiritual, há apenas um único estado de consciência, o Absoluto, que é Deus. Deus é o ponto de partida: o começo, o meio e o fim para todas as coisas. A partir dessa verdade, o mundo da relatividade não se extingue, e sim passa a ocupar o seu devido lugar, recebe tão somente o devido valor que lhe cabe, e tudo se ajusta. Ninguém perde o mundo por simplesmente abandoná-lo.

Portanto, tente compreender essa diferença de visão (ponto de vista). Pondere acerca do que é ensinamento relativo e absouto e, na medida do possível, esforce-se por preparar-se, até sentir-se pronto, para buscar compreender e praticar o Absoluto. O Absoluto governa também as nossas vidas no mundo fenomênico relativo. Tais coisas serão meras decorrências. Vale a máxima bíblica, que diz: "Buscai primeiro o Reino de Deus e sua Justiça, e as demais coisas lhe serão acrescentadas"... "A Verdade vos libertará".



segunda-feira, junho 06, 2011

A VERDADE ACEITÁVEL




A Verdade desejou visitar o palácio do homem, e um dia se anunciou tal como ela é: nua, jovem e bela. O porteiro, embora escandalizado, foi consultar o ministro. Mas este, quase sem fôlego, explodiu:

- Estás louco? Que seria de nós se a Verdade aqui entrasse? Enxota esta despudorada!

Apesar de expulsa, a Verdade continuou desejosa de visitar o palácio do homem e reapresentou-se com o nome de “acusação”. Veio, desta vez, trajada de amazona e brandindo o chicote. Novo choque do porteiro e novo pasmo do ministro:

- Estás louco, porteiro? Já pensaste o que seria de nós se a acusação aqui entrasse? Dize-lhe que está indevidamente vestida!

A Verdade se foi, mas, como estava firmemente decidida a visitar o palácio do homem, voltou, uma terceira vez, lindamente trajada. O porteiro se maravilhou ante seu aspecto e formosura:

- Quem és, gentil criatura?
- Sou a Fábula e desejo visitar o palácio.
- A fábula!? Oh!... Já vou anunciá-la ao Sr. Ministro.
O ministro veio logo recebê-la, solícito e sorridente, e começou a distribuir ordens:
- Iluminem e adornem o salão! Chamem os músicos! A Fábula nos está visitando!

Rejeitada como verdade mesma ou como desmascaramento do falso; a Verdade só é admitida pelo homem comum sob os agradáveis disfarces da fábula, da parábola e das alegorias...

sexta-feira, junho 03, 2011

Cura: uma prova da perfeição imutável


Dárcio Dezolt


Jesus criticou a "geração incrédula" em busca de “sinais”; mas, sabedor disso, fazia as curas por entender que para as mentes endurecidas, somente “provas materiais” seriam levadas em conta, e não revelações absolutas! Ainda hoje, o mundo se encanta com “demonstrações visíveis” da Verdade; e isto por estar a mente coletiva atuando na matéria e não no Espírito.

DEUS É TUDO! Não existe “vida material”. DEUS É ESPÍRITO! Não existe “matéria”. DEUS NÃO MUDA! Não existe tempo ou alterações temporais! DEUS É ONIPRESENTE! Não existem “presenças” “além de MIM”. Mas por estar a maioria sob uma ILUSÃO DE MASSA, as mentiras se fazem passar por verdades.

As imagens falsas de imperfeições deixam de permanecer, quando unicamente a Verdade é louvada, reconhecida e entendida como Fato permanente. A tais supostas “mudanças visíveis” dá-se o nome de “cura metafísica”. Entretanto, se sua atenção estiver na ILUSÃO, aceitando problemas de saúde, de finanças, de relacionamentos, etc, você estará fazendo parte da “geração incrédula”, descrente da TOTALIDADE IMUTÁVEL DA PERFEIÇÃO DIVINA! Porém, se sua atenção estiver na VERDADE, os quadros falsos de problemas e imperfeições serão anulados, as “imagens de cura” surgirão em seu lugar, mas sem que o iludam por serem boas! Os “sinais”, ou as chamadas “curas”, são meramente “ILUSÃO BOA”, enquanto a Verdade é o Fato inalterável deste Agora único: A ONIPRESENÇA SE EXPRESSANDO COMO SEU EU!

Portanto, se as “curas”, aos olhos do mundo, forem “provas” da perfeição onipresente e permanente da Realidade, que sejam, para você, apenas a troca de um “pesadelo” por um “sonho agradável”. Não troque a Verdade absoluta por "sinais" das aparências! A Verdade está acima disso tudo! A Verdade é DEUS SENDO VOCÊ! Portanto, VOCÊ está acima disso tudo!