"A grande fé é a própria natureza búdica, e a natureza búdica é o próprio Buda." (Sutra do Nirvana)
***
"O Mestre pregou que aquele que se alegra por ter alcançado a fé é igual a Buda; a grande fé é a natureza búdica e a natureza búdica é Buda." (Louvor a Buda, de Shinran)
***
"Os mortais entregues a paixões mundanais e a multidão pecadora sujeito a nascimento e morte, se recorrerem ao poder salvador de Buda, nesse exato momento integrarão o grupo dos que receberam a promessa de alcançar o paraíso. Alcançando o paraíso, terão felicidade constante. A felicidade constitui a Imagem Verdadeira. A Iimagem Verdadeira á a natureza búdica. A natureza búdica é a Verdade. A Verdade é o absoluto. O Amita-Buda vem da Verdade e manifesta-se sob diferentes formas." (Ken-jodô-shinjitsi-kyô, gyô-shô-mon, lui-yon - hisshi-motsudo-no-gan, compilado por Shinran)
***
"As paixões mundanais não existem de modo verdadeiro. Buda é existência verdadeira, é a Imagem Verdadeira, é a suprema Verdade. Tudo o mais surge e desaparece segundo as leis relativas, de causa e efeito. Somente Buda é constante. Se, para atingir a Imagem Verdadeira de Buda, fosse necessário destruir paixões mundanais, então Buda e as paixões mundanais seriam elementos que se contraporiam: o primeiro seria elemento desejável, enquanto as segundas seriam elementos indesejáveis. Os elementos que se contrapõem são todos frutos das relativas leis de causa e efeito. A Imagem Verdadeira é absoluta e não se contrapõe a nada; está acima de toda relatividade. Portanto, quem prega que 'o homem não pode alcançar o nirvana enquanto não aniquilar paixões mundanais', ainda não compreendeu a suprema Verdade da Imagem Verdadeira e permanece em nível inferior. Em outras palavras, está pregando a verdade relativa, ou seja, a lei da causalidade. Segundo a suprema Verdade da Imagem Verdadeira, existe unicamente Buda, e nada existe além dEle. Logo, Ele é absoluto. Não é correto o dualismo que admite, de um lado, as paixões mundanais e, de outro lado, a iluminação por Buda. Existe unicamente Buda e a iluminação absoluta, que está acima de toda relatividade. Isto é a Imagem Verdadeira." (Coleção Koozui Ootani, vol. 5, p. 160)
***
"Um iluminado, ao ver as criaturas, o faz com total transcendência. Diz-se que ele conduz uma infinidade de criaturas ao nirvana, mas, na verdade, não existe sequer tal criatura que precise alcançar o nirvana. É como se o iluminado estivesse brincando de conduzir as criaturas ao nirvana." (Ken-jodô-shinjitsi-kyô, gyô-shô-mon, lui-yon - shuuloku no donlan daishi no lontyu, compilado por Shinran)
***
"Força externa de salvação é força salvadora de Buda." (Ken-jodô-shinjitsi-kyô, gyô-shô-mon - lui-ni, compilado por Shinran)
Masaharu Taniguchi
***
"O Mestre pregou que aquele que se alegra por ter alcançado a fé é igual a Buda; a grande fé é a natureza búdica e a natureza búdica é Buda." (Louvor a Buda, de Shinran)
***
"Os mortais entregues a paixões mundanais e a multidão pecadora sujeito a nascimento e morte, se recorrerem ao poder salvador de Buda, nesse exato momento integrarão o grupo dos que receberam a promessa de alcançar o paraíso. Alcançando o paraíso, terão felicidade constante. A felicidade constitui a Imagem Verdadeira. A Iimagem Verdadeira á a natureza búdica. A natureza búdica é a Verdade. A Verdade é o absoluto. O Amita-Buda vem da Verdade e manifesta-se sob diferentes formas." (Ken-jodô-shinjitsi-kyô, gyô-shô-mon, lui-yon - hisshi-motsudo-no-gan, compilado por Shinran)
***
"As paixões mundanais não existem de modo verdadeiro. Buda é existência verdadeira, é a Imagem Verdadeira, é a suprema Verdade. Tudo o mais surge e desaparece segundo as leis relativas, de causa e efeito. Somente Buda é constante. Se, para atingir a Imagem Verdadeira de Buda, fosse necessário destruir paixões mundanais, então Buda e as paixões mundanais seriam elementos que se contraporiam: o primeiro seria elemento desejável, enquanto as segundas seriam elementos indesejáveis. Os elementos que se contrapõem são todos frutos das relativas leis de causa e efeito. A Imagem Verdadeira é absoluta e não se contrapõe a nada; está acima de toda relatividade. Portanto, quem prega que 'o homem não pode alcançar o nirvana enquanto não aniquilar paixões mundanais', ainda não compreendeu a suprema Verdade da Imagem Verdadeira e permanece em nível inferior. Em outras palavras, está pregando a verdade relativa, ou seja, a lei da causalidade. Segundo a suprema Verdade da Imagem Verdadeira, existe unicamente Buda, e nada existe além dEle. Logo, Ele é absoluto. Não é correto o dualismo que admite, de um lado, as paixões mundanais e, de outro lado, a iluminação por Buda. Existe unicamente Buda e a iluminação absoluta, que está acima de toda relatividade. Isto é a Imagem Verdadeira." (Coleção Koozui Ootani, vol. 5, p. 160)
***
"Um iluminado, ao ver as criaturas, o faz com total transcendência. Diz-se que ele conduz uma infinidade de criaturas ao nirvana, mas, na verdade, não existe sequer tal criatura que precise alcançar o nirvana. É como se o iluminado estivesse brincando de conduzir as criaturas ao nirvana." (Ken-jodô-shinjitsi-kyô, gyô-shô-mon, lui-yon - shuuloku no donlan daishi no lontyu, compilado por Shinran)
***
"Força externa de salvação é força salvadora de Buda." (Ken-jodô-shinjitsi-kyô, gyô-shô-mon - lui-ni, compilado por Shinran)
Masaharu Taniguchi
Certa vez, quando eu disse que "a maioria dos adeptos da seita budista Shin pensa que só é possível tornar-se buda após a morte do corpo carnal, mas a Seicho-No-Ie prega o homem já é buda, aqui, agora, neste mundo", alguém retrucou: "Também na seita Shin, no momento em que a pessoa tiver a verdadeira fé em Buda, é como se já tivesse se tornado buda e estivesse no paraíso; as prações que se fazem, portanto, são de gratidão. O senhor não entendeu bem a doutrina da seita Shin".
A seita Shin, que prega a salvação pela força externa, assemelha-se muito à Seicho-No-Ie. Shinran, o fundador dessa seita, disse: "Os mortais entregues a paixões mundanais e a multidão pecadora sujeito a nascimento e morte, se recorrerem ao poder salvador de Buda, nesse exato momento integrarão o grupo dos que receberam a promessa de alcançar o paraíso. Obtendo essa promessa, certamente alcançarão o paraíso".
Receber a promessa de alcançar o paraíso é o mesmo que reservar um lugar no paraíso como seu membro efetivo. Referindo-se a isso, o sr. Koozui Ootani disse o seguinte: "É como se tivesse adquirido a passagem para embarcar no navio. No momento em que a pessoa tiver adquirido a passagem, é como se já tivesse chegado ao destino. O barco de Buda é infalível. Portanto, no momento em que a pessoa resolve recorrer ao poder salvador de Buda e pronunciar namu-amida-butsu, é como se já tivesse se tornado buda e entrado no paraíso".
A afirmação de que "é como se já tivesse se tornado buda" e a de que "já é buda" são muito semelhantes, mas existe entre elas uma diferença sutil. "Ter adquirido passagem" não é o mesmo que "ter chegado ao destino". Quem adquiriu passagem apenas reservou seu lugar, e isso não é o mesmo que ter chegado ao destino.
A Seicho-No-Ie prega que o homem já é buda, já está no paraíso. Não estabelece um espaço de tempo necessário para se alcançar o paraíso, isto é, o tempo compreendido entre o momento em que se recebe a promessa de ir ao paraíso e o momento da morte carnal. O fundador da seita Shin, no entanto, diz: "O sábio Miroku, por alcançar a fé inabalável através de grande treinamentos espirituais, atingirá o estado de buda cinco bilhões e seiscentos e setenta milhões de anos após o desencarne de Sakyamuni, mas as criaturas que recorrem a Buda e adquirem a fé verdadeira graças ao poder salvador de Buda, alcançarão a iluminação no momento do desencarne." Em outra obra intitulada Shôzo matsu wassan, diz: "O sábio Miroku levará 5.670.000.000 anos, mas aqueles que têm fé verdadeira alcançarão a iluminação desta vez. Com isso, ele quis dizer que a seita Shin possibilita alcançar a iluminação em tempo muito menor que o de Miroku. realmente, em comparação com quase seis bilhões de anos que Miroku leva para alcançar a iluminação, devemos dizer que é muito rápida a consecução do mesmo objetivo através da seita Shin, que será "no momento do desencarne". Mas, por que esperar até desencarnar? Na verdade, quando adquirimos a fé verdadeira, neste momento já somos budas e já estamos no paraíso. A expressão "desta vez" da frase "alcançarão a iluminação desta vez" como o momento em que se ouve o nome de Buda e se acredita nele. Eliminando assim o tempo necessário para alcançar a iluminação, a Seicho-No-Ie completa o ensinamento de Shinran. Entretanto, se ele usou a expressão "desta vez" no sentido de "neste momento", então podemos dizer que os ensinamentos dele e da Seicho-No-Ie se identificam plenamente. Mas, como ele já não está entre nós, e não podemos consultá-lo pessoalmente, o único meio de descobrir o seu pensamento consiste em consultar suas obras. Ele escreveu que quem ouvir o nome de Buda, acreditar nele e adquirir grande fé ficará destinado a se tornar buda infalivelmente no momento do desencarne. Portanto, parece que ele acreditava que o homem ainda não é buda mas "é como se o fosse". Ora, "é como se fosse buda" não é o mesmo que "já é buda"; há uma diferença.
Os budistas da seita Shin não dizem claramente que o homem "já é buda", mas que "já é como se fosse buda", e que leva anos ou dezenas de anos até se tornar buda no momento do desencarne. Por que eles estipulam esse período de tempo? É porque durante esse tempo continua existindo o corpo carnal. Dizem que, mesmo para os que adquiriram a "passagem" para o paraíso através da fé verdadeira, será difícil entrar no paraíso enquanto existir o corpo carnal. Se consideram o corpo carnal como um empecilho, é porque possuem em algum canto de sua mente a idéia de que o corpo carnal é uma existência que se opõe à força salvadora de Buda. Mas, na verdade, o corpo é projeção da mente, e não uma existência verdadeira. Compreendendo isto, podemos atingir o paraíso no exato momento em que adquirimos a fé verdadeira.
Quando se fala em "ir para o paraíso", certas pessoas imaginam uma espécie de jardim que fica a uma distância de um trilhão de mundos a oeste e pensam que a alma vai para esse lugar e se instala sobre uma flor de lótus que flutua no lago desse jardim. Se assim fosse, realmente não poderíamos ir para lá enquanto não nos livrássemos do corpo carnal; mesmo tendo adquirido a passagem do barco que vai para o paraíso, não poderíamos embarcar nele enquanto não desencarnássemos. Por isso, tal pensamento está errado. O corpo carnal não existe verdadeiramente. Em termos budistas, o corpo "é como miragem, é como a imagem ilusória apresentada por um ilusionista". O fato de esse "corpo inexistente" estar ou não manifestado COMO SE EXISTISSE, não altera nem um pouco a força salvadora de Buda. Experimentem vocês fechar os olhos, mentalizar que "o corpo não existe" e pronunciar namu-amida-butsu. Quem é cristão pronuncie "Eu e Deus somos um". Quem é xintoísta pronuncie "Deus-Senhor-do-Universo e eu somos um". Estando com os olhos fechados, tem-se a sensação de que o corpo carnal não existe. Quanto mais aumenta essa sensação, mais profundamente nos sentimos identificados com Buda ou com Deus. Se a pessoa não se sente identificada com Buda apesar de pronunciar namu-amida-butsu, é porque ainda tem a sensação de que "o corpo carnal existe", prcisa esperar até ele morrer, para então ir ao paraíso. Mas, compreendendo que o corpo carnal não existe verdadeiramente, não é preciso esperar a "morte", pois o que não existe não tem como morrer. Se pensarmos que algo inexistente vai morrer e ficarmos esperando por essa morte, jamais poderemos alcançar o paraíso. O que não existe é sempre inexistente. Logo, não precisamos esperar até a sua morte. Quando temos "grande fé", nesse momento já somos budas e estamos no paraíso.
Que é então "ter grande fé"? Em termos da seita Shin, é ter fé total na força salvadora de Buda e pronunciar namu-amida-butsu. Em termos cristãos, é ter a seguinte convicção: "Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim".
De onde vem essa grande fé? Na Sutra do Nirvana está escrito: "A grande fé é a natureza búdica; e a natureza búdica é Buda". Quando se diz "ter grande fé", não se quer dizer que um mortal pecaminoso vá adquirir fé e se tornar buda. "A grande fé é a própria natureza búdica" - assim diz a Sutra do Nirvana. Isso quer dizer que quem suscita a grande fé em nós é a natureza búdica. E, se "a natureza búdica é o próprio Buda", então Buda é quem suscita grande fé em nós. Não é o mortal entregue às paixões mundanais que irá adquirir fé para evoluir até se tornar buda, como se costuma pensar vulgarmente. Se surge grande fé em nós, é porque nossa natureza búdica (ou divina) vibra ao entrar em contato com a Natureza Búdica Universal (Deus). É Buda quem reverencia Buda. Quem se torna Buda é o próprio Buda. Não há mistério algum nisso.
Shinran disse: "Força externa da salvação é força salvadora de Buda". Surge a fé nessa força salvadora porque (e quando) esta se dirige a nós e se manifesta dentro de nós. Não é o ego mortal pecaminoso que adquire fé. Há grande diferença entre adquirir e ter. Diz-se adquirir fé quando o ego tenta alcançá-la com sua própria força. E se diz ter fé quando a força salvadora de Buda se dirige a nós e se torna nossa fé. Por isso, quando se obtém essa fé, pronuncia-se o nome de Buda. E pronunciar é uma "prática" (exercício para aprimoramento espiritual). A seita Shin menospreza a "prática", dizendo que isso é inútil. Entretanto, pronunciar o nome de Buda é uma "prática". O próprio Shinran reconheceu isso como prática, pois disse que "a grande prática consiste em pronunciar o nome de Buda. (...) Entretanto, essa grande prática se origina do grande desejo salvador de Buda". Ele quis dizer que quem pronuncia o nome de Buda não é o mortal pecaminoso, mas o "grande desejo salvador de Buda", que atua dentro da pessoa. Dizendo mais claramente, é o próprio Buda quem pronuncia o nome de Buda. Buda é que invoca Buda, e Buda é que se torna Buda. Não é o mortal que invoca Buda para se tornar Buda. É impossível a salvação através da invocação feita pela força do ego de um mortal. É nesse sentido que a seita Shin menospreza a "prática".
Desta forma, quando pronunciamos namu-amida-butsu (oração para invocar Buda), é Buda que o está pronunciando. Portanto, por mais que recitemos essa oração, não o fazemos com a força do nosso ego. Buda é que está vivendo a vida de Buda. Buda é que está fazendo Buda vibrar. Logo, quem pronuncia o nome de Buda já é Buda. É por isso que Shinran disse: "Aquele que se alegra por ter alcançado grande fé é igual a Buda. A grande fé é a natureza búdica".
Quando praticamos a Meditação Shinsokan, fechamos os olhos, juntamos as mãos e mentalizamos "Neste momento, deixo o mundo dos cinco sentidos e entro no mundo da Imagem Verdadeira" (Obs: Mundo da Imagem Verdadeira = mundo absoluto de Deus, de suma perfeição, onde todos os seres e todas as coisas são projeções da Mente de Deus, portanto perfeitos também) e em seguida visualizamos esse mundo, afirmando: "Aqui, onde estou, é o mundo da Imagem Verdadeira...". Alguns adeptos da seita Shin (do budismo), a qual prega a "salvação pela força externa", criticam a Meditação Shinsokan, pensando que ela seja um meio de "salvação pela força de eu". Entretanto, no momento em que mentalizamos "Neste momento, deixo o mundo dos cinco sentidos", quem mentaliza essas palavras já não é o eu fenomênico; é o Eu que transcende o mundo dos cinco sentidos, o Eu absoluto, o Eu-Imagem-Verdadeira. No budismo, a boca que articula os sons namu-amida-butsu é a boca carnal, a boca mortal, mas quem pronuncia o Verbo namu-amida-butsu é a natureza búdica, o próprio Buda. Da mesma forma, na prática da Meditação Shinsokan, quem toma a postura de oração, juntando as mãos, é o corpo carnal, mas quem deixa o mundo dos cinco sentidos (deixar o mundo dos cinco sentidos significa ao mesmo tempo deixar o "eu dos cinco sentidos", pois este pertence ao mesmo plano daquele) e mentaliza "estou no mundo da Imagem Verdadeira" é o Eu-Imagem-Verdadeira. Este é que mentaliza o fato de estarmos no mundo da Imagem Verdadeira. Assim como na oração budista é Buda quem mentaliza Buda, na Meditação Shinsokan é a Imagem Verdadeira quem mentaliza a Imagem Verdadeira. Portanto, não é pela força do eu carnal que mentalizamos, mas pela "força externa" de que falam os budistas. A expressão "força externa" não é adequada, pos confronta com a "força do eu". A única existência verdadeira é a Imagem Verdadeira (Deus), razão pela qual a Seicho-No-Ie não diz "força externa", e sim "força absoluta", que transcende a força externa e a força do eu. "Sou Imagem Verdadeira e estou no mundo da Imagem Verdadeira" - a mente que assim mentaliza é a mente da Imagem Verdadeira, que se manifesta pelo divino poder da Imagem Verdadeira. Logo, o Eu que mentaliza a Imagem Verdadeira é o "Eu que é Buda desde o princípio" (Eu-Imagem-Verdadeira). Por conseguinte, a Meditação Shinsokan não é uma "pequena prática" realizada pelo "pequeno eu"; é a "grande prática" em que a Imagem Verdadeira mentaliza a Imagem Verdadeira. O fato de a Imagem Verdadeira mentalizar a Imagem Verdadeira - isto é "tornar-se Buda".
A Imagem Verdadeira mentalizar a Imagem Verdadeira; a natureza búdica invocar Buda - esta "grande prática", este Verbo em ação que invoca Buda, é, em si, o ato de "tornar-se Buda". Quando se fala em "tornar-se Buda", muitos pensam que o homem se torna Buda só após ser purificado da ilusão e das paixões mundanais pelo poder sobrenatural de Buda. Entretanto, já que a "ilusão" e as "paixões mundanais" não existem verdadeiramente, não há como "tornar-se Buda" purificando algo que não existe. Isso é impossível. Por mais que se tente purificar a treva, esta não se transforma em luz. Um local escuro se ilumina quando se introduz a luz. Nesse caso, não é a treva que se converte em luz através de uma transformação química. A treva é inexistente, e o que inexiste será sempre inexistente, por mais que se transforme. Quando se introduz a luz da existência verdadeira, a inexistência revela a sua natureza e desaparece. Então se compreende que existe unicamente a luz, unicamente a Imagem Verdadeira.
Certas pessoas, quando compreendem que "a matéria não existe", que "o corpo carnal não existe", pensam que o homem seja como uma miragem, que na verdade não existe. Sakyamuni reprovou tal visão sobre o homem, chamando-a de "visão interruptiva". Quando se compreende que "a matéria não existe", é preciso, ao mesmo tempo, compreender que existe a Imagem Verdadeira; quando se compreende que "o corpo carnal não existe", é preciso, ao mesmo tempo, compreender: Existe Buda (Deus), que é o Eu Verdadeiro. Entretanto, quando se diz que "Existe a Imagem Verdadeira, existe o Eu", certas pessoas pensam que a Imagem Verdadeira seja este eu carnal e que o corpo carnal exista. Sakyamuni também reprovou essa visão, classificando-a de "visão continuísta". Para se ter a compreensão correta da Verdade (visão correta), é preciso não cair nem na "visão interruptiva" nem na "visão continuísta". A compreensão correta da Verdade está na compreensão, ao mesmo tempo da inexistência e da existência, que são opostos, isto é, da compreensão da "inexistência do corpo carnal" e da "existência da indestrutível Imagem Verdadeira". Nisso consiste a "visão correta", que não tende nem para a "visão interruptiva" nem para a "visão continuísta". Quando a pessoa adquire essa "visão correta", compreende a "existência dentro da inexistência", isto é, mesmo que esteja vendo o corpo carnal, compreende que ele NÃO EXISTE e, mesmo que não esteja vendo o Eu-Imagem-Verdadeira, compreende que ele EXISTE. Por conseguinte, compreende que já é Buda, sem precisar esperar a morte física.
A seita Shin, que prega a salvação pela força externa, assemelha-se muito à Seicho-No-Ie. Shinran, o fundador dessa seita, disse: "Os mortais entregues a paixões mundanais e a multidão pecadora sujeito a nascimento e morte, se recorrerem ao poder salvador de Buda, nesse exato momento integrarão o grupo dos que receberam a promessa de alcançar o paraíso. Obtendo essa promessa, certamente alcançarão o paraíso".
Receber a promessa de alcançar o paraíso é o mesmo que reservar um lugar no paraíso como seu membro efetivo. Referindo-se a isso, o sr. Koozui Ootani disse o seguinte: "É como se tivesse adquirido a passagem para embarcar no navio. No momento em que a pessoa tiver adquirido a passagem, é como se já tivesse chegado ao destino. O barco de Buda é infalível. Portanto, no momento em que a pessoa resolve recorrer ao poder salvador de Buda e pronunciar namu-amida-butsu, é como se já tivesse se tornado buda e entrado no paraíso".
A afirmação de que "é como se já tivesse se tornado buda" e a de que "já é buda" são muito semelhantes, mas existe entre elas uma diferença sutil. "Ter adquirido passagem" não é o mesmo que "ter chegado ao destino". Quem adquiriu passagem apenas reservou seu lugar, e isso não é o mesmo que ter chegado ao destino.
A Seicho-No-Ie prega que o homem já é buda, já está no paraíso. Não estabelece um espaço de tempo necessário para se alcançar o paraíso, isto é, o tempo compreendido entre o momento em que se recebe a promessa de ir ao paraíso e o momento da morte carnal. O fundador da seita Shin, no entanto, diz: "O sábio Miroku, por alcançar a fé inabalável através de grande treinamentos espirituais, atingirá o estado de buda cinco bilhões e seiscentos e setenta milhões de anos após o desencarne de Sakyamuni, mas as criaturas que recorrem a Buda e adquirem a fé verdadeira graças ao poder salvador de Buda, alcançarão a iluminação no momento do desencarne." Em outra obra intitulada Shôzo matsu wassan, diz: "O sábio Miroku levará 5.670.000.000 anos, mas aqueles que têm fé verdadeira alcançarão a iluminação desta vez. Com isso, ele quis dizer que a seita Shin possibilita alcançar a iluminação em tempo muito menor que o de Miroku. realmente, em comparação com quase seis bilhões de anos que Miroku leva para alcançar a iluminação, devemos dizer que é muito rápida a consecução do mesmo objetivo através da seita Shin, que será "no momento do desencarne". Mas, por que esperar até desencarnar? Na verdade, quando adquirimos a fé verdadeira, neste momento já somos budas e já estamos no paraíso. A expressão "desta vez" da frase "alcançarão a iluminação desta vez" como o momento em que se ouve o nome de Buda e se acredita nele. Eliminando assim o tempo necessário para alcançar a iluminação, a Seicho-No-Ie completa o ensinamento de Shinran. Entretanto, se ele usou a expressão "desta vez" no sentido de "neste momento", então podemos dizer que os ensinamentos dele e da Seicho-No-Ie se identificam plenamente. Mas, como ele já não está entre nós, e não podemos consultá-lo pessoalmente, o único meio de descobrir o seu pensamento consiste em consultar suas obras. Ele escreveu que quem ouvir o nome de Buda, acreditar nele e adquirir grande fé ficará destinado a se tornar buda infalivelmente no momento do desencarne. Portanto, parece que ele acreditava que o homem ainda não é buda mas "é como se o fosse". Ora, "é como se fosse buda" não é o mesmo que "já é buda"; há uma diferença.
Os budistas da seita Shin não dizem claramente que o homem "já é buda", mas que "já é como se fosse buda", e que leva anos ou dezenas de anos até se tornar buda no momento do desencarne. Por que eles estipulam esse período de tempo? É porque durante esse tempo continua existindo o corpo carnal. Dizem que, mesmo para os que adquiriram a "passagem" para o paraíso através da fé verdadeira, será difícil entrar no paraíso enquanto existir o corpo carnal. Se consideram o corpo carnal como um empecilho, é porque possuem em algum canto de sua mente a idéia de que o corpo carnal é uma existência que se opõe à força salvadora de Buda. Mas, na verdade, o corpo é projeção da mente, e não uma existência verdadeira. Compreendendo isto, podemos atingir o paraíso no exato momento em que adquirimos a fé verdadeira.
Quando se fala em "ir para o paraíso", certas pessoas imaginam uma espécie de jardim que fica a uma distância de um trilhão de mundos a oeste e pensam que a alma vai para esse lugar e se instala sobre uma flor de lótus que flutua no lago desse jardim. Se assim fosse, realmente não poderíamos ir para lá enquanto não nos livrássemos do corpo carnal; mesmo tendo adquirido a passagem do barco que vai para o paraíso, não poderíamos embarcar nele enquanto não desencarnássemos. Por isso, tal pensamento está errado. O corpo carnal não existe verdadeiramente. Em termos budistas, o corpo "é como miragem, é como a imagem ilusória apresentada por um ilusionista". O fato de esse "corpo inexistente" estar ou não manifestado COMO SE EXISTISSE, não altera nem um pouco a força salvadora de Buda. Experimentem vocês fechar os olhos, mentalizar que "o corpo não existe" e pronunciar namu-amida-butsu. Quem é cristão pronuncie "Eu e Deus somos um". Quem é xintoísta pronuncie "Deus-Senhor-do-Universo e eu somos um". Estando com os olhos fechados, tem-se a sensação de que o corpo carnal não existe. Quanto mais aumenta essa sensação, mais profundamente nos sentimos identificados com Buda ou com Deus. Se a pessoa não se sente identificada com Buda apesar de pronunciar namu-amida-butsu, é porque ainda tem a sensação de que "o corpo carnal existe", prcisa esperar até ele morrer, para então ir ao paraíso. Mas, compreendendo que o corpo carnal não existe verdadeiramente, não é preciso esperar a "morte", pois o que não existe não tem como morrer. Se pensarmos que algo inexistente vai morrer e ficarmos esperando por essa morte, jamais poderemos alcançar o paraíso. O que não existe é sempre inexistente. Logo, não precisamos esperar até a sua morte. Quando temos "grande fé", nesse momento já somos budas e estamos no paraíso.
Que é então "ter grande fé"? Em termos da seita Shin, é ter fé total na força salvadora de Buda e pronunciar namu-amida-butsu. Em termos cristãos, é ter a seguinte convicção: "Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim".
De onde vem essa grande fé? Na Sutra do Nirvana está escrito: "A grande fé é a natureza búdica; e a natureza búdica é Buda". Quando se diz "ter grande fé", não se quer dizer que um mortal pecaminoso vá adquirir fé e se tornar buda. "A grande fé é a própria natureza búdica" - assim diz a Sutra do Nirvana. Isso quer dizer que quem suscita a grande fé em nós é a natureza búdica. E, se "a natureza búdica é o próprio Buda", então Buda é quem suscita grande fé em nós. Não é o mortal entregue às paixões mundanais que irá adquirir fé para evoluir até se tornar buda, como se costuma pensar vulgarmente. Se surge grande fé em nós, é porque nossa natureza búdica (ou divina) vibra ao entrar em contato com a Natureza Búdica Universal (Deus). É Buda quem reverencia Buda. Quem se torna Buda é o próprio Buda. Não há mistério algum nisso.
Shinran disse: "Força externa da salvação é força salvadora de Buda". Surge a fé nessa força salvadora porque (e quando) esta se dirige a nós e se manifesta dentro de nós. Não é o ego mortal pecaminoso que adquire fé. Há grande diferença entre adquirir e ter. Diz-se adquirir fé quando o ego tenta alcançá-la com sua própria força. E se diz ter fé quando a força salvadora de Buda se dirige a nós e se torna nossa fé. Por isso, quando se obtém essa fé, pronuncia-se o nome de Buda. E pronunciar é uma "prática" (exercício para aprimoramento espiritual). A seita Shin menospreza a "prática", dizendo que isso é inútil. Entretanto, pronunciar o nome de Buda é uma "prática". O próprio Shinran reconheceu isso como prática, pois disse que "a grande prática consiste em pronunciar o nome de Buda. (...) Entretanto, essa grande prática se origina do grande desejo salvador de Buda". Ele quis dizer que quem pronuncia o nome de Buda não é o mortal pecaminoso, mas o "grande desejo salvador de Buda", que atua dentro da pessoa. Dizendo mais claramente, é o próprio Buda quem pronuncia o nome de Buda. Buda é que invoca Buda, e Buda é que se torna Buda. Não é o mortal que invoca Buda para se tornar Buda. É impossível a salvação através da invocação feita pela força do ego de um mortal. É nesse sentido que a seita Shin menospreza a "prática".
Desta forma, quando pronunciamos namu-amida-butsu (oração para invocar Buda), é Buda que o está pronunciando. Portanto, por mais que recitemos essa oração, não o fazemos com a força do nosso ego. Buda é que está vivendo a vida de Buda. Buda é que está fazendo Buda vibrar. Logo, quem pronuncia o nome de Buda já é Buda. É por isso que Shinran disse: "Aquele que se alegra por ter alcançado grande fé é igual a Buda. A grande fé é a natureza búdica".
Quando praticamos a Meditação Shinsokan, fechamos os olhos, juntamos as mãos e mentalizamos "Neste momento, deixo o mundo dos cinco sentidos e entro no mundo da Imagem Verdadeira" (Obs: Mundo da Imagem Verdadeira = mundo absoluto de Deus, de suma perfeição, onde todos os seres e todas as coisas são projeções da Mente de Deus, portanto perfeitos também) e em seguida visualizamos esse mundo, afirmando: "Aqui, onde estou, é o mundo da Imagem Verdadeira...". Alguns adeptos da seita Shin (do budismo), a qual prega a "salvação pela força externa", criticam a Meditação Shinsokan, pensando que ela seja um meio de "salvação pela força de eu". Entretanto, no momento em que mentalizamos "Neste momento, deixo o mundo dos cinco sentidos", quem mentaliza essas palavras já não é o eu fenomênico; é o Eu que transcende o mundo dos cinco sentidos, o Eu absoluto, o Eu-Imagem-Verdadeira. No budismo, a boca que articula os sons namu-amida-butsu é a boca carnal, a boca mortal, mas quem pronuncia o Verbo namu-amida-butsu é a natureza búdica, o próprio Buda. Da mesma forma, na prática da Meditação Shinsokan, quem toma a postura de oração, juntando as mãos, é o corpo carnal, mas quem deixa o mundo dos cinco sentidos (deixar o mundo dos cinco sentidos significa ao mesmo tempo deixar o "eu dos cinco sentidos", pois este pertence ao mesmo plano daquele) e mentaliza "estou no mundo da Imagem Verdadeira" é o Eu-Imagem-Verdadeira. Este é que mentaliza o fato de estarmos no mundo da Imagem Verdadeira. Assim como na oração budista é Buda quem mentaliza Buda, na Meditação Shinsokan é a Imagem Verdadeira quem mentaliza a Imagem Verdadeira. Portanto, não é pela força do eu carnal que mentalizamos, mas pela "força externa" de que falam os budistas. A expressão "força externa" não é adequada, pos confronta com a "força do eu". A única existência verdadeira é a Imagem Verdadeira (Deus), razão pela qual a Seicho-No-Ie não diz "força externa", e sim "força absoluta", que transcende a força externa e a força do eu. "Sou Imagem Verdadeira e estou no mundo da Imagem Verdadeira" - a mente que assim mentaliza é a mente da Imagem Verdadeira, que se manifesta pelo divino poder da Imagem Verdadeira. Logo, o Eu que mentaliza a Imagem Verdadeira é o "Eu que é Buda desde o princípio" (Eu-Imagem-Verdadeira). Por conseguinte, a Meditação Shinsokan não é uma "pequena prática" realizada pelo "pequeno eu"; é a "grande prática" em que a Imagem Verdadeira mentaliza a Imagem Verdadeira. O fato de a Imagem Verdadeira mentalizar a Imagem Verdadeira - isto é "tornar-se Buda".
A Imagem Verdadeira mentalizar a Imagem Verdadeira; a natureza búdica invocar Buda - esta "grande prática", este Verbo em ação que invoca Buda, é, em si, o ato de "tornar-se Buda". Quando se fala em "tornar-se Buda", muitos pensam que o homem se torna Buda só após ser purificado da ilusão e das paixões mundanais pelo poder sobrenatural de Buda. Entretanto, já que a "ilusão" e as "paixões mundanais" não existem verdadeiramente, não há como "tornar-se Buda" purificando algo que não existe. Isso é impossível. Por mais que se tente purificar a treva, esta não se transforma em luz. Um local escuro se ilumina quando se introduz a luz. Nesse caso, não é a treva que se converte em luz através de uma transformação química. A treva é inexistente, e o que inexiste será sempre inexistente, por mais que se transforme. Quando se introduz a luz da existência verdadeira, a inexistência revela a sua natureza e desaparece. Então se compreende que existe unicamente a luz, unicamente a Imagem Verdadeira.
Certas pessoas, quando compreendem que "a matéria não existe", que "o corpo carnal não existe", pensam que o homem seja como uma miragem, que na verdade não existe. Sakyamuni reprovou tal visão sobre o homem, chamando-a de "visão interruptiva". Quando se compreende que "a matéria não existe", é preciso, ao mesmo tempo, compreender que existe a Imagem Verdadeira; quando se compreende que "o corpo carnal não existe", é preciso, ao mesmo tempo, compreender: Existe Buda (Deus), que é o Eu Verdadeiro. Entretanto, quando se diz que "Existe a Imagem Verdadeira, existe o Eu", certas pessoas pensam que a Imagem Verdadeira seja este eu carnal e que o corpo carnal exista. Sakyamuni também reprovou essa visão, classificando-a de "visão continuísta". Para se ter a compreensão correta da Verdade (visão correta), é preciso não cair nem na "visão interruptiva" nem na "visão continuísta". A compreensão correta da Verdade está na compreensão, ao mesmo tempo da inexistência e da existência, que são opostos, isto é, da compreensão da "inexistência do corpo carnal" e da "existência da indestrutível Imagem Verdadeira". Nisso consiste a "visão correta", que não tende nem para a "visão interruptiva" nem para a "visão continuísta". Quando a pessoa adquire essa "visão correta", compreende a "existência dentro da inexistência", isto é, mesmo que esteja vendo o corpo carnal, compreende que ele NÃO EXISTE e, mesmo que não esteja vendo o Eu-Imagem-Verdadeira, compreende que ele EXISTE. Por conseguinte, compreende que já é Buda, sem precisar esperar a morte física.
Cont...
(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 27"; pgs. 89 à 100)
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirMuito legal o seu blog e ja linquei no meu que é http://acasasobrearocha.wordpress.com/ Visite meu blog também, voce é bem-vindo!
= http://acasasobrearocha.wordpress.com/category/meus-textos/ [categoria que contem textos de minha autoria!]
= http://acasasobrearocha.wordpress.com/2011/01/07/sua-fe-e-regida-pelo-amor-ou-e-so-um-punhado-de-doutrinas-proibicoes-cf-cl220-23-e-rituais-sistematizados/ [Texto que escrevi sobre fé mecania e ritualistica e comparada com a fé verdadeira no AMOR, dê uma lida lá e responda as perguntas no final do texto do post(se puder, claro!)]
Lerei sempre o seu blog!
TENHA UM SANTO E ILUMINADO 2011!!!
SHALOM!