quarta-feira, janeiro 26, 2011

Encontrando o Cristo em nós mesmos - 02 (final)


H. EMILIE CADY


Uma vez que você haja posto todos os problemas nas mãos do Cristo, sempre presente em seu íntimo, em Quem há a todo tempo um irreprimível desejo de vir em nossa salvação e fazer tudo por nós, não ouse tomá-los de novo em suas mãos mortais, para operar por si mesmo, porque, assim o fazendo, você está simplesmente adiando o tempo da Sua manifestação. Tudo o que tem a fazer é pensar firmemente: “Está feito. E manifesto agora”. Essa Divina Presença é a nossa suficiência em todas as coisas e Se materializa como tal, em tudo aquilo que desejarmos ou necessitarmos, se apenas soubermos esperar confiantemente.

Esse assunto de confiar no Cristo, no íntimo, para fazer tudo por nós – capacitando-nos de que somos unos com Ele e que a Ele é dado todo o poder – não é algo que nos venha espontaneamente. Começa por um persistente esforço da nossa parte. Começamos pela determinação de que Nele confiamos como nossa presente libertação, como nossa saúde, nossa riqueza, nossa sabedoria, nosso tudo, e continuamos por um laborioso esforço, até que formemos uma espécie de hábito espiritual. Nenhum hábito surge repentinamente em nossa vida, mas cada um vem por uma sucessão de pequeninos atos. Quando você vê alguém operando as obras do Cristo, curando os enfermos, libertando os aprisionados, e assim por diante, pela palavra da Verdade proferida com fé, esteja certo de que essa fé não pulou para ele de alguma fonte externa, de repente. Se você conhecesse os fatos, talvez soubesse dos dias e das noites quando, com os punhos e os dentes cerrados, ele se agarrou firme ao Cristo, em seu íntimo, “confiando onde não se podia encontrar pegadas” até que se encontrou possuindo a verdadeira “fé do Filho de Deus”.

Se desejamos que o Pai, no íntimo, que é o Cristo, Se manifeste como todas as coisas através de nós, precisamos aprender a conservar o nosso eu mortal quieto, aquietar todas as suas dúvidas e medos e falsas crenças e apegar firmemente ao “Cristo somente”. Em Seu nome poderemos enunciar palavras de cura, de paz e de libertação para outros, e como Jesus disse de Si mesmo, assim devemos também dizer de nós mesmos: – “Eu não posso de mim mesmo (isto é, do mortal) fazer coisa alguma; o Pai que permanece em mim, faz as suas obras”. Ele é o sempre-presente Poder que supera todos os erros, doenças, fraquezas e ignorância ou o que mais possa ser. Clamamos por esse Poder ou trazemo-Lo para o nosso consciente onde ele é de uso prático, declarando muitas e muitas vezes que ele já é nosso. Dizendo e experimentando capacitarmo-nos da Verdade, “Cristo é a minha sabedoria, consequentemente conheço a Verdade”, teremos, em pouco tempo, compreendido as coisas espirituais muito melhor do que com meses de estudo. Dizendo: “Cristo é a minha força, eu não posso ser fraco ou frágil”, iremos nos tornar bastante fortes para enfrentar qualquer emergência.

Lembre-se de que não começamos por sentir essas coisas logo a princípio, mas, enunciando-as fervorosa e ardentemente, e agindo como se elas fossem verdadeiras – essa é a fé que traz a manifestação do Poder.

O Cristo vive em nós sempre. Deus, a Energia Criadora, enviou Seu Filho primeiramente, mesmo antes que o corpo estivesse formado, e Ele habita sempre, no íntimo, “primogênito de todas as criaturas”. Mas dá-se conosco o que se deu com o barco num mar proceloso, depois que se ergueu a tempestade: – A presença de Jesus, no barco, não impediu que ele fosse sacudido ou que as ondas furiosas se arremessassem contra ele, porque Ele dormia. Foi somente depois que Ele foi despertado e trazido a manifestar o Seu poder, que o mar tornou-se calmo e o perigo passou.

O Cristo, em nosso íntimo, tem estado aí sempre, mas nós não tomamos conhecimento disso, e assim os nossos pequeninos barcos têm sido agitados por doenças, pobreza e desconfiança, até nos parecermos quase perdidos. Eu, o meu verdadeiro Eu espiritual, é uno com o Cristo. O verdadeiro Eu de cada pessoa é o filho de Deus feito à Sua imagem. “Amados, agora somos filhos de Deus e não está ainda manifesto o que havemos de ser. Sabemos que se Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele”. Agora, já, somos filhos. Quando Ele aparecer (não quando, algum dia, após a transição chamada morte, Ele, um grande e glorioso Ser, romperá diante de nossos olhos, mas quando tenhamos aprendido a calar o mortal em nós, e deixar que o Pai se manifeste a nós, através do Cristo interior), então seremos como Ele, porque Ele será visível somente através de nós.

“Vede que amor o Pai tem mostrado, para que fôssemos chamados filhos de Deus”. Não somos simples reflexos ou imagens de Deus, mas expressões (do latim Exprimere – manifestar), daí uma manifestação de Deus, o Bem Total, o Todo-Perfeito. Somos as projeções da Presença Invisível em visibilidade. Deus fez o homem "um com o Pai", como Jesus o era. E na medida exata em que reconhecermos este fato e o reivindicarmos para o nosso direito de nascença, o Pai em nós será manifestado ao mundo. Muitos de nós sentimos um temor inato em dizer “seja feita a Tua vontade”. Por causa dos falsos ensinamentos e associações, temos acreditado que essa prece, se respondida, nos tirará tudo o que nos proporciona alegria e felicidade. Certamente nada poderá estar tão longe da verdade. Ó! Como temos tentado abarrotar o grande amor de Deus dentro dos estreitos limites da mente humana! O maior e mais generoso e amoroso pai que jamais haja existido não é senão uma pequenina parcela da paternidade de Deus manifestada através da carne. A vontade de Deus para nós significa mais amor, mais pureza, mais poder, mais alegria, em nossas vidas, todos os dias.

Não há estado de coisas espirituais ou materiais, não há esforço de nossa parte, ainda que ele seja sobreumano, que possa ser tão eficiente para nos tornar grandes criaturas, semelhantes a Deus, mostrando a mesma alma ilimitada que Jesus mostrou, orando continuamente a mesma prece: - “Faça-se em mim a tua vontade”, porque a vontade do Pai é manifestar o Seu Ser perfeito, através de nós. “Entre as criaturas, umas são melhores do que outras, conforme o Bem eterno se tenha manifestado e operado, mais em umas do que em outras. Naquela onde o Bem Eterno mais se tenha manifestado, brilhado e operado, é mais conhecida e amada; é a melhor; e naquela onde o Eterno Bem é menos manifestado, é a menor das criaturas (Teologia Germânica)”.

“Porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude”: plenitude de amor, plenitude de vida, plenitude de alegria, de poder, de TODO O BEM. E, nele, seremos completos. Cristo em nós, um conosco, para que possamos ousada e confiadamente dizer: – “Em Cristo todas as coisas são minhas”. Declarando, isto se fará manifesto.

Acima de todas as coisas, aprenda a guardar-se para o Cristo, em seu íntimo e não no íntimo alheio. Deixe que o Pai Se manifeste através de VOCÊ, à Sua própria maneira, ainda que a Sua manifestação seja diferente da Sua manifestação em outros filhos. Até aqui, mesmo os mais espiritualmente iluminados têm sido meros pigmeus, porque temos, pela ação do nosso pensamento consciente, limitado a manifestação divina através de uma outra pessoa. Deus nos tornará gigantes espirituais se quisermos realmente abolir todos os limites e dar-Lhe uma oportunidade.

“Embora seja-nos bom e proveitoso aprender e saber o que os homens bons e grandiosos produziram e sofreram, e como Deus tem agido com eles e operado neles e através deles, ainda será mil vezes melhor que aprendamos, percebamos e compreendamos quem somos e o que é a nossa vida, o que Deus está fazendo em nós e o que Ele deseja que façamos (Teologia Germânica).”

Todas as bênçãos prometidas no capítulo 28, de Deuteronômio, serão para aqueles que “ouvirem atentamente à voz do Senhor teu Deus”. Aqueles que buscam a voz interior em sua própria alma e aprendem a ouvir e obedecer o que ela lhes diz individualmente, sem se importarem com o que ela diz a uma outra pessoa, independentemente de quanto ele ou ela possa estar adiantado no conhecimento espiritual. Essa voz não o guiará exatamente do mesmo modo como conduz aos outros, neste vasto mundo; mas na infinita variedade, haverá perfeita harmonia uma vez que há um só Deus e Pai, de todos, que está acima de todos, através de todos e em todos.

Emerson disse – “Cada alma não é somente a entrada, mas pode se tornar a saída de tudo que há em Deus”. Somente conseguiremos isso se nos conservarmos conscientemente abertos, em comunicação com Deus, sem a intervenção de nenhuma outra alma entre Ele e nós. “O Ungido que tendes recebido habita em vós e não necessitais que ninguém vos ensine”. “Mas o Consolador que é o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas”.

“Não obstante, quando ele, o Espírito de verdade vier, vos guiará à verdade, porque ele não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que estão para vir”
.

Somente é necessária uma pequena palavra: – “agora” – firme e persistentemente conservada na mente para manifestar-se através de nós, o mais alto ideal de que somos capazes de formar; sim, muito mais alto, pois não está dito: “Como os céus são mais altos do que a terra, assim os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos do que os seus pensamentos.”? Essa manifestação através de nós será o cumprimento do ideal de Deus, em vez do nosso limitado ideal mortal, quando aprendemos a deixar que o Espírito nos conduza e atenhamo-nos à nossa mente consciente do “agora”.

Se você deseja manifestar o perfeito Cristo, afirme com todo o seu coração e toda a sua alma e força que você o manifesta agora; que você manifesta saúde e força, amor e verdade e poder. Abandone a ideia de ser ou fazer qualquer coisa no futuro. Deus não conhece o tempo, mas somente o eterno “agora”. Você não pode jamais conhecer qualquer outro tempo, porque não há nenhum outro. Você não pode viver uma hora ou dez minutos no futuro. Você não pode vivê-lo enquanto não o alcançar, e então ele se torna o “agora”. Dizer ou crer que a salvação e a libertação estão por vir, será para sempre e através de todas as idades eternas, conservá-las, como um fogo fátuo, um pouco adiante de si, sempre para serem alcançadas, mas jamais perfeitamente realizadas.

“Agora é o tempo da aceitação; Agora é o dia da salvação”, disse Paulo (*Nota: esse "agora" nada tem a ver com termos humanos de tempo). Ele nada disse sobre sermos salvos das nossas aflições após a morte, mas sempre ensinou uma presente salvação. O trabalho de Deus completa-se em nós, agora. Toda a plenitude habita nesse Cristo interior, agora. O que quer que seja que persistentemente declaremos, manifesta-se agora, está manifesto agora. E então, consequentemente, em termos humanos de tempo, o veremos cumprido.

FIM

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