Masaharu Taniguchi
Conforme discorri anteriormente, (no livro volume 03 de A Verdade da Vida), o pensamento é uma força, pois ele é Verbo (palavra). E como o Verbo é criador, o que pensamos concentradamente concretiza-se infalivelmente, se for coisa boa ou algo que contribua para a iluminação da humanidade. Isto está comprovado por vários casos reais em que, através da orientação direta ou da orientação à distância, ou mesmo através da mudança do pensamento pela simples leitura do Livro A Verdade da Vida (ou outro equivalente), muitos doentes curam-se subitamente de moléstias crônicas de difícil recuperação, até mesmo de câncer ou tuberculose, e tiveram suas condições de vida e destino completamente transformados. Entretanto, por mais que o pensamento seja uma força criadora, de nada adianta suplicarmos a Deus, mentalizando “Concretizai-me estas coisas más”, pois isso não se concretizará. Uma vez que a força criadora de Deus possui a natureza de agir tão-somente em direção ao Bem, por mais que tentemos mentalizar em direção oposta à força criadora de Deus, isso resultará em desperdício de mentalização, pois era estará sendo uma força “vazia”. Por fim, nossa força mental deixará de se identificar com a força de Deus, a força da Vida; nossa mente perderá a força criadora; e, por mais que tentemos, a mentalização não surtirá efeito algum.
Portanto, para que possamos curar doenças através da Meditação Shinsokan, devemos fazer da vontade de Deus a nossa vontade. E quanto mais nossa vontade se aproximar da vontade de Deus, tanto mais poderemos manifestar nosso poder espiritual. Não consegue resultado satisfatório quem mentaliza a cura de um doente, visando receber honorário. Pode ser que, no princípio, ele consiga obter algum êxito, mas, se continuar fazendo a mentalização pela cura com tal interesse, a sua mentalização irá aos poucos perdendo a força. Isto ocorre porque as ondas/vibrações mentais desse terapeuta deixa de sintonizar com as ondas espirituais da salvação de Deus.
Certa vez, o Sr. Sawada, que cuidava da Regional da Seicho-No-Ie de Kumamoto, narrou sobre uma pessoa que há muito tempo introduzira no Japão a doutrina da Ciência Cristã e fora difundindo-a largamente em todo o país sob o nome de “Filosofia da Saúde Perfeita”. Havia filiais suas em vários locais de Kumamoto, porém elas foram aos poucos desaparecendo. A causa desse fracasso, segundo o Sr. Sawada, foi o fato de as pessoas encarregadas das filiais terem tido interesse em auferir lucros com as curas. É bem possível que a causa tenha sido isso mesmo.
É verdade que há pessoas que realizam terapias espirituais em troca de pagamentos exorbitantes. Nesses casos, a cura pode ocorrer em razão da fé do próprio paciente de que “tudo que custa caro é eficaz”. Existem também casos em que, embora o praticante da cura não seja de nível muito elevado, ele pode contar com um “guia espiritual” poderoso e curar doenças com a ajuda desse guia. É a isso que a Bíblia se refere quando diz: “... expulsa os demônios por meio do príncipe dos demônios”.
Toda via, para que possamos eliminar a doença de uma pessoa com o poder de Deus, com o poder da Verdade, com o poder do amor, não devemos ter a mente ávida por dinheiro, pois, nutrindo tal pensamento de cobiça, não poderemos nos tornar receptores das ondas espirituais da cura divina e, em consequência, não poderemos alcançar sucesso na cura de doenças. O mesmo princípio é válido também para os enfermos que recebem a mentalização para a cura: se receberem a mentalização com o pensamento ganancioso, não obterão resultado satisfatório. Tanto aquele que pratica a mentalização quanto aquele que recebe a mentalização obterão resultado insatisfatório se tiverem pensamento ganancioso. Por que isso acontece? Porque, ao nutrirem pensamento ganancioso, ambas as partes, tanto o terapeuta como o paciente, maculam suas próprias ondas mentais, e tornam-se maus condutores das ondas espirituais de Deus, que atuam na cura divina.
No capítulo 7 do Evangelho Segundo Lucas, há uma passagem que conta o seguinte episódio: Certa feita, Jesus foi convidado para um banquete na casa de um fariseu chamado Simão. Havia nessa cidade uma mulher de nome Madalena, que, por ser uma meretriz, era desprezada por todos. Quando ela soube que Jesus fora convidado para o banquete na casa de Simão, ela para lá se dirigiu levando um vaso de alabastro cheio de bálsamo de fino aroma; e, chorando de arrependimento, ajoelhou-se aos pés de Jesus, banhou-lhe os pés com suas lágrimas, enxugou-os com seus cabelos, beijou-os e ungiu-os com o bálsamo. Vendo isso, Simão, que era fariseu, pensou consigo: “Mulher pecadora, que fazes? Não vês que Deus não recebe oferendas de uma mulher pecadora como tu? Jesus, por sua vez, se é realmente um enviado de Deus, deveria saber, através de sua sensibilidade espiritual, que espécie de mulher é essa que tocou os seus pés. Como pode mostrar tanta benevolência para com essa pecadora?”. Jesus, que lera o pensamento de Simão, disse-lhe: “Simão, quero fazer-lhe uma pergunta. Responda-me: um credor que tenha dois devedores, dos quais um lhe deve cinqüenta moedas, e o outro, quinhentas, caso ele perdoe a ambos a dívida, qual deles iria agradecer mais?” Em resposta, Simão disse: “Com certeza o que tem maior dívida agradecerá mais pela misericórdia do credor”. “Isso mesmo – disse Jesus – Quem tem maior dívida amará mais o credor, agradecendo-lhe pela dívida perdoada; mas aquele que pensa que tem uma dívida pequena não se sente muito agradecido pelo perdão e não ama o credor. Quando cheguei em tua casa, tu não me deste água para lavar os pés, mas esta mulher banhou-me os pés com suas lágrimas e enxugou-os com seus próprios cabelos. Tu não me deste o ósculo em meus pés, mas esta mulher beijou-me os pés. Tu não me ungiste a cabeça com o bálsamo, mas esta mulher, ungindo-me os pés, pediu-me que fosse perdoada. Assim, aquele que mais se arrepende de seus pecados sentirá maior gratidão e amor mais profundo a Deus”. E dizendo isto, voltou-se para a mulher e disse-lhe solenemente: “São-te perdoados os teus pecados”.
QUE SIGNIFICA “SER PERDOADO”
O que devemos notar nessa passagem do Evangelho é que o fariseu Simão demonstrou uma atitude mental insolente, leviana e arrogante, menosprezando o perdão de Deus, ao oferecer um banquete pomposo ao Salvador; certamente pensou que, não sendo ele um grande pecador, seus pequenos pecados deveriam obviamente ser perdoados em troca daquele banquete. A atitude mental de se orgulhar das pequenas virtudes é abominada pela seita Shin, do budismo. Enquanto mantiver esse pensamento arrogante, o homem não será perdoado. Mas isso não significa que Deus tenha o pensamento mesquinho de não perdoar ao homem por causa de suas atitudes erradas. É o próprio homem que, não reconhecendo o seu pecado, não consegue apreender a Imagem Verdadeira da sua Vida, que é Filho de Deus; orgulha-se das pequenas virtudes que praticou, pensando que com isso já manifestou totalmente a sua Imagem Verdadeira, e não procura expressar a totalidade da maravilhosa natureza divina que está latente nele. Portanto, quem não tem a humildade de se arrepender é uma pessoa que ainda não apreendeu realmente a própria natureza divina. Em outras palavras, não está manifestada nele a maravilhosa natureza divina (Imagem de Deus).
Manifestando-se a natureza divina, ocorre o perdão. Na verdade, quando dizemos que alguém “foi perdoado”, estamos nos referindo ao fato de o seu pecado ter-se extinguido. Não basta alguém receber o perdão verbalmente – “Eu te perdoei” – se ainda não manifestou a sua natureza divina e, por conseguinte, não extinguiu o pecado e a propensão de voltar a pecar. Somente ao manifestar a sua natureza divina a pessoa alcança o estado em que o pecado é perdoado e extinto. Equivoca-se quem pensa que o seu pecado foi perdoado simplesmente porque lhe disseram: “Perdôo os teus pecados”. Quando o pecado é realmente perdoado e extinto, desaparece também a doença, que é a manifestação do pecado. Assim, pode-se dizer que o praticante de cura divina é aquele que apaga os pecados do próximo, isto é, faz com que neste se manifeste a natureza divina (Cristo disse: “tendes autoridade para perdoar pecados”). Com efeito, por mais que a pessoa que faz a mentalização se esforce unilateralmente, o resultado será insignificante se não houver por parte do outro o coração arrependido e disposto a aceitar a Verdade.
A meretriz Madalena arrependeu-se de seus pecados, isto é, ela mediu os atos dela com a escala de sua natureza divina e percebeu que seu procedimento não estava correto. Até aquele momento, ela estava medindo a sua conduta com uma escala falsa, mais curta que a verdadeira, e pensava: “Tenho medidas (espirituais) de uma pessoa normal”; mas ela compreendeu que estava mentindo aos outros e a si mesma. Medindo-se, desta vez, com a escala verdadeira chamada “sua própria natureza divina”, percebeu que seu “eu” estava manifestando em tamanho muito menor do que deveria ser na realidade, e se arrependeu por ter apresentado ao mundo como normal algo “menor que o normal” porque medira com uma escala falsa. Quando a pessoa compreende que estava agindo erroneamente e se arrepende, passa a possuir a “escala verdadeira da natureza divina” em sua mente. Em outras palavras, passa a manifestar a sua natureza divina. Este é o estado em que o pecado foi perdoado e eliminado. Uma vez que o homem reconheça que estava errado, seu pecado desaparece. Por isso, em vez de se prender aos pecados do passado, deve partir decididamente para a prática de atos dignos de um filho de Deus, com a consciência digna de um filho de Deus. Esta é a razão por que Cristo disse à arrependida Madalena: “São-te perdoados os teus pecados”.
Afirmei anteriormente que o praticante da cura metafísica não conseguirá bons resultados se tiver o ganancioso desejo de receber honorários ao fazer a mentalização pela cura, e que também o paciente não alcançará resultado satisfatório se receber a mentalização com pensamento ganancioso de economizar as despesas com exames e medicamentos de um tratamento médico, já que as orações para a cura nada custam. Para obter o perdão do pecado (a manifestação da Imagem Verdadeira da Vida), Madalena certamente deve ter vertido nos pés de Cristo (Verdade) a totalidade do seu mais valioso bálsamo. Os tesouros materiais, sejam eles bálsamo ou qualquer outro, por mais valiosos que sejam, são insignificantes quando comparados com a conscientização da Verdade fundamental de que “o homem é filho de Deus”. Quando existe o ardente desejo de conhecer a Verdade e ser salvo, esse desejo manifesta-se necessariamente em atos concretos, fazendo a pessoa desejar oferecer até mesmo tudo que possui. E Madalena manifestou esse desejo ardente através do ato de verter o bálsamo nos pés de Cristo. Pode alguém pensar que seja mais cômodo receber a cura através da oração, que é gratuita ou pouco onerosa, sem demonstrar o seu arrependimento através de atos. Pessoas com tal pensamento não conseguem ser receptoras das vibrações espirituais de cura divina, e consequentemente torna-se difícil a cura da doença por esse meio. A cura se fará de modo admirável quando ambos – o que vai curar e o que vai ser curado – atingirem o nível espiritual em que se disponham a dar tudo de si por amor a Deus e para manifestar a glória de Deus, sem pensar absolutamente em interesses pessoais. Ao se oferecer alguma recompensa monetária, esta será algo puro se for oferecida com a intenção de que seja utilizada para manifestar a glória de Deus, e não com o simples intuito de remunerar a pessoa que fez a oração pela cura.
Quanto ao fato de fazer com que o doente tome consciência dos seus pecados, reflita e se arrependa, não tem por objetivo atormentá-lo, mas conduzi-lo à regeneração espiritual. Existem casos em que os pecados estão sedimentados no fundo do subconsciente, estando esquecidos conscientemente, e a pessoa julga não ter pecado algum. Há também casos em que a pessoa pensa: “O que fiz não constitui pecado, pois é algo que todo mundo faz”. Tais pecados, embora esquecidos pelo consciente, não estão eliminados; eles estão incrustados no fundo do subconsciente, como as crostas de impurezas no interior do cano de água, e são até mais difíceis de serem removidos. Somente quando trazidos à tona do consciente é que os pecados ocultos no fundo da alma poderão ser eliminados.
Segundo as pesquisas no campo da psicanálise, muito desenvolvida atualmente, quando um indivíduo interioriza “um pensamento de que se envergonharia caso chegasse ao conhecimento dos outros” e o esquecesse deliberadamente, esse pensamento confinado no fundo do subconsciente acaba se tornando a causa das mais diversas doenças. Por isso, quando fazemos o doente se lembrar desse pensamento esquecido, e damos-lhe o tratamento adequado, ele se cura rapidamente. São numerosos os casos de curas que ocorrem dessa forma.
O ARREPENDIMENTO CURA DOENÇAS
Como um exemplo, podemos citar o caso de uma senhora que não podia beber nenhum líquido. Ela ficava com sede e tinha vontade insuportável de tomar alguma coisa, porém mal seus lábios tocavam o líquido, a garganta se lhe contraía e não conseguia beber uma gota sequer. Nessas circunstâncias, ela atenuava a sede a custo, comendo frutas. Após tentar todo tipo de tratamento médico, sem nenhum resultado satisfatório, por fim resolveu consultar o psicanalista Breuer, de Viena. Analisando profundamente o subconsciente da paciente, o psicanalista apurou o seguinte fato. Certo dia, essa senhora recebeu a visita de uma dama da sociedade e quando a conduziu para a sala de visita, deparou com o seu cachorro bebendo água do copo que estava sobre uma mesa. Quando viu essa cena, ela foi tomada de um sentimento de repulsa tão insuportável que ficou com vontade de xingar o seu cachorro, gritando-lhe os piores palavrões. Todavia, ali estava aquela dama que a visitava. Pensou que era uma vergonha xingar vulgarmente o seu cachorro na frente da visita e controlou-se, reprimindo a vontade de gritar. Nessa ocasião nada aconteceu e com o tempo até se esqueceu do fato de que o cachorro bebera a água do copo. Entretanto, mais ou menos na época em que ela se esquecera desse incidente, foi que começou a não poder beber líquidos. Analisando bem a mente da paciente, o psicanalista conseguiu descobrir finalmente que existia no seu subconsciente uma vontade de recusar-se a beber líquidos. Essa vontade estava reprimida no seu subconsciente e não aparecia à tona, mas, como não havia desaparecido, manifestou-se em forma de doença que a impedia de ingerir líquidos. Então o psicanalista fez com que ela recordasse minuciosamente aquela cena em que o cachorro estava bebendo a água do copo e exteriorizasse em palavras, à vontade, a raiva que sentira pelo cachorro. Com isso, ela se curou dessa estranha doença de não poder ingerir líquidos.
O que podemos depreender do resultado dessa psicanálise? Ele nos esclarece que, embora a pessoa oculte os próprios pecados, aparentando não possuir nenhum, fingindo que nunca insultou ninguém, nem mesmo um animal, ou mesmo que se tenha esquecido desses pecados e esteja convicta de que não possui pecado algum, na realidade os seus pecados não estão eliminados. No caso citado, quando o seu pecado foi trazido à tona, aquela senhora, que se comportara como uma pessoa muito fina na presença da visita, percebeu que na verdade era uma criatura que se enfurecia com um fato tão insignificante como aquele. Assim trazidas à superfície, as “sujeiras” do pecado que se encontravam depositadas no fundo do “cano” do subconsciente puderam ser eliminadas facilmente. Na religião, esse processo chama-se arrependimento, e na psicanálise dá-se-lhe o nome de catarse.
De acordo com a doutrina da Seicho-No-Ie, o pecado, assim como a treva, não existe originariamente. A treva não é existência real, pois é um estado falso de ausência de luz. Da mesma maneira que a treva desaparece quando deixamos de encobri-la, o pecado também desaparece automaticamente quando o expomos à luz, pois ele não existe originariamente. Se alguém pensa em “ocultar seu pecado, acobertando-o convenientemente”, é porque acredita que existe o pecado – bem como o “eu” que comete pecados – e sua mente está presa a essa idéia. No entanto, ao compreender que o pecado não existe originariamente – tampouco o “eu” que comete pecados – concluirá que aquele indivíduo mau de até então não era o seu Eu verdadeiro, e que o “falso eu” vinha mentindo e fingindo-se de verdadeiro. Então decidirá fazer a confissão, denunciando todo o seu passado e revelando “como tinha sido falso e mau”. Caso continue a encobrir o “falso eu” e fingir inescrupulosamente que não possui pecado algum, é prova de que ainda não conseguiu separar completamente o Eu verdadeiro do “falso eu”. Isto é, não conseguiu a verdadeira regeneração espiritual ou, em outras palavras, ou ele não está curado como ser humano. Se houver alguém que deseja curar-se apenas da doença, sem curar o seu “eu” total chamado ser humano, devemos dizer que tal pessoa nada tem a ver com o nosso método de cura fundamental.
Apesar do que foi dito, não é necessário que as pessoas que desejam a cura relatem ao orientador todo o seu passado e confessem os seus pecados, um por um, detalhadamente, pois isso tomaria muito tempo e seria quase impossível. Mesmo a meretriz Madalena não contou particularmente todos os pecados de sua vida, prostrando-se aos pés de Cristo; ela simplesmente chorou, e isso foi para eliminar pecados. Ela ainda verteu o bálsamo em Cristo, e isso foi para manifestar a glória de Cristo, isto é, da Verdade, do Homem Real. Embora confesse detalhadamente o seu pecado, se o arrependimento não for tão profundo como o de Madalena que se prostrou e chorou convulsivamente (embora o choro não seja especialmente necessário), não se pode dizer que esteja realmente repudiando esse pecado. Ademais, assim como Madalena derramou todo o seu valioso bálsamo nos pés de Cristo para obter o verdadeiro perdão de seus pecados, a pessoa deve estar disposta a abandonar tudo pela manifestação na natureza divina (Cristo). Do contrário, não se pode dizer que está realmente amando a sua própria natureza divina. É preciso estar decidido a dar tudo, se for necessário, para manifestar a natureza divina. Quem deseja a cura precisa ter essa determinação, e isso é mais do que natural se considerarmos a teoria da Seicho-No-Ie, segundo a qual não existe uma existência material chamada doença, sendo esta apenas a materialização dos pecados existentes na mente (pecado = encobrimento da natureza divina). No entanto, mesmo que a determinação não chegue a tanto, as doenças se curam. Não todas, mas a maior parte. Isto porque o amor da pessoa que faz a oração pela cura envolve provisoriamente o paciente e eleva-o para o mundo do Amor – o Mundo da Imagem Verdadeira – o mundo da Harmonia.
Portanto, para que possamos curar doenças através da Meditação Shinsokan, devemos fazer da vontade de Deus a nossa vontade. E quanto mais nossa vontade se aproximar da vontade de Deus, tanto mais poderemos manifestar nosso poder espiritual. Não consegue resultado satisfatório quem mentaliza a cura de um doente, visando receber honorário. Pode ser que, no princípio, ele consiga obter algum êxito, mas, se continuar fazendo a mentalização pela cura com tal interesse, a sua mentalização irá aos poucos perdendo a força. Isto ocorre porque as ondas/vibrações mentais desse terapeuta deixa de sintonizar com as ondas espirituais da salvação de Deus.
Certa vez, o Sr. Sawada, que cuidava da Regional da Seicho-No-Ie de Kumamoto, narrou sobre uma pessoa que há muito tempo introduzira no Japão a doutrina da Ciência Cristã e fora difundindo-a largamente em todo o país sob o nome de “Filosofia da Saúde Perfeita”. Havia filiais suas em vários locais de Kumamoto, porém elas foram aos poucos desaparecendo. A causa desse fracasso, segundo o Sr. Sawada, foi o fato de as pessoas encarregadas das filiais terem tido interesse em auferir lucros com as curas. É bem possível que a causa tenha sido isso mesmo.
É verdade que há pessoas que realizam terapias espirituais em troca de pagamentos exorbitantes. Nesses casos, a cura pode ocorrer em razão da fé do próprio paciente de que “tudo que custa caro é eficaz”. Existem também casos em que, embora o praticante da cura não seja de nível muito elevado, ele pode contar com um “guia espiritual” poderoso e curar doenças com a ajuda desse guia. É a isso que a Bíblia se refere quando diz: “... expulsa os demônios por meio do príncipe dos demônios”.
Toda via, para que possamos eliminar a doença de uma pessoa com o poder de Deus, com o poder da Verdade, com o poder do amor, não devemos ter a mente ávida por dinheiro, pois, nutrindo tal pensamento de cobiça, não poderemos nos tornar receptores das ondas espirituais da cura divina e, em consequência, não poderemos alcançar sucesso na cura de doenças. O mesmo princípio é válido também para os enfermos que recebem a mentalização para a cura: se receberem a mentalização com o pensamento ganancioso, não obterão resultado satisfatório. Tanto aquele que pratica a mentalização quanto aquele que recebe a mentalização obterão resultado insatisfatório se tiverem pensamento ganancioso. Por que isso acontece? Porque, ao nutrirem pensamento ganancioso, ambas as partes, tanto o terapeuta como o paciente, maculam suas próprias ondas mentais, e tornam-se maus condutores das ondas espirituais de Deus, que atuam na cura divina.
No capítulo 7 do Evangelho Segundo Lucas, há uma passagem que conta o seguinte episódio: Certa feita, Jesus foi convidado para um banquete na casa de um fariseu chamado Simão. Havia nessa cidade uma mulher de nome Madalena, que, por ser uma meretriz, era desprezada por todos. Quando ela soube que Jesus fora convidado para o banquete na casa de Simão, ela para lá se dirigiu levando um vaso de alabastro cheio de bálsamo de fino aroma; e, chorando de arrependimento, ajoelhou-se aos pés de Jesus, banhou-lhe os pés com suas lágrimas, enxugou-os com seus cabelos, beijou-os e ungiu-os com o bálsamo. Vendo isso, Simão, que era fariseu, pensou consigo: “Mulher pecadora, que fazes? Não vês que Deus não recebe oferendas de uma mulher pecadora como tu? Jesus, por sua vez, se é realmente um enviado de Deus, deveria saber, através de sua sensibilidade espiritual, que espécie de mulher é essa que tocou os seus pés. Como pode mostrar tanta benevolência para com essa pecadora?”. Jesus, que lera o pensamento de Simão, disse-lhe: “Simão, quero fazer-lhe uma pergunta. Responda-me: um credor que tenha dois devedores, dos quais um lhe deve cinqüenta moedas, e o outro, quinhentas, caso ele perdoe a ambos a dívida, qual deles iria agradecer mais?” Em resposta, Simão disse: “Com certeza o que tem maior dívida agradecerá mais pela misericórdia do credor”. “Isso mesmo – disse Jesus – Quem tem maior dívida amará mais o credor, agradecendo-lhe pela dívida perdoada; mas aquele que pensa que tem uma dívida pequena não se sente muito agradecido pelo perdão e não ama o credor. Quando cheguei em tua casa, tu não me deste água para lavar os pés, mas esta mulher banhou-me os pés com suas lágrimas e enxugou-os com seus próprios cabelos. Tu não me deste o ósculo em meus pés, mas esta mulher beijou-me os pés. Tu não me ungiste a cabeça com o bálsamo, mas esta mulher, ungindo-me os pés, pediu-me que fosse perdoada. Assim, aquele que mais se arrepende de seus pecados sentirá maior gratidão e amor mais profundo a Deus”. E dizendo isto, voltou-se para a mulher e disse-lhe solenemente: “São-te perdoados os teus pecados”.
QUE SIGNIFICA “SER PERDOADO”
O que devemos notar nessa passagem do Evangelho é que o fariseu Simão demonstrou uma atitude mental insolente, leviana e arrogante, menosprezando o perdão de Deus, ao oferecer um banquete pomposo ao Salvador; certamente pensou que, não sendo ele um grande pecador, seus pequenos pecados deveriam obviamente ser perdoados em troca daquele banquete. A atitude mental de se orgulhar das pequenas virtudes é abominada pela seita Shin, do budismo. Enquanto mantiver esse pensamento arrogante, o homem não será perdoado. Mas isso não significa que Deus tenha o pensamento mesquinho de não perdoar ao homem por causa de suas atitudes erradas. É o próprio homem que, não reconhecendo o seu pecado, não consegue apreender a Imagem Verdadeira da sua Vida, que é Filho de Deus; orgulha-se das pequenas virtudes que praticou, pensando que com isso já manifestou totalmente a sua Imagem Verdadeira, e não procura expressar a totalidade da maravilhosa natureza divina que está latente nele. Portanto, quem não tem a humildade de se arrepender é uma pessoa que ainda não apreendeu realmente a própria natureza divina. Em outras palavras, não está manifestada nele a maravilhosa natureza divina (Imagem de Deus).
Manifestando-se a natureza divina, ocorre o perdão. Na verdade, quando dizemos que alguém “foi perdoado”, estamos nos referindo ao fato de o seu pecado ter-se extinguido. Não basta alguém receber o perdão verbalmente – “Eu te perdoei” – se ainda não manifestou a sua natureza divina e, por conseguinte, não extinguiu o pecado e a propensão de voltar a pecar. Somente ao manifestar a sua natureza divina a pessoa alcança o estado em que o pecado é perdoado e extinto. Equivoca-se quem pensa que o seu pecado foi perdoado simplesmente porque lhe disseram: “Perdôo os teus pecados”. Quando o pecado é realmente perdoado e extinto, desaparece também a doença, que é a manifestação do pecado. Assim, pode-se dizer que o praticante de cura divina é aquele que apaga os pecados do próximo, isto é, faz com que neste se manifeste a natureza divina (Cristo disse: “tendes autoridade para perdoar pecados”). Com efeito, por mais que a pessoa que faz a mentalização se esforce unilateralmente, o resultado será insignificante se não houver por parte do outro o coração arrependido e disposto a aceitar a Verdade.
A meretriz Madalena arrependeu-se de seus pecados, isto é, ela mediu os atos dela com a escala de sua natureza divina e percebeu que seu procedimento não estava correto. Até aquele momento, ela estava medindo a sua conduta com uma escala falsa, mais curta que a verdadeira, e pensava: “Tenho medidas (espirituais) de uma pessoa normal”; mas ela compreendeu que estava mentindo aos outros e a si mesma. Medindo-se, desta vez, com a escala verdadeira chamada “sua própria natureza divina”, percebeu que seu “eu” estava manifestando em tamanho muito menor do que deveria ser na realidade, e se arrependeu por ter apresentado ao mundo como normal algo “menor que o normal” porque medira com uma escala falsa. Quando a pessoa compreende que estava agindo erroneamente e se arrepende, passa a possuir a “escala verdadeira da natureza divina” em sua mente. Em outras palavras, passa a manifestar a sua natureza divina. Este é o estado em que o pecado foi perdoado e eliminado. Uma vez que o homem reconheça que estava errado, seu pecado desaparece. Por isso, em vez de se prender aos pecados do passado, deve partir decididamente para a prática de atos dignos de um filho de Deus, com a consciência digna de um filho de Deus. Esta é a razão por que Cristo disse à arrependida Madalena: “São-te perdoados os teus pecados”.
Afirmei anteriormente que o praticante da cura metafísica não conseguirá bons resultados se tiver o ganancioso desejo de receber honorários ao fazer a mentalização pela cura, e que também o paciente não alcançará resultado satisfatório se receber a mentalização com pensamento ganancioso de economizar as despesas com exames e medicamentos de um tratamento médico, já que as orações para a cura nada custam. Para obter o perdão do pecado (a manifestação da Imagem Verdadeira da Vida), Madalena certamente deve ter vertido nos pés de Cristo (Verdade) a totalidade do seu mais valioso bálsamo. Os tesouros materiais, sejam eles bálsamo ou qualquer outro, por mais valiosos que sejam, são insignificantes quando comparados com a conscientização da Verdade fundamental de que “o homem é filho de Deus”. Quando existe o ardente desejo de conhecer a Verdade e ser salvo, esse desejo manifesta-se necessariamente em atos concretos, fazendo a pessoa desejar oferecer até mesmo tudo que possui. E Madalena manifestou esse desejo ardente através do ato de verter o bálsamo nos pés de Cristo. Pode alguém pensar que seja mais cômodo receber a cura através da oração, que é gratuita ou pouco onerosa, sem demonstrar o seu arrependimento através de atos. Pessoas com tal pensamento não conseguem ser receptoras das vibrações espirituais de cura divina, e consequentemente torna-se difícil a cura da doença por esse meio. A cura se fará de modo admirável quando ambos – o que vai curar e o que vai ser curado – atingirem o nível espiritual em que se disponham a dar tudo de si por amor a Deus e para manifestar a glória de Deus, sem pensar absolutamente em interesses pessoais. Ao se oferecer alguma recompensa monetária, esta será algo puro se for oferecida com a intenção de que seja utilizada para manifestar a glória de Deus, e não com o simples intuito de remunerar a pessoa que fez a oração pela cura.
Quanto ao fato de fazer com que o doente tome consciência dos seus pecados, reflita e se arrependa, não tem por objetivo atormentá-lo, mas conduzi-lo à regeneração espiritual. Existem casos em que os pecados estão sedimentados no fundo do subconsciente, estando esquecidos conscientemente, e a pessoa julga não ter pecado algum. Há também casos em que a pessoa pensa: “O que fiz não constitui pecado, pois é algo que todo mundo faz”. Tais pecados, embora esquecidos pelo consciente, não estão eliminados; eles estão incrustados no fundo do subconsciente, como as crostas de impurezas no interior do cano de água, e são até mais difíceis de serem removidos. Somente quando trazidos à tona do consciente é que os pecados ocultos no fundo da alma poderão ser eliminados.
Segundo as pesquisas no campo da psicanálise, muito desenvolvida atualmente, quando um indivíduo interioriza “um pensamento de que se envergonharia caso chegasse ao conhecimento dos outros” e o esquecesse deliberadamente, esse pensamento confinado no fundo do subconsciente acaba se tornando a causa das mais diversas doenças. Por isso, quando fazemos o doente se lembrar desse pensamento esquecido, e damos-lhe o tratamento adequado, ele se cura rapidamente. São numerosos os casos de curas que ocorrem dessa forma.
O ARREPENDIMENTO CURA DOENÇAS
Como um exemplo, podemos citar o caso de uma senhora que não podia beber nenhum líquido. Ela ficava com sede e tinha vontade insuportável de tomar alguma coisa, porém mal seus lábios tocavam o líquido, a garganta se lhe contraía e não conseguia beber uma gota sequer. Nessas circunstâncias, ela atenuava a sede a custo, comendo frutas. Após tentar todo tipo de tratamento médico, sem nenhum resultado satisfatório, por fim resolveu consultar o psicanalista Breuer, de Viena. Analisando profundamente o subconsciente da paciente, o psicanalista apurou o seguinte fato. Certo dia, essa senhora recebeu a visita de uma dama da sociedade e quando a conduziu para a sala de visita, deparou com o seu cachorro bebendo água do copo que estava sobre uma mesa. Quando viu essa cena, ela foi tomada de um sentimento de repulsa tão insuportável que ficou com vontade de xingar o seu cachorro, gritando-lhe os piores palavrões. Todavia, ali estava aquela dama que a visitava. Pensou que era uma vergonha xingar vulgarmente o seu cachorro na frente da visita e controlou-se, reprimindo a vontade de gritar. Nessa ocasião nada aconteceu e com o tempo até se esqueceu do fato de que o cachorro bebera a água do copo. Entretanto, mais ou menos na época em que ela se esquecera desse incidente, foi que começou a não poder beber líquidos. Analisando bem a mente da paciente, o psicanalista conseguiu descobrir finalmente que existia no seu subconsciente uma vontade de recusar-se a beber líquidos. Essa vontade estava reprimida no seu subconsciente e não aparecia à tona, mas, como não havia desaparecido, manifestou-se em forma de doença que a impedia de ingerir líquidos. Então o psicanalista fez com que ela recordasse minuciosamente aquela cena em que o cachorro estava bebendo a água do copo e exteriorizasse em palavras, à vontade, a raiva que sentira pelo cachorro. Com isso, ela se curou dessa estranha doença de não poder ingerir líquidos.
O que podemos depreender do resultado dessa psicanálise? Ele nos esclarece que, embora a pessoa oculte os próprios pecados, aparentando não possuir nenhum, fingindo que nunca insultou ninguém, nem mesmo um animal, ou mesmo que se tenha esquecido desses pecados e esteja convicta de que não possui pecado algum, na realidade os seus pecados não estão eliminados. No caso citado, quando o seu pecado foi trazido à tona, aquela senhora, que se comportara como uma pessoa muito fina na presença da visita, percebeu que na verdade era uma criatura que se enfurecia com um fato tão insignificante como aquele. Assim trazidas à superfície, as “sujeiras” do pecado que se encontravam depositadas no fundo do “cano” do subconsciente puderam ser eliminadas facilmente. Na religião, esse processo chama-se arrependimento, e na psicanálise dá-se-lhe o nome de catarse.
De acordo com a doutrina da Seicho-No-Ie, o pecado, assim como a treva, não existe originariamente. A treva não é existência real, pois é um estado falso de ausência de luz. Da mesma maneira que a treva desaparece quando deixamos de encobri-la, o pecado também desaparece automaticamente quando o expomos à luz, pois ele não existe originariamente. Se alguém pensa em “ocultar seu pecado, acobertando-o convenientemente”, é porque acredita que existe o pecado – bem como o “eu” que comete pecados – e sua mente está presa a essa idéia. No entanto, ao compreender que o pecado não existe originariamente – tampouco o “eu” que comete pecados – concluirá que aquele indivíduo mau de até então não era o seu Eu verdadeiro, e que o “falso eu” vinha mentindo e fingindo-se de verdadeiro. Então decidirá fazer a confissão, denunciando todo o seu passado e revelando “como tinha sido falso e mau”. Caso continue a encobrir o “falso eu” e fingir inescrupulosamente que não possui pecado algum, é prova de que ainda não conseguiu separar completamente o Eu verdadeiro do “falso eu”. Isto é, não conseguiu a verdadeira regeneração espiritual ou, em outras palavras, ou ele não está curado como ser humano. Se houver alguém que deseja curar-se apenas da doença, sem curar o seu “eu” total chamado ser humano, devemos dizer que tal pessoa nada tem a ver com o nosso método de cura fundamental.
Apesar do que foi dito, não é necessário que as pessoas que desejam a cura relatem ao orientador todo o seu passado e confessem os seus pecados, um por um, detalhadamente, pois isso tomaria muito tempo e seria quase impossível. Mesmo a meretriz Madalena não contou particularmente todos os pecados de sua vida, prostrando-se aos pés de Cristo; ela simplesmente chorou, e isso foi para eliminar pecados. Ela ainda verteu o bálsamo em Cristo, e isso foi para manifestar a glória de Cristo, isto é, da Verdade, do Homem Real. Embora confesse detalhadamente o seu pecado, se o arrependimento não for tão profundo como o de Madalena que se prostrou e chorou convulsivamente (embora o choro não seja especialmente necessário), não se pode dizer que esteja realmente repudiando esse pecado. Ademais, assim como Madalena derramou todo o seu valioso bálsamo nos pés de Cristo para obter o verdadeiro perdão de seus pecados, a pessoa deve estar disposta a abandonar tudo pela manifestação na natureza divina (Cristo). Do contrário, não se pode dizer que está realmente amando a sua própria natureza divina. É preciso estar decidido a dar tudo, se for necessário, para manifestar a natureza divina. Quem deseja a cura precisa ter essa determinação, e isso é mais do que natural se considerarmos a teoria da Seicho-No-Ie, segundo a qual não existe uma existência material chamada doença, sendo esta apenas a materialização dos pecados existentes na mente (pecado = encobrimento da natureza divina). No entanto, mesmo que a determinação não chegue a tanto, as doenças se curam. Não todas, mas a maior parte. Isto porque o amor da pessoa que faz a oração pela cura envolve provisoriamente o paciente e eleva-o para o mundo do Amor – o Mundo da Imagem Verdadeira – o mundo da Harmonia.
Cont...
(Do livro "A Verdade da Vida, vol. 4", pgs. 15-27.)
"E como o Verbo é criador, o que pensamos concentradamente concretiza-se infalivelmente, se for coisa boa ou algo eu contribua para a iluminação da humanidade."
ResponderExcluirNeem... concretiza-se qualquer coisa, boa ou ruim... não a seu desejo, mais seu campo vibracional....
Não compreendi o comentário acima...
ResponderExcluirMas gostei bastante do texto.
Abraços, querido!