Joel S. Goldsmith
De acordo com o caminho da auto-realização, poucas palavras servem de base à arte de curar pelo espírito. Antes de abordar este assunto, quero dizer brevemente o que se entende por auto-realização: É uma doutrina espiritual baseada em uns poucos princípios, que qualquer pessoa pode observar praticamente, independentemente de sua confissão religiosa. O caminho da auto-realização revela a natureza de Deus como sendo o poder infinito, a inteligência e o amor do Universo; e revela o ser de cada indivíduo como uno com a natureza e os atributos de Deus, ser individual esse que se manifesta em inumeráveis formas e espécies; revela ainda que a natureza e a idéia de que temos das desarmonias deste mundo resultam de uma concepção errônea sobre a revelação da Divindade do Universo. São estes os princípios universais, baseados na mensagem do Cristo, quando ensina que o homem pode realizar a sua unidade com Deus mediante um contato consciente com Deus, e que o homem, assim realizado em Deus, pode trazer ao mundo harmonia, paz e integridade.
A primeira e mais importante palavra neste processo de cura pelo espírito é o pequeno vocábulo “como”, cuja compreensão exclui para sempre o conceito de dualidade: o Deus universal se revela como cada ser individual!
Se isto é verdade, então não há Deus e o homem; não há Deus mais tu, por isto, não pode haver pessoa que se possa dirigir a Deus com alguma necessidade.
Durante os anos em que eu dedicava o meu tempo exclusivamente à terapêutica espiritual, aprendi a não considerar os meus pacientes como seres humanos; nem me dirigia a Deus para que eles recuperassem a saúde. Eu via Deus em cada pessoa que me visitava; eu via Deus como esse ser individual; e esta verdade creava harmonia. Esta verdade revelava a divindade do ser humano e do corpo deles, e esta revelação se tornou a pedra fundamental do edifício da auto-realização.
Há somente Deus, que manifesta a sua infinita essência e sua natureza espiritual, como teu ser, como meu ser: “Eu e o Pai somos um” – não dois. Nesta unidade és tudo o que Deus é. Se compreenderes a idéia “como”, que Deus se manifesta como o teu ser individual, como o meu ser individual, então compreenderás que tudo que Deus é, tu também és.
“Meu filho, tu estás sempre comigo, e tudo que é meu é teu”. Eu sou co-herdeiro com o Cristo de todos os tesouros do reino de Deus. “Nada posso fazer de mim mesmo” – mas, em virtude da minha unidade com o Pai, eu sou tudo que Deus é. Onde quer que eu esteja, está o Pai dentro de mim; por isto, onde quer que eu esteja, o Pai age dentro de mim.
Deus, que aparece como ser individual – Deus que se mostra como sendo tu, como eu – é este o caminho da auto-realização. É este o segredo da cura pelo espírito. Esse “tu” ou “eu” não é um reflexo ou uma idéia separada, ou algo que fosse menos que Deus; esse “tu” ou “eu” é Deus mesmo, feito manifesto – Deus Pai, que aqui na terra aparece como um ser individual. Unidade – é este o mistério.
Depois de assimilares esta verdade; depois de viveres nela e a praticares, considerando cada homem, cada mulher, cada criança, cada planta e cada ser individual no mundo à luz do conhecimento: “Isto não é o que parece ser; isto é Deus, que se manifesta como”... então desenvolverás aquela consciência curativa que nunca enxerga o homem na sua humanidade; mas que logo entra em contato com a consciência espiritual dele. Acostumar-te-ás a não ver o homem segundo a sua aparência, mas o verás através dos seus olhos, para além dos seus olhos, na certeza de que lá está o Cristo de Deus. Fazendo isto, aprender a prescindir da aparência externa, e, em lugar de tentares curar alguém ou restabelecer alguém ou melhorar alguém, te tornarás verdadeiramente uma testemunha da sua natureza crística, da sua essencial identidade com Cristo.
Outra palavra não menos importante que o “como”, é o verbo “é”. Se é verdade que Deus se revela como o ser individual de cada creatura, então a harmonia é a verdade sobre cada indivíduo. E com isto a palavra “é” se torna uma palavra-mestra na oração e no processo curativo. Então desistimos de querer curar alguém, desistimos de querer melhorar ou enriquecer alguém; então vivemos constantemente na harmonia do É, ou do EU SOU. Se Deus é o teu ser, então Deus é a tua harmonia; se tudo o que o Pai tem é teu, então, tu estás, agora mesmo, na plenitude e perfeição de Deus; se Deus é a atividade do teu ser, então é a harmonia e a lei do teu ser. Se deixares de viver no passado ou no futuro, então vives na consciência do permanente É, do eterno EU SOU.
Mesmo quando encontras um bêbado, um doente ou um moribundo, não prestarás atenção à aparência externa, mas dirás a ti mesmo “Ele É”. A conseqüência do “como” é necessariamente o “é”. É isto compreensível ou não? Se Deus se manifesta como o teu “tu”, portanto é a harmonia a tua verdade.
A mais poderosa expressão no vocabulário da oração é a palavrinha “é”. A harmonia é, Deus é, a paz é, a abundância é, a onipresença é. Será que pode haver algo que curar, algo que mudar, algo que renovar, ou algo que aniquilar na presença da onipresença? Percebes os fenômenos externos, as aparências dos sentidos, mas não te deixarás desorientar por elas. Podem os olhos ser testemunhas da doença de alguém, testemunhas da pobreza ou da culpa de alguém – mas o Espírito te diz: “Não! Isto é Deus em sua manifestação: isto é uma individualização de Deus; e por isto, a harmonia é a verdade, independentemente do que meus olhos vêem ou meus ouvidos ouvem”.
A cura espiritual supõe uma consciência altamente desenvolvida. É uma consciência capaz de penetrar as aparências e enxergar para além; é uma visão de dentro, que nos dá a certeza desta verdade, mesmo quando os nossos olhos enxergam um ladrão ou um moribundo. Ninguém pode ser curador espiritual eficiente se não possuir a certeza: “Este é meu filho amado, no qual me comprazo”. É sem importância o testemunho dos sentidos externos. Algo no teu interior deve cantar, e o cântico que teu interior canta deve dizer: “Este é meu filho amado, no qual me comprazo... O Eu no meu interior é poderoso”.
Palavras não resolvem este problema. Deve ser uma convicção interna – e esta só se adquire por meio de exercícios, pela compreensão e pela prática – sem falar da graça de Deus que reside no teu íntimo. Se fores capaz de ficar sentado à cabeceira de um doente moribundo sem um vestígio de temor, porque uma voz canta no teu interior: “Este é meu filho amado... Eu sou onipotente no meu interior... Jamais te abandonarei nem te esquecerei” – então és um curador pelo Espírito. Isto supõe uma evolução que só se alcança por exercícios – até que desponte o dia em que esta voz fala de dentro. Ou alguém recebe esta consciência pela graça de Deus, como um presente.
Entretanto, é difícil alcançar esta convicção, se não forem clarificadas certas circunstâncias que fazem parte da cura espiritual. Uma das mais importantes é a função da mente humana.
Antigamente, nos primórdios das assim chamadas curas metafísicas, ensinava-se que o corpo estava sujeito à mente. Era uma idéia nova, tão provocante que o homem moderno começou a treinar neste sentido, controlando o corpo pela mente. Breve foi o tempo dos sucessos – e ainda em nossos dias alguns principiantes colhem certos resultados com este método. O que há de ilusório nesta praxe é que os seus adeptos se esquecem de que por detrás do pensamento está um pensador, e que esse pensador não é nenhuma pessoa – o pensador é Deus, o Deus no homem, a alma humana.
A mente humana é apenas um instrumento de percepção. Podemos, sim, perceber a verdade com a mente, mas a mente não é creadora. O próprio inventor não haure a sua invenção de dentro da sua mente. Ele percebe a existência de certas leis naturais, que sempre existiram; descobre como essas leis harmonizam-se entre si e como devem ser aplicadas. O reto uso da mente como instrumento de percepção faz dela não somente um poderoso instrumento, mas a sua faculdade cresce com o uso e faz eclodir novas forças.
Sabendo que a mente é um instrumento, devemos saber também de quem ela é instrumento; porque todo instrumento deve ser conduzido e controlado por alguém. Infelizmente, a maior parte dos homens não descobriu ainda aquele centro interior capaz de dirigir eficazmente o intelecto humano. Adeptos das ciências mentais, quando tentam dominar a mente pela força da vontade ou pela modificação de pensamentos, chegam, geralmente, à experiência de que a mente humana não se deixa dominar pelo homem; e a disposição desses estudiosos acaba por ser pior no fim do que era no princípio, revelando-se em estados de esgotamento nervoso.
A mente humana é um instrumento de algo que está acima dela. Esse algo é o verdadeiro Eu do homem, a tua autêntica IDENTIDADE. Se esse teu Eu interno guiar e controlar a tua mente, então encontrarás a paz, uma paz perfeita, que transcende o entendimento humano.
Certas fotografias de Tomás Edison nos dão idéia de uso correto da inteligência: esses retratos mostram o grande inventor, quase sempre, com a mão junto ao ouvido, em uma atitude de intensa auscultação. Os seus colaboradores sabiam contar numerosas histórias sobre isto; Edison lhes distribuía os trabalhos de pesquisa, e cada um elaborava aquilo de que era capaz – e, no fim, apelavam apara a sabedoria do mestre. A mão do inventor ia imediatamente ao ouvido, Edison escutava uma voz inaudível – e depois dava as suas instruções para o próximo passo.
Nesta altura, quero frisar a diferença entre duas atitudes: uns tentam servir-se da mente como de uma força creadora – outros servem-se dela como um simples instrumento de percepção. Se eu trabalhasse no plano puramente mental, dos pensamentos, fecharia os olhos e repetiria incessantemente a mim mesmo: “Teu corpo está sadio; teu corpo funciona normalmente; teu corpo reage a esta verdade, que me é consciente” – e, provavelmente, o resultado desses exercício mental seria um certo alívio benéfico do mal. Com efeito, nos primeiros tempos dessas terapias metafísicas houve uma onda de resultados admiráveis. Na realidade, porém, os curadores não haviam atingido a verdade plena, quando cuidavam que a mente pudesse curar o corpo humano, o próprio ou alheio. Era uma das etapas intermediárias, certamente superior àquele outro estágio em que o homem considerava o corpo material como fonte e origem da vida.
Do ponto de vista da cura espiritual e da vida espiritual, o processo é bem diferente.
Das alturas desta perspectiva, é Deus a alma, a vida e lei única de todos os seres; a mente humana é o instrumento, e o corpo é a sua forma manifestativa externa. Quem trabalha neste plano e recebe um grito de socorro de um doente, fecha os olhos e não pensa pensamento algum. Não reflete o que o doente deva comer ou beber, ou como deveria ser a sua saúde. O curador espiritual senta-se tranquilamente, na consciência de que a sua mente é um vaso receptivo. Receptivo, para receber o que? Para receber em si aquela “voz suave e silenciosa” – e a terra degela!...
De dentro desse silêncio, em que tu te fizeste quase um vácuo -- um vácuo auscultativo – sempre vigilante, nunca dormente, nunca fatigado, nunca hesitante, sempre consciente e ativo, na expectativa da visita do Cristo – de dentro deste grande silêncio, de dentro deste infinito, que é Deus, das profundezas de tua alma, o Deus em ti, se fará ouvir uma voz ou surgirá um sentimento, uma vibração, uma libertação, uma certeza – indiferente o nome que lhes dê -- e lá se foi a ilusão e nasceu a Verdade...
Não importa a natureza do problema, quer seja de caráter físico, mental, moral ou financeiro, ou se trate de harmonizar relações sociais – não faz diferença alguma; pois não é a tua sapiência que vai tratar do assunto. Tu não haures daquilo que aprendeste durante os anos de tua peregrinação na terrestre. Manténs uma atitude completamente receptiva para Aquilo que te creou no princípio e que sabe da situação de cada indivíduo; e se tu permitires que esse Poder se manifeste, estarás lá onde deves estar, sob a jurisdição de teu Pai celeste, sob o domínio desse Alguém, que sabe das tuas necessidades, antes que tu mesmo as conheças; desse Alguém que se compraz em dar-te o reino...
Faze da tua mente um simples instrumento de percepção, em vez de investires com a tua cabeça contra a muralha de um problema aparentemente insolúvel, em vez de preocupares com o pensamento qual seja o próximo passo a dar, amanhã, depois de amanhã – habitua-te a escutar, servindo-te da mente como de um canal para receber as águas vivas da Fonte. Permita que Deus encha a tua mente. Sê uma testemunha do espírito divino, que move, anima e penetra tanto a mente como o corpo.
Percebe, através da tua mente, a Verdade de Deus, e esta Verdade realizará a obra; não tu, nem os teus pensamentos. Não é a atividade da tua mente que libertará alguém; é a atuação da Verdade que, através do canal da tua mente, libertará alguém dos seus males.
Talvez já notaste que, quando um nadador tenta manter o corpo na superfície da água, quanto mais agita os membros, mais vai afundando; o que ele deve fazer é manter-se em estado de calma relaxação, movendo vagarosamente pernas e braços e deslizando suavemente pela água. É esta a atitude do curador espiritual – uma calma e tranqüila receptividade.
A primeira e mais importante palavra neste processo de cura pelo espírito é o pequeno vocábulo “como”, cuja compreensão exclui para sempre o conceito de dualidade: o Deus universal se revela como cada ser individual!
Se isto é verdade, então não há Deus e o homem; não há Deus mais tu, por isto, não pode haver pessoa que se possa dirigir a Deus com alguma necessidade.
Durante os anos em que eu dedicava o meu tempo exclusivamente à terapêutica espiritual, aprendi a não considerar os meus pacientes como seres humanos; nem me dirigia a Deus para que eles recuperassem a saúde. Eu via Deus em cada pessoa que me visitava; eu via Deus como esse ser individual; e esta verdade creava harmonia. Esta verdade revelava a divindade do ser humano e do corpo deles, e esta revelação se tornou a pedra fundamental do edifício da auto-realização.
Há somente Deus, que manifesta a sua infinita essência e sua natureza espiritual, como teu ser, como meu ser: “Eu e o Pai somos um” – não dois. Nesta unidade és tudo o que Deus é. Se compreenderes a idéia “como”, que Deus se manifesta como o teu ser individual, como o meu ser individual, então compreenderás que tudo que Deus é, tu também és.
“Meu filho, tu estás sempre comigo, e tudo que é meu é teu”. Eu sou co-herdeiro com o Cristo de todos os tesouros do reino de Deus. “Nada posso fazer de mim mesmo” – mas, em virtude da minha unidade com o Pai, eu sou tudo que Deus é. Onde quer que eu esteja, está o Pai dentro de mim; por isto, onde quer que eu esteja, o Pai age dentro de mim.
Deus, que aparece como ser individual – Deus que se mostra como sendo tu, como eu – é este o caminho da auto-realização. É este o segredo da cura pelo espírito. Esse “tu” ou “eu” não é um reflexo ou uma idéia separada, ou algo que fosse menos que Deus; esse “tu” ou “eu” é Deus mesmo, feito manifesto – Deus Pai, que aqui na terra aparece como um ser individual. Unidade – é este o mistério.
Depois de assimilares esta verdade; depois de viveres nela e a praticares, considerando cada homem, cada mulher, cada criança, cada planta e cada ser individual no mundo à luz do conhecimento: “Isto não é o que parece ser; isto é Deus, que se manifesta como”... então desenvolverás aquela consciência curativa que nunca enxerga o homem na sua humanidade; mas que logo entra em contato com a consciência espiritual dele. Acostumar-te-ás a não ver o homem segundo a sua aparência, mas o verás através dos seus olhos, para além dos seus olhos, na certeza de que lá está o Cristo de Deus. Fazendo isto, aprender a prescindir da aparência externa, e, em lugar de tentares curar alguém ou restabelecer alguém ou melhorar alguém, te tornarás verdadeiramente uma testemunha da sua natureza crística, da sua essencial identidade com Cristo.
Outra palavra não menos importante que o “como”, é o verbo “é”. Se é verdade que Deus se revela como o ser individual de cada creatura, então a harmonia é a verdade sobre cada indivíduo. E com isto a palavra “é” se torna uma palavra-mestra na oração e no processo curativo. Então desistimos de querer curar alguém, desistimos de querer melhorar ou enriquecer alguém; então vivemos constantemente na harmonia do É, ou do EU SOU. Se Deus é o teu ser, então Deus é a tua harmonia; se tudo o que o Pai tem é teu, então, tu estás, agora mesmo, na plenitude e perfeição de Deus; se Deus é a atividade do teu ser, então é a harmonia e a lei do teu ser. Se deixares de viver no passado ou no futuro, então vives na consciência do permanente É, do eterno EU SOU.
Mesmo quando encontras um bêbado, um doente ou um moribundo, não prestarás atenção à aparência externa, mas dirás a ti mesmo “Ele É”. A conseqüência do “como” é necessariamente o “é”. É isto compreensível ou não? Se Deus se manifesta como o teu “tu”, portanto é a harmonia a tua verdade.
A mais poderosa expressão no vocabulário da oração é a palavrinha “é”. A harmonia é, Deus é, a paz é, a abundância é, a onipresença é. Será que pode haver algo que curar, algo que mudar, algo que renovar, ou algo que aniquilar na presença da onipresença? Percebes os fenômenos externos, as aparências dos sentidos, mas não te deixarás desorientar por elas. Podem os olhos ser testemunhas da doença de alguém, testemunhas da pobreza ou da culpa de alguém – mas o Espírito te diz: “Não! Isto é Deus em sua manifestação: isto é uma individualização de Deus; e por isto, a harmonia é a verdade, independentemente do que meus olhos vêem ou meus ouvidos ouvem”.
A cura espiritual supõe uma consciência altamente desenvolvida. É uma consciência capaz de penetrar as aparências e enxergar para além; é uma visão de dentro, que nos dá a certeza desta verdade, mesmo quando os nossos olhos enxergam um ladrão ou um moribundo. Ninguém pode ser curador espiritual eficiente se não possuir a certeza: “Este é meu filho amado, no qual me comprazo”. É sem importância o testemunho dos sentidos externos. Algo no teu interior deve cantar, e o cântico que teu interior canta deve dizer: “Este é meu filho amado, no qual me comprazo... O Eu no meu interior é poderoso”.
Palavras não resolvem este problema. Deve ser uma convicção interna – e esta só se adquire por meio de exercícios, pela compreensão e pela prática – sem falar da graça de Deus que reside no teu íntimo. Se fores capaz de ficar sentado à cabeceira de um doente moribundo sem um vestígio de temor, porque uma voz canta no teu interior: “Este é meu filho amado... Eu sou onipotente no meu interior... Jamais te abandonarei nem te esquecerei” – então és um curador pelo Espírito. Isto supõe uma evolução que só se alcança por exercícios – até que desponte o dia em que esta voz fala de dentro. Ou alguém recebe esta consciência pela graça de Deus, como um presente.
Entretanto, é difícil alcançar esta convicção, se não forem clarificadas certas circunstâncias que fazem parte da cura espiritual. Uma das mais importantes é a função da mente humana.
Antigamente, nos primórdios das assim chamadas curas metafísicas, ensinava-se que o corpo estava sujeito à mente. Era uma idéia nova, tão provocante que o homem moderno começou a treinar neste sentido, controlando o corpo pela mente. Breve foi o tempo dos sucessos – e ainda em nossos dias alguns principiantes colhem certos resultados com este método. O que há de ilusório nesta praxe é que os seus adeptos se esquecem de que por detrás do pensamento está um pensador, e que esse pensador não é nenhuma pessoa – o pensador é Deus, o Deus no homem, a alma humana.
A mente humana é apenas um instrumento de percepção. Podemos, sim, perceber a verdade com a mente, mas a mente não é creadora. O próprio inventor não haure a sua invenção de dentro da sua mente. Ele percebe a existência de certas leis naturais, que sempre existiram; descobre como essas leis harmonizam-se entre si e como devem ser aplicadas. O reto uso da mente como instrumento de percepção faz dela não somente um poderoso instrumento, mas a sua faculdade cresce com o uso e faz eclodir novas forças.
Sabendo que a mente é um instrumento, devemos saber também de quem ela é instrumento; porque todo instrumento deve ser conduzido e controlado por alguém. Infelizmente, a maior parte dos homens não descobriu ainda aquele centro interior capaz de dirigir eficazmente o intelecto humano. Adeptos das ciências mentais, quando tentam dominar a mente pela força da vontade ou pela modificação de pensamentos, chegam, geralmente, à experiência de que a mente humana não se deixa dominar pelo homem; e a disposição desses estudiosos acaba por ser pior no fim do que era no princípio, revelando-se em estados de esgotamento nervoso.
A mente humana é um instrumento de algo que está acima dela. Esse algo é o verdadeiro Eu do homem, a tua autêntica IDENTIDADE. Se esse teu Eu interno guiar e controlar a tua mente, então encontrarás a paz, uma paz perfeita, que transcende o entendimento humano.
Certas fotografias de Tomás Edison nos dão idéia de uso correto da inteligência: esses retratos mostram o grande inventor, quase sempre, com a mão junto ao ouvido, em uma atitude de intensa auscultação. Os seus colaboradores sabiam contar numerosas histórias sobre isto; Edison lhes distribuía os trabalhos de pesquisa, e cada um elaborava aquilo de que era capaz – e, no fim, apelavam apara a sabedoria do mestre. A mão do inventor ia imediatamente ao ouvido, Edison escutava uma voz inaudível – e depois dava as suas instruções para o próximo passo.
Nesta altura, quero frisar a diferença entre duas atitudes: uns tentam servir-se da mente como de uma força creadora – outros servem-se dela como um simples instrumento de percepção. Se eu trabalhasse no plano puramente mental, dos pensamentos, fecharia os olhos e repetiria incessantemente a mim mesmo: “Teu corpo está sadio; teu corpo funciona normalmente; teu corpo reage a esta verdade, que me é consciente” – e, provavelmente, o resultado desses exercício mental seria um certo alívio benéfico do mal. Com efeito, nos primeiros tempos dessas terapias metafísicas houve uma onda de resultados admiráveis. Na realidade, porém, os curadores não haviam atingido a verdade plena, quando cuidavam que a mente pudesse curar o corpo humano, o próprio ou alheio. Era uma das etapas intermediárias, certamente superior àquele outro estágio em que o homem considerava o corpo material como fonte e origem da vida.
Do ponto de vista da cura espiritual e da vida espiritual, o processo é bem diferente.
Das alturas desta perspectiva, é Deus a alma, a vida e lei única de todos os seres; a mente humana é o instrumento, e o corpo é a sua forma manifestativa externa. Quem trabalha neste plano e recebe um grito de socorro de um doente, fecha os olhos e não pensa pensamento algum. Não reflete o que o doente deva comer ou beber, ou como deveria ser a sua saúde. O curador espiritual senta-se tranquilamente, na consciência de que a sua mente é um vaso receptivo. Receptivo, para receber o que? Para receber em si aquela “voz suave e silenciosa” – e a terra degela!...
De dentro desse silêncio, em que tu te fizeste quase um vácuo -- um vácuo auscultativo – sempre vigilante, nunca dormente, nunca fatigado, nunca hesitante, sempre consciente e ativo, na expectativa da visita do Cristo – de dentro deste grande silêncio, de dentro deste infinito, que é Deus, das profundezas de tua alma, o Deus em ti, se fará ouvir uma voz ou surgirá um sentimento, uma vibração, uma libertação, uma certeza – indiferente o nome que lhes dê -- e lá se foi a ilusão e nasceu a Verdade...
Não importa a natureza do problema, quer seja de caráter físico, mental, moral ou financeiro, ou se trate de harmonizar relações sociais – não faz diferença alguma; pois não é a tua sapiência que vai tratar do assunto. Tu não haures daquilo que aprendeste durante os anos de tua peregrinação na terrestre. Manténs uma atitude completamente receptiva para Aquilo que te creou no princípio e que sabe da situação de cada indivíduo; e se tu permitires que esse Poder se manifeste, estarás lá onde deves estar, sob a jurisdição de teu Pai celeste, sob o domínio desse Alguém, que sabe das tuas necessidades, antes que tu mesmo as conheças; desse Alguém que se compraz em dar-te o reino...
Faze da tua mente um simples instrumento de percepção, em vez de investires com a tua cabeça contra a muralha de um problema aparentemente insolúvel, em vez de preocupares com o pensamento qual seja o próximo passo a dar, amanhã, depois de amanhã – habitua-te a escutar, servindo-te da mente como de um canal para receber as águas vivas da Fonte. Permita que Deus encha a tua mente. Sê uma testemunha do espírito divino, que move, anima e penetra tanto a mente como o corpo.
Percebe, através da tua mente, a Verdade de Deus, e esta Verdade realizará a obra; não tu, nem os teus pensamentos. Não é a atividade da tua mente que libertará alguém; é a atuação da Verdade que, através do canal da tua mente, libertará alguém dos seus males.
Talvez já notaste que, quando um nadador tenta manter o corpo na superfície da água, quanto mais agita os membros, mais vai afundando; o que ele deve fazer é manter-se em estado de calma relaxação, movendo vagarosamente pernas e braços e deslizando suavemente pela água. É esta a atitude do curador espiritual – uma calma e tranqüila receptividade.
Continua...
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