segunda-feira, setembro 01, 2008

O segredo da vitória infalível

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Masaharu Taniguchi


Na cidade de Toyohashi, pronvíncia de Hokkaido, vive um senhor chamado Minoru Hotta. Ele é farmacêutico e descendente direto de um grande mestre de Kendô (esgrima japonesa), da época da dinastia Tokugawa. Havia então várias escolas de esgrima, e a dele denominava-se “Sem Inimigo”. Esse título deve-se à filosofia de seu estilo de esgrima: “Eu e o outro somos UM na essência”. Se somos UM, não temos inimigo. O Sr. Hotta, descendente direto do fundador dessa escola, também é praticante do Kendô e tem o 3º grau.

Certo dia, ele me trouxe vários livros que tratam da essência do estilo “Sem Inimigo”, escritos a pincel por esse seu antepassado. Mostrando-me esses livros, ele disse que antes não conseguia entender a essência desse estilo “Sem Inimigo” tratada nos livros, mas que conseguiu entendê-la perfeitamente após conhecer a filosofia da Seicho-No-Ie. Isto é, quando leu a “Revelação Divina do Acendedor dos Sete Candeeiros”, que diz: “Reconcilia-te com todas as coisas do céu e da terra. Quando houver a reconciliação com todas as coisas do céu e da terra, tudo será teu amigo. Quando todo o Universo se tornar teu amigo coisa alguma do Universo poderá causar-te dano”. Este era o segredo do estilo “Sem Inimigo”. Prosseguindo, o Sr. Hotta disse ainda, modestamente, que ele tinha apenas o “3º grau” mas que conhecia um discípulo de seu pai chamado Naitô, diplomado em grau de mestre no estilo “Sem Inimigo”. Segundo o Sr. Hotta, “o impressionante é que o mestre Naitô move a espada lentamente quando luta, e consegue golpear com a maior facilidade a cabeça, o antebraço, a garganta ou o tronco de um parceiro exímio, mesmo do 5º ou 6º grau. Para golpear é necessário grande agilidade no movimento, mas ele consegue com gestos bem lentos. É realmente admirável”. Um dia o Sr. Hotta perguntou-lhe qual era o segredo daquela sua habilidade, e a resposta do mestre foi:

- É simples. Segundo o estilo “Sem Inimigo”, ele e eu somos um só. Assim sendo, golpear a cabeça do parceiro é o mesmo que golpear a minha cabeça. Se a cabeça dele é a minha, eu consigo acertá-la, por mais lento que seja o meu movimento. E se as mãos do adversário são minhas, eu não serei golpeado, por mais rápido que elas possam ser.

Disse o Sr. Hotta que, na ocasião, não entendeu o significado daquelas palavras, mas compreendeu-o perfeitamente ao conhecer a filosofia da Verdade da Vida. Quando ele se reconciliou “com todas as coisas do céu e da terra”, tudo se tornou seu amigo. E assim compreendeu que realmente o inimigo não existe.

Na província de Nagasaki, há uma pessoa chamada Morio Shirayama, que é professor de Kendô no ginásio de Shimabara. Antes de conhecer a Seicho-No-Ie, ele só pensava em derrotar o seu par. A sua preocupação constante era descobrir o ponto vulnerável do adversário e castigá-lo. Com esse método, ele chegou até o 5º grau. Certo dia, ele leu num tratado de Kendô que “compreender a essência do Kendô consiste em compreender que o inimigo não existe”. Como? – pensou ele – Se não existe inimigo, não se pode lutar. Conseqüentemente, não se pode praticar Kendô.

Mas, também ele compreendeu a essência do Kendô ao ler no livro A Verdade da Vida as seguintes palavras: “Reconciliai-vos com todas as coisas do céu e da terra. Quando houver a reconciliação com todas as coisas do céu e da terra, tudo será teu amigo. Quando todo o Universo se tornar teu amigo, coisa alguma do Universo poderá causar-te dano”. Compreendeu que a essência do Kendô consiste em transformar tudo em amigo através da reconciliação com todas as pessoas e coisas do Universo. Ele adquiriu toda a coleção de A Verdade da Vida e durante um mês inteiro leu e refletiu.

Após a guerra, fui a Shimabara, província de Nagasaki, para realizar um seminário. Lá encontrei o Sr. Morio Shirayama. Enquanto aguardava a hora da minha palestra, o Sr. Shirayama contou-me o seguinte:

- Este salão, onde se realiza agora o seminário, era antigamente o Pavilhão de Kendô. E era aqui que eu enfrentava o mestre Tsuruta, de 8º grau. Seu golpe preferido é a estocada na garganta. Ele se aproximava de mim com a espada de bambu um pouco abaixada e logo em seguida colocava-a na frente de minha garganta. Quando um mestre de 8º grau encosta a espada na nossa garganta não há maneira alguma de escapar. Eu ficava apavorado. Eu me esquivava, e novamente a ponta da espada vinha tocar minha a garganta. Se fugia, ele me perseguia sem trégua. Quando eu percebia o perigo, já era tarde: tinha sido golpeado. Assim, sempre era derrotado por ele. Porém, quando eu o enfrentei neste mesmo local depois de ter lido o livro A Verdade da Vida, a situação mudou. Como de costume, o mestre Tsuruta avançou para mim, segurando a espada de bambu abaixada. Anteriormente eu me esquivava com medo, mas desta vez não senti nenhum receio por estar com meu espírito harmonizado com todas as coisas. Eu havia compreendido que eu e o outro somos iguais e unos. Sendo unos, não há inimigo. Não havendo inimigo, não existe temor. E não havendo temor, eu consegui enxergar bem os pontos vulneráveis do meu par. Ainda que o mestre Tsuruta seja um grande esgrimista, ele tem que deixar a guarda aberta no momento em que procura aplicar uma estocada. Como ele concentra a atenção na ponta de sua espada, os outros pontos ficam desprotegidos. Antes, a minha mente estava presa, por causa do medo. Só me preocupava em defender os meus pontos vulneráveis, e por isso perdia. Tudo acontece segundo a nossa mente. Desta vez, porém, enxerguei bem as “brechas” do mestre, porque não mais sentia medo. Por isso, ao invés de fugir, como sempre fizera, ergui minha espada e investi. Diante do inesperado ataque, ele se esquivou com tanta pressa que se desequilibrou. Aproveitando esse instante, investi novamente. Com isso, o corpo do mestre Tsuruta se desequilibrou mais ainda, a ponto de tombar. Nesse momento, o juiz proferiu sua decisão.

Desta forma, o Sr. Shirayama, de 5º grau, derrotou o mestre Tsuruta, de 8º grau.

Depois da luta, o mestre Tsuruta perguntou: “Você fez um progresso extraordinário. Treinou bastante no último mês?”. E a resposta do Sr. Shirayama foi: “Não, senhor. Não treinei sequer nem um pouco. Apenas li a obra A Verdade da Vida”.

O mestre Tsuruta ficou grandemente surpreso com essa resposta, e então interessou-se por A Verdade da Vida, tornou-se nosso leitor assíduo e exerceu, até há pouco tempo, a chefia da organização da Seicho-No-Ie na Regional de Kumamoto.

Como é possível uma pessoa de 5º grau derrotar uma outra de 8º grau? É porque ela não vê o inimigo. Não vendo o inimigo, não existe temor. No Velho Testamento, lemos as seguintes palavras de Jó: “Aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece”. Esta é uma das leis da mente.

Se você enfrentar o mundo com temor, acontecerão as coisas temidas. Se temer a doença, virá a doença. Se temer a morte, virá a morte. Se temer que seus filhos tenham mal desempenho na escola, ele irão mal. Tudo aquilo que se teme, acontece.

Portanto, aquele que deseja vencer na vida não deve ter medo. E o medo aumenta quanto mais se tenta dominá-lo. O que fazer então? Basta compreender que todos os homens são filhos de Deus e irmãos entre si. Se todos são filhos de Deus e nosso irmãos, nada existe que possa prejudicar-nos. Logo, não há motivo para o medo.


Um comentário:

  1. Bela mensagem!

    Na dimensão da Consciência do Ser todos os seres são o que Deus É!

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