sábado, setembro 20, 2008

A Fonte da vida

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Masaharu Taniguchi

Qual a sua idéia acerca do nascimento do homem? Em meus livros, tenho afirmado que jamais o homem nasceu do ventre de uma mulher. Diante desta afirmação, talvez vocês perguntem como teria, então, nascido o autor, Masaharu Taniguchi. Talvez vocês pensem: “Será que o Taniguchi nasceu de uma árvore, ou surgiu através de uma torneira?”. Visto com os olhos da carne, pode ser que também eu tenha nascido do útero de uma mulher. Todavia, conforme tenho afirmado anteriormente, o mundo visto com os olhos da carne não é um mundo real, mas sim um mundo do fenômeno, um mundo das formas aparentes. No âmago deste mundo aparente existe uma coisa infinitamente maravilhosa e sublime que é a Vida do homem. Essa Vida jamais nasceu do útero de uma mulher.

“De onde nasce, então, o homem?” – perguntarão vocês. Em contraposição, gostaria de perguntar-lhes: “De onde vocês pensam que surge a água da torneira?”. Talvez vocês pensem que ela surge da boca da torneira. Aparentemente, sim; mas, na realidade, ela vem da represa, que também não é a fonte, pois encontra-se, mais além, um grande rio que verte suas águas na represa. Mas a verdadeira origem da água não são os grande rios, nem seus afluentes que nascem nos vales. As chuvas, que alimentam esses afluentes, também não são a origem. As chuvas originam-se das nuvens, porém estas também ainda não são a origem da água. A verdadeira origem é o vapor invisível aos nossos olhos carnais, ainda não transformado em nuvem. Esse vapor transforma-se em chuva que alimenta os córregos dos vales; esses córregos juntam-se ao grande rio que lança suas águas na represa; a água da represa corre através dos canos e, finalmente, sai pela torneira. Portanto, a boca da torneira não é, em absoluto, o lugar onde nasce a água. É apenas uma de suas passagens. Da mesma forma, o homem não nasce do útero de uma mulher, embora assim pareça. O útero não passa de uma simples passagem da Vida do homem. De onde provém, então, a nossa Vida? Não há nenhuma questão mais importante do que esta.

Aos 16, 17 ou 18 anos, muitas pessoas se afligem por causa dessa questão, havendo até mesmo pessoas como a Sra. Hanako Yoshikawa, já mencionada anteriormente, a qual, depois de muito procurar a reposta para a questão “de onde vem e para onde vai o homem”, acabou tentando o suicídio, por julgar que o objetivo da vida fosse a morte. Muitas pessoas, ao fim desse tormento, começam a pensar que o homem é um ser vulgar que, em última análise, foi obrigado a nascer neste mundo como vítima dos prazeres sensuais dos pais. Eu próprio pensava assim, no tempo de estudante de ginásio. Depois de muito me atormentar, buscando a resposta que esclarecesse a origem do homem, concluí que, se eu estava vivendo naquela angústia, era porque vim ao mundo como vítima dos prazeres sensuais de meus pais. Passei, então, a pensar que não havia nenhuma necessidade de cumprir o meu dever filial. Naquela época, eu era estudante do Colégio Ichioka, de Osaka, e como tirava sempre boas notas, havia obtido uma bolsa de estudo. Não obstante, escrevi no jornalzinho da escola um artigo intitulado “Teoria de Desobediência Filial”. Nesse artigo, eu dizia: “Não há necessidade alguma de cumprir o dever filial, pois não existe nenhum motivo para isso”. Lendo isto, o prof. Eisaku Watanabe ordenou-me que fosse até a sala dos professores. Lá, ele me repreendeu com as seguintes palavras: “Que atrevimento seu! Já que existe a liberdade de pensamento, você pode pensar o que quiser. Mas publicar tal tipo de pensamento no jornal da escola é imperdoável!”. Contudo, essa espécie de pensamento não pode ser apagado com uma simples repreensão. Por mais que me obrigassem a cumprir o dever filial, não poderia aceitar isso de todo o coração. Não havia nenhuma razão lógica para amar aos pais.

Muitas pessoas também pensam assim, especialmente os jovens. Alguns não manifestam abertamente esse pensamento, mas possuem-no bem enterrado e escondido no fundo de seu subconsciente, ou seja, das profundezas de sua mente. Ali permanece, ainda, uma espécie de “repugnância ao ser humano”. Em seu subconsciente está arraigada a idéia de que o homem é o produto dos atos obscenos dos pais, ou, em outras palavras, que nasce como resultado da imoralidade e, portanto, que a sua vida começa do pecado; e que, por isso, ele é um ser maldito, destinado a continuar pecando eternamente. Embora aparentemente esteja apagada, essa idéia de “filho do pecado” continua existindo num mundo invisível e está dirigindo o nosso comportamento.

Por que motivo a humanidade, embora buscando a paz, é sempre impelida para a guerra? A base desse comportamento está na idéia de que a origem da sua existência, em última análise, é o pecado. O pecador tem de ser castigado – esta é a idéia comum de toda a humanidade. Existe em quase todos os homens o pensamento de que os pecadores devem ser castigados, devem sofrer e morrer, pois somente através do sofrimento eles se livrariam do pecado. Por isso, os homens fazem guerras e matam-se mutuamente, a fim de punir a si mesmos e extinguir o pecado. Nas guerras, quem mata o homem é, aparentemente, o seu inimigo. Mas, na verdade, é o próprio homem que está matando a si mesmo. As lutas da humanidade não cessam porque os homens não percebem isso. Se queremos trazer a verdadeira paz para a humanidade e concretizar sobre a face da Terra o verdadeiro paraíso, onde não existem nem doenças nem dificuldades econômicas, é necessário apagarmos completamente a consciência de culpa escondida no fundo do nosso subconsciente, de que “o homem é filho do pecado”. Isso é de suma importância, pois, mesmo no caso da Sra. Hanako Yoshikawa, o que a levou a tentar suicídio nas águas do lago Hamana, foi a idéia de que existe o pecado.

Como foi narrado (no post anterior), a criança nascida da Sra. Yoshikawa sofria de idiotia, e quando já haviam sido perdidas as esperanças de que o filho ficasse curado, ela teve os primeiros contatos com os ensinamentos da Seicho-No-Ie e conheceu a seguinte Verdade: O homem é filho de Deus e originariamente não possui nenhum pecado. O pecado não existe, porque Deus é Absoluto, é o todo de tudo, é a perfeição, é amor infinito. Esse Deus bom, perfeitíssimo e infinitamente amoroso, criou o homem. Deus é o Absoluto. Sendo Absoluto, não existe oposição. Nada existe além de Deus. Se Deus é o bem e nada existe além de Deus, conclui-se que o pecado, que é um mal, não existe. Parece que o pecado existe, mas são apenas os nossos cinco sentidos que estão vendo como se ele existisse, e na verdade o pecado não existe. Deus é tudo. E sendo Deus um ser absoluto, já não existe mais o pecado. Compreendendo que o pecado não existe, o homem está isento de pecado. E compreendendo que é isento de pecado, não há mais necessidade de autopunição. Não há mais necessidade de torturar a si próprio, nem a seus filhos. Não foi através de métodos complicados que a Sra. Yoshikawa conseguiu curar seu filho e torná-lo uma criança sadia e inteligente. Na Seicho-No-Ie ela aprendeu que “contemplar é criar”. Era preciso ver o Jisso. O Jisso é o Aspecto Verdadeiro. Mesmo que no aspecto aparente parecesse um idiota, o seu filho era, na verdade, o filho de Deus. Ela, fazendo a concentração espiritual todos os dias, fitou fixamente o aspecto perfeito de seu filho, que hoje já é formado por uma escola técnica e é um excelente rapaz.

Um comentário:

  1. Masaharu Taniguchi, muito interessante sua historia de vida tanto como o final dela, se há, já não sabemos...

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