A ARTE DA MEDITAÇÃO
(Joel S. Goldsmith)
CAPÍTULO 17 - ILUMINAÇÃO, COMUNHÃO, UNIÃO
A Meditação conduz à iluminação que se torna comunhão e por fim união.
A iluminação é uma experiência individual que não está relacionada com qualquer rito externo ou forma de adoração. Depende exclusivamente de nossa própria realização. É uma experiência que se processa dentro de nós mesmos, inteiramente à revelia de qualquer outra pessoa. Não pode ser praticada por ninguém, marido ou mulher, filho ou amigo, nem buscada em companhia de outros.
É necessário isolar-se no íntimo santuário do próprio ser e aí realizar sua experiência de Deus. De certo modo é possível repartir nosso aperfeiçoamento com outros que já sejam iluminados ou estejam no Caminho da Iluminação, mas lembremo-nos sempre de que a experiência de Deus é individual. Se ela vier a nós no meio de uma multidão, mesmo assim, continuará solitária, sem nenhum participante.
Nenhuma tentativa deve ser feita no sentido de propagar a verdade que foi revelada antes que ela se alicerce na própria consciência. Posteriormente a orientação virá sobre como, quando, e em que circunstâncias deveremos participar a revelação.
A iluminação é acessível a todo indivíduo sequioso de consegui-la, de acordo com a intensidade desse desejo.
Porém, enquanto estiver esforçando-se por esse contato com Deus, deve o aspirante manter oculta essa centelha até que ela se torne chama; e após os primeiros vislumbres de iluminação, conservar em segredo para o mundo, no íntimo de si mesmo, o Cristo recém-nascido.
Não se deve falar Dele, de modo algum, revelá-la ao mundo, pois este, em sua ignorância e insensatez, pode tentar prejudicar destruindo a própria confiança e certeza em Sua Presença, em Seu Poder.
O mundo procura sempre aniquilar o Cristo. Nas mais remotas escrituras conhecidas do homem, através de todos os tempos, as profecias indicam a vinda do Messias e sua crucificação.
Há na natureza humana algo que não deseja ser destruído: egoísmo, malvadez, arrogância - e a Presença do Cristo é o único Poder que os destrói.
Simbolicamente, a manutenção desse segredo se afigura à viagem ao Egito para esconder o Cristo infante. No exato momento em que o mundo percebe em alguém pura devoção ao Cristo, passa a ridicularizá-lo, tentando afastá-lo do porto em que ancorou.
O anticristo, sugestão de uma entidade à parte de Deus (a mentalidade coletiva da humanidade), procura com a sutileza da serpente, semear dúvida e minar a fé.
Deve-se, portanto mantê-lo em segredo, até quando a Consciência Crística de tal forma se desenvolver, se fundamentar, se radicar, que se torne a própria atividade da vida humana. Então poderemos enfrentar o mundo e revelá-Lo sem que nos preocupe ou afete qualquer dúvida ou abuso que o mundo lance sobre nós.
É somente quando nós apresentamos o Cristo ao mundo que corremos o risco de perdê-lo. Quando o Cristo reveste nossa vida, Ele mesmo, silenciosamente, se apresenta ao mundo, tão suave, tão silenciosamente que todos sentirão Sua influência.
Após os primeiros vislumbres, muitas tentações nos arrastam, mesmo Jesus enfrentou tentação de carência, a tentação da fama e a tentação do poder pessoal. Resistiu a elas e a todas superou.
Essas mesmas tentações sitiam o ser humano e muitas vezes se multiplicam, tão logo ele consiga, mesmo que seja um grau mínimo de iluminação espiritual. Progredindo na Senda, essas tentações desvanecem, uma por uma, persistindo apenas o egoísmo, a tentação de acreditar que o eu da personalidade (ego) pode ser ou fazer algo.
Essa também acabará cedendo ao Cristo erigido em nós. Não há limite para a profundidade da Cristificação.
A iluminação conduz à comunhão, estágio no qual há trocas recíprocas, algo fluindo de Deus para nossa consciência e desta para Deus. É a meditação o caminho do mais intenso grau, jamais experimentado, mas nós não devemos conduzi-la, Deus é que a conduz. Ela não pode ser produzida por esforço algum de nossa parte, não pode ser forçada, a nós cabe pacientemente esperar e sentir o jubiloso e tranqüilo intercâmbio entre o Amor de Deus que nos toca e nosso amor que a Deus retorna.
Na Comunhão, a atividade de Deus é contínua, sempre presente, eventualmente, é atingido um ponto de transição em que se opera uma transformação radical, já não vivemos nossa própria vida, Cristo vive em nós, e através de nós. Tornamo-nos meros instrumentos dessa divina atividade; já não temos vontade própria, já nada desejamos, vemos quando e para onde fomos enviados, já nada temos de nosso, nem provisões, nem mesmo saúde.
Deus está vivendo Sua vida como nossa vida. Então, o manto do Espírito nos envolve e se alguém toca nossa consciência, é o Manto do Cristo que ele toca, ainda que seja apenas a fímbria do Manto, a cura e a redenção se manifestam. Envoltos nessa vestimenta, é desnecessário ir a algum lugar para transmitir a mensagem do Cristo ao mundo; o mundo nos buscará onde quer que estejamos, entretanto precisamos estar revestidos da Consciência do Cristo.
Levar ao máximo, a Comunhão resulta em União com Deus; então, tal estado de consciência é alcançado e se torna possível a qualquer hora do dia ou da noite; recolhermo-nos interiormente e sentirmos a Presença do Senhor. É como se Ele tivesse dizendo: “Caminho a teu lado, mas agora estou dentro de ti”.
Finalmente, a voz silenciosa: “Até o presente tenho estado dentro de ti, mas agora EU SOU TU, EU penso, falo e ajo como tu. Tua consciência e Minha consciência são Uma e a Mesma, pois agora, há somente MINHA CONSCIÊNCIA”.
Alcançando esse estado, já não há comunhão, não há mais dois, há somente UM e esse é Deus, expressando-se, revelando-se, realizando. É o casamento místico em cujas núpcias somos testemunhas de nós mesmos, tornamo-nos
Aquilo que Deus juntou, na União Indissolúvel que existiu desde o princípio: “Eu e o Pai somos Um”. Nessa união mística, todas as barreiras se diluem e mesmo nossas opiniões intelectuais se dissolvem na Sabedoria Universal.
Há completa rendição do ego ao UM universal. “Tudo que tenho é Vosso, minhas mãos, a totalidade de meu coração, de meu corpo, não necessito de nada nem de ninguém.
Dentro de mim está tudo o que eu preciso – pão, água e vinho”. Esse é o nível da experiência espiritual.
No Canto de Salomão, esta experiência é descrita quase como se fora um amor humano, o que absolutamente não é.
Na comunhão sentimos nosso amor fluindo para Deus e o amor de Deus fluindo em nós, como transborda o amor materno sobre seu amado filho.
Tudo termina com a união, então, já não existe Eu, há apenas Deus e ao contemplarmos o mundo, vemos somente o que Deus vê, sentimos o que Deus sente, pois não há outra consciência, não há “tu”, não há “eu”, há apenas Deus.
Esses momentos de União são de valor inestimável, são poucos esses momentos preciosos e revelam o mundo como ele é. Se alguém consegue experimentá-los uma vez, poderá experimentá-los sempre.
É necessário somente “encontrar o caminho”. Dias virão em que a Terra ficará tão plena da Presença do Senhor que desaparecerá a lembrança desse período de materialidade.
A iluminação dissolverá toda sombra criada pelo ego-personal, entre o Sol Divino e a luminosidade de Seus raios. Sobrevindo a iluminação, já não mais necessitamos dos objetos do mundo circunjacente, pois tudo e todos se tornam parte de nosso ser. Desaparece para sempre a inquietação porque Deus vive a nossa vida e nos transformamos em simples espectadores, observando Sua realização que se apresenta como nossa experiência.
No silêncio de nossa consciência é que se expressa o Poder Creador de Deus.
Tudo o que houver de bom para nós, onde quer que esteja no Universo, se encaminhará para nós. É a bondade de Deus que através de nós flui para o mundo. Já não teremos mais bens pessoais, desvanecendo-se o sentimento de posse, de aquisição e de poder pessoal. Em seu lugar, envolve-nos a Totalidade, a abundância de Deus em Sua Infinita Plenitude.
A Glória de Deus se revela em nossa vida como nossa vida. Essa Plenitude então se manifesta como harmonia em nosso relacionamento, satisfação nos negócios, resplendor em nosso semblante e vigor em nosso corpo. Todo júbilo que se exterioriza do nosso ser é um testemunho silencioso do poder do EU.
A Glória de Deus se revela em nossa vida como nossa vida. Essa Plenitude então se manifesta como harmonia em nosso relacionamento, satisfação nos negócios, resplendor em nosso semblante e vigor em nosso corpo. Todo júbilo que se exterioriza do nosso ser é um testemunho silencioso do poder do EU.
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