- Núcleo -
A questão é: Pode um “personagem” se iluminar?
Pode o “cebolinha” [personagem criado por Maurício de Souza] se tornar consciente de que ele é uma ficção do próprio Maurício de Souza?
Mesmo que o Maurício de Souza escreva um texto no qual o cebolinha adquira esta consciência, ou seja, se “ilumine”, seria esta uma experiência real do cebolinha? O fato é que a “experiência de iluminação”, como toda “experiência”, está no campo da “representação”, na qual estão inseridos os personagens do Ser. Assim, a experiência de iluminação ocorre apenas na “representação”. O que todos os que se “iluminaram” descrevem é que eles se tornaram conscientes de que eles não são “personagens”, e que sua real identidade é a de Quem sempre foram, que é o Ser Real, porque nenhum personagem é real.
Se o “personagem” não é real, não há alguém [real] para se iluminar… e Aquele que é o real iluminado, a real identidade de todos os seres, o Real “Autor” dos personagens criados, não está na representação, mas sim em Sua própria Realidade! Assim, a experiência de iluminação é isso: uma experiência que ocorre apenas no âmbito da própria representação e que, então , altera “a fala” do personagem a respeito de Quem ele É e de Quem todos Somos.
O algo a ser notado aqui é que a “percepção” de Quem Somos não está na “mente do personagem” que estamos sendo, mas sim, está na “Consciência do Ser” que [já] somos. Ou seja, esta percepção está em Quem sempre fomos e sempre seremos; está além da realidade de “quem estamos sendo”, pois, a “realidade de quem estamos sendo” é uma representação divina e não a Realidade.
Apenas em certo sentido é possível que um personagem se ilumine… no sentido de que ele perceba que não é quem está sendo, que é Quem sempre foi, “antes que houvesse mundo…”, ou seja, antes que houvesse a representação. Aqui a palavra “antes” é empregada não no sentido temporal, mas no sentido de “a despeito de haver” ou “independentemente de” haver alguma representação. A percepção é a de que não há um personagem que se ilumina; não há um personagem que percebe Sua real identidade, e que é o próprio Ser Real Quem Se percebe, como sempre Se percebeu. Na representação vai parecer que um personagem teve a “experiência de que se iluminou”!
Porém, nossa real identidade é que somos o Ator, não os personagens! Já somos Quem Somos, somos o Ser Real antes que houvesse mundo [antes que houvesse a representação divina…].
O que a “mente do personagem” pensa sobre isso não altera a realidade! Se pensa que a iluminação é possível ou que não é possível; se pensa que é algo real ou não, isso não altera a realidade de que a “iluminação” é uma “percepção”, não um pensamento. Essa percepção não é do personagem e nem mesmo de um personagem específico. Apenas o Próprio Ser Se percebe, e percebe que não há nenhum “outro”, não há nada além de Si mesmo e de Sua Realidade! E a bem-aventurança dessa percepção divina também só é percebida por Si mesmo!
Mas, enquanto se identificando como sendo um personagem, ninguém deve se desesperar pensando que não terá a experiência de iluminação. Não pense assim, pois, ela é inevitável! É o próprio ato de “pensar” que ativa a percepção da mente do seu personagem e cria a “ilusão de separação”, a visão dual de que existe o personagem e o Ser; você e Deus... Pois só o Ser é real. Enquanto a mente do personagem pensa em termos de “existência” [que significa “ex-sistere”, ou seja, algo que está fora] a Consciência do Ser percebe a “seidade”, no sentido de aquilo que É em si mesmo, ou seja, algo que é o próprio “Ser”, e que É em “Si mesmo”; aquilo que É o que É! Portanto, não pense! Simplesmente perceba! Perceba Quem percebe em você e perceberá que não há um “você”, mas apenas Quem percebe… “Aquieta-te e saiba: Eu Sou Deus!”
Perceba apenas: “Eu Sou Aquilo”
É o que na representação divina… percebo, desfruto e compartilho!
Assim seja!
Assim É…
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