- Omraam Mikhaël Aïvanhov -
No “Sermão da Montanha” Jesus dirige-se aos discípulos, assim como à multidão de homens e mulheres que o haviam seguido, e lhes ensina a orar. Diz a eles: “Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás no Céu...”
Então, reflitamos. O que nos permite chamar um homem de “pai”? O fato de reconhecermos quem nos transmitiu a vida. Os filhos reconhecem no pai aquele de quem receberam a vida, e o pai vê nos filhos o prolongamento de sua própria existência/vida... Portanto, se quisermos saber o que Jesus tinha em mente ao apresentar a relação de seres humanos com Deus como uma relação de filhos para pai, devemos nos debruçar sobre esse imenso e misterioso campo que é a vida. Por toda parte existe vida, toda a natureza vive, todos os seres são vivos, e, no entanto, como são poucos os homens e mulheres que sabem o que é a vida!
Quando estão passando por dificuldades, infelicidades, eles exclamam: “Fazer o que... é a vida!” Entendem a vida como algo exterior, que devem suportar passivamente. Insucessos, acidentes, doenças, sofrimentos, “é a vida!”. Se amaram, casaram-se, e, agora, divorciam-se, então, mais uma vez, “é a vida!”. Não, a vida não é isso. Eles chamam de vida uma sucessão de erros, fraquezas, fracassos, sem se darem conta de que foram eles que produziram essa existência lamentável. O Criador havia prescrito uma outra vida para eles!
Jesus dizia: “O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” De que vida estamos falando? Nós já estamos vivos!... Foram essas palavras de Jesus que me levaram a tantas explorações no âmbito da vida. Leia atentamente os Evangelhos e você verá que Jesus só fala da vida. Por isso é necessário sempre retornar a essa questão da vida, para estudá-la sob todas as suas formas.
Os seres humanos buscam o poder, a riqueza, o conhecimento, o amor... Mas não, é a vida que devem buscar. Vocês dirão: “Mas por que buscar a vida? Já a temos, estamos vivos. O que precisamos fazer é buscar aquilo que não temos.” Vocês estão vivos, é verdade, mas a vida não é a mesma em todos os seres, a vida tem graus. Do mineral até Deus, passando pelos vegetais, os animais, os homens, os anjos, tudo está vivo. Não basta viver, é preciso perguntar a si mesmo que tipo de vida se está vivendo. Por sua conformação física, o homem, naturalmente, leva uma vida de homem. Mas no seu interior a vida pode assumir formas e cores infinitas. A vida a que Jesus se refere e deseja levar a todos os seres humanos é a vida divina, semelhante a uma corrente que brota pura e límpida da Fonte original.
A vida costuma ser comparada ao fluir da água. E quanta diferença entre a água da nascente, no alto da montanha, e aquela que chega à desembocadura do rio, depois de receber todo tipo de sujeira e produtos tóxicos! Essa água de que os homens tanto precisam para viver – mais necessária até que o alimento (podemos ficar mais tempo sem comer do que sem beber) – é uma fonte de regeneração, mas também pode ser causa de morte. Quando um rio chega à planície e atravessa uma grande cidade, ninguém teria a idéia de beber nele para matar a sede. Sim, vejam o Sena em Paris... Não quero nem descrever tudo o que foi atirado nele ao longo de seu percurso. É sempre o mesmo curso d’água, mas não é mais a água pura que brotou lá no alto da montanha!
Pura ou poluída, a água continua sendo água, como a vida continua sendo vida; mas nada é mais vivificante do que a água pura, ao passo que a água poluída traz a morte. Ainda hoje, quantas pessoas não ficam doentes e morrem por ter bebido água poluída!
A Vida brota no seio de Deus e desce para dar de beber a todas as criaturas. Mas os seres humanos não têm consciência do caráter sagrado presente nela, eles sujam a vida de Deus, a água de Deus. Espantados, vocês se perguntam: “Mas como é que poderíamos sujar a vida divina?”. Toda vez que lhes falta sabedoria, amor, desinteresse, é como se estivessem jogando lixo no rio do Senhor. E o rio não protesta, ele aceita tudo, para ajudar os seres humanos.
Guardemos a imagem do rio, pois ela nos esclarece sobre essa unidade infinita que é a vida. Entre a fonte e a foz de um rio, quantas regiões diferentes não foram atravessadas, e que enorme diferença, portanto, na qualidade da água! No entanto, é o mesmo rio. Quando falamos da vida é preciso ter consciência de que nela está abarcada a totalidade das existências. Nada nem ninguém pode prescindir da vida. É dessa vida que se alimentam todas as criaturas, e isso quer dizer que se alimentam da vida umas das outras. Então, não se surpreenda se eu disser que, num nível ou outro, cada um come e é comido.
É muito fácil de entender: quando vocês são tomados por pensamentos e sentimentos egoístas, injustos e maus, é como se tivessem se alimentado nas regiões inferiores da vida. Aceitando esses pensamentos e esses sentimentos, vocês os fortalecem; mas não apenas os fortalecem, pois, como os pensamentos e sentimentos também emitem ondas que se propagam, vocês projetam emanações insalubres que servem de alimento a outras pessoas e mesmo às entidades infernais. Ao passo que quando se esforçam por cultivar pensamentos e sentimentos de harmonia e generosidade vocês não só se ligam às entidades superiores como esse alimento divino vai nutrir outras criaturas luminosas, e é assim que vocês viverão com elas, pois as terão alimentado.
A vida é feita de transformações, de incessantes transferências de uma criatura para outra. Cada um absorve a vida dos outros e, em troca, também os alimenta com sua própria vida. Portanto, sejam vigilantes, sabendo que só depende de vocês o alimento que vão receber e aquele que vão dar, de quem vai recebê-lo e a quem vão dá-lo. Tanto as criaturas angélicas quanto as diabólicas podem alimentar-nos ou se alimentar de nós.
Vocês dirão que os demônios estão no inferno e que é impossível nos alimentarmos deles ou que eles se alimentem de nós... Mas como é que vocês imaginam o inferno? Onde ele fica? Ele também faz parte do rio da vida; apenas não está na fonte, mas na desembocadura, e também é alimentado pela vida divina. Deus é a fonte da vida, foi Ele que tudo criou, e nada nem ninguém existe fora Dele. Todo ser vivo vive a vida de Deus. Assim sendo, devemos aceitar que esses seres que chamamos de demônios também tenham recebido a vida de Dele. Pois eles vivem, não podemos negá-lo, e se Deus não lhes retira a vida, é porque aceita sua existência.
A luz, o amor, a paciência de Deus alimentam todas as criaturas. Naturalmente, as que não permanecem junto a Ele provam-se dessas bênçãos. Mas são elas que se privam, não é o Senhor que as retirou delas. Alguns ficarão escandalizados com a maneira como apresento o inferno e os demônios. Pois bem, não adianta ficar escandalizado, é preciso raciocinar. Se as entidades tenebrosas não obtiveram sua vida de Deus, de quem a receberam? Acaso teriam criado elas mesmas ou a receberam de algum outro criador? Se Deus não é o único dono da vida, isso significaria que tampouco é o dono único do universo, e, portanto, não é todo-poderoso. Vejam só quantas contradições... Portanto, entendam que, se os espíritos infernais receberam a vida de Deus, também se alimentam da vida de Deus. Mas qual é o alimento que recebem? Certamente não é o mesmo alimento dos anjos, mas as cascas, os detritos deixados por outras criaturas à medida que a água do rio se afasta da Fonte; pois nessas cascas ainda sobram algumas partículas de vida lá do alto.
É preciso que isso fique bem claro. Deixando a fonte divina, o rio da vida desce, e ao descer atravessa as regiões chamadas pelos cristãos de hierarquias angélicas, e pelos cabalistas de sephirot. Mas a vida que sai de Deus não se detém aí, compreendendo também, mais embaixo, as regiões designadas pelos cristãos como “inferno” e pelos cabalistas como “kliphoth”, cujo significado é crosta, casca. Essas regiões ainda contêm alguns átomos da vida oriunda de Deus, é preciso repeti-lo sempre, pois não pode existir nenhuma vida fora de Deus. Se houvesse uma vida fora de Deus, é porque haveria um outro criador, e nesse caso teríamos o direito de sair em busca dele: o primeiro não sendo todo-poderoso, teríamos motivo para procurar um outro.
E como essa questão da unidade da criação não foi claramente explicada pela Igreja, diversos homens e mulheres quiseram pôr-se a serviço de Satã para combater o Senhor. Quanta ignorância! Que vitória imaginavam obter? Eles não sabiam que iriam absorver todas as imundícies, todos os restos caídos da vida divina. Mas que benefício, hein!
No plano físico, um malfeitor, um monstro, pode comer o alimento mais suculento e servi-lo a seus convidados. Mas no plano psíquico/sutil só podemos comer ou dar de comer um alimento que se assemelhe a nós, que corresponda ao que somos em nosso coração, nosso intelecto, nossa alma e nosso espírito. Atraímos aquilo que tem afinidade conosco e damos aquilo que emana de nós. E de acordo com a qualidade desse alimento, nos fortalecemos, nos enriquecemos... ou então nos debilitamos.
“O ladrão vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida...”. Por que será que Jesus opõe as intenções do ladrão às suas próprias? O ladrão vem para tomar e Jesus vem para dar. E se ele vem para dar a vida é porque esse ladrão ao qual se opõe vem para tomá-la. Quem é esse ladrão que vem furtar os seres humanos? Na realidade, são muitos ladrões, e dos mais diferentes tipos. Alguns estão do lado de fora, mas muitos estão sobretudo neles mesmos: são os desejos e as ambições que eles se mostram sempre dispostos a satisfazer, sacrificando o que têm de mais precioso: a vida, a vida divina.
Vocês certamente leram no Antigo Testamento a história dos dois filhos de Isaac: Esaú e Jacó. Esaú, o mais velho, passava o dia caçando ou trabalhando no campo, enquanto Jacó se ocupava tranquilamente na tenda. Certo dia, retornando do campo cansado e faminto, Esaú encontrou Jacó preparando uma sopa de lentilha. Incapaz de resistir ao alimento, ele cedeu a Jacó seu direito de primogenitura, em troca de um prato de lentilha. Perder o direito de primogenitura, com as honrarias e vantagens decorrentes, por uma sopa de lentilha – que troca mais desproporcional! Mas trata-se de mais um relato simbólico que precisa ser interpretado.
Aceitando abrir mão de seu direito de primogenitura para poder imediatamente saciar a fome, Esaú é o ser humano disposto a sacrificar o que lhe confere grande valor aos olhos de seu Pai celeste em troca de prazeres imediatos. Devemos entender o direito de primogenitura num sentido bem amplo; não é questão de ir agora dizer aos primogênitos de todas as famílias para não abrirem mão das prerrogativas de sua posição. Estou aqui falando a vocês sobre o plano espiritual, não a respeito do plano físico.
Nas famílias terrenas, existe necessariamente o filho que nasceu primeiro, o segundo, o terceiro, etc., pois estamos no plano físico, e no plano físico, regido pelas leis do espaço e do tempo, há sempre uma ordem uma classificação: um objeto depois do outro, uma pessoa depois da outra; eles não podem apresentar-se todos juntos no mesmo lugar. Mas no plano espiritual, na família divina, os seres humanos ocupam todos a mesma posição. Todos desfrutam, portanto, do “direito de primogenitura”, ou seja, da condição de filhos e filhas de Deus. Depende apenas deles se conscientizarem disso e trabalharem para preservar a sua posição. Só aquele que põe em primeiro lugar seus apetites, seus instintos, perde essa condição de filho de Deus: seu pai não é mais Deus ou o Espírito Santo, mas essa entidade que é chamada por Jesus, nos Evangelhos, de Mammom, e que não passa de outro aspecto desse mesmo Satã que veio tentá-lo no deserto.
A sopa de lentilhas representa a satisfação do estômago, mas fome também é sinônimo de todos os apetites, de todas as cobiças. Quantas outras fomes não impelem os seres humanos a se atirar sobre outras satisfações, fazendo-os perder seu direito de primogenitura, sua dignidade de filhos de Deus! Toda vez que um ser cede a um instinto – gula, sensualidade, cólera, ciúme, ambição, ódio – está vendendo seu direito de primogenitura, sua realeza interior, por um prato de lentilhas, e com isso empobrece, submete-se, torna-se escravo. Ele deu algo de extremamente precioso em si mesmo, partículas da vida divina, em troca de uma coisa que não valia a pena.
E mais tarde, quando Isaac, à beira da morte, quer dar a benção a Esaú, sua mulher, Rebeca, dá um jeito para que Jacó receba a bênção. Quando Esaú chega, é tarde demais; Isaac tinha dado tudo a Jacó, e pode apenas dizer: “Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e todos os seus irmãos lhe tenho dado por servos; e de trigo e mosto o tenho fortalecido; que te farei, pois agora, meu filho?” Esaú já não é senhor de si mesmo, foi a seu irmão que Isaac deu o trigo e o vinho... O trigo e o vinho... O trigo, de que é feito o pão, e o vinho: será por acaso que aí estão os dois alimentos simbólicos que Melquisedec trouxera a Abraão e que Jesus dará a seus discípulos ao despedir-se deles? Quantas coisas não poderíamos descobrir na Bíblia se soubéssemos interpretar todas essas narrativas e, principalmente, relacioná-las umas às outras!
Ao dizer “eu vim para que tenham vida” Jesus nos obriga a tomar consciência de que nossa compreensão da vida é insuficiente. Nós recebemos a vida e vivemos... Nós a utilizamos, tomamos dela para satisfazer nossos desejos e necessidades, julgando assim nos desenvolver, quando na verdade nos debilitamos. E Deus, que nos deu a vida para que sejamos fortes, belos, poderosos, luminosos, na plenitude, vê apenas seres infelizes, franzinos, pálidos, encolhidos.
Portanto, se há uma coisa que eu compreendi, é que a única ciência que vale a pena ser estudada é a ciência da vida. E gostaria de convencê-los, pois todos os outros temas que abordarão, todas as atividades que empreenderão só poderão realmente proporcionar-lhes algo se vocês tiverem entendido essa realidade essencial: a vida. A consideração que vocês têm por essa vida divina que receberam determina a qualidade do seu comportamento e das suas ocupações.
Os seres humanos se esgotam na busca do poder, do sucesso, do prestígio, do dinheiro. Admitamos que os obtenham (o que nem é garantido), mas desperdiçam sua vida nesse processo, que lhes resta? Eles transformam a vida num meio de obter tudo que desejam, quando, pelo contrário, deveriam considerá-la como um objetivo, valendo-se de todas as faculdades para fortalecer, esclarecer e purificar a vida neles próprios. Em vez de estudar a vida, eles estudam a doença e a morte. A vida é assim por eles debilitada, diminuída. E no entanto, sem a vida nada há. Não nego o valor de certas aquisições, mas é graças à ciência da vida que cada coisa encontra lugar e sentido.
É a vida que alimenta o intelecto, o coração e a vontade. Quando o homem preserva essa vida em si mesmo, seu intelecto compreende, seu coração ama e se alegra, sua força de vontade cria e se revigora. Caso contrário, seu intelecto se entorpece, seu coração esfria e sua força de vontade vacila. Sem a vida não existe mais a possibilidade da ciência, da arte, da filosofia. Por isso é que lhes digo que a ciência da vida é a chave de todas as realizações. Ampliem a vida, limpem a fonte em vocês, para que a água corra mais livremente: poderão então encher os reservatórios e enviar essa vida ao intelecto, que será esclarecido, ao coração que se abrirá para as dimensões do universo, e à força de vontade, que se tornará criadora, incansável.
A vida é como a gasolina em um carro: se não tiver mais gasolina ou se você colocar qualquer outro líquido, ele não andará; porém, não falta nenhuma peça!.... A vida também pode ser comparada ao sangue: o sujeito mais vigoroso torna-se inanimado se for privado de seu sangue. Mas pergunte a alguém: “O que você faz da sua vida? Por acaso pensa em preservá-la, em torná-la mais forte, mais rica?” A pessoa olhará para você com espanto, pois, para ela, preservar a vida significa apenas não se expor imprudentemente aos perigos e se tratar quando estiver doente. No resto do tempo, a vida lhe serve para correr atrás dos prazeres, das aquisições materiais, para ganhar dinheiro ou prestígio. Esse ignorante não sabe ainda que o verdadeiro dinheiro é a sua própria vida. Sim, a vida é dinheiro! E um dinheiro que permite fazer compras em lojas muito melhores que as lojas daqui da Terra.
O dinheiro é a expressão material de todas as possibilidades que a vida nos oferece, sim, mas apenas a expressão material. É necessário aprender a transpô-lo para os outros planos – afetivo, mental, espiritual – para obter nesses planos o equivalente do que podemos obter no plano físico.
A vida é o óleo para a lâmpada, a água para o moinho, a gasolina para o automóvel, a corrente elétrica para a usina, o sangue para o organismo. É ela que permite que tudo funcione. Mas, apesar disso, é a mais ignorada, a mais desprezada. “Como?”, pergunta alguém. “Eu considero a vida o bem mais precioso. Ontem à noite um assaltante me abordou no escuro, numa esquina, ameaçando: ‘a bolsa ou a vida!’ Óbvio que eu entreguei a bolsa.” Muito bem, isto é verdade, quando a questão se apresenta assim, é a vida que escolhemos. Mas em outras circunstâncias não pensamos nela, a desperdiçamos, a depreciamos. É preciso ser posto contra a parede para entender. Antes, porém, as pessoas não têm consciência, desperdiçam a vida na busca de satisfações e vantagens que nunca são tão importantes quanto a vida em si. Para ganhar alguns trocados, para ter o prazer de se vangloriar de alguns sucessos, quantas pessoas são capazes de desperdiçar a própria vida! Em sua balança interior, diante do pouco que ganharam, elas nunca pensam em avaliar os tesouros da vida que perderam.
E para quantos homens e mulheres a vida só tem interesse quando vivida nos excessos! Preferem até matar-se, desde que possam viver sensações intensas... Será que se perguntam se foi para isso que Deus lhes deu a vida, e se não haveria outras maneiras de viver intensamente?... Não, a maioria dos seres humanos tem uma concepção da vida que os conduz à morte, à morte física ou espiritual, e, muitas vezes, às duas. Claro, todos morreremos um dia, mas isso nunca nos deve impedir de estudar a única verdadeira ciência: a ciência da vida. É a vida o que temos em comum com Deus e com tudo que existe no universo. Portanto, é nos tornando vivos que entramos em comunicação com Deus, com todas as criaturas e com o universo.
Querem vocês, então, tornar-se mais vivos? Querem que sua vida se torne mais intensa em suas vibrações, em suas emanações? Entre os milhares de conselhos que posso lhe dar, guarde pelo menos um. Tomem consciência de toda a vida que existe ao redor, e tratem de respeitá-la como uma manifestação da vida divina. Se pelo menos os homens aprendessem a respeitar essa vida nos outros, ao redor deles, já seria um grande progresso. Mas como é que eles consideram uns aos outros? Quando se encontram, será que pensam: “Eis uma criatura que, como eu, contém uma parcela da Divindade; então, devo tratar de respeitá-la, de protegê-la”? Não, não, muitas vezes eles se vêem apenas como sombras ou autômatos; maltratam uns aos outros, procuram servir-se uns dos outros como se fossem objetos ou instrumentos, e quando se sentem demasiado incomodados, um logo trata de eliminar o outro. Mas que vida esperam ter com tal comportamento?
Tornar-se vivo é despertar para as manifestações infinitas da vida ao nosso redor, saudar as pessoas que encontramos, ver nelas a centelha de vida divina, agradecer-lhes por tudo que fazem por nós, às vezes sem que sequer o saibamos. Tornar-se vivo é maravilhar-se sempre, ver sempre os seres e as coisas como se fosse a primeira vez. Sim, isso é tornar-se vivo da vida do próprio Deus. Como esse é o vínculo mais forte que nos une a Deus, para sermos verdadeiros filhos e filhas de Deus devemos trabalhar para tornar divina a nossa própria vida. É possível encontrar a verdadeira religião nas igrejas, mas ela está, antes de mais nada, na vida, cabendo portanto a nós estabelecer uma relação consciente com todas as melhores manifestações da vida.
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