- Masaharu Taniguchi -
Finalmente, Manjusri, enviado como representante de Sakyamuni, chega ao palácio de Vimalakirti para visitá-lo, e o encontra descansando...
Manjusri - Prezado Vimalakirti, vim visitá-lo, como mensageiro de Sakyamuni.
Vimalakirti - Seja-bem-vindo, Manjusri.
Manjusri - Meu mestre Sakyamuni soube que o senhor está doente e mandou-me aqui para saber do seu estado. Ele quer saber se o senhor tem se tratado e está melhorando. Quer saber também desde quando o senhor está doente, e por que razão uma pessoa sábia como o senhor, que já alcançou o despertar, foi acometido por uma doença.
Vimalakirti - Então pensam que estou doente... Já que tocou no assunto, vamos falar de doença. Ela surge devido à ilusão. Julgar existente o que não existe já é o princípio da doença. Teimar em acumular o que não tem existência real e apegar-se a ele é tornar mais grave a doença. A doença origina-se na mente. O apego é que provoca a doença. Aquele que tem apego já é doente, ainda que a doença não esteja manifestada concretamente. Meu corpo é como um espelho: reflete as ilusões da mente do povo e mostra-as sob a forma de doença. O povo custa compreender a Verdade de que a doença se manifesta como reflexo da mente; por isso, cabe aos bodhisatvas demonstrar essa Verdade com seu próprio corpo. Os bodhisatvas despertos são pessoas que já "se graduaram" na escola chamada "este mundo" e portanto não precisam mais renascer neste mundo. Se eles aparecem de novo neste mundo como ser carnal e manifesta doenças em seu corpo, é para realizar o seu grande voto de salvar a humanidade, servindo-lhe de exemplo. O bodhisatva adoece porque a mente da humanidade está enferma. Estando enferma a mente dos pais, o filho adoece; estando enferma a mente da esposa, o marido adoece, e vice-versa; estando enferma a mente do chefe de família, os familiares adoecem; e estando enferma a mente dos familiares, o chefe de família adoece. Do mesmo modo, estando enferma a mente da humanidade, o bodhisatva desperto manifesta doença em seu próprio corpo.
Manjusri - Então, é por isso que o senhor está doente?
Manjusri - (Mudando de assunto) Reparei que hoje não se encontra nenhum criado, em parte alguma desta grande mansão. Foram todos passear?
Manjusri - Por que o mundo búdico é o "nada absoluto"?
Manjusri - Como sabe que é?
Vimalakirti - Não existe "como". Se existisse o "como", não seria o "nada absoluto". Não se pode discutir o "nada absoluto".
Manjusri - Mas como compreender o "nada absoluto"?
Manjusri - Mas como compreender o "nada absoluto"?
Manjusri - E onde buscar o despertar espiritual?
Manjusri - E onde se encontra Buda?
Vimalakirti - Buda está dentro de cada um de nós.
Manjusri - Quer dizer que o ser humano traz Buda dentro de si?
Vimalakirti - Sim. Cada ser humano traz em si a natureza búdica.
Manjusri - Então, não há necessidade de as pessoas buscarem o despertar, não é?
Manjusri - Quer dizer que o ser humano traz Buda dentro de si?
Manjusri - Então, não há necessidade de as pessoas buscarem o despertar, não é?
Vimalakirti - Compreendendo que a matéria é nada e que o corpo carnal não tem existência real, o homem percebe que a sua natureza é búdica. Essa natureza búdica não é a do homem carnal, e sim do homem verdadeiro, que é imaterial.
Manjusri - O homem verdadeiro é provido de tudo, e portanto nunca é carente.
Manjusri - Então, porque o senhor, sendo infinitamente rico, está sozinho nesta mansão, sem nenhum criado?
Vimalakirti - Este lugar não está vazio como parece. Meus criados são o demônio Papiyas e as bailarinas dele. Agora há pouco, elas estiveram me mostrando uma bela dança aí no jardim. A humanidade em ilusão passa repetidas vezes por este mundo e pelo mundo após a morte, num interminável processo de transmigração, perseguindo os prazeres dos sentidos. Os bodhisatvas, para salvar a humanidade em ilusão, acompanham-na nesse processo de transmigração. E a melhor maneira de fazer isso é ter como acompanhantes o demônio Papiyas e suas feiticeiras. Quer que lhe apresente um belo número de dança dessas feiticeiras-bailarinas?
Manjusri - Não, obrigado. Vim aqui como mensageiro do venerando Sakyamuni para saber em que estado o senhor se encontra, e preciso cumprir essa missão. Para que eu possa apresentar a ele um relatório detalhado, diga-me qual é a sua doença, quais são os sintomas, enfim, tudo sobre sua condição de saúde.
Vimalakirti - Quer que eu fale de minha doença? Pois saiba que doença não tem substância, e por isso não me é possível descrevê-la.
Manjusri - Mas não pode, ao menos, dizer se sofre de doença do corpo ou doença da mente?
Manjusri - Não, obrigado. Vim aqui como mensageiro do venerando Sakyamuni para saber em que estado o senhor se encontra, e preciso cumprir essa missão. Para que eu possa apresentar a ele um relatório detalhado, diga-me qual é a sua doença, quais são os sintomas, enfim, tudo sobre sua condição de saúde.
Manjusri - Mas não pode, ao menos, dizer se sofre de doença do corpo ou doença da mente?
Vimalakirti - Não é doença do corpo.
Manjusri - Como pode dizer isso com tanta certeza?
Vimalakirti - Porque sei que, na verdade, o corpo não existe.
Manjusri - Então, trata-se de doença da mente?
Vimalakirti - Também não, pois a mente em ilusão, sujeita a doenças, não tem existência real.
Manjusri - Porém, se mesmo assim o estado de doença estiver manifestado, o que se deve fazer para que esse aspecto desapareça? Ensine-me, para que eu possa transmitir aos outros.
Vimalakirti - Deve serenar a mente, perguntar a si próprio "quem está doente?" e reflexionar o seguinte: O "eu" fenomênico é originariamente inexistente. O corpo não tem existência real. Como o corpo não tem existência real, a doença que nele se manifesta também não tem existência real. Minha doença, assim como a doença de todas as pessoas, não passa de falso aspecto. Quando se reflexiona assim e se compreende realmente que o corpo carnal e o "eu" fenomênico não têm existência real, desaparece o apego; desaparecendo o apego, desatam-se as "amarras da mente", recupera-se a liberdade total; e recuperando-se a liberdade total, a doença se extingue. Quando isso ocorre, o bodhisatva manifesta sua grande misericórdia e passa a salvar as pessoas. Ele é pleno de amor e sabedoria, e por isso, para salvar as pessoas, faz uso de todos os expedientes, sem se prender a um determinado princípio rígido.
Manjusri - Que significa estar preso com as "amarras da mente"?
Vimalakirti - Está preso com as "amarras da mente" aquele que ficou com a mente tolhida pela constatação de que o corpo carnal não é existência verdadeira e isola-se num local ermo ou num mosteiro. Quem tem a mente plenamente livre não se isola deste mundo nem das pessoas, justamente por saber que o corpo carnal não é existência verdadeira.
Está preso com as "amarras da mente" aquele que, apesar de querer praticar o bem, não consegue proporcionar felicidade aos outros, por estar com a mente tolhida pela ideia fixa de praticar o bem. Quem tem a mente plenamente livre pratica o bem com espontaneidade, mesmo onde prolifera o mal, e assim proporciona benefícios a muita gente.
Está preso com as "amarras da mente" aquele que não consegue salvar os outros por julgá-los com uma sabedoria fria e destituída de amor. Quem tem a mente plenamente livre salva as pessoas com sabedoria acompanhada de amor. O amor vivifica a sabedoria, e a sabedoria vivifica o amor. Ser bodhisatva é ser virtuoso e sábio, levando uma vida normal como uma pessoa comum. Ser bodhisatva é conviver com os demônios e subjugá-los. Por isso, eu sempre uso o demônio Papiyas e suas feiticeiras como um expediente ou um meio para manifestar o amor e conduzir as pessoas à salvação. (Levanta a mão e faz um sinal. Surgem, como por encanto, um grupo de lindas feiticeiras)
Feiticeiras - O senhor nos chamou?
Vimalakirti - Sim. Faça cair uma chuva de flores, e cantem e dancem sob essa chuva.
Feiticeiras - Sim, senhor.
(Começam a chover pétalas em profusão. As feiticeiras dançam e cantam, uma de cada vez)
Feiticeira 1 - Usando sabedoria e expedientes adequados, o Bodhisatva salva os homens.Manjusri - Como pode dizer isso com tanta certeza?
Manjusri - Então, trata-se de doença da mente?
Vimalakirti - Também não, pois a mente em ilusão, sujeita a doenças, não tem existência real.
Manjusri - Porém, se mesmo assim o estado de doença estiver manifestado, o que se deve fazer para que esse aspecto desapareça? Ensine-me, para que eu possa transmitir aos outros.
Vimalakirti - Deve serenar a mente, perguntar a si próprio "quem está doente?" e reflexionar o seguinte: O "eu" fenomênico é originariamente inexistente. O corpo não tem existência real. Como o corpo não tem existência real, a doença que nele se manifesta também não tem existência real. Minha doença, assim como a doença de todas as pessoas, não passa de falso aspecto. Quando se reflexiona assim e se compreende realmente que o corpo carnal e o "eu" fenomênico não têm existência real, desaparece o apego; desaparecendo o apego, desatam-se as "amarras da mente", recupera-se a liberdade total; e recuperando-se a liberdade total, a doença se extingue. Quando isso ocorre, o bodhisatva manifesta sua grande misericórdia e passa a salvar as pessoas. Ele é pleno de amor e sabedoria, e por isso, para salvar as pessoas, faz uso de todos os expedientes, sem se prender a um determinado princípio rígido.
Manjusri - Que significa estar preso com as "amarras da mente"?
Vimalakirti - Está preso com as "amarras da mente" aquele que ficou com a mente tolhida pela constatação de que o corpo carnal não é existência verdadeira e isola-se num local ermo ou num mosteiro. Quem tem a mente plenamente livre não se isola deste mundo nem das pessoas, justamente por saber que o corpo carnal não é existência verdadeira.
Está preso com as "amarras da mente" aquele que, apesar de querer praticar o bem, não consegue proporcionar felicidade aos outros, por estar com a mente tolhida pela ideia fixa de praticar o bem. Quem tem a mente plenamente livre pratica o bem com espontaneidade, mesmo onde prolifera o mal, e assim proporciona benefícios a muita gente.
Está preso com as "amarras da mente" aquele que não consegue salvar os outros por julgá-los com uma sabedoria fria e destituída de amor. Quem tem a mente plenamente livre salva as pessoas com sabedoria acompanhada de amor. O amor vivifica a sabedoria, e a sabedoria vivifica o amor. Ser bodhisatva é ser virtuoso e sábio, levando uma vida normal como uma pessoa comum. Ser bodhisatva é conviver com os demônios e subjugá-los. Por isso, eu sempre uso o demônio Papiyas e suas feiticeiras como um expediente ou um meio para manifestar o amor e conduzir as pessoas à salvação. (Levanta a mão e faz um sinal. Surgem, como por encanto, um grupo de lindas feiticeiras)
Feiticeiras - O senhor nos chamou?
Vimalakirti - Sim. Faça cair uma chuva de flores, e cantem e dancem sob essa chuva.
Feiticeiras - Sim, senhor.
(Começam a chover pétalas em profusão. As feiticeiras dançam e cantam, uma de cada vez)
Feiticeira 2 - Ele surge sob a forma de uma ninfa sedutora, e tenta os que perseguem os prazeres da carne.
Feiticeira 3 - Ele surge sob a forma de dinheiro, jóias e outros bens, e tenta os que perseguem a riqueza material.
Feiticeira 4 - Ele surge sob a forma de terapias e medicamentos, e tenta os enfermos.
Feiticeira 5 - Tenta os homens para que alcancem o despertar superando as tentações.
Feiticeira 6 - Nada há de extraordinário em crescerem lótus na água.
Do livro: "A Verdade da Vida, volume 32"; pp. 86-94
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