Apesar de há muitos anos o mundo metafísico acreditar que cura mental e espiritual são sinônimos, na realidade elas estão tão longe uma da outra quanto a cura material e a cura espiritual. A cura mental e a material são em grande parte a mesma coisa, exceto que operam em diferentes níveis de consciência. A mental é um pouco superior e mais fina do que a material, mas essencialmente elas são dois momentos da mesma crença.
Por outro lado, usar os termos "mentalmente espiritual" ou "espiritualmente mental" é o mesmo que dizer "um diabo religioso". O espiritual e o mental são diametralmente opostos, o que não quer dizer que um seja certo e o outro errado, mas funcionam em níveis tão diferentes de consciência que estão tão separados quanto os pólos da Terra.
No que toca ao metafísico, existem dois ramos distintos -- o mental e o espiritual, embora muitas poucas pessoas estejam dispostas a reconhecer que isso é verdade. Em nenhuma passagem do Novo Testamento, entretanto, pode ser encontrada sustentação para a maior parte do que atualmente é conhecido como prática mental, mesmo que essa prática mental ainda faça uso do nome do Cristo.
"PREOCUPAR-SE" NÃO É CURA ESPIRITUAL
Jesus ensinou: "Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto a vosso corpo, pelo que haveis de vestir" e, todavida, quantos de nossos práticos mentais hoje em dia estão prontos e dispostos a uma tentativa de fazer uma demonstração de oferta de uma casa ou de um automóvel?
'Demonstrar' significa manifestar algo. Fazer a demonstração/a manifestação de alguma coisa é dar forma a uma atividade consciente da consciência. Quantos pacientes pedem a seus práticos para "demonstrarem" um apartamento ou uma casa para viverem, para conseguirem marido ou para livra-se de um. Não existe um prático de qualquer experiência que não tenha tido, às vezes, a bem triste experiência de pessoas que chegam a ele pedindo ajuda para obter um lar, um automóvel, um marido, uma esposa -- toda espécie de demonstração concebível.
Até mesmo o mais alto nível desse tipo de prática é contra o ensinamento do Cristo. O ensinamento do Cristo é não cuidar de sua vida, de seu suprimento ou de seu vestuário. Jesus dá uma longa lista do que não pedir, diz por que a encerra com esta promessa: "Mas vosso Pai sabe que haveis mister delas... [e] porque a vosso Pai agradou dar-vos o Reino". Logo, ir para Deus com algum problema finito seria ir contra os ensinamentos do Mestre.
Em Lucas, Jesus também disse: "E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua estatura?" Quando você sentar para "pensar" a fim de acrescentar alguma coisa a seu suprimento ou à sua necessidade, você falhará. Além do mais, a bíblia declara: "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos". E, no entanto, pense em todos os metafísicos do mundo que acreditam que, se eles apenas pensarem direito -- mantiverem ou enviarem o pensamento certo --, este fará qualquer coisa por eles ou por seus pacientes, embora ao praticarem esta doutrina de 'pensamento certo' estejam violando o próprio ensinamento que alegam estar seguindo.
A transferência de pensamento de um indivíduo para outro é a atividade da mente humana. Embora isso muitas vezes resulte no que chamamos de cura ou melhora, na melhor das hipóteses, algumas vezes, isso é temporário, porque se o prático mental tem sucesso hoje, ele precisa trabalhar duas vezes mais na semana seguinte. Qual pode ser o fim de toda esta prática mental senão uma dor de cabeça! As pessoas que se tornam adeptas do trabalho mental começam a ficar constrangidas porque estão trabalhando sob pressão -- pressão mental. Alguns de você podem ter observado a reação dos que dão ou recebem tratamentos mentais; vocês podem ter visto práticos que executaram seus trabalhos sob terrível pressão mental e testemunhando a confusão que isso acarretou.
Durante meus dezesseis anos na prática da Ciência Cristã, observei que a prática mental era ali tão predominante como em outros movimentos metafísicos. Na realidade, há exatamente tanta autoridade nos escritos da Sra. Eddy para a prática mental como para a prática espiritual. Ambas as coisas são ensinadas e podem ser facilmente encontradas em seus escritos, e qualquer pessoa pode fazer a sua escolha, dependendo de qual ensinamento a atrai mais. Embora eu nunca tenha sido capaz de fazer concessões à prática mental, tenho visto o resultado dos que se deixaram submeter ao tratamento mental de outra pessoa, tornando-os "apreensivos", dominando-os e às vezes quase controlando-os.
Os que trabalham sem esse processo ativo de contínua formulação de pensamento, permanecem relaxados. Em lugar de tentarem ser uma força ou poder, apenas se tornam o veículo através do qual o Espírito trabalha; e, portanto, raramente há qualquer nervosismo ou irritabilidade, porque o Espírito está sempre renovando e reconstruindo. O Espírito está fazendo o trabalho e não "formulando pensamentos".
Sob o domínio do Espírito, dessa mente que estava em Cristo Jesus, seria impossível a quem quer que fosse violar sua integridade espiritual. Ninguém poderia enganar, fraudar ou ser infiél em seu dever para com um paciente, porque o Espírito não lhe permitiria -- Ele não lhe daria tal pensamento ou impulso. Além disso, quando um prático fica sob o domínio dessa Mente que também estava em Cristo Jesus, ele cura sem esforço mental ou pessoal, quer o paciente esteja acordado ou dormindo -- e até mesmo quando o prático está dormindo.
Quando uma pessoa está trabalhando mentalmente, ela tem a escolha de ser boa ou má, sem que haja um poder controlador para impedi-la de fazer o que ela quer, exceto o seu próprio bom-senso. Isso não significa que os que trabalham com base nessa linha mentalista sejam pessoa más; contudo, se são boas, isso ocorre exatamente por serem boas, e não porque ficaram sob a influência daquela Mente que estava em Cristo Jesus, que não lhes permitiria serem menos do que Deus em ação.
NÃO HÁ CAUSA MENTAL PARA A DOENÇA
Quantas vezes você soube de alguém que estava convencido de que tinha artrite, ou câncer, ou tuberculose e que depois foi curado tão depressa que mais tarde convenceu-se de que não poderia ter tido uma doença tão séria? Provavelmente a doença não existia, mas o ponto a ressaltar é: suponhamos que o prático aceite o diagnóstico como este lhe foi apresentado e comece a trabalhar no caso. Nove vezes em dez ele estaria trabalhando para curar a doença errada. Ainda que seu paciente lhe trouxesse o diagnóstico de um médico, este ainda poderia estar cinquenta e cinco por cento errado. Em seu prórpio levantamento, o Massachussets General Hospital ficou sabendo que apenas quarenta e cinco por cento dos diagnósticos feitos no próprio hospital estavam corretos, e isto até mesmo com radiografias, exames de sangue, exames de urina e todos os outros testes criados pela medicina moderna.
Você pode notar que, mesmo que um prático recebesse o diagnóstico médico de um caso, este tanto poderia estar certo como errado. Portanto, qual a eficácia de um tratamento aplicado a um caso específico? Se o paciente ficar curado, isso poderia ter acontecido mesmo sem o tratamento.
Além disso, visto que a doença é irreal, e desde que se acredite que ela não pode ser verdadeiramente localizada, toda essa manipulação mental -- essa sondagem para encontrar uma causa mental correspondente a um estado ou doença -- é falta de bom senso. Em toda minha vida nunca encontrei alguém com ódio suficiente para causar algo tão violento quanto o câncer; ou com luxúria suficiente para causar definhamento ou tuberculose. Uma pessoa com tanto ódio ou luxúria assim, estaria trancada num hospício. As pessoas não são assim tão más -- deve haver outra razão para isso.
Há algum tempo, li um artigo sobre uma mulher com pés chatos. Um prático, ao analisar seu pensamento, descobriu que ela sentira tanta tristeza pela morte de um filho na guerra a ponto de haver perdido a lucidez. Resultado: pés chatos. Outra mulher tinha pé-de-atleta e não podia ser curada. Ao examiná-la, um prático descobriu que ela desejava apenas mais afeto humano. Meu comentário na ocasião foi que, se aquilo era verdadeiro, os práticos iriam ficar muito ocupados com pés-de-atletas, já que há tão grande carência de afeto no mundo.
Se houvesse ocasião em que alguma cura foi realizada através de tratamentos de causas mentais, podem acreditar que foram curas de "crença"; uma crença na cura de doença causada pela crença numa causa e numa cura, uma crença agindo sob a influência de outra crença. Li o Novo Testamento até desgastar o livro, e em nenhum lugar encontrei qualquer palavra de Jesus acerca do ódio, luxúria ou desejo de afeição como causadores de doença. Pelo contrário, ele disse que nem mesmo o pecado faria com que o homem nascesse cego.
Chocou-me saber que o erro não é o resultado do pensamento de uma pessoa, porque sempre me foi ensinado que o mal é causado pelo tratamento errado, porém descobri, no primeiro ano de minha prática, que isso não era verdade. Como poderia um bebê sofrer porque os pais tiveram pensamentos iníquos? Não, ele sofre por causa de crenças comuns a todos, as quais seus pais não sabem como abandonar. As pessoas não contraem resfriados, gripes ou pólio nos seus surtos por causa do seu modo de pensar errôneo: essa é uma crença universal que elas não sabem como combater, e se elas se aferram a esse negócio de Deus-é-amor, sem saberem como enfrentar aquelas crenças, ficarão extremamente deslocadas como se nunca tivessem descoberto que Deus é amor.
A fragilidade da prática metafísica está no fato de que a maioria dos metafísicos gosta de falar no quanto Deus é maravilhoso, mas detesta dizer a qualquer pessoa o que fazer quanto à manifestação do pecado e da doença. Haveria alguém no mundo que sentisse luxúria, animalidade, medo ou ansiedade se soubesse como evitar isso? Há uma lei de Deus que anula tudo isso, mas você precisa saber que lei é essa. Dizer apenas "Deus é amor" não anula nada, já que temos muito disso no mundo -- até mesmo entre as pessoas que têm a certeza de que Deus é amor.
Nunca se esqueça que toda circunstância prejudicial à sua vida pode ser evitada. Ninguém é vítima de alguma coisa, senão pela ignorância das leis da vida. Deus nunca teve a intenção de que alguém sofresse de decrepitude; Deus nunca teve a intenção de que existissem aleijados, alcoólatras ou viciados em drogas, e não há razão no mundo pela qual elas existam, exceto que o mundo jamais aprendeu a enfrentar estes problemas, fazendo com que eles deixem de fazer parte do modo de pensar da humanidade.
O mal não existe como algo criado por Deus. Deus não pune as pessoas, ainda que a antiga lei hebraica ensinasse que os pecados dos pais recairiam sobre os filhos. Mas quando os hebreus viram como essa lei era injusta, eles a repeliram duzentos anos mais tarde: "... eles nunca mais dirão, os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos se embotaram" (Jeremias 31:29). Sim, eles aprenderam há três ou quatro mil anos a não aceitarem uma idéia tão cruel como essa, de que os pecados dos pais recaem sobre os filhos, e certamente deveríamos estar pelo menos tão adiantados como eles. Mesmo assim, aceitamos as leis da hereditariedade, que nos vinculam à crença de que as doenças dos pais recaem sobre os filhos, netos e tataranetos. Precisamos nos elevar mais alto que isso, começando por entender que existe uma lei de Deus agindo no ser individual e coletivo, em indivíduos, em grupos, nas raças e nações.
PENSAMENTO NÃO É PODER
Existe uma lei de Deus, mas temos de começar a pô-la em prática, primeiramente abandonando nossas crenças egoístas de que qualquer pensamento que possamos ter é um poder, ou que tomando uma afirmação e fazendo-a penetrar em nossa mente, faremos afinal com que ela se torne verdade. Isso é trabalho árduo; não é permanente nem espiritual; e, além disso, permite que outros dominem nossos pensamentos, e também nos tira a compreensão do único Poder que existe, que é Deus, cujo reino está dentro de nós.
Repetir que "duas vezes dois são quatro" não fará com que seja assim, uma vez que isso apenas nos ajuda a lembrar que é assim.
A repetição de uma afirmação ajudará a nos impressionar com a sua verdade, mas seria muito melhor ouvir ou ler uma verdade, e, melhor ainda, ter a Verdade revelada no íntimo de nosso ser e deixar que ela entre em ação, já que 'Verdade' é um sinônimo de 'Deus'. Por que depender da manipulação da Verdade? Por que não deixar a Verdade fazer isso por si só?
Quantas pessoas acreditam, realmente, que existe um Deus? Ó, sim, elas aceitam Deus e falam a Seu respeito. Mas quantos dos que dizem acreditar em Deus ao mesmo tempo se agarram a um remédio ou a um pensamento? Nem o remédio nem o pensamento podem ser Deus. Deus não é pensamento. Pensamento não é poder-de-Deus: Pensamento é uma via de percepção. Esta é uma informação que você deveria memorizar, não para torná-la verdadeira; mas se você alguma vez se sentir tentado a manipular pensamentos, lembre-se desta afirmação e compreenderá nitidamente que nenhum pensamento é poder.
Quando entendi a verdade de que 'pensamento não é poder', mas penas uma via de percepção, fiquei espantado por um momento. Depois percebi que, através de meu pensamento -- através da via do pensamento -- eu podia conscientizar-me das pessoas ao meu redor e saber se estavam vestidas de marrom, de verde ou de preto, porém nenhum pensamento meu podia mudar o tom do marrom para verde, nem o verde para o preto. Nem meu pensamento, nem todo pensamento do mundo poderia mudar isso. Daí por diante, o pensamento tornou-se para mim uma via de percepção.
Através do pensamento você pode conscientizar-se da grande verdade de que você é o Cristo de Deus. Eis o que você é e tem sido desde o início dos tempos. Isso sempre foi verdade: "Em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou" (João 08:58) -- e o pensamento de ninguém pode tornar isso verdadeiro. Isso é verdadeiro porque é uma lei de Deus: "E eis que eu estou convosco todos os dias" -- mesmo até o fim dessa crença humana nas coisas. Esse Eu estará com você, e esse Eu é o Cristo -- a mente que estava em Cristo Jesus, a Alma ou o Espírito de Deus.
Uma parcela mínima do Cristo faz milagres quando deixada agir sem manipulação mental, sem o desejo mental de lançar-se em busca da consciência, nem da mente, ou do pensamento do indivíduo que está procurando ajuda. Quantas vezes você teve a experiência de estar no consultório de um prático de consciência espiritual altamente desenvolvida e sentir algum efeito benéfico, uma sensação de elevação ou de paz? Mas você acredita que é necessário estar na mesma sala ou na presença real do prático para ter essa experiência? O corpo ou o cérebro tem alguma coisa a ver com isso? Não, você poderia estar sentado em sua casa, na China, e receber o mesmo impulso divino de qualquer indivíduo em quem a mente do Cristo estivesse em supremacia mesmo que de forma pequena.
A AVALIAÇÃO DA MENTE QUE ESTAVA EM CRISTO JESUS
Precisamos ir além da ciência da mente e da cura mental, precisamos chegar àquele lugar onde trabalhamos de acordo com a revelação ou ensinamento do Cristo Jesus. Jesus viveu "não por força nem por violência, mas pelo Meu espírito"(Zacarias 4:6). Existe maneira melhor de curar do que essa, ou qualquer maneira que deixe seu paciente mais livre para agir normalmente, sem a influência indevida de outros seres humanos? "Não pelo poder, nem pela força, mas pelo Meu espírito", por Meu Espírito, o Espírito de Deus, por aquela Mente que também estava no Cristo Jesus, que é não só a mente do Cristo, mas a sua mente, a minha mente.
A mente que estava em Cristo Jesus está tão disponível para você, hoje, como se Jesus estivesse sentado nessa sala. Se você não acredita que isso seja verdadeiro, tente essa experiência: alguma vez, quando você estiver se sentindo cansado ou doente e tiver a oportunidade de ficar só, feche os olhos e pergunte a si mesmo se a mente que estava em Cristo Jesus estava dentro do cérebro ou do corpo dele, ou se ele estava declarando uma verdade profunda quando disse: "Antes que Abraão existisse, eu sou... E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos... Porque se eu não for, o Consolador não virá a vós".
Se você acreditar que essas palavras são a verdade, você se aquietará com este pensamento: "muito bem! Mente de Cristo Jesus, Pai interior, o Cristo! Enquanto estiverdes comigo, posso recostar-me e descansar em paz!". Então descanse nessa paz e veja se não sente uma cura instantânea sem "recorrer à formulação do pensamento".
De início você pode não estar curado de seus problemas mais sérios, porque a maioria de nós ainda está naquele lugar onde poderíamos não ser capazes de aceitar tais curas sem pensar que presenciamos um "milagre". Mas comece de maneira simples com problemas menores. Descanse na mente que estava em Cristo Jesus e veja se ela não está disponível para você aqui e agora, como se Jesus estivesse nessa sala.
Não importando onde o prático esteja, você não vai procurá-lo como uma pessoa, mas como a mente que estava em Cristo Jesus - que é a mente do prático. Você jamais deve limitar-se à mente humana de qualquer pessoa. A mente do Cristo Jesus compreendida é a mente de você e de mim, ao alcance de todos, esteja próxima ou distante. Esse é o segredo de viver na consciência de Cristo, o segredo do Caminho Infinito. A declaração de Paulo "E vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim", é verdadeira, e cada vez que alguém busca uma pessoa que tenha compreendido a consciência de Cristo, ele está buscando o Cristo, que está vivendo através dessa pessoa e como essa pessoa.
Seja grato pelo fato de que toda verdade é uma verdade universal, não apenas a respeito de Jesus Cristo, mas também a respeito de todos os que no mundo abrem sua consciência e aceitam essa verdade -- aceitam-na não sobre um ser humano, porque um ser humano é limitado por sua mente humana, educada, ou por sua experiência, personalidade e nascimento, mas a aceitam a respeito de qualquer indivíduo que abrir sua consciência e reconhecer: "Sim, qualquer coisa que foi verdadeira para Moisés, Elias, Eliseu, Jesus, João ou Paulo, é verdadeira para mim. Do contrário, não seria verdadeira, mas apenas teria um significado pessoal".
Por isso, se você quer ter essa mente que estava em Cristo Jesus continuamente, abra a sua consciência. Você não precisa exercer um poder mental; você não tem de dirigir o seu pensamento a uma certa parte do corpo, nem a uma certa causa da doença ou para qualquer pessoa, porque o erro não está no corpo ou no pensamento de quem quer que seja.
Você pode notar que, mesmo que um prático recebesse o diagnóstico médico de um caso, este tanto poderia estar certo como errado. Portanto, qual a eficácia de um tratamento aplicado a um caso específico? Se o paciente ficar curado, isso poderia ter acontecido mesmo sem o tratamento.
Além disso, visto que a doença é irreal, e desde que se acredite que ela não pode ser verdadeiramente localizada, toda essa manipulação mental -- essa sondagem para encontrar uma causa mental correspondente a um estado ou doença -- é falta de bom senso. Em toda minha vida nunca encontrei alguém com ódio suficiente para causar algo tão violento quanto o câncer; ou com luxúria suficiente para causar definhamento ou tuberculose. Uma pessoa com tanto ódio ou luxúria assim, estaria trancada num hospício. As pessoas não são assim tão más -- deve haver outra razão para isso.
Há algum tempo, li um artigo sobre uma mulher com pés chatos. Um prático, ao analisar seu pensamento, descobriu que ela sentira tanta tristeza pela morte de um filho na guerra a ponto de haver perdido a lucidez. Resultado: pés chatos. Outra mulher tinha pé-de-atleta e não podia ser curada. Ao examiná-la, um prático descobriu que ela desejava apenas mais afeto humano. Meu comentário na ocasião foi que, se aquilo era verdadeiro, os práticos iriam ficar muito ocupados com pés-de-atletas, já que há tão grande carência de afeto no mundo.
Se houvesse ocasião em que alguma cura foi realizada através de tratamentos de causas mentais, podem acreditar que foram curas de "crença"; uma crença na cura de doença causada pela crença numa causa e numa cura, uma crença agindo sob a influência de outra crença. Li o Novo Testamento até desgastar o livro, e em nenhum lugar encontrei qualquer palavra de Jesus acerca do ódio, luxúria ou desejo de afeição como causadores de doença. Pelo contrário, ele disse que nem mesmo o pecado faria com que o homem nascesse cego.
Chocou-me saber que o erro não é o resultado do pensamento de uma pessoa, porque sempre me foi ensinado que o mal é causado pelo tratamento errado, porém descobri, no primeiro ano de minha prática, que isso não era verdade. Como poderia um bebê sofrer porque os pais tiveram pensamentos iníquos? Não, ele sofre por causa de crenças comuns a todos, as quais seus pais não sabem como abandonar. As pessoas não contraem resfriados, gripes ou pólio nos seus surtos por causa do seu modo de pensar errôneo: essa é uma crença universal que elas não sabem como combater, e se elas se aferram a esse negócio de Deus-é-amor, sem saberem como enfrentar aquelas crenças, ficarão extremamente deslocadas como se nunca tivessem descoberto que Deus é amor.
A fragilidade da prática metafísica está no fato de que a maioria dos metafísicos gosta de falar no quanto Deus é maravilhoso, mas detesta dizer a qualquer pessoa o que fazer quanto à manifestação do pecado e da doença. Haveria alguém no mundo que sentisse luxúria, animalidade, medo ou ansiedade se soubesse como evitar isso? Há uma lei de Deus que anula tudo isso, mas você precisa saber que lei é essa. Dizer apenas "Deus é amor" não anula nada, já que temos muito disso no mundo -- até mesmo entre as pessoas que têm a certeza de que Deus é amor.
Nunca se esqueça que toda circunstância prejudicial à sua vida pode ser evitada. Ninguém é vítima de alguma coisa, senão pela ignorância das leis da vida. Deus nunca teve a intenção de que alguém sofresse de decrepitude; Deus nunca teve a intenção de que existissem aleijados, alcoólatras ou viciados em drogas, e não há razão no mundo pela qual elas existam, exceto que o mundo jamais aprendeu a enfrentar estes problemas, fazendo com que eles deixem de fazer parte do modo de pensar da humanidade.
O mal não existe como algo criado por Deus. Deus não pune as pessoas, ainda que a antiga lei hebraica ensinasse que os pecados dos pais recairiam sobre os filhos. Mas quando os hebreus viram como essa lei era injusta, eles a repeliram duzentos anos mais tarde: "... eles nunca mais dirão, os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos se embotaram" (Jeremias 31:29). Sim, eles aprenderam há três ou quatro mil anos a não aceitarem uma idéia tão cruel como essa, de que os pecados dos pais recaem sobre os filhos, e certamente deveríamos estar pelo menos tão adiantados como eles. Mesmo assim, aceitamos as leis da hereditariedade, que nos vinculam à crença de que as doenças dos pais recaem sobre os filhos, netos e tataranetos. Precisamos nos elevar mais alto que isso, começando por entender que existe uma lei de Deus agindo no ser individual e coletivo, em indivíduos, em grupos, nas raças e nações.
PENSAMENTO NÃO É PODER
Existe uma lei de Deus, mas temos de começar a pô-la em prática, primeiramente abandonando nossas crenças egoístas de que qualquer pensamento que possamos ter é um poder, ou que tomando uma afirmação e fazendo-a penetrar em nossa mente, faremos afinal com que ela se torne verdade. Isso é trabalho árduo; não é permanente nem espiritual; e, além disso, permite que outros dominem nossos pensamentos, e também nos tira a compreensão do único Poder que existe, que é Deus, cujo reino está dentro de nós.
Repetir que "duas vezes dois são quatro" não fará com que seja assim, uma vez que isso apenas nos ajuda a lembrar que é assim.
A repetição de uma afirmação ajudará a nos impressionar com a sua verdade, mas seria muito melhor ouvir ou ler uma verdade, e, melhor ainda, ter a Verdade revelada no íntimo de nosso ser e deixar que ela entre em ação, já que 'Verdade' é um sinônimo de 'Deus'. Por que depender da manipulação da Verdade? Por que não deixar a Verdade fazer isso por si só?
Quantas pessoas acreditam, realmente, que existe um Deus? Ó, sim, elas aceitam Deus e falam a Seu respeito. Mas quantos dos que dizem acreditar em Deus ao mesmo tempo se agarram a um remédio ou a um pensamento? Nem o remédio nem o pensamento podem ser Deus. Deus não é pensamento. Pensamento não é poder-de-Deus: Pensamento é uma via de percepção. Esta é uma informação que você deveria memorizar, não para torná-la verdadeira; mas se você alguma vez se sentir tentado a manipular pensamentos, lembre-se desta afirmação e compreenderá nitidamente que nenhum pensamento é poder.
Quando entendi a verdade de que 'pensamento não é poder', mas penas uma via de percepção, fiquei espantado por um momento. Depois percebi que, através de meu pensamento -- através da via do pensamento -- eu podia conscientizar-me das pessoas ao meu redor e saber se estavam vestidas de marrom, de verde ou de preto, porém nenhum pensamento meu podia mudar o tom do marrom para verde, nem o verde para o preto. Nem meu pensamento, nem todo pensamento do mundo poderia mudar isso. Daí por diante, o pensamento tornou-se para mim uma via de percepção.
Através do pensamento você pode conscientizar-se da grande verdade de que você é o Cristo de Deus. Eis o que você é e tem sido desde o início dos tempos. Isso sempre foi verdade: "Em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou" (João 08:58) -- e o pensamento de ninguém pode tornar isso verdadeiro. Isso é verdadeiro porque é uma lei de Deus: "E eis que eu estou convosco todos os dias" -- mesmo até o fim dessa crença humana nas coisas. Esse Eu estará com você, e esse Eu é o Cristo -- a mente que estava em Cristo Jesus, a Alma ou o Espírito de Deus.
Uma parcela mínima do Cristo faz milagres quando deixada agir sem manipulação mental, sem o desejo mental de lançar-se em busca da consciência, nem da mente, ou do pensamento do indivíduo que está procurando ajuda. Quantas vezes você teve a experiência de estar no consultório de um prático de consciência espiritual altamente desenvolvida e sentir algum efeito benéfico, uma sensação de elevação ou de paz? Mas você acredita que é necessário estar na mesma sala ou na presença real do prático para ter essa experiência? O corpo ou o cérebro tem alguma coisa a ver com isso? Não, você poderia estar sentado em sua casa, na China, e receber o mesmo impulso divino de qualquer indivíduo em quem a mente do Cristo estivesse em supremacia mesmo que de forma pequena.
A AVALIAÇÃO DA MENTE QUE ESTAVA EM CRISTO JESUS
Precisamos ir além da ciência da mente e da cura mental, precisamos chegar àquele lugar onde trabalhamos de acordo com a revelação ou ensinamento do Cristo Jesus. Jesus viveu "não por força nem por violência, mas pelo Meu espírito"(Zacarias 4:6). Existe maneira melhor de curar do que essa, ou qualquer maneira que deixe seu paciente mais livre para agir normalmente, sem a influência indevida de outros seres humanos? "Não pelo poder, nem pela força, mas pelo Meu espírito", por Meu Espírito, o Espírito de Deus, por aquela Mente que também estava no Cristo Jesus, que é não só a mente do Cristo, mas a sua mente, a minha mente.
A mente que estava em Cristo Jesus está tão disponível para você, hoje, como se Jesus estivesse sentado nessa sala. Se você não acredita que isso seja verdadeiro, tente essa experiência: alguma vez, quando você estiver se sentindo cansado ou doente e tiver a oportunidade de ficar só, feche os olhos e pergunte a si mesmo se a mente que estava em Cristo Jesus estava dentro do cérebro ou do corpo dele, ou se ele estava declarando uma verdade profunda quando disse: "Antes que Abraão existisse, eu sou... E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos... Porque se eu não for, o Consolador não virá a vós".
Se você acreditar que essas palavras são a verdade, você se aquietará com este pensamento: "muito bem! Mente de Cristo Jesus, Pai interior, o Cristo! Enquanto estiverdes comigo, posso recostar-me e descansar em paz!". Então descanse nessa paz e veja se não sente uma cura instantânea sem "recorrer à formulação do pensamento".
De início você pode não estar curado de seus problemas mais sérios, porque a maioria de nós ainda está naquele lugar onde poderíamos não ser capazes de aceitar tais curas sem pensar que presenciamos um "milagre". Mas comece de maneira simples com problemas menores. Descanse na mente que estava em Cristo Jesus e veja se ela não está disponível para você aqui e agora, como se Jesus estivesse nessa sala.
Não importando onde o prático esteja, você não vai procurá-lo como uma pessoa, mas como a mente que estava em Cristo Jesus - que é a mente do prático. Você jamais deve limitar-se à mente humana de qualquer pessoa. A mente do Cristo Jesus compreendida é a mente de você e de mim, ao alcance de todos, esteja próxima ou distante. Esse é o segredo de viver na consciência de Cristo, o segredo do Caminho Infinito. A declaração de Paulo "E vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim", é verdadeira, e cada vez que alguém busca uma pessoa que tenha compreendido a consciência de Cristo, ele está buscando o Cristo, que está vivendo através dessa pessoa e como essa pessoa.
Seja grato pelo fato de que toda verdade é uma verdade universal, não apenas a respeito de Jesus Cristo, mas também a respeito de todos os que no mundo abrem sua consciência e aceitam essa verdade -- aceitam-na não sobre um ser humano, porque um ser humano é limitado por sua mente humana, educada, ou por sua experiência, personalidade e nascimento, mas a aceitam a respeito de qualquer indivíduo que abrir sua consciência e reconhecer: "Sim, qualquer coisa que foi verdadeira para Moisés, Elias, Eliseu, Jesus, João ou Paulo, é verdadeira para mim. Do contrário, não seria verdadeira, mas apenas teria um significado pessoal".
Por isso, se você quer ter essa mente que estava em Cristo Jesus continuamente, abra a sua consciência. Você não precisa exercer um poder mental; você não tem de dirigir o seu pensamento a uma certa parte do corpo, nem a uma certa causa da doença ou para qualquer pessoa, porque o erro não está no corpo ou no pensamento de quem quer que seja.
No minuto em que você começa a perceber que a mente que estava no Cristo Jesus é a sua mente, desse momento em diante ela está fazendo alguma coisa para o seu corpo, os seus negócios, a sua renda, os seus relacionamentos humanos. Isso pode parecer lento, no começo, salvo se você vivenciar uma luz inclusa tal como Saulo quando ele se tornou Paulo. Nesse caso, isso poderia acontecer rapidamente; porém, mesmo com Saulo, isso levou nove anos depois de ele ter tido sua grande experiência antes de tornar-se Paulo e sair em sua primeira missão. Levou todo esse tempo para que a verdade fosse absorvida, se desenrolasse e surgisse.
Assim é conosco. Algumas vezes captamos uma inclusa luz, mas podemos não compreender todo o seu significado até algum tempo depois. Percebi isso nos primeiros dias de minha prática de cura quando estava enviando uma carta semanal. Apesar de saber da verdade que havia escrito, foi apenas relendo essas cartas dois anos depois que compreendi certas declarações e senti uma convicção interior ou a compreensão delas.
Você pode constatar que esta é também a sua experiência, porque muitas verdades com as quais hoje você concorda intelectualmente só poderão enraizar-se em você um ou dois anos, a partir de agora. Muitas vezes leva tempo para ascender do nível do sentido egoísta para uma consciência mais elevada. Se você estivesse em um ponto suficientemente alto de consciência espiritual, o que leu até agora neste texto teria elevado você até o céu. Mas o fato é que uma declaração está enraizada em uma pessoa aqui, e alguma outra declaração em outra pessoa lá. Essas palavras estão vindo através do Espírito, mas é necessário um grau de percepção espiritual para ser capaz de diferi-las e apreendê-las. Frequentemente constato que muitas declarações que fiz em ocasiões diferentes me surpreendem quando as ouço de novo e me pergunto onde as arranjei.
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