quinta-feira, junho 30, 2016

Deus aparece como a consciência individual

- Joel S. Goldsmith -


A CONSCIÊNCIA APARECE COMO "PÃES E PEIXES"

Depois disto, passou Jesus para a outra margem do lago da Galiléia, chamado lago de Tiberíades. Seguiu-o grande multidão de povo, porque viam os sinais que fazia aos doentes. Subiu então Jesus ao monte, onde se sentou em companhia dos seus discípulos. Estava próxima a festa pascal dos judeus.

Erguendo os olhos e vendo que numerosa multidão vinha procurá-lo, disse Jesus a Filipe: "Onde compraremos pão, para que a gente tenha o que comer?" Mas isto dizia apenas no intuito de pô-lo à prova; porque bem sabia o que havia de fazer.

Respondeu-lhe Filipe: "Duzentos denários de pão não bastariam para que cada um deles recebesse um bocadinho".

Ao que lhe observou um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro: "Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes; mas que é isto para tanta gente?"

Disse Jesus: "Mandai esta gente sentar-se."
(Jo 6:1-10)

Parecia haver carência e limitações materiais. E a primeira reação da maioria de nós, em tal situação, seria: "Tenho somente cinquenta centavos, quando necessito de cinco dólares." É nesse ponto que as preocupações materiais começam a provocar o que o mundo chama de úlceras. Em nosso ensino, fazemos como fez o Mestre: imediatamente damos as costas ao quadro. Acaso cinquenta centavos ou cinco dólares suprem realmente as nossas necessidades? Ou será a presença da Consciência divina, que aparece como a nossa consciência individual? Não será essa Presença, e nada mais, o que atenderá às nossas necessidades?

Se te lembrares desta lição, nunca mais procurarás "pães e peixes" ou moedas e cédulas, nem julgarás a profundidade e a vastidão do universo de Deus pela tua visão limitada das coisas. Não descobrimos como multiplicar "pães e peixes", mas descobrimos a lei do amor.

No afã de prover às necessidades de sua vida, o sentido finito começará, digamos com cem dólares e pensará: "Quando eu tiver um milhão...". Mas não importa quanto aumente a quantidade de "pães e peixes" - ou dólares -, porque isto nunca te satisfará. Estarás satisfeito somente quando puderes olhar para o que tens no mundo externo e dizer: "Isto não é o que eu necessito. O que eu necessito é reconhecer que dentro de mim está o reino de Deus; que dentro de minha consciência está o universo espiritual, e que das profundezas de minha consciência flui a riqueza de meu ser." E isto nada tem a ver com "pães e peixes".

Para chegares a esse estado de consciência, é indispensável praticar meditação, porque frequentemente serás tentado a olhar para os "pães e peixes" e dizer: "Eu tenho" ou "tu tens" ou "eu não tenho... eu preciso". E então, para não caíres nessa tentação, precisarás lembrar-te de desprezar os números, quantidades e qualidades dessas coisas externas e te compenetrares de que "Nada preciso do mundo exterior; nenhuma quantidade de coisas poderá atender às minhas necessidades. Estas só poderão ser supridas pela minha compreensão da riqueza de minha própria consciência." Assim é como cada um de nós poderá "morrer" diariamente para o sentido mortal, material, e renascer para o Espírito. Em outras palavras: o Espírito tornar-se-á, para nós, a substância tangível, isto é, a forma e a quantidade de todas as coisas no reino externo. E porque a Consciência é infinita, Sua aparência estará infinitamente manifesta.

A Consciência infinita não pode aparecer como apenas uma, duas ou mil ideias. Ela tem que Se manifestar como todas as ideias de que precisares por toda a eternidade. Não estamos usando a verdade espiritual para multiplicar alguns pedaços disto ou daquilo. Estamos desprezando a crença de que exista presença e poder no mundo externo e voltando à nossa compreensão de que a Consciência infinita está aparecendo como a nossa consciência individual.


RECONHECENDO A FONTE

Disse Jesus: "Mandai esta gente sentar-se." É que havia muita gente no lugar. Sentaram-se, pois, os homens em número de uns cinco mil. Tomou Jesus os pães, deu graças e mandou-os distribuir a todos que estavam sentados; da mesma forma, os peixes, quanto queriam.
(Jo 6: 10-11)

Por que deu ele graças? Será por que fazia isso parte do ritual? Sabes que ele não estava obedecendo ordens para dar graças a ninguém. Assim, pois, ao dar graças, sem dúvida, estava pondo o princípio em ação.

A ação de graças é um reconhecimento da Fonte. Dar graças é reconhecer a Causa. Por isso, quando dizemos: "Graças a ti, Pai, eu sou", estamos exprimindo nossa convicção de que o nosso suprimento não se origina de nenhum ser humano, mas, sim, do Pai. Não vem de nossa inteligência humana, de nossa engenhosidade ou de nossa personalidade. Procede do Pai. Dar graças é portanto um ato de reconhecimento da Fonte de todo suprimento, a qual é a Consciência. Sem o reconhecimento de que a Consciência é essa Fonte, não há demonstração da verdade de que o suprimento vem dessa Fonte como consequência natural de nosso contato com Ela. Quando reconhecemos a Deus, a Consciência infinita de nosso ser, como a Fonte de tudo o que chega até nós, então o nosso "Obrigado, Pai!" representa o nosso reconhecimento da nulidade do ego humano e do esforço humano. É um reconhecimento da presença e poder de Deus como fonte de tudo o que chega até nós como suprimento de todas as nossas necessidades.

Em cada passagem de tua vida, a gratidão desempenha um papel talvez muito maior do que imaginas. Gratidão não é sentimento relacionado com outra pessoa. É tua harmonia, teu contato com Deus, tua união com Deus. Em verdade, nunca precisas dizer "Obrigado" a outrem que tenha servido de canal para o bem que recebes. Naturalmente que nós o fazemos como uma forma de cortesia. Entretanto, se essa expressão externa de gratidão não for acompanhada da compreensão interna de que Deus, nossa consciência e a fonte daquilo por que somos gratos, estaremos agradecendo à fonte errada, e teremos perdido a essência do verdadeiro sentido de gratidão. A graça que Jesus rendeu ao Pai, foi o seu reconhecimento silencioso de que Deus é a causa e o feito de toda e qualquer quantidade de "pães e peixes".

Depois de todos fartos, disse a seus discípulos: "Recolhei as sobras, para que não se percam." Recolheram e encheram doze cestos com os pedaços dos cinco pães de cevada, que sobraram aos que tinham comido. Vendo o povo o feito poderoso que Jesus acabara de realizar, exclamou: "Este é realmente o profeta que deve vir ao mundo."

Reparou Jesus que queriam vir levá-lo à força para proclamá-lo rei. Pelo que tornou a retirar-se para o monte, ele sozinho.

Ao anoitecer, desceram os discípulos ao lago, embarcaram e dirigiram-se para a outra margem, rumo a Carfanaum. Já era escuro, e ainda Jesus não fora ter com eles. Iam as vagas empoladas com forte ventania. Tinham remado uns vinte e cinco a trinta estádios, quando avistaram Jesus a andar sobre as águas e aproximar-se da embarcação. Encheram-se de terror. Jesus, porém, lhes disse: "Sou eu, não temais!"
(Jo 6:12-20)

De que se aterrorizaram eles? De alguma coisa externa? De algum efeito? Da forte ventania? Ou das ondas empoladas? E qual foi a reação de Jesus ante aquela tormenta? - "Sou eu; não temais!".

O Eu é Deus, a Consciência divina aparecendo como consciência individual. Portanto, a toda "tormenta" com que depares em tua vida, ao invés de procurares algo com que fazê-la cessar, fica onde estás e dize: "Sou eu; não temais!". Eu, Deus, aparecendo como a consciência individual, tenho que ser a lei para tormentas, ventos, ondas, vulcões e até para bombas atômicas.

Em "O Caminho Infinito", nós estamos retirando toda a confiança que tínhamos no suposto poder e presença das coisas do mundo externo - quer sejam dólares, "pães e peixes", tormentas, pecado ou doença - e depositando nossa fé no verdadeiro e único poder, que é o de Deus, que aparece como a nossa consciência individual em cada um de nós. Esse Eu, esse Eu que eu sou, é a lei para toda tormenta.

Ora, vendo eles que Jesus e seus discípulos já não estavam lá, embarcaram e foram a Carfanaum, em busca de Jesus. Deram com ele na outra margem e perguntaram-lhe: "Mestre, quando foi que chegastes aqui?"

Respondeu-lhe Jesus: "Em verdade, em verdade, vos digo: Andai à minha procura, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos." 
(Jo 6: 24-26)

Sim, eles voltaram pelo pão. Mas teriam visto o milagre? Não perceberam que o pão fora produzido pela consciência? Acaso estavam interessados nisso? - Não. Estavam interessados somente em obter mais pães e peixes. Sua atenção estava focalizada nas coisas do mundo; estavam presos ao ódio, ao medo, ao amor e ao desejo pelas coisas do mundo.


ESFORÇA-TE POR ALCANÇAR A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL

Isto nos leva a pensar no preceito: "Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir." De nada adianta sermos alimentados hoje pelo grande Mestre para a ele voltarmos amanhã em busca de mais alimento. Quando presenciais uma cura, procuras saber o seu segredo? Ou como operou o milagre, indiferente com os efeitos?

Por favor, observa este ponto. Cuida que teus sentimentos não fiquem hipnotizados pela magnitude da demostração, a ponto de esqueceres de investigar o seu segredo, a sua causa. Precisamos deixar que Deus, a consciência de nosso ser, seja a medida da nossa demonstração de cura. Sendo infinita, nossa consciência tem que manifestar-se como uma infinitude de "pães e peixes", como uma quantidade ilimitada de dólares, como um lar infinito, como ação ilimitada.

E agora chegamos à essência do nosso trabalho.

Lemos no evangelho segundo João, pouco depois do registro desta resposta de Jesus: "Andais à minha procura, não porque vistes sinais...", o seguinte:

"Não vos afadigueis por um manjar perecedor, mas, sim, pelo manjar que dura para a vida eterna e que o Filho do homem vos dará..." (Jo: 6:27).

Não te afadigues, não estudes, não medites, nem dês tratamento visando a produzir um efeito. Não vivas no mundo dos pensamentos e dos objetos. Trabalha por conseguir aquele estado de consciência que produzirá equilíbrio na tua mente, no teu corpo, na tua carteira, no teu lar, na tua vida familiar, nas tuas relações em geral, bem como nos negócios nacionais e internacionais.

A consciência espiritual não dá valor à "comida que perece", mas, sim, àquela consciência que constitui a lei da vida e que se manifesta na forma de "comida perecível". Jesus não disse que não devamos ter essa comida. Ele disse que o Filho do homem nos dará a verdadeira comida e que é por essa que devemos nos esforçar, isto é, por esse estado de consciência.

O objeto desta obra/ensinamento é a revelação de um novo tipo de homem - a revelação, dentro de nosso próprio ser, do homem espiritual que de fato somos. A maioria de nós não está satisfeita com o que vê e com o que parece existir. Nunca estaremos satisfeitos enquanto não nos voltarmos para o homem que realmente somos. Então é que acabará a luta de todo momento entre o espírito e a carne. O término desta luta e a abertura da consciência ao desenvolvimento espiritual tornaram-se algo mais que uma vaga esperança quando os instrutores espirituais começaram a demonstrar que se precisa e como de pode viver realmente em contato consciente com Deus durante os sete dias da semana. O mundo está reclamando com o aparecimento de um novo tipo de homem, em cuja consciência não haja guerra nem coisa alguma que provoque hostilidades. E isto é realmente um milagre!

Perguntaram-lhe: "Que nos cumpre fazer para praticarmos as obras de Deus?" Respondeu-lhes Jesus: "A obra de Deus está em que tenhais fé naquele que ele enviou." (Jo:6:28-29)

Este é um dos preceitos mais importantes que se encontram na Bíblia: "... que tenhais fé naquele que Ele enviou." Quem foi que Ele enviou? A Si mesmo, como a consciência de cada um de nós! Deus individualizado como o Filho! Deus enviou-se a si próprio em se manifestando como cada um de nós. Precisas aprender a confiar na tua própria consciência como sendo a Consciência de Deus aparecendo como tua consciência. Assim é como aprenderás a fazer as obras de Deus. Está certo fazeres essas obras, pois ele disse que poderemos fazê-las. Não fosse assim, ele poderia ter dito "Vós, pobre e pequeninas almas!", mas, pelo contrário, o que ele disse foi: "... que tenhais fé naquele que Ele enviou." Deves crer que a Consciência infinita, chamada Deus, foi enviada ao mundo como tua consciência.

A carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus. Se não entraste no reino do céu, é porque durante toda a tua vida tens estado a lidar com a carne o sangue. Agora precisas abandonar todo o teu interesse pela carne o sangue e começar a compreender "aquele que Ele enviou". Quando começares a crer real e verdadeiramente que Deus é a tua consciência, que tudo o que necessitas provém da tua consciência divina, e não de fora, não do mundo dos efeitos, então estarás na primeira etapa da expansão espiritual.

Replicaram-lhe eles: "Que sinal nos dás para que o vejamos e te demos fé? Qual a tua obra? Nossos pais comeram o maná, no deserto, conforme está escrito: Do céu lhes deu pão a comer."

Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do céu; meu Pai é que vos dará o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá a vida ao mundo."
(Jo 6:30-33)

O que é esse "ele"? É um homem, ou é a tua consciência? É a Consciência divina aparecendo como a tua consciência individual a dar vida a teu corpo, a sustentar tua posição social, teu lar. O pão de Deus é a Consciência divina, infinita, que aparece como tua consciência individual: é Deus a desdobrar-se, revelar-se, manifestar-se como teu ser individual. Quando souberes isto, poderás realmente crer n'Ele e esperar tudo o que for necessário na vida: todo suprimento, toda paz, todo domínio.

Disseram-lhe eles: "Senhor, dá-nos sempre esse pão." Tornou-lhes Jesus: "Eu sou o pão da Visa. Aquele que vier a mim jamais terá fome; e quem crê em mim jamais terá sede."
(Jo: 6:34-35)

O mundo pensa que esse "mim" representa um homem chamado Jesus Cristo, que viveu há dois mil anos. Mas esse "mim", esse "Eu" é Deus, o Ego infinito, que aparece como o ego individual. "Eu sou o pão da vida"; e o lugar onde estou é terra santa porque Eu estou nele. Não é isto algo tremendo?! A Consciência espiritual individualiza-se como sendo tu! O mundo tem estado a dizer que Jesus Cristo é ou foi essa Consciência, esse Eu, mas como nos poderá tal coisa ajudar, se somente Jesus é essa Consciência, esse Eu, e eu não O sou?

"... Bem vos dizia eu que não credes, ainda que me tenhais visto. Tudo quanto o Pai me dá vem a mim; e eu não repelirei a quem vier comigo; porque desci do céu, não para cumprir a minha vontade, mas, sim, a vontade daquele que me enviou."
(Jo 6: 36-38)

Percebe que isto se aplica a nós? Que o nosso único propósito é "fazer a vontade daquele que me enviou"? Ser algum poderia ser atraído a uma pessoa agora, ou há dois mil anos atrás, só por possuir esse alguém alguma espécie de mensagem pessoal. A menos que percebas que, não apenas eu, o autor destas palavras, vim a este mundo para fazer "a vontade daquele que me enviou", mas que esta também é a tua missão na vida, não terás alcançado o ponto mais importante de toda esta obra.


A FINALIDADE DA VIDA

Eis diante de nós um dos assuntos mais importantes do mundo. Para quê nascemos? Não é possível que tenhamos vindo a este mundo simplesmente para ganharmos a vida, nos procriarmos, fazer serviços domésticos, escrituração mercantil ou seja lá o que for que o destino nos reserve, apenas pelo privilégio de, no final das contas, nos deitarmos para morrer. Se vivemos a fazer somente essas coisas, é porque ainda não descobrimos nossa verdadeira vocação.

Contudo, no momento que identificares a Deus, a Consciência infinita, como a tua consciência individual, transporás os limites do teu ambiente, por mais fechado que pareça. Sentirás o impulso insopitável de conhecer a finalidade da tua vida, porque todos nós temos uma alta missão a cumprir neste mundo. "Não está escrito na vossa lei... Sois deuses?" (Jo 10:34). Sempre o Mestre tentou alçar a consciência pessoal do homem ao nível que permitisse a este o reconhecimento da própria e verdadeira identidade, Deus - que és, que somos. Jesus simplesmente aconselhou seu povo a ser o que ele era.

"... É esta a vontade de quem me enviou: que todo homem que vir o Filho e crer nele tenha a vida eterna... (Jo 6:40)

Se puderes sentir ou perceber que Deus trabalha através de alguma pessoa, terás então que reconhecer que Ele trabalha igualmente através de ti, porque a experiência dessa pessoa era como a tua, antes que o Espírito a tocasse. O objetivo do ensino da verdade espiritual é elevar o nível de nosso entendimento a ponto de nos podermos aperceber de nossa verdadeira identidade. Se puderes crer que notaste sinal de Consciência espiritual, ou Consciência-Deus, emanar de algum instrutor espiritual, estarás crendo que "o Filho" está nele e, nesse momento, estarás salvo. Serás de tal modo levantado que saberás que o que é verdade a respeito dele o é também com relação a tua própria identidade. Se assim não o for, será porque o que notaste nesse instrutor não é real. Deus não olha as pessoas. Atenta na história da vida de todos os líderes espirituais e descobrirás que, antes de se tornarem líderes, aconteceu-lhes algo que despertou suas mentes do mesmerismo dos serviços domésticos ou das atividades de empregado ou do comércio, permitindo-lhes perceber o fato de que o Cristo era o próprio ser dele, o fato de que o próprio ser deles era "o Filho".

"... É esta a vontade de quem me enviou: que todo o homem que vir o Filho e crer nele tenha avida eterna, e eu o ressuscite no último dia." (Jo 6:40).

Ao te aperceberes de que "o Filho" está dentro de ti, o teu próprio ser ser´levantado a um nível de consciência que te permitirá entender que tudo o que tenha sido verdade em relação aos líderes espirituais do passado, é verdade também em relação a ti, porque o que aparece como "tu" e como "eu" é intrinsecamente o mesmo EU.

Murmuraram dele os judeus por ter dito: "Eu sou o pão que desceu do céu." (Jo 6:40)

Como os seres humanos detestam ouvir isso! Como os irrita ouvir alguém dizer: "Tenho algo de Deus dentro em mim. Sou a própria presença de Deus." Ofendem-se com isto porque acham que alguém está se colocando acima deles, julgando-se maior que eles e pretendendo separar-se dos demais. Não compreendem que isso é apenas a expressão de um princípio que todos devem e podem adotar.

Diziam: "Não é este, porventura, Jesus, filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como diz, pois: Eu desci do céu?"

Tornou-lhes Jesus: "Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se não o atrair o Pai que me enviou; eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: Serão todos ensinados por Deus." (Jo 6: 42-45)

Compreendes a mensagem? Jesus coloca-se acima de si mesmo e glorifica o Cristo, internamente. Depois volta e diz: "serão todos ensinados por Deus." Ei-lo, pois a reduzir a mínimo a personalidade humana.

Nosso estudo é para que Deus possa se revelar como nossa consciência individual: Eu sou o Verbo que se fez carne. O início da sabedoria é quando desviamos nossa atenção do mundo externo, do mundo dos efeitos ou aparências e começamos a perceber que o poder não se encontra nele, mas em nós, como indivíduos. É-nos dado individualmente todo o poder. Como indivíduos, nós temos domínio sobre todas as coisas que aparecem no mundo dos efeitos.

Ao invés de darmos tratamentos, vejamos se podemos sorrir, pelo menos internamente - não abertamente, para não ofender a ninguém ou não parecer que estejamos fazendo pouco de seus sofrimentos -; vejamos se podemos sorrir na atitude de quem dissesse mentalmente: "Sim, mas eu sei que não há poder em aparências. O poder está em mim, em ti, em cada um, não importa quem seja ele. Deus, a consciência de qualquer indivíduo, é o poder. Já não mais odeio, não amo nem temo aparências externas, ou o que o homem mortal ou efeitos materiais me possam fazer." Não atribuas poderes a números, a "pães e peixes", porque eles não têm nenhum poder. "Eu sou o poder". Deus, a divina Consciência, tem que aparecer como o meu infinito suprimento espiritual, como o meu corpo espiritual, ilimitado.


A IMPORTÂNCIA DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA DO CURADOR ESPIRITUAL

Quando recorres a um curador espiritual, que é o que pensas que te vai ajudar? tens alguma ideia sobre qual seja a razão, o modo ou processo por que se dará a cura que esperas? Será por fé cega, confiança em Deus? Ou reconheces que se opera pelo estado de consciência do curador? Quando pedes auxílio a um curador, esse auxílio vem porque ele alcançou um estado de consciência em que o mal, ou erro, seja qual for seu nome ou natureza, perdeu seu poder aparente.

Se pedires a ajuda de alguém que crê que a dor seja alguma coisa que se deva recear, ou que o erro seja algo odioso ou temível, não serás curado. Mas quando perdires a ajuda de um curador que não teme germes, infecções ou contágio; alguém que sabe que micróbios, infecções e contágio não existem como poder, senão simplesmente como efeitos - serás curado ui rapidamente. O que cura é o estado de consciência do curador espiritual.

Poder-se-á perguntar: "Onde está Deus em tudo isso?" Na consciência que sabe que não existe nada que lhe seja oposto. Deus é esse estado de consciência do curador que não teme, não odeia nem ama o erro sob forma alguma. Então, e só então, é que o curador é realmente capaz de curar.

Aquele que teme a doença ou sente repugnância por esta ou aquela forma de pecado, ou que critica ou condena o alcoólatra ou o libertino, revela não possuir estado de consciência capaz de curar realmente. O estado de consciência do curador é agente curativo somente na medida em que esteja isento de medo, aversão ou amor ao erro, seja qual for o nome ou a natureza deste. Se tememos certa doença e acreditamos que ela tenha o poder de matar, então não podemos curá-la. Além disso, precisamos compreender que não há um Deus sentado perto de nós aguardando oportunidade para intervir no trabalho a nosso favor.

Deus é Consciência espiritual infinita, em que não há pecado, doença nem morte. Na medida em que o curador reconhecer esta verdade, tal será seu estado de consciência. Ninguém superou de todo a crença de que existe poder e presença na matéria. Mas Jesus conseguiu superá-la mais do que todos os outros.

Há nisto um outro ponto a considerar. Talvez queiras saber por que será que um dia vais a um curador e és curado instantaneamente e, depois, em outra época, tens de voltar a ele quatro ou cinco vezes antes que se dê a cura. No primeiro caso, a cura foi instantânea porque quando pediste o auxílio do curador, este se achava num alto estado de consciência, isento de ódio, medo e amor às aparências. No segundo, a cura foi retardada porque as sugestões hipnóticas do mundo, chegadas através de rádio e televisão ou de manchetes de jornais, ou devidas a problemas de família, talvez o tivessem feito descer daquele alto estado de consciência.

O sistema econômico sob o qual vivemos não é o mesmo da época de Jesus. Naquele tempo lhe era possível tomar seu manto branco, subir uma montanha, lá ficar durante quarenta dias e depois vir curar multidões. Se hoje pudéssemos fazer isso, nós também poderíamos curar as multidões. Mas a maioria dos curadores não podem fazê-lo. Para ser franco, em parte os próprios pacientes são culpados desta situação. Eles tendem a ficar ressentidos com o curador quando não o encontram à sua disposição. Querem que seja possível comunicar-se com ele durante as vinte e quatro horas de cada dia e os sete dias de cada semana, e por isso, até certo ponto, ajudam a impedir que se operem curas instantâneas.

Não permitem ao curador permanecer no alto estado de consciência necessário para produzi-las. O curador faria melhor trabalho se pudesse ausentar-se frequentemente por períodos de dois ou três dias de cada vez.

Não há mistério nem milagre em relação à cura. Esta resulta diretamente da influência do estado de consciência daquele a quem se recorre. Ao pedires o auxílio do curador, entras em contato com a consciência dele. Se ele sempre estivesse num estado de consciência divina, infinita, toda vez que lhe pedisses ajuda serias curado imediatamente. Se a cura não segue de imediato ao pedido de ajuda, é unicamente porque o curador ainda não alcançou esse estado de consciência, ou, se o alcançou, não o mantém.

Farás curas à medida que te aperceberes desta verdade: Deus é que é a tua consciência divina, e não a tua mente pensante.

Quando alguém te pedir ajuda, volta-te, imediatamente e sem hesitar, ao teu mais alto entendimento, sabendo que o auxílio está chegando na medida de tua percepção de Deus como consciência individual, consciência que nada sabe acerca do erro e nem toma conhecimento de forma alguma de erro e que, por isso mesmo, não o odeia, não o teme, nem o ama.

Na proporção em que estudares, na medida em que meditares, Deus ou a Verdade, Se manifestará e Se revelará como a tua consciência individual.


segunda-feira, junho 27, 2016

Postura mental correta para ler obras da Verdade

- Gustavo -


A Verdade é Sagrada. A palavra "santo" ou "sagrado" significa "aquilo que está aparte, aquilo que está separado". A Verdade está separada do mundo. Isso é assim porque ambos apresentam naturezas distintas e incompatíveis. A luz está separada das trevas – as trevas não podem coabitar com a luz. A realidade está separada da ilusão – a ilusão não pode existir no mesmo espaço onde existe a realidade. O divino está separado do mundano – o mundano é de natureza física, material, dualística; e o divino é de natureza metafísica, mística, de unidade. O que é de natureza mística não pode estar presente/misturado ao que tem natureza material – ele permanece separado, transcendente, inviolável, sagrado. Coisa alguma de natureza mundana é capaz de se aproximar da Verdade Sagrada. Para que haja a aproximação do divino, é necessário afastar-se do mundo e consagrar-se.

E o que é a Verdade? É a realização (sentimento/experiência) de que o homem é filho de Deus. Por ser filho herdeiro de Deus, o homem compartilha da mesma natureza (essência) de Deus, sendo um ser totalmente realizado, amoroso, bem-aventurado, livre, feliz. O filho de Deus é uno com Deus e, por conseguinte, uno com todos os filhos de Deus. Assim, todos os filhos de Deus, juntos, constituem a Filiação Divina, ou seja, são o Filho Unigênito de Deus. Em todo o universo só existe a unicidade, e essa unicidade em si é Amor. Deus é Amor. Deus é todo esse universo divino e glorioso Se expressando. Essa verdade sagrada pode ser vista e experienciada. Quando essa verdade está presente na consciência (no interior) do homem, a vida no mundo físico reflete todas as qualidades conscientizadas.

Em todos os lugares pessoas estão se empenhando para conhecer Deus. Buscam alcançar o divino através de ensinamentos contidos em livros, em palestras, ou até mesmo mediante contato direto e pessoal com professores espirituais. Em todos esses casos, as práticas mencionadas devem ser realizadas com imensa veneração e sacralidade para que se obtenha um resultado realmente frutífero, proveitoso. Qualquer atividade ligada ao sagrado deve ser encarada como uma sadhana (prática espiritual realizada com espírito de reverência e disciplina), porque isso é o que ela realmente é: uma prática espiritual.

A Seicho-No-Ie, por exemplo, considera fundamental a prática concomitante de três disciplinas espirituais a fim de que o homem possa realizar em si a vida de Deus: 1) Leitura constante de livros da Verdade; 2) Dedicação de amor ao próximo através de atos concretos; 3) Prática diária de Oração/Meditação. Todas essas práticas, se imbuídas do correto estado de espírito (estado de espírito consagrado), conduzem o ser humano ao verdadeiro conhecimento da Verdade. Mas o  objetivo deste texto é falar principalmente sobre a melhor maneira de se proceder à leitura das obras espirituais, sagradas – principalmente aquelas que intentam comunicar a Verdade indizível. É muito importante termos a compreensão de que o estudo de uma obra sagrada não serve apenas de instrumento para conduzir à execução de determinada prática espiritual. Ou seja, não se trata só de um "meio" para  se atingir um "fim". Sua leitura é um fim em si mesmo, constituindo ela própria prática espiritual. Nem todo ensinamento ou mestre apresenta essa visão.

A Verdade Sagrada não pode ser comunicada através das palavras. Palavras, por si só, são limitadas, fragmentadas, dualísticas, e não conseguem expressar o que é de natureza transcendental, inteira, unida. Conhecer a Verdade é ser a Verdade. Diferentemente dos conhecimentos acadêmicos que podem ser adquiridos no mundo, o conhecimento da Verdade ao mesmo tempo que é "conhecimento" é também "experiência", "vivência", "realização". A natureza do mundo é tal que permite que as coisas primeiro sejam conhecidas e posteriormente executadas. A natureza mundana permite existir separação entre conhecimento e prática. Com a Verdade, o mesmo não ocorre. Em se tratando da Verdade, "conhecer a Verdade é ser a Verdade".

Por isso, uma obra espiritual não deve ser lida do mesmo modo como se faz com artigos escritos nas enciclopédias, livros, revistas e jornais. A leitura de livros sagrados feita por meio de uma postura mental (ou estado de espírito) mundana mantém a separação entre "conhecimento" e "experiência", e o conhecimento da Verdade fica reduzido a algo puramente intelectual, teórico – estéril e infrutífero. Mediante tal procedimento não se alcança grandes resultados na caminhada espiritual. A leitura de uma obra da Verdade deve ser feita com total sacralidade.

Através da leitura de livros (ou audiência de palestras), o entendimento da profunda verdade espiritual não depende (nem ocorre através) das habilidades de pensamento, raciocínio, reflexão, contemplação, inteligência e demais capacidades da mente. A Verdade Sagrada transcende completamente a mente humana. Sempre que um indivíduo alcança a percepção, a compreensão (ou mesmo um lampejo) da Verdade, isso ocorre mediante processo sublime: a fonte emissora do conhecimento transcendental está situada em um espaço sagrado que não pode ser alcançado ou violado pela mente. A transmissão do conhecimento ocorre no âmbito desse mesmo espaço sagrado, além da mente. Por sua vez, a fonte receptora em nós que capta e apreende o conhecimento também habita esse espaço sagrado e misterioso para a mente.

Em outras palavras, eis o modo como se dá este processo: a vibração divina impregnada no livro (ou que emana das palavras e da presença do palestrante) se comunica com a mente divina em nós. Com isso, a presença divina em nós é tocada tal qual um sino que passa a vibrar e soar... e então desperta. E enquanto ocorrer a ressonância (enquanto estiver desperta) tem-se a compreensão ou lampejo. Todo o processo de comunicação (emissão, transmissão e recepção) ocorre a nível supra mental. O que desperta o Sagrado em nós é a vibração das palavras pronunciadas pelo Sagrado presente na fonte emissora da mensagem. Então o conhecimento sagrado é verdadeiramente captado (sentido, experienciado). Nesse sentido, Masaharu Taniguchi assim explica:

A definição da Imagem Verdadeira da Vida do homem é impossível de ser feita através de palavras, por mais que se tente, e o zen-budismo diz que não se chega à conclusão alguma, por mais que alguém discorra sobre isso. Dizem também que, sendo difícil transmitir através das palavras, transmite-se de mente para mente. Desse modo, a Imagem Verdadeira é algo que acreditamos ter compreendido para, no instante seguinte, acharmos que nada entendemos a seu respeito, sendo muito difícil compreendê-la e transmiti-la a outrem. É difícil transmitir, mas isso não significa que devemos ficar quietos, sem nada falar sobre ela. Se num Grande Seminário o palestrante ficasse calado, ninguém iria ouvi-lo. Isso deixa o preletor que tenta explicar sobre a Imagem Verdadeira numa situação desesperadora.

Diz-se que houve certa ocasião em que Sakyamuni subiu ao púlpito  e permaneceu imóvel sem nada dizer. Olhando bem, ele estava dormindo, soltando até baba pela boca. Então, Manjusri bateu um pedaço de madeira contra outro, avisando o termo do sermão, deixando perplexas as pessoas presentes. Isso consta numa escritura de certa escola zen-budista.

Sendo impossível explicar sobre a Imagem Verdadeira através de palavras, é preferível tirar uma soneca no púlpito, como fez Sakyamuni, a proferir uma palestra malfeita. Tal é a dificuldade de expressar em palavras a Imagem Verdadeira. Portanto, não adianta o leitor interpretar mecanicamente as palavras que escreverei a seguir, porque não conseguirá entender realmente. É preciso compreender telepaticamente, captando a atmosfera das palavras. (Livro: Descoberta e conscientização da verdadeira natureza humana)

É curioso notar os termos que o autor utiliza para expressar o modo como se dá a transmissão do conhecimento da Verdade. Não somos nós – pessoas dotadas de mente cerebral que analisa, disseca, pondera, interpreta e forma conclusões – quem captamos o conteúdo vivo, verdadeiro, existente nas palavras do livro ou do palestrante. Em cada um de nós há um lugar mais profundo (e, nesse lugar, uma presença / inteligência divina) que assimila o conteúdo verdadeiro de um texto sagrado. O conteúdo formado a partir da literalidade (ou da interpretação mental) das palavras não é o conteúdo vivo e verdadeiro ao qual nos referimos. As palavras do escritor podem estar registradas no material físico (páginas do livro), mas também estão presentes em um espaço invisível onde fica depositado o conteúdo verdadeiro, resultante do estado de consciência, da inspiração, do grau de concentração, e também da intenção que o autor projeta ao fazer o arranjo dos vocábulos e das ideias utilizadas para se comunicar. A combinação de todos esses fatores cria uma "atmosfera viva" que se faz presente no texto sagrado. O que todo o leitor deve fazer é buscar perceber e entrar contato com essa atmosfera sutil que permeia o texto espiritual. Por isso, Masaharu Taniguchi diz: "transmite-se de mente para mente"... "é preciso compreender telepaticamente, captando a atmosfera das palavras".

Se conseguirmos nos conectar com essa atmosfera sutil, a verdade captada produz efeito imediato em nossa consciência. O efeito é imediato porque (ao contrário da mente humana) a mente verdadeira não oferece resistência à palavra que está sendo comunicada. No interior (espaço sagrado) de cada ser humano existe o coração puro de criança que não contesta a veracidade da Verdade. A mente humana acredita na dualidade "bem e mal" (e, consequentemente, na imperfeição), e não é capaz de aceitar a Verdade que todo o Universo é uma existência una, harmoniosa e perfeita. Portanto, a mente humana irá sempre descrer, desconfiar, duvidar, contestar e questionar. E é justamente a descrença que constitui barreira a impedir o conhecimento das verdades transcendentais. Por isso, o estado de espírito de docilidade e pureza é muito importante. Vejamos o que Masaharu Taniguchi ensina a  esse respeito:

As palavras de Deus não são meras teorias

Certo adepto da Seicho-No-Ie adoeceu e estava acamado havia mais de um mês, sem sinal de melhora. Ele sabia que a causa era a atitude mental errônea. Dizia a si mesmo que não devia guardar rancor e procurava perdoar os que o haviam magoado, mas não conseguia. Sabia que a Seicho-No-Ie, diferente de muitas outras doutrinas morais que pregam o "esforço para perdoar", ensina que o espírito de perdão deve brotar naturalmente; entretanto, não sabia o que fazer para que isso acontecesse.

Certa tarde, ele abriu o volume 1 de A Verdade da Vida e leu o trecho inicial da Revelação Divina do "Acendedor dos Sete Candeeiros", que consta nas primeiras páginas: "Reconcilia-te com todas as coisas do céu e da terra". O fato interessante é que, sem se dar conta, ele tomara a postura de meditação ao ler a Revelação Divina. Em seguida, leu outra Revelação Divina que consta no livro "Deus fala ao homem", e que, entre outras coisas, diz: "Antes de tomares a refeição, reconcilia-te com teus irmãos".

Ele já havia lido essas Revelações Divinas em outras ocasiões, mas era a primeira vez que lia com sentimento de reverência e com a convicção de que se tratavam de palavras transmitidas diretamente por Deus. Enquanto as lia, experimentou uma agradável sensação de leveza, e percebeu que já não nutria ressentimento contra ninguém. Foi como se tivesse se livrado de um fardo pesado. A agradável sensação de leveza tomou conta dele, e a doença sarou como que por encanto.

Ele compreendeu, então, como era importante a postura mental correta quando se lê livros que contêm as palavras de Deus. Até então, a postura mental dele quando lia as Revelações Divinas era a de procurar analisar, compreender e assimilar o ensinamento nelas contido. Pela primeira vez, compreendeu realmente que as palavras contidas no livro A Verdade da Vida são palavras de Deus e que, lendo-as com fé e espírito de reverência, as vibrações que delas emanam produzem grande efeito, mesmo que não sejam entendidas ou memorizadas. Foi uma descoberta maravilhosa compreender que as palavras de Deus não são teorias a serem analisadas e compreendidas, e que cabe a nós simplesmente acreditar nelas e reverenciá-las.

Em Gênesis 1;3, assim consta: "Exista a luz. E a luz existiu". Não nos cabe argumentar ou discutir "por que Deus ordenou que existisse a luz?", "por que a luz surgiu conforme a ordem de Deus?", etc. As palavras de Deus são sublimes e cumprem-se infalivelmente, pelo próprio fato de serem palavras de Deus. Assim, uma vez que Deus disse: "Reconcilia-te com todas as coisas do céu e da terra", não nos cabe questionar o por quê. Quando lemos essas palavras com muita fé e reverência, vemo-nos reconciliados naturalmente com todas as coisas do céu e da terra. (Livro: A Verdade da Vida, volume 34)

Concluindo: não somos nós (pessoas dotadas de mente humana) que temos poder para abraçar a Verdade. Somente Deus em nós é capaz de aceitar a veracidade da Verdade. Também não somos nós quem percebemos a Verdade – Deus em nós é que percebe. E é também Deus quem realiza as obras. Isso é o que torna possível experimentarmos resultados imediatos, mesmo em caso de não entendermos ou de não prestarmos atenção ao conteúdo comum das palavras contidas num livro sagrado. Apreendendo o sentido dessa Verdade, constatamos também que as palavras presentes na literatura sagrada são palavras de Deus, que não foram escritas por criatura humana, mas que provêm do próprio Eu, que é a fonte divina da qual emana todo ensinamento verdadeiro. A compreensão da Verdade somente se torna possível ao receber a Graça divina. A percepção da Verdade também ocorre somente pela Graça divina. E o que fazer para receber a Graça? A Graça vem somente onde há sacralidade. Graça e sacralidade caminham sempre juntas, de mãos dadas. Por isso, as obras da Verdade devem ser vistas como sagradas. E de fato o são! Todo ato de ler um livro ou texto espiritual consiste em sadhana, uma prática espiritual sagrada.

Namastê!

 

sexta-feira, junho 24, 2016

Estados e Estágios da Consciência - 2/2


- Joel S. Goldsmith -


COMO VIVER NO "MEU REINO"

Uma declaração de Jesus: "O meu reino não é deste mundo" tem sido a minha vida, o meu sangue, os meus ossos há muitos anos. Depois que foi dito que o "Meu reino não é deste mundo", o que você pensaria de mim, se eu começasse a fazer algum trabalho mental para garantir o aluguel do próximo mês? O que você pensaria de uma pessoa que, depois de lhe terem dito que o reino de Cristo nada tem a ver com este mundo, saísse por aí preocupando-se em ser casada ou solteira? Se essas coisas não são uma parte deste mundo, eu não sei quais serão! É verdade que, em certo sentido, sempre estamos no mundo, mas não porque temos qualquer preocupação com ele: deixamos que ele se manifeste -- suas pessoas e coisas -- e se torne parte de nosso ser, de um modo normal e natural.

Para dar um exemplo: você está lendo este livro e, no entanto, talvez na própria sala em que você esteja sentado, existe um rádio ou uma televisão, apenas esperando o virar de um botão para levar-lhe a todas as formas de entretenimento -- comédia leve ou drama sentimental, rock and roll ou sinfonia. Mas você está lendo um livro sobre a vida espiritual! Pergunte a dezenas ou milhares de pessoas se alguma coisa no mundo poderia ser mais maçante, sem graça ou desinteressante do que tal leitura.

Então por que você gosta dela? Por que você passa o seu tempo fazendo isso? Porque você já está vivendo em um mundo diferente do mundo habitual da maioria das pessoas, e não foi necessário que você morresse para chegar lá. Uma citação espiritual, um pensamento espiritual lhe dão mais prazer do que o filme de cinema mais espetacular. Por que? Porque você já não está mais em um mundo onde isso é a medida do seu prazer. Você deixou esse mundo -- não através do ato de morrer ou de fazer qualquer coisa ridícula como parar de comer ou abolir o uso de roupas, nem através de atitudes excêntricas. E, no entanto, você deixou este mundo.

Vejamos outro exemplo: quantas novelas policiais e de terror, de preço ínfimo, você imagina que são vendidas hoje em nosso país? E, no entanto, você aqui está: em vez de pagar um preço baixo por uma daquelas novelas, você compra este livro, muito mais caro! O que há de errado com você? Nada! Você está simplesmente vivendo em um mundo diferente. Você deixou aquele outro mundo.

Outra coisa: quantas pessoas acreditam, verdadeiramente, que não podem viver de maneira honesta, sem usar de tapeação, de fraude ou de influência política? Entretanto, você aprendeu que há um princípio que age no seu interior e que lhe permite viver plenamente de acordo com a lei de Cristo Jesus, com a lei estabelecida no preceito áureo do Evangelho, e você pode adotar para si um princípio como este, a ser provido com abundância -- e repito, com abundância! -- se você quiser fazer um esforço para se beneficiar dele.

Isso é o que quero dizer com a expressão "viver em um outro mundo". Existem os que nunca poderiam concordar que a inventiva humana, a força física, a compulsão mental e o capital ilimitado não são necessários. Mas você sabe que, pela aplicação de princípios espirituais, você pode viver uma vida normal e harmoniosa, atraindo para si tudo que faz parte da sua totalidade. Você pode vivenciar essa plenitude, não através de afirmações, mas compreendendo: "Minha união consciente com Deus constitui a minha união com cada ideia espiritual, e essa ideia espiritual se expressará como lar, amigo, discípulo, paciente, livro ou mestre -- qualquer coisa da qual eu tenha necessidade".

Você não tem de sair por aí demonstrando coisas. Você precisa apenas demonstrar sua unidade com Deus, abrindo sua consciência para essa verdade, aceitando-a e deixando que ela se torne parte de sua consciência. Depois, essa verdade faz o trabalho.

No momento em que você começa a se preocupar com qualquer coisa que no mundo possa ser conhecida através das sensações físicas, você estará se preocupando com este mundo e o "Meu reino não é deste mundo". Ao lidar com os problemas de sua vida pessoal, você estará pensando numa atividade, em negócios, no suprimento, na companhia ou no casamento adequados -- e durante todo o tempo estaria pensando num lugar determinado onde isso poderia ocorrer; embora, nesse exato momento, a demonstração de tudo isso pudesse estar na África. No entanto, ao pensar em como e de que maneira você gostaria que sua vida se desenrolasse, você dirigiu todo o seu pensamento para outro lugar que não onde essa realização se encontra, pois a África talvez nem tenha passado pela sua imaginação.

Se, entretanto, em vez de ficar com algo que se relacione com uma pessoa, lugar ou coisa, seu trabalho todo tiver sido para a compreensão consciente da mente que também estava em Cristo Jesus, então é possível que ouça isso ser proclamado em seu interior, ou é possível que receba uma carta dizendo-lhe que estava esperando por você na África, na China, ou em qualquer outro lugar.

Em outras palavras, é um pecado limitar. É pecado tudo o que impõe qualquer espécie de limitação mental à sua manifestação. Como você sabe onde vai ser, quando ou com quem? Se há um Deus governando o Seu próprio universo, como podemos, você e eu, ter a presunção de limitar ou delinear essa manifestação? A verdade é que não temos o direito de limitar. Temos apenas o direito de cumprir o princípio da vida espiritual, que é 'não estar apreensivo pela nossa vida'.


O CORPO É VIDA FORMADA

A campainha do telefone soa e uma voz grita: "Trabalho para viver; eu estou morrendo" -- mas a Bíblia diz: "Não estejais apreensivos pela vossa vida". Portanto, minha resposta ao chamado é: "Sim, eu trabalharei para realizar Deus". -- A vida é um sinônimo de Deus. Você não vê que se fizer qualquer trabalho mental pela vida, provavelmente estará pensando em termos de vida como o oposto da morte; mas, já que Deus é apenas vida, a vida não tem um oposto?

Um prático disse certa vez a um paciente: "Não há vida em seu corpo"; mas o paciente, naturalmente, queria manifestar a vida mais abundantemente, senão dentro dele, pelo menos como um corpo. Muitos de nós estamos tentando nos livrar de nosso corpo, negando-o. Você pode visualizar que pereceríamos sem um corpo? Não negue o corpo nem jogue fora; é muito bom possuí-lo. Você tem um corpo e Deus o deu a você -- não os seus pais. Nenhum de vocês que seja pai ou mãe sabe o suficiente para fazer um corpo. Deus forma o corpo, não os pais, ou como eu disse numa ocasião a uma mãe: "Na melhor das hipóteses, você foi o forno no qual foi feito o seu filho".

Deus é Espírito e Se expressa de um modo infinito e individual, e tem Sua prória maneira de produzir Sua imagem e semelhança. Isto que vemos é apenas o nosso conceito de uma atividade divina. A ascendência humana, ou a assim chamada criação, não é espiritual; não é de Deus. Se o fosse, todos seriam bem proporcionados e normais, e não existiriam crianças doentes ou deformadas. Somente porque deixamos Deus fora disso é que temos tais condições.

A maioria das pessoas considera a experiência do nascimento humano como se fosse apenas um ato animal. Essa é uma interpretação falsa. O nascimento não é animal: em si próprio, é divino e maravilhoso. Nós é que o tornamos algo de natureza animal. Precisamos aprender a reinterpretá-lo, e quando aprendermos a fazer isso, haverá mais casamentos felizes e menos divórcios.

A única razão para o divórcio é que um homem e uma mulher se vêem apenas como homem e mulher. É uma coisa difícil para um homem e uma mulher viverem juntos por muitos anos, salvo se houver um terreno comum de encontro e, o que é mais importante ainda, uma ligação espiritual. Se ao menos, muito antes do casamento, eles pudessem compreender que não estão buscando um casamento, um lar ou companhia, mas estão realmente procurando a presença de Deus em forma visível, haveria mais casamentos felizes e cada criança nascida dessa união seria, então, Deus manifesto.


IMORTALIDADE, NÃO LONGEVIDADE

Assim, chegamos à seguinte questão: Qual o motivo do seu estudo? Disso depende o futuro de vocês neste trabalho. Não quero dizer que aqueles de vocês que não compreenderem devam voltar ao nível mental. Se for necessário, é o que terão de fazer, até serem capazes de atingir o nível espiritual. Mas, para aqueles de vocês que vislumbrarem um lampejo do significado da vida espiritual, todo o seu futuro irá depender de poderem ou não se decidir a procurar apenas a consciência da presença de Deus e ficarem satisfeitos em deixar que as demais coisas lhes venham por acréscimo. A extensão em que forem capazes de fazer isso será a medida da sua demonstração.

O motivo para este estudo é apenas converter doença em saúde, solidão em companhia, desamparo em lar? Ou vocês estão prontos, neste momento, para cessar de se preocupar com coisas deste mundo, que não pertencem ao reino espiritual, e rezar honestamente: "Tudo o que eu quero é o reino de Deus na Terra. Tudo o que eu desejo é o reino de Deus em minha experiência individual, o governo de Deus em meus afazeres individuais"?

Quando atingimos esse ponto, estamos procurando o reino de Deus e sua integridade; não o nosso senso de integridade -- mais dinheiro, mais companhia, mais saúde -- mas Sua integridade, o sentido espiritual do bem. Se entendêssemos o sentido espiritual de suprimento, constataríamos que ele é muito diferente do que julgamos ser atualmente, da mesma forma que o sentido espiritual se saúde é muito diferente daquele do padrão humano que define sessenta ou setenta anos como período normal de vida. Mas a Sua integridade -- o Seu padrão de suprimento, o Seu padrão de saúde -- nos permitirá viver abundantemente na Terra por quanto tempo desejarmos ou até que nos sintamos solitários pela falta daqueles que se foram antes de nós.

Existem pessoas vivendo atualmente na Terra que, dizem, têm duzentos anos de idade, inclusive um homem que teria seiscentos anos. Essas idades avançadas são possíveis se o desejo de vida as manifestar através do sentido espiritual de Deus, de saúde e de imortalidade -- não apenas pelo sentido físico de saúde, vida ou longevidade.

Acaso a imortalidade é apenas viver um longo período? Apenas longevidade? Não: imortalidade é vida eterna sem começo nem fim. Nenhum daqueles que buscam o espírito acreditariam que sua consciência pode chegar a um fim, embora ele creia que é inevitável que o corpo desapareça. Mas esse é um pensamento que deve ser corrigido imediatamente. Seu corpo não desaparece nem envelhece, a menos que você o permita. É você quem precisa tomar a decisão consciente de que a vida é eterna e de que seu corpo, o templo do Deus vivo, está sob jurisdição dessa Vida. Se você não tomar essa decisão conscientemente, a mente coletiva, a nível do seu inconsciente, continuará tomando as deciões por você, conforme as crenças coletivas.

Já que a vida é eterna e a vida é consciência, como pode a consciência estar morta? A continuidade da vida pode ser compreendida quando você percebe que, através da sua própria consciência de ser, você existiu e existirá eternamente. "Antes que Abraão existisse, eu sou". Em sua iluminação interior, você pode continuar existindo sem esse momento de passagem, sem essa transferência, que o mundo chama de morte, mas que é apenas transição. Quando você consegue efetuar a transição para fora do mundo das crenças mortais, você realizou a transição "deste mundo" para o mundo da realidade espiritual, no qual você vive sem apreensão.


COMO VIVER PELO "MEU ESPÍRITO"

Não deixe ninguém acreditar que viver sem preocupações tem a ver com assumir um vazio mental. Pelo contrário, no momento em que você aprende a viver sem cuidados, você será a pessoa mentalmente mais ativa da comunidade, porque então você não é mais governado pelo sentido limitado que é a mente. A mente que estava em Cristo Jesus começa a funcionar como você: se quer escrever, será um escritor; se quer pintar, será um pintor, porque não haverá mais limitação.

Você não assume um vazio mental e não vive em um vácuo, mas está tão animado por essa consciência espiritual que, mesmo quando está dormindo, está pensando. Você não está apreensivo, o que é uma coisa bem diferente, mas está recebendo impulsos divinos através da mente, sua via de percepção, e está sempre consciente de uma experiência que se expande de modo infinito.

Nunca acredite que viver sem apreensão conduzirá à ociosidade de qualquer espécie. Pelo contrário, isso traz à vida tal atividade, que o admirável é que você, mesmo assim, possa dormir. Não há fim para a atividade que se manifesta na pessoa cujo ser está animado pela mente de Cristo. Quando essa mente de Cristo se apossa de sua experiência, pensamentos criativos e inspiradores, os pensamentos de Deus -- os pensamentos de Deus extravasando-se como homem -- passam a fluir através de você, em lugar de você estar buscando em seu cérebro velhos pensamentos ou verdades frias.

E o que é uma verdade fria? Uma verdade fria é algo que você recorda como uma citação, alguma coisa que lhe vem do armazém da memória. Quando um pensamento chega a essa consciência que é receptiva e aberta, ela surge como uma verdade quente/fresca, uma verdade viva, e traz em si a cura, ou traz em si novas idéias. Isso é o que acontece quando recebemos uma comunicação direta da Consciência divina.

Uma pessoa pode procurar em todos os velhos livros de eras passadas -- e essas verdades remontam realmente a longo tempo -- mas as verdades neles não terão valor até que encontrem acolhida em uma consciência aberta, quando então se tornam vivas. Portanto, o aspecto mais importante deste ensinamento é não oferecer conhecimento ou dar declarações da verdade, porque cada declaração que estou fazendo a você agora já era conhecida através dos tempos.

O verdadeiro valor deste ensinamento é desenvolver em você um estado de receptividade espiritual, de modo que possa ser receptivo à mente de Cristo; abrir sua consciência para que você possa receber estas verdades; abrir sua consciência ao influxo do Cristo, de modo que sua consciência aberta torne-se o Cristo vivo e, dessa forma, a luz do mundo.

Muitas pessoas acreditam que em breve haverá uma outra vinda do Cristo, mas estou convencido de que eu e você somos essa vinda, na proporção em que o Cristo é despertado em nós. Cada um de nós está agora chegando a esse estado de consciência onde podemos aceitar a declaração de Jesus de que o Consolador virá até nós quando cessarmos de confiar nas pessoas e nas formas e meios humanos. Quando você pode abrir sua consciência para o Cristo total infinito, então Cristo, o Cristo da segunda vinda, virá para você e para mim. Todavia, não posso acreditar, nem por um minuto, que uma segunda vinda do Cristo será vivenciada pela pessoa que não empregou seu tempo em aprender a conhecer o Cristo.

Precisamos vivenciar o Cristo, não por ouvir dizer, mas por demonstração real, por contato real. Alguns discípulos sabem que essa experiência é possível e, ao trabalhar com pessoas de pensamento receptivo, observei posso elevá-las até onde elas podem ter a mesma visão que tenho -- não através da transferência de pensamento, mas através do seu próprio desenvolvimento individual. Eles ouviram "a pequena voz silenciosa" e receberam revelações, através do desenvolvimento de sua capacidade de meditar.

Veja a presença de Deus abrir sua consciência para o influxo do bem. Não pense na forma como ele aparecerá, através de quem ou com quem, ou onde ou quando. Abra sua consciência para Deus e deixe que Ele se torne evidente ou manifesto -- não com trabalho mental, não por repetição ou afirmação, "não pelo prestígio nem pelo poder, mas por meu Espírito".


quarta-feira, junho 22, 2016

Estados e Estágios da Consciência - 1/2


 - Joel S. Goldsmith -

Apesar de há muitos anos o mundo metafísico acreditar que cura mental e espiritual são sinônimos, na realidade elas estão tão longe uma da outra quanto a cura material e a cura espiritual. A cura mental e a material são em grande parte a mesma coisa, exceto que operam em diferentes níveis de consciência. A mental é um pouco superior e mais fina do que a material, mas essencialmente elas são dois momentos da mesma crença.

Por outro lado, usar os termos "mentalmente espiritual" ou "espiritualmente mental" é o mesmo que dizer "um diabo religioso". O espiritual e o mental são diametralmente opostos, o que não quer dizer que um seja certo e o outro errado, mas funcionam em níveis tão diferentes de consciência que estão tão separados quanto os pólos da Terra.

No que toca ao metafísico, existem dois ramos distintos -- o mental e o espiritual, embora muitas poucas pessoas estejam dispostas a reconhecer que isso é verdade. Em nenhuma passagem do Novo Testamento, entretanto, pode ser encontrada sustentação para a maior parte do que atualmente é conhecido como prática mental, mesmo que essa prática mental ainda faça uso do nome do Cristo.


"PREOCUPAR-SE" NÃO É CURA ESPIRITUAL

Jesus ensinou: "Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto a vosso corpo, pelo que haveis de vestir" e, todavida, quantos de nossos práticos mentais hoje em dia estão prontos e dispostos a uma tentativa de fazer uma demonstração de oferta de uma casa ou de um automóvel?

'Demonstrar' significa manifestar algo. Fazer a demonstração/a manifestação de alguma coisa é dar forma a uma atividade consciente da consciência. Quantos pacientes pedem a seus práticos para "demonstrarem" um apartamento ou uma casa para viverem, para conseguirem marido ou para livra-se de um. Não existe um prático de qualquer experiência que não tenha tido, às vezes, a bem triste experiência de pessoas que chegam a ele pedindo ajuda para obter um lar, um automóvel, um marido, uma esposa -- toda espécie de demonstração concebível.

Até mesmo o mais alto nível desse tipo de prática é contra o ensinamento do Cristo. O ensinamento do Cristo é não cuidar de sua vida, de seu suprimento ou de seu vestuário. Jesus dá uma longa lista do que não pedir, diz por que a encerra com esta promessa: "Mas vosso Pai sabe que haveis mister delas... [e] porque a vosso Pai agradou dar-vos o Reino". Logo, ir para Deus com algum problema finito seria ir contra os ensinamentos do Mestre.

Em Lucas, Jesus também disse: "E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua estatura?" Quando você sentar para "pensar" a fim de acrescentar alguma coisa a seu suprimento ou à sua necessidade, você falhará. Além do mais, a bíblia declara: "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos". E, no entanto, pense em todos os metafísicos do mundo que acreditam que, se eles apenas pensarem direito -- mantiverem ou enviarem o pensamento certo --, este fará qualquer coisa por eles ou por seus pacientes, embora ao praticarem esta doutrina de 'pensamento certo' estejam violando o próprio ensinamento que alegam estar seguindo.

A transferência de pensamento de um indivíduo para outro é a atividade da mente humana. Embora isso muitas vezes resulte no que chamamos de cura ou melhora, na melhor das hipóteses, algumas vezes, isso é temporário, porque se o prático mental tem sucesso hoje, ele precisa trabalhar duas vezes mais na semana seguinte. Qual pode ser o fim de toda esta prática mental senão uma dor de cabeça! As pessoas que se tornam adeptas do trabalho mental começam a ficar constrangidas porque estão trabalhando sob pressão -- pressão mental. Alguns de você podem ter observado a reação dos que dão ou recebem tratamentos mentais; vocês podem ter visto práticos que executaram seus trabalhos sob terrível pressão mental e testemunhando a confusão que isso acarretou.

Durante meus dezesseis anos na prática da Ciência Cristã, observei que a prática mental era ali tão predominante como em outros movimentos metafísicos. Na realidade, há exatamente tanta autoridade nos escritos da Sra. Eddy para a prática mental como para a prática espiritual. Ambas as coisas são ensinadas e podem ser facilmente encontradas em seus escritos, e qualquer pessoa pode fazer a sua escolha, dependendo de qual ensinamento a atrai mais. Embora eu nunca tenha sido capaz de fazer concessões à prática mental, tenho visto o resultado dos que se deixaram submeter ao tratamento mental de outra pessoa, tornando-os "apreensivos", dominando-os e às vezes quase controlando-os.

Os que trabalham sem esse processo ativo de contínua formulação de pensamento, permanecem relaxados. Em lugar de tentarem ser uma força ou poder, apenas se tornam o veículo através do qual o Espírito trabalha; e, portanto, raramente há qualquer nervosismo ou irritabilidade, porque o Espírito está sempre renovando e reconstruindo. O Espírito está fazendo o trabalho e não "formulando pensamentos".

Sob o domínio do Espírito, dessa mente que estava em Cristo Jesus, seria impossível a quem quer que fosse violar sua integridade espiritual. Ninguém poderia enganar, fraudar ou ser infiél em seu dever para com um paciente, porque o Espírito não lhe permitiria -- Ele não lhe daria tal pensamento ou impulso. Além disso, quando um prático fica sob o domínio dessa Mente que também estava em Cristo Jesus, ele cura sem esforço mental ou pessoal, quer o paciente esteja acordado ou dormindo -- e até mesmo quando o prático está dormindo.

Quando uma pessoa está trabalhando mentalmente, ela tem a escolha de ser boa ou má, sem que haja um poder controlador para impedi-la de fazer o que ela quer, exceto o seu próprio bom-senso. Isso não significa que os que trabalham com base nessa linha mentalista sejam pessoa más; contudo, se são boas, isso ocorre exatamente por serem boas, e não porque ficaram sob a influência daquela Mente que estava em Cristo Jesus, que não lhes permitiria serem menos do que Deus em ação.


NÃO HÁ CAUSA MENTAL PARA A DOENÇA

Quantas vezes você soube de alguém que estava convencido de que tinha artrite, ou câncer, ou tuberculose e que depois foi curado tão depressa que mais tarde convenceu-se de que não poderia ter tido uma doença tão séria? Provavelmente a doença não existia, mas o ponto a ressaltar é: suponhamos que o prático aceite o diagnóstico como este lhe foi apresentado e comece a trabalhar no caso. Nove vezes em dez ele estaria trabalhando para curar a doença errada. Ainda que seu paciente lhe trouxesse o diagnóstico de um médico, este ainda poderia estar cinquenta e cinco por cento errado. Em seu prórpio levantamento, o Massachussets General Hospital ficou sabendo que apenas quarenta e cinco por cento dos diagnósticos feitos no próprio hospital estavam corretos, e isto até mesmo com radiografias, exames de sangue, exames de urina e todos os outros testes criados pela medicina moderna.

Você pode notar que, mesmo que um prático recebesse o diagnóstico médico de um caso, este tanto poderia estar certo como errado. Portanto, qual a eficácia de um tratamento aplicado a um caso específico? Se o paciente ficar curado, isso poderia ter acontecido mesmo sem o tratamento.

Além disso, visto que a doença é irreal, e desde que se acredite que ela não pode ser verdadeiramente localizada, toda essa manipulação mental -- essa sondagem para encontrar uma causa mental correspondente a um estado ou doença -- é falta de bom senso. Em toda minha vida nunca encontrei alguém com ódio suficiente para causar algo tão violento quanto o câncer; ou com luxúria suficiente para causar definhamento ou tuberculose. Uma pessoa com tanto ódio ou luxúria assim, estaria trancada num hospício. As pessoas não são assim tão más -- deve haver outra razão para isso.

Há algum tempo, li um artigo sobre uma mulher com pés chatos. Um prático, ao analisar seu pensamento, descobriu que ela sentira tanta tristeza pela morte de um filho na guerra a ponto de haver perdido a lucidez. Resultado: pés chatos. Outra mulher tinha pé-de-atleta e não podia ser curada. Ao examiná-la, um prático descobriu que ela desejava apenas mais afeto humano. Meu comentário na ocasião foi que, se aquilo era verdadeiro, os práticos iriam ficar muito ocupados com pés-de-atletas, já que há tão grande carência de afeto no mundo.

Se houvesse ocasião em que alguma cura foi realizada através de tratamentos de causas mentais, podem acreditar que foram curas de "crença"; uma crença na cura de doença causada pela crença numa causa e numa cura, uma crença agindo sob a influência de outra crença. Li o Novo Testamento até desgastar o livro, e em nenhum lugar encontrei qualquer palavra de Jesus acerca do ódio, luxúria ou desejo de afeição como causadores de doença. Pelo contrário, ele disse que nem mesmo o pecado faria com que o homem nascesse cego.

Chocou-me saber que o erro não é o resultado do pensamento de uma pessoa, porque sempre me foi ensinado que o mal é causado pelo tratamento errado, porém descobri, no primeiro ano de minha prática, que isso não era verdade. Como poderia um bebê sofrer porque os pais tiveram pensamentos iníquos? Não, ele sofre por causa de crenças comuns a todos, as quais seus pais não sabem como abandonar. As pessoas não contraem resfriados, gripes ou pólio nos seus surtos por causa do seu modo de pensar errôneo: essa é uma crença universal que elas não sabem como combater, e se elas se aferram a esse negócio de Deus-é-amor, sem saberem como enfrentar aquelas crenças, ficarão extremamente deslocadas como se nunca tivessem descoberto que Deus é amor.

A fragilidade da prática metafísica está no fato de que a maioria dos metafísicos gosta de falar no quanto Deus é maravilhoso, mas detesta dizer a qualquer pessoa o que fazer quanto à manifestação do pecado e da doença. Haveria alguém no mundo que sentisse luxúria, animalidade, medo ou ansiedade se soubesse como evitar isso? Há uma lei de Deus que anula tudo isso, mas você precisa saber que lei é essa. Dizer apenas "Deus é amor" não anula nada, já que temos muito disso no mundo -- até mesmo entre as pessoas que têm a certeza de que Deus é amor.

Nunca se esqueça que toda circunstância prejudicial à sua vida pode ser evitada. Ninguém é vítima de alguma coisa, senão pela ignorância das leis da vida. Deus nunca teve a intenção de que alguém sofresse de decrepitude; Deus nunca teve a intenção de que existissem aleijados, alcoólatras ou viciados em drogas, e não há razão no mundo pela qual elas existam, exceto que o mundo jamais aprendeu a enfrentar estes problemas, fazendo com que eles deixem de fazer parte do modo de pensar da humanidade.

O mal não existe como algo criado por Deus. Deus não pune as pessoas, ainda que a antiga lei hebraica ensinasse que os pecados dos pais recairiam sobre os filhos. Mas quando os hebreus viram como essa lei era injusta, eles a repeliram duzentos anos mais tarde: "... eles nunca mais dirão, os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos se embotaram" (Jeremias 31:29). Sim, eles aprenderam há três ou quatro mil anos a não aceitarem uma idéia tão cruel como essa, de que os pecados dos pais recaem sobre os filhos, e certamente deveríamos estar pelo menos tão adiantados como eles. Mesmo assim, aceitamos as leis da hereditariedade, que nos vinculam à crença de que as doenças dos pais recaem sobre os filhos, netos e tataranetos. Precisamos nos elevar mais alto que isso, começando por entender que existe uma lei de Deus agindo no ser individual e coletivo, em indivíduos, em grupos, nas raças e nações.


PENSAMENTO NÃO É PODER

Existe uma lei de Deus, mas temos de começar a pô-la em prática, primeiramente abandonando nossas crenças egoístas de que qualquer pensamento que possamos ter é um poder, ou que tomando uma afirmação e fazendo-a penetrar em nossa mente, faremos afinal com que ela se torne verdade. Isso é trabalho árduo; não é permanente nem espiritual; e, além disso, permite que outros dominem nossos pensamentos, e também nos tira a compreensão do único Poder que existe, que é Deus, cujo reino está dentro de nós.

Repetir que "duas vezes dois são quatro" não fará com que seja assim, uma vez que isso apenas nos ajuda a lembrar que é assim.

A repetição de uma afirmação ajudará a nos impressionar com a sua verdade, mas seria muito melhor ouvir ou ler uma verdade, e, melhor ainda, ter a Verdade revelada no íntimo de nosso ser e deixar que ela entre em ação, já que 'Verdade' é um sinônimo de 'Deus'. Por que depender da manipulação da Verdade? Por que não deixar a Verdade fazer isso por si só?

Quantas pessoas acreditam, realmente, que existe um Deus? Ó, sim, elas aceitam Deus e falam a Seu respeito. Mas quantos dos que dizem acreditar em Deus ao mesmo tempo se agarram a um remédio ou a um pensamento? Nem o remédio nem o pensamento podem ser Deus. Deus não é pensamento. Pensamento não é poder-de-Deus: Pensamento é uma via de percepção. Esta é uma informação que você deveria memorizar, não para torná-la verdadeira; mas se você alguma vez se sentir tentado a manipular pensamentos, lembre-se desta afirmação e compreenderá nitidamente que nenhum pensamento é poder.

Quando entendi a verdade de que 'pensamento não é poder', mas penas uma via de percepção, fiquei espantado por um momento. Depois percebi que, através de meu pensamento -- através da via do pensamento -- eu podia conscientizar-me das pessoas ao meu redor e saber se estavam vestidas de marrom, de verde ou de preto, porém nenhum pensamento meu podia mudar o tom do marrom para verde, nem o verde para o preto. Nem meu pensamento, nem todo pensamento do mundo poderia mudar isso. Daí por diante, o pensamento tornou-se para mim uma via de percepção.

Através do pensamento você pode conscientizar-se da grande verdade de que você é o Cristo de Deus. Eis o que você é e tem sido desde o início dos tempos. Isso sempre foi verdade: "Em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou" (João 08:58) -- e o pensamento de ninguém pode tornar isso verdadeiro. Isso é verdadeiro porque é uma lei de Deus: "E eis que eu estou convosco todos os dias" -- mesmo até o fim dessa crença humana nas coisas. Esse Eu estará com você, e esse Eu é o Cristo -- a mente que estava em Cristo Jesus, a Alma ou o Espírito de Deus.

Uma parcela mínima do Cristo faz milagres quando deixada agir sem manipulação mental, sem o desejo mental de lançar-se em busca da consciência, nem da mente, ou do pensamento do indivíduo que está procurando ajuda. Quantas vezes você teve a experiência de estar no consultório de um prático de consciência espiritual altamente desenvolvida e sentir algum efeito benéfico, uma sensação de elevação ou de paz? Mas você acredita que é necessário estar na mesma sala ou na presença real do prático para ter essa experiência? O corpo ou o cérebro tem alguma coisa a ver com isso? Não, você poderia estar sentado em sua casa, na China, e receber o mesmo impulso divino de qualquer indivíduo em quem a mente do Cristo estivesse em supremacia mesmo que de forma pequena.


A AVALIAÇÃO DA MENTE QUE ESTAVA EM CRISTO JESUS

Precisamos ir além da ciência da mente e da cura mental, precisamos chegar àquele lugar onde trabalhamos de acordo com a revelação ou ensinamento do Cristo Jesus. Jesus viveu "não por força nem por violência, mas pelo Meu espírito"(Zacarias 4:6). Existe maneira melhor de curar do que essa, ou qualquer maneira que deixe seu paciente mais livre para agir normalmente, sem a influência indevida de outros seres humanos? "Não pelo poder, nem pela força, mas pelo Meu espírito", por Meu Espírito, o Espírito de Deus, por aquela Mente que também estava no Cristo Jesus, que é não só a mente do Cristo, mas a sua mente, a minha mente.

A mente que estava em Cristo Jesus está tão disponível para você, hoje, como se Jesus estivesse sentado nessa sala. Se você não acredita que isso seja verdadeiro, tente essa experiência: alguma vez, quando você estiver se sentindo cansado ou doente e tiver a oportunidade de ficar só, feche os olhos e pergunte a si mesmo se a mente que estava em Cristo Jesus estava dentro do cérebro ou do corpo dele, ou se ele estava declarando uma verdade profunda quando disse: "Antes que Abraão existisse, eu sou... E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos... Porque se eu não for, o Consolador não virá a vós".

Se você acreditar que essas palavras são a verdade, você se aquietará com este pensamento: "muito bem! Mente de Cristo Jesus, Pai interior, o Cristo! Enquanto estiverdes comigo, posso recostar-me e descansar em paz!". Então descanse nessa paz e veja se não sente uma cura instantânea sem "recorrer à formulação do pensamento".

De início você pode não estar curado de seus problemas mais sérios, porque a maioria de nós ainda está naquele lugar onde poderíamos não ser capazes de aceitar tais curas sem pensar que presenciamos um "milagre". Mas comece de maneira simples com problemas menores. Descanse na mente que estava em Cristo Jesus e veja se ela não está disponível para você aqui e agora, como se Jesus estivesse nessa sala.

Não importando onde o prático esteja, você não vai procurá-lo como uma pessoa, mas como a mente que estava em Cristo Jesus - que é a mente do prático. Você jamais deve limitar-se à mente humana de qualquer pessoa. A mente do Cristo Jesus compreendida é a mente de você e de mim, ao alcance de todos, esteja próxima ou distante. Esse é o segredo de viver na consciência de Cristo, o segredo do Caminho Infinito. A declaração de Paulo "E vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim", é verdadeira, e cada vez que alguém busca uma pessoa que tenha compreendido a consciência de Cristo, ele está buscando o Cristo, que está vivendo através dessa pessoa e como essa pessoa.

Seja grato pelo fato de que toda verdade é uma verdade universal, não apenas a respeito de Jesus Cristo, mas também a respeito de todos os que no mundo abrem sua consciência e aceitam essa verdade -- aceitam-na não sobre um ser humano, porque um ser humano é limitado por sua mente humana, educada, ou por sua experiência, personalidade e nascimento, mas a aceitam a respeito de qualquer indivíduo que abrir sua consciência e reconhecer: "Sim, qualquer coisa que foi verdadeira para Moisés, Elias, Eliseu, Jesus, João ou Paulo, é verdadeira para mim. Do contrário, não seria verdadeira, mas apenas teria um significado pessoal".

Por isso, se você quer ter essa mente que estava em Cristo Jesus continuamente, abra a sua consciência. Você não precisa exercer um poder mental; você não tem de dirigir o seu pensamento a uma certa parte do corpo, nem a uma certa causa da doença ou para qualquer pessoa, porque o erro não está no corpo ou no pensamento de quem quer que seja.

No minuto em que você começa a perceber que a mente que estava no Cristo Jesus é a sua mente, desse momento em diante ela está fazendo alguma coisa para o seu corpo, os seus negócios, a sua renda, os seus relacionamentos humanos. Isso pode parecer lento, no começo, salvo se você vivenciar uma luz inclusa tal como Saulo quando ele se tornou Paulo. Nesse caso, isso poderia acontecer rapidamente; porém, mesmo com Saulo, isso levou nove anos depois de ele ter tido sua grande experiência antes de tornar-se Paulo e sair em sua primeira missão. Levou todo esse tempo para que a verdade fosse absorvida, se desenrolasse e surgisse.

Assim é conosco. Algumas vezes captamos uma inclusa luz, mas podemos não compreender todo o seu significado até algum tempo depois. Percebi isso nos primeiros dias de minha prática de cura quando estava enviando uma carta semanal. Apesar de saber da verdade que havia escrito, foi apenas relendo essas cartas dois anos depois que compreendi certas declarações e senti uma convicção interior ou a compreensão delas.

Você pode constatar que esta é também a sua experiência, porque muitas verdades com as quais hoje você concorda intelectualmente só poderão enraizar-se em você um ou dois anos, a partir de agora. Muitas vezes leva tempo para ascender do nível do sentido egoísta para uma consciência mais elevada. Se você estivesse em um ponto suficientemente alto de consciência espiritual, o que leu até agora neste texto teria elevado você até o céu. Mas o fato é que uma declaração está enraizada em uma pessoa aqui, e alguma outra declaração em outra pessoa lá. Essas palavras estão vindo através do Espírito, mas é necessário um grau de percepção espiritual para ser capaz de diferi-las e apreendê-las. Frequentemente constato que muitas declarações que fiz em ocasiões diferentes me surpreendem quando as ouço de novo e me pergunto onde as arranjei.

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domingo, junho 19, 2016

Misticismo - 2/2


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PROVAÇÕES NA SENDA ESPIRITUAL

Preciso dizer-lhes isto também: a trilha espiritual não é de rosas sem espinhos. Quando você decide fazer a transição para a vida mística, verá que é necessário abandonar muitos de seus conceitos anteriores de corpo, negócios e prazer. Você encontrará novas experiências à sua espera, e, nesse período de transição, nem tudo é harmonia, "porque estreita é a porta, e apertado é o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem" (Mateus 7:14). Essa vida não é fácil em seus primeiros estágios. De fato, aprender estas lições pode ser muito doloroso porque muitas delas só chegam através de um profundo sofrimento. É estranho, mas sem esse sofrimento talvez não as aprendamos, porque quando tudo está bem e estamos em paz com o mundo, não fazemos realmente o esforço nem realmente tentamos nos aprofundar dentro de nós mesmos.

Frequentemente, seguimos pensando como tudo está indo bem - mas, de fato, não há progresso. É a oportunidade de nossas provações e atribulações que nos forçam para cima, e muitas vezes a pessoa que sofreu mais é a que mais consegue - não porque isso seja necessário, ou que haja algum Deus que o decrete, mas por causa da inércia, por causa do nosso desejo de continuarmos ao longo do caminho que estamos seguindo, porque gostamos de saber que cada dia será seguido por um outro dia sem dor, sem carências e sem limitações.

Tenho lido as vidas de muitos que foram longe na trilha espiritual e até agora não encontrei ninguém que não tinha tido o seu Gethsêmane. Essas grandes verdades não são de fácil consecução. Se as provações não chegam sob uma forma, chegam sob outra. Jesus enfrentou provações, muitas delas, conquanto seja verdade que não temos de passar por acusações e suportar a condenação pública, teremos de vivenciar um pouco de luta pessoal. Pode ser dentro de nossa família. Pode ser dentro de nossa comunidade. Em algum lugar, de algum modo, se temos de sondar as profundezas da sabedoria espiritual, cada um de nós deve passar por um período de transição.

Uma das maiores provações pode acontecer quando você pára de depender das pessoas ou quando cessa de enviar contas a seus pacientes e decide que vai depender unicamente do Cristo. Esse primeiro mês em que está ocorrendo esse ajuste e você não pode pedir dinheiro a ninguém, nem pode mandar uma conta, é um período em que você algumas vezes treme um pouco e pondera se essa dependência do Cristo irá funcionar. Depois, quando você chega àquele grande estágio de cura em que não precisa de usar palavras ou pensamentos no tratamento, nunca duvide de que você teve uma provação, um "Rio Jordão" a cruzar. Primeiro vem a tentação: "Acho que não estou fazendo justiça a meus pacientes; acho que não estou trabalhando bastante arduamente"; e depois vem a segunda tentação, após terem ocorrido algumas bonitas curas, depois de os pacientes terem sido muito generosos, e você sente: "Não posso receber este dinheiro; eu realmente não trabalhei para isto; não fiz o suficiente para ganhar isto".

Existe toda espécie de provações que chegam com esta vida. Quando você alcança o estágio em que sua resposta a um pedido de ajuda é tão simples como: "Eu realmente acredito que Deus é a vida de todo o ser; e, portanto, qualquer aparência de erro não pode ser, nem mais nem menos, do que alucinação, uma tentação que me vem para me fazer crer num 'eu' à parte de Deus. Eu me recuso a acreditar nisso" - e fico satisfeito por deixar que esse seja o tratamento; depois, quando você se lembra das primeiras formas de tratamento que usou, surge um período de hesitação e de dúvida. Esse período de transição não é fácil. Chega uma ocasião em que os membros de sua família começam a dizer que você deve ter ficado louco, e os membros de sua igreja lhe dizem: "Bem, você agora com certeza saiu dos eixos".

De um modo ou de outro as provações chegam até nós através de nós mesmos, através de nossa família ou de nossos pacientes. Pode até surgir uma ocasião de problemas sérios de saúde e suprimento - nossos ou de nossos pacientes - mas temos de aprender a permanecer firmes, temos de aprender a fazer vigília com eles. Também temos de aprender a nos afastar por "quarenta dias", ainda que não sejam realmente quarenta dias, mas em sentido figurado. É nos afastarmos para dentro do "armário", em nosso esconderijo, e apenas orar até cansar o nosso velho coração: "Afasta de mim este cálice - todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres".

Todas estas coisas nos vêm neste caminho - estreito e apertado. À medida que você abandona a sua confiança em todos os meios humanos de salvação, à medida que você escolhe este caminho, você verá como ele é estreito e apertado. Você verá como são poucos os que o percorrem e, durante algum tempo, parecerá que você está afastado de seus amigos; parecerá que ninguém no mundo o entende e que você jamais encontrará alguém que o entenda. Eu sei, porque durante muitos anos não só tive a oportunidade de falar desta maneira em público como também não tive sequer a oportunidade de falar destas coisas em particular. Tive de ficar quieto, porque no momento em que eu tentasse expressar quaisquer destas idéias, as pessoas entenderiam mal.

Se nossa confiança está no plano interior, se sua confiança está em seu contato com Deus, e você julga que não depende de meios humanos para demonstrar o seu bem, surge uma ocasião em que você tem de permanecer quieta e secretamente dentro de seu próprio ser. Você tem de resolver isso sem falar a esse respeito ao mundo exterior. Tem de prová-lo e, depois de ter feito isso, a evidência é tão grande que você não precisa mais contar, exceto quando estiver ensinando. Você nunca terá de contar a ninguém que encontrou "a pérola de grande valor". Em primeiro lugar, se você contasse, isso seria quase que a prova positiva de que não a tinha encontrado. Não é necessário falar disso, porque toda a sua vida, toda a sua atitude, todo o seu ser são evidências suficientes. Tudo indica que você a encontrou, e então o mundo a quer - ou quer pelo menos os seus frutos.

Surge um outro período difícil, quando você realmente acredita que o mundo reconheceu que você encontrou a "pérola", e ele a quer e você deseja expô-la. Depois que você faz isso durante diversos anos - anos de profundo sofrimento - você descobre que o mundo não a queria, absolutamente: apenas queria os frutos que viu você desfrutar. Eis porque, quando alguém vem até você, alegando que quer essa verdade, você se movimenta com calma - você nem sempre tem a certeza de que a pessoa está sendo verdadeiramente sincera. Talvez ela queira apenas os efeitos ou os resultados. Você logo descobre o que é e qual é o propósito real dela porque, se ela realmente o quiser, haverá indicações de que todas as outras coisa foram postas de lado e por suas ações ela prova que nada é tão importante quanto a verdade. Então você ouvirá: "Bem, quinta-feira à noite não pode ser, mas eu virei na terça-feira de tarde. Se você não puder me ver, então eu não posso vê-lo!"

Quando um discípulo quer realmente a verdade, ele virá à meia-noite ou a qualquer hora do dia ou da noite, bastando que você o diga. Você sabe que Brow Landone mantinha o horário do consultório durante a noite toda? Quando você marcava uma entrevista, tinha de perguntar se era antes ou depois do meio-dia. Tive entrevistas com ele que duraram até as seis.

Quando você se torna atuante neste trabalho, constata que não há isso de manter o horário do consultório. Antes ou depois do meio dia não significa absolutamente nada para você, exceto para manter o registro certo, e a devoção e a dedicação dos que vão até você, podem, num certo sentido, ser medidas por seu interesse quanto ao fato de a entrevista com você ser antes ou depois do meio-dia, na terça, na sexta ou no domingo; porque se essas pessoas estão preocupadas com essas trivialidades, então seus corações estão longe - e este caminho não visa aos corações, almas e mente que não estejam em Deus.

Se há uma ideia em sua mente de que a verdade é algo que possa ser usado, que é algo para obter ganho pessoal, para obter felicidade ou saúde pessoal, nem comece o seu estudo porque você encontrará só desapontamentos e corações dilacerados. Há uma infinidade de métodos metafísicos que podem ser usados com a finalidade de proporcionar felicidade pessoal ou ganhos pessoais temporários. Mas o Caminho Infinito não pode ser usado para tais propósitos: o Caminho Infinito pode proporcionar somente imortalidade e eternidade e todo o bem que Deus conhece. Mas isso em um nível completamente diferente do que o do bem humano, assim como a liberdade espiritual não deve ser confundida com liberdade humana.

A liberdade espiritual, a paz que ultrapassa o entendimento, não depende de nada no mundo exterior. Depende do seu relacionamento com o Cristo, com Deus. Quando isso se torna real, quando Ele se incorpora em você, quando Ele o inflama e essa vida se torna seu tudo em tudo, você se vê vivendo em dois mundos: o mundo interior, que é o importante, e o mundo exterior, com sua cota de satisfações, que não deve ser tomado muito a sério e não deve tomar muito tempo e esforço porque a impaciência para voltar ao Centro é muito grande.


PODER ESPIRITUAL NOS ASSUNTOS DO MUNDO

Quando Deus se torna uma realidade e nos tornamos conscientemente um com Ele, Ele guia cada pessoa de nossa experiência; Ele nos supre; Ele atrai para nós tudo aquilo de que precisamos no mundo - amizades certas, relações familiares certas, suprimento certo, atividade certa, livros certos, associações certas, tudo quanto é necessário para avançar nosso bem-estar cultural e espiritual e nos prover com maior oportunidade para sermos úteis ao mundo. Tenho um profunda convicção de que, pela primeira vez na história do mundo, o poder espiritual vai desempenhar um papel importante nos assuntos humanos.

Até o momento, Deus realmente tomou parte na história do homem ou existe qualquer evidência de que Deus Se preocupou com os problemas do homem? Se Deus tivesse tomado parte na história do homem, eu não acredito que o mundo teria passado por milhares e milhares de anos de guerras, furacões, terremotos, fomes e epidemias. Se Deus estivesse presente nos assuntos humanos, tais coisas não poderiam ter acontecido. Então, onde é que Deus tem estado durante todos esses anos?

A verdade é que Deus sempre está presente na consciência daqueles que estão conscientes de Sua presença. Mas quantas pessoas tiveram essa consciência? Os poucos que viveram em mosteiros, os poucos que viveram em ashrans, os poucos discípulos espirituais do mundo, os poucos que tentaram fundar organizações religiosas falharam. Eles conheciam Deus e tinham tido a bênção da presença de Deus e do poder de Deus em sua experiência individual.

Essa bênção, entretanto, não desceu até o nível das massas. De fato, a verdade espiritual nunca foi dada ao mundo em geral até os três últimos quartéis do século. Antes dessa época, todo o conhecimento religioso do mundo era zelosamente guardado pelos filósofos, padres e rabinos. Tudo o que o povo - as massas - alguma vez receberam foram formas, cerimônias, rituais e credos. Será que os mestres hindus alguma vez ensinaram os que estavam abaixo do nível do brâmane espiritual? Exceto durante um breve período na Europa - o período dos místicos ocidentais, durante uns poucos séculos, mais ou menos entre 1200 e 1700 - as massas receberam alguma vez ensinamentos sobre a verdade espiritual? Quantas pessoas Jesus foi capaz de alcançar? No máximo umas poucas centenas, praticamente nada em comparação com a população do mundo. Quando é que a consciência espiritual alguma vez alcançou a consciência da massa humana?

Mas ocorreu uma mudança nos anos em que a Ciência Cristã, a Unidade, o Novo Pensamento começaram a ser transmitidos ao mundo. As pessoas foram encorajadas a meditar, a refletir, a estudar diariamente lições espirituais, a ir à igreja na quarta-feira ou no domingo, e depois ir à igreja em outras ocasiões para servir em grupos de trabalho, ou para serviços religiosos cotidianos da tarde. Durante muitos anos, através da Ciência Cristã, Unidade e Novo Pensamento, a verdade espiritual foi transmitida às pessoas, a um grande número delas, a qualquer um que a aceitasse.

Tudo isso atuou como um fermento, de modo que as pessoas que nem ao menos conhecem o significado da palavra "metafísica" usam a expressão "passagem", em lugar de morte. Muitas pessoas que não conhecem o significado da palavra "metafísica" admitem que existe um poder espiritual, ou que as doenças têm sido curadas e o suprimento tem sido recebido através de meios espirituais. Os médicos admitem a eficácia da cura espiritual, porque viram casos e casos curados nos hospitais. Na verdade, os clínicos médicos psicossomáticos colheram experiências dos primitivos ensinamentos metafísicos, e alguns deles agora acreditam numa forma já ultrapassada da metafísica, que ensina que há cura mental para a doença física.

A verdade é que não há doença no reino de Deus. Você não pode ter Deus e doença ao mesmo tempo. Existe um único poder, e esse é Deus. Qualquer outra coisa é crença ou ilusão. Mas, no início, apesar de o ensinamento de uma causa mental para uma doença física ser errônea, isso significava um passo à frente no que eu vinha fazendo antes. Foi empregada a terminologia da religião, e Deus foi levado para as artes da cura.

Tudo isso teve um efeito importante: levou as pessoas ao assunto de Deus em qualquer dia da semana que não fosse no domingo, e levou-as ao lugar onde fizeram de Deus uma parte de sua experiência cotidiana como um meio de vencer os seus problemas. Não faz diferença o quanto rudimentar tenha sido o começo; houve resultados satisfatórios e bons efeitos. Isso espalhou a palavra de que o mundo de Deus não é apenas uma experiência domingueira, ou uma experiência apenas para o ministro, para o padre ou para o rabino, mas que Deus é uma experiência para você e para mim, e que podemos alcançar a união consciente com Deus ainda que não sejamos ministros, padres ou rabinos.

Se você não fez parte dessa revolução religiosa, ou se você pelo menos não a observou de perto, não pode compreender as mudanças que ocorreram quando Deus foi elevado à consciência do homem da rua. Provavelmente, este foi um dos maiores eventos já ocorridos na história do mundo. E agora, faz setenta e cinco anos que isso tem sido disseminado e até mesmo em pequenas bibliotecas metafísicas, em centros de verdade ou em salas de estudo da Ciência Cristã, provavelmente duzentas ou trezentas pessoas vão diariamente meditar, estudar e procurar conhecer mais sobre Deus. Pense nos muitos lares que estão sendo afetados pelo trabalho que é feito nos centros de Unidade, nos centros do Novo Pensamento, nos centros independentes, nas Igrejas e Salas de Estudo da Ciência Cristã. Procure multiplicar isso pelo mundo todo.

Como é que o efeito de milhões de exemplares vendidos de In tune with the infinite ("Em Sintonia com o Infinito"), de Ralph Waldo Trine, pode ser avaliado? Você sabe o que poderia significar para dois milhões de pessoas ter pensado a respeito de Deus antes desta era?

Com esta percepção de Deus na consciência humana - e lembre-se de que um pequeno grão de Deus pode fazer milagres - pense como essa consciência de Deus deve estar fermentando o pensamento, influenciando nossos dirigentes públicos e nossas relações internacionais! Se ainda não houve qualquer influência significante, haverá, em grau sempre crescente. A consciência de Deus neste mundo algum dia dominará e controlará a consciência toda do mundo - político, econômico, social e religioso. Isso acontecerá porque, pela primeira vez, as massas estão aprendendo a levar Deus à sua experiência, não apenas sete dias por semana, mas estão aprendendo a "orar sem cessar". Estão aprendendo a levar Deus à sua consciência, mesmo quando se sentam para um simples desjejum ou almoço.

O pensamento do mundo está sendo fermentado; o pensamento do mundo está sendo alcançado com essa consciência de Deus. Não faz diferença qual dos movimentos metafísicos você citar. Cada um deles está levando a palavra, Deus, a expressão consciência de Deus e a ideia de Deus imanente na experiência individual do mundo. Por isso, cada qual está agindo como uma bênção; cada qual é uma luz para o mundo.

Chegará o dia em que cada prático metafísico deverá estar tão imbuído do Cristo que ele poderá curar e, depois se você for a um prático do Novo Pensamento, da Unidade e da Ciência Cristã, você alcançará a cura.

Sejamos honestos a este respeito: o ensino em si nada tem a ver com a cura. O ensino só serve para abrir sua consciência à receptividade do Cristo; e essa receptividade do Cristo é o que faz a cura. Todos os livros - milhares e milhares - não curarão uma simples dor de cabeça, mesmo que você pudesse memorizar todos eles. Somente o Cristo cura. Há, na Bíblia, verdade suficiente para abrir a consciência para o Cristo mesmo que não houvesse um único livro metafísico na Terra. Há verdade suficiente em qualquer livro metafísico honesto para abrir a consciência para o Cristo. Por pouca que seja a verdade existente em alguns deles, ainda há o suficiente - verdade suficiente para levá-lo ao Cristo, e essa é a influência fermentadora, não a palavra escrita.

A cura será ocasionada somente quando o Cristo é introduzido na consciência. Você pode ir a qualquer pessoa que cure em qualquer dos movimentos metafísicos, e se você encontrar uma que esteja imbuída do espírito da verdade e do Cristo, ela será capaz de efetuar uma cura para você, ainda que ela seja parte de um movimento em que o ensino não ocorra num nível muito espiritual. Dia virá em que cada prático, não importando o seu antecedente metafísico, estará tão imbuído do Cristo que, quando houver um chamado, o Cristo deve responder e ocasionar a cura.

Deveria haver lugares - e existem alguns - que abrissem suas portas às pessoas de todas as igrejas, ou que não tenham igreja, a todas as organizações ou a nenhuma organização, possibilitando que as pessoas se encontrem no nível comum da Cristandade, não estar muito preocupadas acerca do ensinamento particular que está sendo seguido, porque repetidamente nos dizem que "a letra mata e o espírito vivifica" (II Coríntios 3:6). Não estou muito preocupado com os livros que as pessoas leem, mas estou preocupado com as pessoas que os leem. Estou preocupado quanto ao fato de elas encontrarem ou não nesses livros alguma medida do Cristo, o suficiente para lhes dar o desejo de vivê-Lo e levarem o pensamento de Deus à sua experiência humana.

Lembre-se de que foi prometido que, se houvesse dez homens justos na cidade, esta seria salva. Há uma profunda lei espiritual amparando esta declaração. Se existirem algumas dezenas de pessoas justas, de pessoas conscientes de Deus, de pessoas contagiadas por Deus, talvez elas salvem a cidade, a nação ou o mundo. Isso poderia muito bem acontecer, sem dúvida. Pode ser que o pensamento justo de apenas alguns, no plano interior, toque e alcance a consciência do mundo.

Conhecemos civilizações que foram eliminadas, civilizações que eram tão adiantadas quanto a nossa e algumas que eram ainda mais adiantadas. Em nossa complacência, provavelmente pensamos que temos o maior grau de civilização já alcançado pelo homem. Na verdade, talvez sejamos a maior geração de cientistas, engenheiros mecânicos e fazedores de "bugigangas", mas não somos a maior geração, a mais civilizada. Essa honra foi reservada a outras civilizações, e elas foram eliminadas. Também não houve Deus que impedisse esse holocausto. E nunca haverá até que Deus se torne o nível da consciência individual e da massa. Então Deus trabalhará em nossos assuntos humanos. Você precisa reconhecer a validade desta declaração, porque, assim como Deus não trabalhou muito em nossos assuntos humanos até que você conseguisse um lampejo do Cristo e, a partir de então, Deus passou a governar todos os seus assuntos humanos, da mesma forma, Deus não trabalhará nos assuntos humanos enquanto Ele não se tornar a consciência real de milhares e milhares de pessoas. Então você verá essa mesma consciência de Deus influenciando assuntos materiais e internacionais.

A força do Cristo é tão imensa que, quando se torna viva, Ela vem com um propósito universal, não apenas com a finalidade de resolver alguns de nossos problemas pessoas humanos. O Cristo é um bem universal, não um bem pessoal. Qualquer verdade individual é também uma verdade universal. Por isso, cada vez que há uma demonstração individual da presença do Cristo, há uma demonstração universal. Ele apenas precisa ser reconhecido numa escala mais ampla para ser atuante nos assuntos do mundo.

Provavelmente, é por isso que a Bíblia diz que se houver dez homens justos - não apenas um ou dois, mas dez - se houver dez homens com espiritualidade suficiente, fermentando a consciência, eles influenciarão os outros. Isso não significa que há necessidade de números: significa que pessoas suficientes precisam estar dispostas a passar à influência do domínio espiritual, porque não podemos, com toda nossa espiritualidade, levar nem mesmo os membros de nossa família para o céu, se eles não quiserem ir. É preciso, numa consciência permeável, um fermento, de modo que pessoas suficientes terão realmente o desejo de abandonar sua dependência em relação aos meios humanos.


A BATALHA NÃO É SUA

"Não resista ao mal". Não importando o nome ou a natureza de seu problema particular, pare de combater o erro tanto quanto possível; procure não combatê-lo demasiado arduamente. Convença-se de que a batalha não é sua; depois, sossegue e veja a salvação do Senhor. Você não precisa batalhar: tudo o que você tem a fazer é reconhecer que tudo o que está acontecendo é para a glória de Deus. Veja se você não pode ficar mais tranquilo acerca deste trabalho de cura e agir como se estivesse realmente convencido de que o mal não é um grande poder.

Suponhamos agora mesmo que você teve o poder pessoal de ser capaz de curar uma doença. Isso não o assustaria? Deveria assustá-lo! Deveria! Mas você não tem tal poder. O Cristo, o Invisível Infinito, é a única agência de cura que existe no mundo. Ele dissipa a ilusão dos sentidos e isso é tudo quanto é necessário.

O grande segredo é: "Eu não posso, de mim mesmo, fazer coisa alguma" (João 5:30)... "E vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim." (Gálatas 2:20). O grande segredo não é quanto poder pessoal você pode desenvolver como pessoa que cura, mas o quanto você se torna um bom veículo para o Cristo, o quão clara é a sua transparência, que grau de consciência de Cristo você desenvolve. Em outras palavras, qual é o grau de amor ao erro, ou de ódio ao erro, ou de temor ao erro que está dentro ou fora de sua consciência? Quanto você teme realmente o erro? Quanto você realmente ama o erro? Quanto você odeia o erro? Isso determina o quanto você é transparente para o Cristo. Não se trata de quanto poder você tem, mas de quão esclarecido você esteja sobre a grande verdade de que Deus é amor e de que Deus não faz acepção às pessoas. N'Ele não há pecado nem doença, e vivemos, nos movimentamos e temos o nosso ser na consciência do Cristo.

Para todos vocês que estão ativamente empenhados no trabalho de cura, quando surge um chamado, vejam até que ponto podem parar de estabelecer uma resistência ou negação, apressando-se com um: "Isso não é verdade! Isso não é verdade!" Vejam se podem deixar de fazer isso e acreditar que não se trata de verdade. Se vocês realmente acreditam que não se tratam de uma verdade, não precisam dizê-lo ou declará-lo: Vocês podem contentar-se em sorrir, porque são capazes de ver de outra maneira.

Algumas vezes vocês terão de manter isto durante muito tempo. A tenacidade do erro é tão forte nos pensamentos de certas pessoas que é necessário persistir nesta prática. Ainda não chegamos ao ponto onde possamos saber, com alguma certeza, por que uma pessoa pode ser curada num minuto e por que a cura leva dois ou três anos para a outra. Talvez alguns julguem, como eu, que isso tem a ver com a preexistência; tem a ver com o ciclo de vida do indivíduo antes que ele fizesse seu aparecimento no plano desta Terra. Eu, pessoalmente, creio nisso. Acredito que, se a vida é eterna, sempre temos vivido, e desde que sempre temos vivido, devemos ter vivido dentro ou fora de algum determinado estado de consciência, motivo pelo qual algumas pessoas são muito mais desenvolvida que outras.

Por exemplo, você - que alcançou pelo menos um estado suficientemente alto de consciência para estar lendo e estudando a verdade - suponha que neste momento estivesse passando (morrendo). Você não teria de vivenciar todas as coisas pelas quais passou antes de ter vindo para esta dimensão espiritual. Muito provavelmente, você começaria no plano seguinte ao que você está neste minuto como uma Alma espiritualmente desenvolvida - em alguns casos, até bem mais adiante, porque muitas vezes o ato da transição é liberador.

Mas nosso interesse particular neste momento não é especular os motivos pelos quais uma pessoa é curada rapidamente, não acontecendo o mesmo com uma outra. Nosso problema particular é o desenvolvimento de uma certa medida da consciência do Cristo - esse Amor universal divino, esse sentido de perdão e gratidão - o desenvolvimento de nossa consciência até o ponto em que não tememos, não odiamos, nem amamos o erro.

Não se esqueça de que o mandamento do Mestre foi: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo"(Mateus 22:39). Este não foi somente um mandamento para amar a Deus, mas para amar o próximo, para amar o próximo como você mesmo. Algumas vezes alguns de nós se tornam tão absolutos acerca de nosso amor por Deus que nos esquecemos do próximo. Mas não podemos fazer isso neste trabalho. Queremos a plena medida do Cristo; e, por isso, devemos não só amar a Deus com todo o nosso coração, como também precisamos amar o próximo; e esse amor precisa ser mostrado em compaixão, paciência, justiça, bondade, clemência e júbilo - uma disposição para partilhar todo o bem que Deus nos deu.

Acima de tudo, precisamos abandonar nossa crença egoísta de que temos poderes pessoais como práticos. Nossas curas estarão na proporção em que compreendermos que todo o poder nos é dado através de Deus, através do Cristo que nos fortalece. E essa é a única Fonte de nosso poder.

Esta mesma ideia de que não há poder pessoal é da máxima importância para uma vida espiritual ou mística, na qual não há dependência de pessoa, lugar ou coisa, e não há confiança em contatos humanos - apenas dependência e confiança no plano interior, em nosso contato interior com Deus.

Se existe algum método de demonstração, é por meio deste contato com o Pai interior. Conquista a compreensão consciente da presença e do poder de Deus dentro do seu próprio ser. Não importando o nome e a natureza do problema ou necessidade, não procure resolvê-lo no nível do problema. Não tente resolver suprimento como suprimento; não tente resolver relacionamentos de família como relacionamentos de família. Descarte todo o pensamento dessas coisas. Caminhe para o seu íntimo, até encontrar realmente aquele lugar no interior do seu ser que lhe dá a resposta de Deus. Então seus problemas serão resolvidos. À medida que você tocar o Cristo dentro do seu próprio ser, você tocará a nascente de vida mais abundante.

"União consciente com Deus! Esta constitui a união consciente com todo ser espiritual e com toda ideia espiritual."