quinta-feira, maio 05, 2016

Abrindo a porta a Deus

  - Joel S. Goldsmith -


"Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo." (Apocalipse 3:20)

A Presença espiritual Se mantém sempre à porta de nossa consciência, tentando entrar. Por ignorância espiritual, desconhecemos esse fato. Temos vivido fora de nós mesmos, à mercê de toda sorte de influências externas, passando por várias experiências, algumas agradáveis, outras enfadonhas, mesquinhas, pecaminosas, que poderíamos ter evitado, se tivéssemos encontrado o céu na terra. Ninguém nos havia dito que o Divino, o Eu em nós, está constantemente à porta de nossa consciência, batendo para que Lhe abramos nossa mente, a fim de que Ele assuma um governo sábio e amoroso em nossa vida. Entregues a nós mesmos, lutávamos. Defendíamos-nos. Vivíamos mal, como grande número de pessoas que não se encontraram ainda.

Agora, através desta revelação, chegou o tempo de adquirirmos um novo senso de vida, pela experiência de que nosso corpo é o templo do Deus vivo, ao Qual devemos consagrar nossa vida.


Dedicação

Todos os dias, devemos dispor de um período em que possamos fechar os olhos e nos voltar para dentro de nós mesmos, convidando Deus a entrar.

Em sentido metafísico, porém, Deus não entra e nem sai, pois nada tem de natureza material; não pode limitar-Se a ficar dentro ou fora de coisa alguma, já que é onipresente, isto é, está sempre e ao mesmo tempo fora e dentro, acima e abaixo de tudo, porque permeia tudo.

Portanto, se Deus, como Infinidade, é Onipresente, no momento em que Lhe abrimos a porta –imagino essa porta como sendo a minha mente – apercebemo-nos de que Sua Presença e Infinidade inundam nossa consciência e no guiam ao estado da Graça! A Graça de Deus é o poder, a Presença e a sabedoria que “excede todo o entendimento”. A Graça de Deus é o que nos confere, como recompensa por Lhe abrirmos nossa “porta”, a auto-realização, seguida de seus frutos.

Se não negligenciarmos, horas virão em que seremos guiados, intuídos, beneficiados, abençoados. Mas a dedicação a Deus deve ser renovada e realimentada em cada meditação. Para isso, procurem vivenciar a essência destas palavra:

“Eis que estou à porta, e bato (...)”. Abro minha consciência a Deus, imortal e infinito. Ele habita em mim e eu n’Ele. Assim, a Consciência divina me permeia. Minha mente, minhas emoções, meu corpo, meu trabalho, meu lar, minhas recreações, meus relacionamentos, minhas aptidões, são dedicados a Ele. Consagro-Lhe tudo o que sou e tenho. Faço-me um instrumento consciente de Sua vontade, para que Ele realize minha parte em Seu plano”.

A sincera consagração aos desígnios divinos, leva-nos a um estágio mais alto, no qual podemos compreender porque algumas pessoas progridem intensamente em suas atividade espirituais, enquanto outras não. Por ignorarem a natureza da dedicação, consideram-na uma qualidade humana, uma virtude de sua personalidade. Ufanam-se de serem consideradas pessoas incomuns e dedicadas. A dedicação se converte, pois, em glória pessoal, não numa consagração a Deus. Torna-se uma dedicação a si mesmo (personalidade), e nada pode acrescentar ao íntimo como crescimento.

Pela consagração correta, a vida passa a ter um propósito espiritual, que inclui o serviço humilde, amoroso e altruísta ao próximo, por amor a Deus, como foi dito: “Em verdade vos digo, o que fizestes a alguns destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizeste” (Mateus 25:40)

A Descoberta do Reino em Nós

Não há outro lugar onde possamos encontrar o Reino de Deus, senão dentro de nós. Todavia dentro de nós não significa o coração, ou o cérebro, ou a medula espinhal.

Quando fechamos os olhos e nos voltamos para dentro, sentimo-nos envoltos em densa escuridão. É o vestíbulo do Infinito! Aí é que se nos abre a porta que nos conduz ao Reino de Deus, o Reino do Espírito. O reconhecimento deste fato quase nos põe em condições de “ouvir a pequenina e silenciosa voz”, que nos vem de dentro, não de fora. Vem-nos do Ser interno, do centro para a periferia, das profundezas para a superfície de nosso Ser. Em tal estado de abertura expectante, compreendemos que “através da consciência, ganhamos acesso ao Reino de Deus”!

No momento em que aprendemos a fechar os olhos e a penetrar, com a atitude correta, no “Vestíbulo do Infinito” – à Sua Graça, às Suas dádivas, ao Seu amor e Vida – inicia-se um processo de enriquecimento de nossa consciência. A princípio não o podemos perceber, porque ainda nos encontramos nos sentidos físicos. Mas com o tempo, pela sincera persistência e anelo de luz, testemunharemos resultados mais profundos. Esses resultados se evidenciam em nossa própria vida: a melhora nos relacionamentos, na saúde, na provisão de recursos, etc., porque, ao ir penetrando em nossa consciência, essa Influência espiritual, purificadora, vai harmonizando e restaurando tudo!

É-nos extremamente beneficioso abrir a consciência ao Espírito. Do contrário, Ele permanecerá fora – no sentido de que, ao crer-nos distanciados d’Ele, isolamo-nos de Sua Graça. Isto responde àquelas perguntas tão freqüentemente formuladas: “Por quê este pobre cão foi atropelado?”, “Por quê esta boa mulher foi acometida de tão horrível enfermidade?", “Por quê estes jovens são enviados ao campo de batalha, onde serão mutilados ou mortos?"

É que o “homem natural” não vive sob a Lei de Deus. O que de bom lhe acontece é, as mais das vezes, ocasional e efêmero. Mesmo os que nascem com vocação especial e desejam ardentemente cultivá-la, nem sempre o conseguem. Há muitas pessoas de talento que nunca prosperaram. Outras há que merecem reconhecimento do mundo e nunca o receberam. Grande parte do êxito humano é acidental.

Como, então, podemos ficar acima desse reino do acaso, onde estamos sujeitos a toda sorte e caprichos e flutuações? A resposta é: submetendo-nos à Lei de Deus. Quando cumprimos a Lei, compreendendo a necessidade de entrarmos em sintonia com o Universo de que fazemos parte, guindamo-nos ao plano da Graça e, nesse estado, a Lei atua em nosso favor; e somos guiados pelo Paráclito prometido por Jesus Cristo.

Mas ninguém pode fazer isto por nós. É uma escolha voluntária. Temos o direito de descer ou subir. Mas, se querem o meio de consegui-lo, é a meditação, tal como aprendi, cujos resultados comprovei e agora ensino:

Inicie, diariamente suas meditações, durante três ou quatro períodos de, no máximo, quatro minutos. Algumas vezes bastam dez ou vinte segundos, nos quais você procurará abstrair-se dos ruídos externos, e abrir o “ouvido interno”, para escutar os sons que estejam além e acima da faixa dos sons conhecidos. Diga, então, em seu íntimo: “Fala Senhor, que Teu servo escuta!”

Sinceramente feito, este exercício vai abrindo a porta da nossa consciência, atendendo ao honroso convite do Cristo interno. E Ele entrará, senão logo, algum tempo depois, de modo apenas perceptível por aquelas doces sensações de Algo sublime, que nos põe num estado especial, inspirado, de felicidade.

Mas é comum que, antes de visitar-nos, Ele nos ajude a operar certas mudanças em nossa natureza egoísta e vaidosa. É provável que nos leve a perceber o que Ele diz: “Buscas-me somente pelos pães e peixes. Vai cuidar de seus negócios. Estou triste contigo!” Mas, se nos voltarmos a Ele com intenções sinceras e puras, Ele virá sem tardança, mais depressa do que O esperamos. E Sua influência nos conduzirá finalmente àquela meta atingida por Paulo, quando disse: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim!” - Gálatas 2:20.



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