sexta-feira, novembro 27, 2015

Abandonando o julgamento, adentra-se a Percepção (Goldsmith)


.
É na transcendência da mente, na capacidade de se abster do discurso e de atingir e manter um estado de quietude interior, que se cumpre a experiência. 

Essa quietude interior é atingida quando somos capazes de olhar para uma pessoa, coisa ou condição sem rotulá-la de boa ou má. Aí não resta à mente nada a que se agarrar ou em que pensar; ela não tem nada com que se preocupar, e nada de que se rejubilar: torna-se simplesmente quieta.

É como olhar objetivamente para uma pintura, sem qualquer ideia preconcebida, tal como se é boa ou má, sem qualquer opinião baseada na reputação do artista ou no fato de gostarmos do tema. 

Ver uma obra de arte com tal distanciamento critico capacita-nos a ver a visão do artista: o que estava em sua mente, alma e consciência quando ele realizou a obra. Tanto mais assim deveríamos olhar para a criação espiritual, não através de nossas noções preconcebidas de como deveriam ser os seres humanos, mas através da consciência do divino Criador!

A única maneira pela qual se pode fazer isto é abdicando a todos os rótulos de bem e mal, e, uma vez suspenso por completo o julgamento, achamo-nos na consciência do Criador espiritual e somos capazes de contemplar o universo como Deus o contempla. Agora, PERCEBEMOS a Mente de Deus; ou, de modo contrario, quando a mente que julga e rotula se aquieta, a mente de Deus tornou-se a nossa mente ativa. 

Mas não pode haver a Mente de Deus funcionando em nós enquanto nossa mente estiver formando julgamentos de bem e de mal, porque enquanto estivermos vendo as pessoas, as coisas ou condições como boas ou más, estaremos empregando padrões humanos de julgamento, e nenhum padrão de julgamento humano pode jamais ver a natureza real da criação. 

Se pretendermos visualizar corretamente este mundo, devemos visualizá-lo através dos olhos, ou da consciência de Deus, e isso só é possível uma vez que a mente humana se tenha aquietado e tenha abdicado a seus julgamentos em termos de bem e mal.

Uma prática deste tipo ajuda-nos a nos abstermos de reagir às aparências externas. Isso é difícil, mas quando se alcança a capacidade de não reagir às aparências – e todos os estudiosos imbuídos de seriedade mais cedo ou mais tarde chegam a isso – advém, fácil e geralmente, a cura espiritual. 

Teremos percorrido um longo caminho em nossa jornada espiritual, quando formos capazes de ver a doença, o pecado, o alcoolismo e todas as outras aparências do gênero e não reagir a elas, não tentar curá-las ou alterá-las, mas lembrar-nos conscientemente de não julgar segundo as aparências: “Quem me designou juiz ou partidor sobre vós?” (Lucas 12:14)

Não, não aceito aparências: aceito a verdade de que o Espírito de Deus está em vós, não importa quem sejais: um prisioneiro na cadeia, um ladrão na rua, um alcoólatra na esquina, ou um moribundo no hospital.

Não devemos reagir às aparências: devemos lembrar-nos de que, como Deus é onipresença, independente de que aparência vejamos com nossos olhos, é apenas uma aparência, e, por ser apenas uma aparência, nada devemos fazer a seu respeito, a não ser reconhecê-la como tal. Isso é discernimento espiritual; isto é a capacidade de não acreditar no que vêem nossos olhos e de não julgar segundo as aparências.

Toda a obra de cura espiritual baseia-se nesse ponto. 

Se, ao receber um pedido de socorro, o praticante pretendesse sentar-se e tentar curar alguém, não seria um praticante por muito tempo. O praticante da cura espiritual nada sabe daquilo a que se chama cura. 

Toda a essência do curador espiritual reside num discernimento interior de que Deus é vida individual, e, portanto, a vida é imortal, eterna e indestrutível – um discernimento espiritual, que consiste em não julgar segundo as aparências.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Devido aos spams que chegam constantemente, os comentários estão sujeitos à moderação.
Grato pela compreensão!