sexta-feira, novembro 07, 2014

IMORTALIDADE TRAZIDA À LUZ - 5/8

Dorothy Rieke


Jesus estava consciente da sua pré-existência espiritual., como se pode verificar pelo teor desta grande oração: “E agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.” (João 1 7:5) É fácil compreender que não podia existir moléstia, pecado ou mesmo uma crença em nascimento, “antes que houvesse mundo”. Deus era a única origem, o único criador. Ele glorificava o homem através da Sua própria existência, da Sua. própria realidade, da Sua própria substância, da Sua própria consciência, do Seu próprio ser e da Sua ação; da Sua própria lei, da Sua própria realidade, do Seu próprio amor, do Seu próprio conhecimento e compreensão.Esse mesmo fato é verdadeiro ainda hoje, pois nunca existiu um mundo material ou uma existência material para interromper a imortalidade. A Sra. Eddy escreve, em Escritos Miscelâneos: “O conhecimento firme e verdadeiro que o manso Nazareno possuía acerca da sua pré-existência e da inseparabilidade de Deus e do homem foi o que o tornou poderoso.” (pág. 189: 8-11) Declara ainda na mesma obra: “Os mortais perdem o seu conceito de mortalidade — moléstia, pecado e morte — na proporção em que adquirem o conceito da pré-existência espiritual do homem como filho de Deus, como o descendente do bem, e não como o oposto de Deus — o mal, ou o homem decaído.” (pág. 181:27) É igualmente importante que, ao utilizar o termo pré-existência, estejamos bem certos de que não nos referimos a uma vida espiritual anterior a uma vida material, ou a uma vida material precedendo uma outra vida material. Muitas religiões ortodoxas ensinam que o homem deixou o céu pela terra, e que devido a esse fato, nós já vivemos espiritualmente antes desta existência material. Outras religiões pregam uma existência material precedendo a existência material atual. Mas a Ciência discorda destes falsos preceitos e os substitui pela verdade da imortalidade ininterrupta da existência espiritual atual, tão espiritual como aquela que existia antes que “houvesse mundo”. Existe somente a existência espiritual, e assim, a única pré-existência tem que ser forçosamente espiritual.

Antes de conhecer a Ciência, eu acreditava que devíamos ter tido vidas anteriores, mas o meu conceito era um conceito mortal. Eu estava predisposta a aceitar a imortalidade, a vida eterna, mas imaginava igualmente que existiam períodos de mortalidade. No final do Curso Primário da Ciência Cristã, cada aluno estava autorizado a fazer uma pergunta ao nosso Professor, que já antes havia insistido no ponto de que a única pré-existência era espiritual. Contudo, eu não estava ainda muito convencida e perguntei-lhe então o seguinte: “Se nunca experimentamos uma existência material anterior a esta, então porque é que eu nasci na América, tive o privilégio de receber uma boa educação, de encontrar a Ciência Cristã e de ter sido abençoada pelo Curso Primário, enquanto que na Índia, um hindu vive na maior miséria, sem quaisquer possibilidades de se elevar acima do seu sistema de castas, recebendo muito menos instrução e não tendo sequer a hipótese de ouvir falar na Ciência Cristã? Se nós não tivemos nenhuma existência humana anterior que influencia o status da nossa existência atual, então porque é que existe uma diferença tão grande nas nossas experiências?” A resposta foi plena de sabedoria: “Ambas não passam de sonhos.”

Pude então entender que o meu raciocínio acerca da pré-existência era falso, porque não estava baseado num fato científico. Como no presente supomos viver uma existência material, eu pensava que a pré-existência, deveria também ter sido material. “Para raciocinar corretamente” – escreve a Sra. Eddy – “deve estar presente no pensamento um só fato, a saber, a existência espiritual. Na realidade, não há outra existência, porque a Vida não pode ser unida à sua dessemelhança, a mortalidade.” (C&S, pág. 492:3-7) Em seguida, neguei o sonho presente da existência material e pude aperceber-me de que a nossa pré-existência era idêntica à imortalidade espiritual, perfeita e ininterrupta. Em momento algum eu e o hindu pudemos viver uma história material, da mesma forma que nenhum de nós foi alguma vez cigano. Tivemos, ao longo de todo o tempo, a nossa vida em Deus e ambos sempre fomos abençoados de uma forma ilimitada pelos Seus recursos infinitos, estando sempre plenamente conscientes da nossa espiritualidade e imortalidade, bem como da nossa união com o Pai.

Referindo-se a uma pré-existência, para assegurar que os seus leitores se conscientizariam totalmente da imortalidade infinita, a Sra. Eddy associou esse tema a uma outra palavra — “coexistência”. Vejam, de que forma inspirada ela a utiliza no livro Escritos Miscelâneos: “A Ciência inverte o testemunho do sentido material pelo sentido espiritual, segundo o qual Deus, o Espírito, é a única substância e o homem, a Sua imagem e semelhança, é espiritual, não material. Essa grandiosa verdade não anula, mas confirma a identidade do homem, a sua imortalidade e pré-existência, ou coexistência espiritual com o seu Criador.” (pág. 47: 21-27)

Tendo aceito o fato de que somos agora imortais e sempre o fomos, será o termo “coexistência” mais apropriado? Mais do que uma sugestão passada, presente ou futura, a coexistência representa a imortalidade ininterrupta do eterno agora; tendo aceito o fato de que somos agora imortais e que sempre o fomos, admitamos o fato de que sempre o seremos. É neste ponto que a maioria das religiões cristãs concordam, ao saber que o nosso futuro está associado à imortalidade.

No entanto, estas diferem da Ciência Cristã, quando partem do princípio de que teremos que morrer para a imortalidade prevalecer; assim, uma vez terminada esta vida, deveríamos então continuar a viver a fim de alcançar a demonstração de imortalidade. Mas a Vida é Deus e Deus é a única Vida, a nossa Vida, a qual não conhece a morte — nem mesmo uma fase chamada transição. Cristo Jesus ensinou, pregou e demonstrou a verdade de que a Vida é eterna e de que a morte não existe. Esta gloriosa promessa foi proferida perto do túmulo de Lázaro: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá, eternamente. Crês nisto?” (João 11: 25, 26). A ressurreição de Jesus dentre os mortos, seguida da sua ascensão, foi uma prova irrefutável de que o homem é eterno. Em todos os seus livros a nossa líder provou a irrealidade e total inexistência do processo de morte. São inumeráveis as vezes em que ela declara: “A morte não existe.” É por este motivo que não deveríamos temer a morte como uma inimiga, nem acolhê-la como uma amiga, mas apenas considerá-la como sendo absolutamente nada, e portanto, totalmente não-existente. Como é maravilhoso saber que a nossa compreensão espiritual, a nossa saúde e a nossa imortalidade não são cúmplices de uma amiga chamada morte! Como tal, não somos obrigados a acolher essa falsa amiga, pois a nossa saúde, a nossa compreensão espiritual e a nossa imortalidade procedem de Deus, fonte inesgotável.

Como considerar então a morte? Como uma amiga, uma inimiga ou como o nada absoluto? Na revista Seleções do Reader’s Digest, de Fevereiro de 1952, consta um excerto condensado do livro The Will to Live (A vontade de viver), de autoria de Arnold A. Hutschnecker. Este livro, na sua maior parte, foi escrito sob um ângulo científico e ao lê-lo, fiquei profundamente impressionada por tudo quanto esse físico eminente havia declarado. Ele chegou à conclusão de que ninguém passa pela transição da morte sem que antes a tenha planejado.

O que é que planejamos? Viver ou morrer? Sejamos vigilantes. Por vezes, esse planejamento ocorre de uma forma muito sutil. Podemos fazer a afirmação com a maior firmeza: “Eu não morrerei nunca”, mas será que não a transgredimos quando admitimos que o nosso nome venha a constar de uma lápide num cemitério? Ou quando fazemos um testamento ou um seguro de vida? Não se encontrará a casa de algum de vós devidamente organizada para facilitar a procura de documentos pessoais no caso da sua própria morte? O Dr Hutschnecker afirma o seguinte: “Frequentemente descobrimos que a vítima de um enfarte repentino e imprevisto havia antes consultado o seu advogado para tratar do testamento ou tinha feito recentemente um novo seguro de vida.”

Não há muito tempo, eu mesma caí na seguinte armadilha: Pensei que não assistiria a uma nova guerra. Mas de súbito interroguei-me: “O que estás a pensar? Que já não estarás mais viva para assistir a uma nova guerra ou que já não haverá mais nenhuma guerra?” Como a minha vida é planejada por mim, me era impossível admitir que eu pudesse passar pela transição antes que uma nova guerra se declarasse num universo material. Eu devia antes alegrar-me pelo fato de que nenhuma guerra poder existir no reino da consciência divina, onde eu eternamente vivo.

Conheço um caso em que, a despeito da ajuda dada por um devotado praticista, sincero e consagrado, o paciente faleceu. Aos amigos que assistiam ao funeral, a família distribuiu com orgulho uma carta que a defunta havia redigido alguns meses antes. Era verdade que essa carta estava especialmente bem escrita e que exprimia muito bons sentimentos, mas por outro lado, revelava que essa pessoa havia de tal forma baseado os seus pensamentos na ideia da morte, que resolvera escrever uma carta a esse respeito! Todos consideraram que se tratava de uma carta magnífica, exceto eu; tive a convicção de que a paciente poderia ter feito muito melhor uso do seu tempo cooperando com o trabalho do praticista e planejando a vida, ao invés da morte. Por vezes, se fazem as seguintes interrogações: “Que se passa com os praticistas? Porque é que há tantos casos de Cientistas Cristãos que morrem?” Eis aqui a resposta: muitos deles aceitam a ideia da morte.

Comecemos já então a planejar viver uma vida plena. Paremos de poupar dinheiro para o deixar como herança aos nossos filhos. Não será essa uma outra forma sutil de planificação? Vivamos o presente e utilizemos os nossos recursos agora, sabendo que o Pai celeste que tanto nos ama suprirá ilimitada e abundantemente tanto às nossas necessidades como as dos nossos filhos, tal como Ele fazia “antes que houvesse mundo”.

Na página 427 do livro Ciência e Saúde, a Sra. Eddy descreve a morte como sendo apenas” (…) outra fase do sonho de que a existência possa ser material.” (14-15) Como consequência, a morte é o nada, uma ilusão. É apenas uma parte do relato de Adão e Eva, pretendendo tornar verídica a mentira de que o homem possa nascer na matéria, viver na matéria e morrer na matéria; contudo; isso não passa de uma fábula. Podemos relegar todas as fases da vida na matéria para o reino da pura ficção, pois no reino da ficção, a morte, é o nada — não existe. Mesmo aqueles que nesse sonho de existência adâmica imaginaram morrer, serão os primeiros a confirmar que não se passou absolutamente nada.

Há alguns anos, tive o privilégio de participar de uma mesa redonda da Universidade de Indiana, a qual decorreu durante a “semana da religião” (Religion in Life Week). No meu grupo de trabalho estavam representadas várias religiões, dentre as quais constava um rabino judeu e um pastor metodista. Quando eu afirmei que Deus desejava a nossa verdadeira felicidade, o rabino opôs-se com veemência, defendendo que existiam períodos nos quais nos sentimos profundamente tristes e infelizes; pensava ele que tal correspondia à vontade de Deus, citando em seguida o seguinte exemplo: Se um homem morresse enquanto participava da construção de um suntuoso edifício, seria decerto uma infelicidade para ele não poder assistir ao final da obra que havia iniciado. “Não teriam os seus amigos e familiares motivo suficiente para se sentirem tristes e infelizes?” Perguntou-nos ele. Quando eu me preparava para responder, o pastor metodista fê-lo por mim: “Não, não estou de acordo. Recuso-me a acreditar que esse homem tivesse deixado de trabalhar na sua obra.” Fez-se nesse momento um intervalo e em mais nenhuma ocasião posterior se voltou a discutir esse tema. Fiquei deveras grata pela discussão ter terminado com esta observação. Tínhamos acabado de ouvir uma verdade evangelizadora, que desmascarava a nulidade da morte, anunciando que esta última não impede o homem de continuar a sua atividade anterior.

A Sra. Eddy sublinha que essa transição não traz nenhuma mudança radical na existência do homem e que este pode, inclusive, prosseguir com o seu trabalho. Ao referir-se à morte de Joseph Armstrong, no livro The First Church of Christ, Scientist and Miscellany, ela afirma: “O saudoso irmão Cientista Cristão e editor de meus livros, Joseph Armstrong, C.S.D., não está morto, nem tão pouco dorme ou descansa com relação à sua obra na Ciência divina. O mal não tem poder algum para causar dano, limitar ou destruir o verdadeiro homem espiritual. Hoje, ele goza de maior sabedoria, saúde e felicidade do que no passado. O sonho mortal de vida, substância ou mente na matéria foi atenuado, e a recompensa do bem, a punição pelo mal e o seu sonho adâmico do mal terminarão na harmonia — o mal sendo impotente e Deus, o bem, sendo onipotente e infinito.” (pág. 296: 10-20)

Arquivada na Igreja Mãe encontra-se uma carta apelidada “The Riley Letter” — a carta Riley. Trata-se de uma resposta dada a um casal de apelido Riley, o qual havia perdido recentemente um filho. Na carta dirigida à Sra. Eddy, este casal afirmara ter entendido a existência de uma só e única Vida, sem começo nem fim, mas questionava também o que se passaria após o falecimento. Partilhando agora o conteúdo da resposta da Sra. Eddy, não posso precisar os termos exatos, mas posso garantir que o sentido foi inteiramente respeitado, por assim dizer, palavra por palavra: “Suponhamos que enquanto estão duas pessoas sentadas a conversar se aproxima um atirador da janela e lança uma seta para uma delas. Aos olhos da testemunha que assiste, a pessoa atingida deixa-se afundar na cadeira e morre, encontrando-se assim aquele na presença de um cadáver inerte. Contudo, isto não é senão o conceito humano da testemunha acerca do que se passou, que em nada corresponde ao conceito daquele que foi atingido pela flecha, o qual se esforça por continuar a falar com o seu amigo. Logo que chega à conclusão que já não pode mais continuar a comunicar-se com o amigo, valendo-se do conceito humano que tem a respeito de si próprio, ele parte em busca daqueles com quem possa se comunicar. Se ele se voltasse e lançasse um olhar à cadeira sobre a qual estivera sentado, veria então que esta se encontrava vazia.” Não nos mostra esta carta com clareza que nada de muito violento se passa na experiência do sonho chamado morte?

Conheço vários casos de Cientistas Cristãos que morreram e voltaram a viver. Dentre esses, escolhi um em especial, o qual confirma o que anteriormente lemos e que proporcionará uma melhor compreensão sobre este tema:

Uma jovem mulher já havia perdido a sua mãe há muitos anos. Nessa Primavera, perdera o seu bebê, e agora, tudo indicava que ela seria a próxima a morrer. Foi então que se sucedeu o seguinte: quando se deu conta de que já não podia falar com aqueles que rodeavam o seu leito, levantou-se e dirigiu-se à janela; então, olhando para o jardim em baixo, viu a sua mãe, aparentando menos idade do que aquela que possuía da última vez que a vira, segurando o seu filho bebê. A jovem desejou muito descer ao encontro da sua mãe e filho, mas nesse instante, apercebeu-se de que aquilo que estava se passando com ela era o que chamamos “transição”. Lembrou-se então de que seu professor tinha-lhe pedido categoricamente que nunca admitisse essa ideia e compreendeu que se descesse ao encontro dos seus entes queridos, isso significaria que ela a consentia. Em seguida, ouviu as palavras do seu professor: “Nunca admitam essa ideia! Nunca!” Ela afirma que a coisa mais difícil que já fez em toda a sua vida, foi voltar-se e regressar à sua cama, mas não deixou por isso de ser obediente àquilo que lhe havia sido ensinado. Voltou assim para a cama e só então aqueles que oravam por ela foram capazes de a fazer regressar à vida.

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