terça-feira, agosto 19, 2014

Comentando o capítulo 11 - 2/2

Gugu


Outro ponto essencial, enfatizado por Joel Goldsmith, no capítulo 11, diz respeito aos dois mandamentos deixados por Jesus:

1) Amarás ao Senhor teu Deus acima de todas as coisas, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento... (Lucas 10: 27)

2) ...e amarás ao teu próximo como a ti mesmo. (Lucas 10: 27)

Jesus deixou à humanidade esses dois grandes mandamentos. Havia uma razão muito boa para ele os ter concebido. Jesus era detentor de imensurável conhecimento e sabedoria; estava consciente de um grande segredo que poucas pessoas na humanidade tiveram acesso – um segredo que diz respeito à verdadeira natureza da Mente que criou o Universo, o homem, e da também da "inteligência" (mente) que criou o universo da separação. Devido a isso, ele conseguiu "mapear" e solucionar todo o "mecanismo engenhoso" de que a ilusão se vale para perpetuar na Mente do homem o senso de separação de Deus. Então, com base nisso, Jesus elaborou em simples palavras dois pequenos mandamentos capazes de resolver completamente os problemas da separação e da dualidade. Ambos os mandamentos são complementares e, juntos, transmitem todo o caminho possível de ser trilhado na espiritualidade. Como consequência disso, eles também sintetizam e expressam a essência de todos os ensinamentos espirituais. Por isso, será bom compreendermos o mais profundamente possível as implicações/significados desses dois mandamentos de Jesus, e de que modo eles estão relacionados à iluminação espiritual e à cura espiritual.

Mas, antes de entrarmos nos mandamentos de Jesus, necessitaremos fazer algumas considerações: há um único Princípio, um único Ser, uma única Mente, Onipresente, em todo o Universo. Essa é a Realidade. Todavia, há um (suposto) "pensamento universal de separação"  concebendo a (aparente) existência de um universo de dualidade e separatividade. Tal pensamento de "separação" ou "afastamento" de Deus não foi concebido por Deus, porque Deus nunca se separa ou afasta de si mesmo. Não existe separação de Deus! A ilusão é que faz parecer como se existisse. Devido ao fato de o Universo ser constituído por uma única Mente, para fazer com que a separatividade pareça existir, a ilusão vale-se de um certo "truque": ela faz com que a Mente Única Infinita seja projetada; e, nessa projeção, a Mente Infinita é dividida em várias "pequenas mentes" para fazer parecer existir várias identidades, corpos, mentes, espíritos, enfim, vários seres distintos, isolados e separados uns dos outros. Dessa forma, dentro do universo da projeção, cada ser acredita ser uma existência diferente/única/especial, separada e isolada de todos os demais seres. Apesar disso, a realidade continua sendo a de que, por trás de cada "ser" que está sendo projetado no universo da separação, existe uma mente maior – a Mente Única – e no nível dessa Mente os seres sabem que são todos "iguais" e "UM" uns com os outros. Em razão disso, o universo da separação pode ser percebido ou interpretado a partir de dois pontos de vista: um que advém da "mente pequena e superficial" que percebe a separação; e outro que advém da Mente Única Infinita que percebe a unicidade. A mente que percebe a separação é como a "pequena ponta de um iceberg" que existe na superfície. E a Mente Perfeita que percebe a unicidade é como o "iceberg" em sua totalidade. Perceba o fato de que o iceberg é o mesmo, porém apenas uma pequena parte dele está visível para os que estão acima da superfície, enquanto que a sua parte gigantesca está escondida/oculta dentro do mar. Por essa razão, os seres todos do universo da projeção percebem conscientemente a separação e, ao mesmo tempo, sabem inconscientemente que a separação não existe e que, no lugar dela, somente existe a perfeita unicidade. A percepção de unicidade do todo existe – ela está velada/oculta nas profundezas da Mente – mas pode ser trazida à tona, ou seja, pode ser lembrada. E é nisso que consiste a caminhada espiritual de cada ser humano: desfazer-se do sentimento de separação do todo, e lembrar-se de sua perfeita unicidade com Deus.

O senso de separação é como a "treva" que inexiste diante da "luz". Quando a Luz se faz presente, a treva revela sua ausência/inexistência originária. Quanto mais o ser humano acredita na ideia da separação (concebida pela crença universal), mais o sentido de separação é reforçado em sua Mente – ou seja, a Mente Única –, e isso garante com que ele continue experienciando o seu Ser como se existisse separado do Todo. O contrário também ocorre: se, ao invés da separação (trevas), o ser humano reforçar em sua Mente a ideia da unicidade perfeita (Luz), o sentido de separação começa a ser desfeito, até desaparecer por completo, e o homem passa a experienciar o seu Ser sendo "UM" com todas as coisas. Esse é o mecanismo total que explica o envolvimento da Mente Infinita Universal com a ilusão de separação. Se o funcionamento desse mecanismo for bem compreendido, a ilusão de separação na Mente pode ser desfeita. E aqui chegamos ao fim das considerações necessárias para compreendermos os mandamentos deixados por Jesus.

O primeiro mandamento "Amarás ao Senhor teu Deus acima de todas as coisas" consiste no reconhecimento de uma única Fonte, Mente ou Ser em todo o Universo. Toda existência surge de uma única Mente, sendo constituída e permeada pela Mente Única: Deus. Deus é a totalidade de tudo o que existe! Deus é tudo como tudo! "Amar a Deus acima de todas as coisas" significa honrar a Deus como sendo existência única. Significa reconhecer que não existem aquelas "todas as coisas" (são ilusórias!) que pudessem ser amadas além de Deus, porque Deus é realmente tudo! Nós honramos a Deus como sendo tudo quando descartamos aquilo que é "nada", "inexistência". A ilusão não existe. Portanto, não há como honrar a Deus reconhecendo a existência de "universo material" e de "seres humanos vivendo na matéria". O Universo é espiritual! E o ser humano vive em Deus! Devido a isso, somente é possível cumprir o primeiro mandamento de Jesus quando, no Silêncio Sagrado, percebemos a irrealidade da ilusão e a existência única e absoluta da Realidade Divina. Ao descartarmos a ilusão e permanecermos na Realidade Infinita puramente espiritual (que não se mistura com a realidade-finita-material), experienciamos um estado indescritível de felicidade, paz, amor, êxtase, plenitude. Nessa Realidade Absoluta, a consciência (o Filho) perde a sua individualidade, une-se à sua Fonte (o Pai) e experiencia o supremo estado espiritual de unicidade perfeita. Nele, não há mais um "eu" – unicamente o Amor (o Todo) habita em toda a parte. Pai e Filho são UM. Nessa Realidade Celestial, o Filho tem a experiência de ser emanação/pensamento de Deus, e esse pensamento é perfeito. Por ser perfeito, é um pensamento total, pleno e completo – um pensamento que não pode ser tocado pelo mundo (ilusão). Você não pode ser tocado na perfeita unicidade porque não há nada mais para tocá-lo. Nessa condição, um estado de gratidão é muito natural e apropriado. Sentimos como se o tempo todo estivéssemos dizendo "Obrigado, obrigado", mas não trazemos palavras a isso, somente nos permitimos ter a experiência. Em tal estado de plenitude, tudo está incluso.

Ao acessar esse patamar absoluto de consciência, Goldsmith fazia contato com a Verdade de que: "há somente uma Realidade e, nela, tudo já está feito! Não há imperfeição ou ilusão a ser curada, modificada ou melhorada. Deus é tudo como tudo!". Essa era a base da realização de sua cura espiritual. Esse patamar absoluto somente pode ser experienciado em momentos de contemplação, quando estamos totalmente alheios/isolados/fechados à ilusão. Jesus diz: "Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, o recompensará" (Mateus 6:6). Ou seja, em nossas orações (meditações),  a fim de podermos contatar "o Pai que está em secreto", devemos "fechar a porta" para o universo exposto pela ilusão. Isso é assim porque, perante a Realidade, a ilusão não existe. Portanto, em nossas orações/meditações somente nos ocuparemos única e exclusivamente com Deus. Ao fazer isso, estaremos cumprindo o principal mandamento de Jesus. Logo, resumindo tudo em termos simples: o primeiro mandamento de Jesus diz respeito a vivenciar/experienciar a perfeita Realidade Espiritual. A contemplação da Verdade "Eu sou Deus, o Ser único, em perfeita unidade com todo o Meu Universo" desfaz o sentido de separação incutido em nossa Mente, provocando a aceleração do momento em que experienciaremos o nosso Ser como sendo o Todo, uno e perfeito: Deus.

O segundo mandamento "...e amarás ao teu próximo como a ti mesmo" é decorrência ou sucessão do primeiro mandamento. O primeiro mandamento é vivenciado em nossos períodos de contemplação absoluta, quando a realidade projetada pela ilusão deixa de existir completamente para nós. Por sua vez, o segundo mandamento é para ser cumprido nos períodos vivenciados fora das contemplações absolutas. As contemplações não farão a ilusão sumir; ao terminarmos a meditação, o universo projetado pela ilusão ainda estará lá. Todavia, a realidade projetada será influenciada pelas contemplações. A Verdade conscientizada durante as contemplações atua poderosamente no curso dos fatos e acontecimentos da realidade ilusória. Isso é assim porque a ilusão nada mais é do que uma "sombra" da Realidade Espiritual Perfeita. Tome como exemplo a sombra de um lápis projetado na parede. Jamais alguém conseguiria modificar a "forma" ou a "posição" daquela sombra tocando-a com as mãos diretamente na parede onde ela está projetada. Mas basta entrar em contato com o "objeto original" e, a partir dele, poderemos provocar na sombra toda espécie de alteração possível. O que é sombra não possui "substância" ou "realidade" própria, podendo ser alterada ou modificada a qualquer instante. Isso significa que o "roteiro" que a ilusão traça para nós pode ser alterado. Por exemplo: se no roteiro programado pela ilusão estiver previsto que a pessoa deverá "ter determinada doença"  ou "sofrer um acidente", tal roteiro poderá ser modificado se o indivíduo entrar em contato com a Realidade Original e conscientizar a verdade de que "não existem doenças nem acidentes na Realidade criada por Deus. Há unicamente saúde e vida, invulnerabilidade e felicidade". Essa conscientização desfaz o roteiro programado pela ilusão e faz com que na "sombra" seja apresentada uma sequência de imagens condizentes com a Verdade reconhecida. A contemplação da Realidade Absoluta tem o poder de anular carmas. Mas, se a pessoa não mantiver periodicamente o reconhecimento de que Deus é tudo, pouco a pouco ela é colocada debaixo de um novo roteiro a ser designado pela ilusão. Por isso, é importante adquirir o hábito de meditar constantemente, até que a meditação se torne uma segunda natureza ou parte de nosso ser.

Retomando: o segundo mandamento é para ser praticado nos períodos vivenciados fora das contemplações absolutas, quando estaremos lidando com o mundo da projeção. Para conceber o universo da separação, a ilusão aplica o "truque" de fracionar ou dividir a "Mente Única" em várias "pequenas mentes" distintas e separadas entre si. Assim, na realidade projetada, cada ser aparece como se fosse distinto e separado, mas o tempo todo a Mente Única (objeto original) permanece por detrás de cada "mente separada" (sombra). O grande segredo no qual Jesus baseou o seu segundo mandamento é: cada "mente separada" é a própria Mente Única. Do ponto de vista das "mentes separadas" parece que elas é que estão vendo tudo como se fosse separado, mas isso também é ilusão. A verdade é que a Mente Única está olhando para "fora" e percebendo a Si mesma como se fosse uma "pequena mente" que enxerga a separação. Mas tanto a "pequena mente" como a "percepção" que decorre dela são falsas. Por isso a Bíblia diz que: "nós não recebemos o espírito [mente] do mundo que somente vê as coisas do mundo, mas o Espírito [Mente] que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus... Temos a Mente de Cristo." (1 Coríntios 2: 12 e 16). A ilusão espera que os seres olhem para o exterior e acreditem na realidade da separação; ela deseja que todos os seres vejam-se diferentes e separados entre si; e deseja que todos pensem e atuem como se fossem separados uns dos outros – tudo isso alimenta a ilusão, reforça/faz perdurar na Mente o sentido de separação, o que garante com que o indivíduo continue experimentando a si mesmo como se existisse separado do Todo. Mas, se o indivíduo olhar para o exterior e perceber o "outro" como sendo uma projeção de Si próprio (de modo que não exista o "outro"), ele deixa de alimentar em sua Mente a ideia da separação, e esta começa a ser desfeita; e à medida em que o senso de separação for desaparecendo da Mente, a pessoa retorna ao seu estado natural de perceber e experienciar a Si mesmo como o Ser único. Assim, grave bem esta lei: a forma com que você olhar para o exterior, é a forma com que verá a si mesmo.

Isso nos leva a um outro aspecto tremendamente importante (ainda muito mais profundo!), que está implícito no segundo mandamento: se é verdade que da forma como vemos o "outro", veremos a nós mesmos (e isso é verdade!), então, se passarmos pela vida vendo as pessoas e o mundo como uma ilusão, um dia vamos pensar sobre nós mesmos, em nossa própria Mente, como uma ilusão. Lembre-se: a Mente (Mente Única) vai traduzir qualquer coisa que pensemos sobre os outros como uma mensagem a nosso próprio respeito. Isso é assim porque, embora nós (enquanto personagens projetados na ilusão) não estejamos ciente disso, nossa Mente sabe tudo, incluindo o fato de que existe apenas um Ser (que está sendo cada um de nós). Tudo o que nós pensarmos a respeito dos outros é realmente uma mensagem nossa, para nós, a nosso próprio respeito. Assim, nós definitivamente não deveríamos pensar nas outras pessoas como "seres não iluminados" ou como "ilusões", ou é isso que vamos pensar que também somos. Em vez de limitarmos uma pessoa como sendo um "corpo físico" ou "mente" separada, precisamos pensar nela como ilimitada. Em vez de pensar nela como "parte" de algo, precisamos pensar nela como sendo tudo. Se agirmos assim, isso afastará a nossa Mente do foco de sermos "seres indespertos vivendo em ilusão". Se virmos o outro como sendo tudo, nada menos que Deus, a Mente, em cada um de nós, entenderá que, se eles são a perfeita unicidade com Deus, então isso significa que nós temos de ser a perfeita unicidade com Deus. Então será assim que um dia experimentaremos o nosso Ser. Jesus fazia isso; ele não pensava em termos de separação, mas via a completude em todos os lugares. Jesus via a realidade do Espírito, a face do Cristo, em todos. Então, vamos pensar em todos como sendo o mesmo que Deus é. Isso é realmente visão espiritual.

Nos períodos fora da contemplação absoluta, devemos saber que "este próprio mundo em que estamos vivendo é o mundo que Deus criou. Este é Ele. A mente humana não o está vendo como ele é, mas, apesar disso, este é Ele.". Isso também está expresso nos ensinamentos da Índia, que afirmam "Eu sou Aquilo", "Eu sou Ele" (Soham). Cada "ser" ou "mente" separada é, na verdade, o Ser único, a Mente Única. Da mesma forma, este mundo em que (aparentemente) vivemos não deve ser visto ou avaliado como ilusório, a não ser durante os períodos de contemplações absolutas. Às vezes nos deparamos com ensinamentos absolutos que, intencionalmente ou não, afirmam que o mundo da projeção é algo "feio", "abominável", "imprestável", "maligno", e, empregando o poder da palavra,  induzem subliminarmente as pessoas a sentirem aversão pela vida e a desprezá-la por completo. Isso não está certo. Precisamos ter cuidado com o palavreado empregado nas literaturas espirituais, pois a mente subconsciente capta tudo. Se, por um lado, esses ensinamentos ensinam as pessoas a desfazerem o sentido de separação na Mente (durante as meditações absolutas), por outro lado criam um forte sentimento de separação na mesma Mente (em períodos vivenciados fora das contemplações). Sem contar que, ao adquirir tal visão errônea sobre a vida/o mundo/os seres, a pessoa começa a atrair para si situações problemáticas/horrendas condizentes com as ideias sombrias alimentadas no cotidiano; então a vida aqui na projeção se torna um grande inferno. Este próprio mundo deve ser visto como belo, sublime e maravilhoso: o mundo de Deus.

Neste capítulo, Goldsmith diz que: "a mais elevada concepção é aquela que permite olhar de frente a face do diabo e ver somente a face de Deus. Não existe céu e terra; não existe Deus e homem; não existe ser espiritual e ser material. Existe somente um, e Eu sou Ele". Por isso, se quisermos realmente amar a Deus, devemos amar a todos os nossos irmãos, aqui mesmo, no (suposto) mundo da projeção. Explica Goldsmith: "Se nós não amarmos ao homem a quem podemos ver, como iremos amar a Deus a quem não vemos? Deus e o homem são um. Ao senso finito, que vê através de limitada visão, é verdade que Deus é invisível; mas uma vez atingido este elevado estado, esta elevada realização do ser espiritual, passamos a olhar para o mundo e ver cada pessoa, cada circunstância e cada condição como sendo Deus aparecendo, e então Deus se torna visível para nós. Até que tenhamos atingido aquele estado, contudo, Deus será invisível para nós, porque para honrarmos a Deus, o Invisível Infinito, nós devemos honrar ao homem como Deus feito manifesto de forma visível." Ao invés de sentirmos aversão, desprezo e ingratidão pela vida, devemos amá-la e bendizê-la. A vida é sagrada! Todos devemos ser gratos por (parecer) estarmos aqui. Pode parecer paradoxal, mas o caminho para "escapar" da ilusão é vê-la e vivenciá-la como sendo a realidade, ao invés de sendo uma ilusão. Não nos esqueçamos de que este é Ele! Portanto, devemos ver este mundo como ele realmente é.

Concluindo: devemos nos focalizar no fato de que a vida humana é uma ilusão e de que unicamente existe Deus, porém isso é só para quando estivermos fazendo as contemplações absolutas. Em nosso dia-a-dia, nos períodos fora da contemplação, devemos empregar o segundo mandamento de Cristo, alinhando-nos com o princípio de que só existe Um de nós, amando ao próximo como a nós mesmos, e fazendo para os outros aquilo que gostaríamos que fosse feito para nós. "Se alguém diz: 'Eu amo a Deus', e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? Aquele não ama, não conhece a Deus, porque Deus é Amor." (I João 4: 20). Devemos contemplar a Deus como tudo, sendo existência única! E em nossa vida cotidiana, devemos pensar no mundo da projeção (ilusão) como sendo o mundo de Deus (Realidade); devemos pensar em todos os seres como sendo o mesmo que Deus é. Devemos amar e perdoar todas as pessoas; devemos viver em harmonia com todos os seres; devemos abençoar todos aqueles que cruzarem o nosso caminho; devemos agradecer a todos e reverenciá-los como sendo Filhos de Deus perfeitos. Devemos orar pela felicidade de toda a humanidade. Esse é o caminho. Tudo isso faz desaparecer da Mente o sentido de separação; e quando nossa Mente tiver sido "esvaziada" de todo e qualquer senso de separação, o que restará é o nosso estado originário de iluminação espiritual.

Além de tudo isso, que relação tem o segundo mandamento de Jesus com a cura espiritual? No capítulo 5 deste livro, Goldsmith diz:

"Acima de tudo é preciso lembrar-se de que o mínimo desejo de receber benefício pessoal, a presença do menor traço de egoísmo, são fatores que anulam o processo de cura. Não há nada que deva ser obtido, e não podemos trabalhar do ponto de vista que admitisse haver. Deus é o infinito ser que revela, desenvolve, manifesta e expressa a Si próprio infinitamente como sendo eu e você. O único objetivo do tratamento e da prece é dar a conscientização da perfeição que já existe. Tudo que nós chegarmos a conscientizar como sendo verdade para nós mesmos, para o nosso ser, deve ser compreendido como sendo também verdade sobre todos os demais. Em outras palavras, não é possível haver uma prece visando que o sol brilhe em nosso jardim somente. Num caso destes, a prece deverá ser apenas para o sol brilhar. Devemos estar desejosos de que ele brilhe tanto em nosso pátio como no de nosso inimigo. Enquanto conservarmos no pensamento algum senso de ódio ou inimizade, o tratamento ou prece será inútil. Não é fácil perceber que seria pura perda de tempo haver tratamento ou prece sem esta qualidade de perdão? A consciência precisa ser uma transparência para Deus, isto é, uma transparência de caráter universal, impessoal e imparcial. Sua chuva cai tanto sobre os justos como sobre os injustos. Os ensinamentos do Mestre são repletos de amor e de perdão, sem qualquer traço de juízo ou condenação. Na Cristo-consciência não pode haver lugar que abrigue qualquer ódio, inveja, ciúme ou malícia. A consciência que retém algum desses traços não é uma consciência curadora."

Como vimos, os mandamentos de Jesus abrangem toda a espiritualidade possível de ser vivida. Juntos, eles constituem o caminho mais curto/rápido para o nosso despertar em Deus. Que possam eles serem a estrela guia, o norte, o referencial, para todos nós e para a humanidade inteira.

Namastê!

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