DEUS, A SUBSTÂNCIA DE TODA A FORMA
(Joel S. Goldsmith)
- Capítulo 3 -
A CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL COMO LEI
A CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL COMO LEI
Isto diz o Senhor: Não se glorie o sábio no seu saber, nem se glorie o forte na sua força, nem se glorie o rico nas suas riquezas; porém aquele que se gloria, glorie-se em me conhecer e em saber que eu sou o Senhor que exerço a misericórdia, a equidade e a justiça sobre a terra. (Jeremias 9: 23-24)
Esta citação de Jeremias pode ser transportada à nossa vida prática. Não devemos nos gloriar no mundo dos efeitos, caso o efeito apareça para nós como pessoa, lugar, circunstância, condição ou coisa, pois a substância ou realidade não se encontra em nenhum efeito. O poder e a glória, a substância e a realidade, a causa e a lei residem no Espírito que produz tudo aquilo que nos aparece como forma, circunstância ou condição. Nós temos o direito de usufruir das coisas do mundo, sem permitir que nossa fé e confiança fiquem centralizadas no mundo ou nas coisas do mundo. Nossa fé e confiança devem permanecer no Espírito, que produz, forma e anima tudo aquilo que existe.
NENHUM PODER AGE SOBRE NÓS
O Caminho Infinito ensina que o homem é consciência, e que esta consciência é a causa do corpo, do lar e dos negócios. Muitos pensam que o corpo, o lar ou os negócios, estando em desarmonia, indicariam uma situação vinda de fora, que agiria sobre eles. Enquanto for aceita a crença de que fora de nós existe algum poder, irá também existir o desejo de entrarmos em contato com um poder do bem que possa atuar em nosso benefício. Se for aceita a crença de que existe uma lei de tempo agindo sobre o nosso corpo e mente, aquilo irá fazer parte de nossa experiência segundo o nosso grau de aceitação. Não há nenhum poder separado de nossa consciência capaz de operar em nossa experiência, mas se aceitarmos que tal poder existe e procurarmos entrar em contato com ele, jamais conseguiremos fazê-lo.
O mundo tem orado a Deus por coisas. Isto é tão insensato quanto a atitude de orarmos ao princípio da eletricidade para que ilumine nossa casa. Regozije-se, não com as “coisas”, mas regozije-se por compreender e conhecer a Mim, a realidade do ser, seu ser e meu ser, e por entender que aquele Ser é Deus. E então será visto quão inútil é a oração que trata com a forma de seu corpo, com seu lar ou seus negócios. Isto, porém, será trazido à sua experiência na proporção de seu reconhecimento e conscientização de que sua própria consciência é a lei e que, externamente a você, inexiste qualquer realidade. Conscientize:
Eu sou a vida eterna. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida... Eu e o Pai somos um.” (João 14:6; 10:30) Tudo que é do Pai é meu, pois sou herdeiro de Deus e co-herdeiro com o Cristo. Eu e o Pai somos um, e esta unidade constitui a imortalidade, harmonia, graça, alegria e abundância de meu corpo e de minha Alma.
“Antes que Abraão existisse eu sou... e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (João 8:58; Mateus 28:20). A divina Consciência do meu ser formou-me antes de eu ter nascido. Ela conheceu-me antes que eu fosse concebido. O reino de Deus, da Consciência – aquela Consciência que constitui a minha consciência individual – está agora em meu corpo e em minhas atividades.
Quanto maior for a sua compreensão da Consciência como sendo Deus, maior será sua transparência para manifestar o reino de Deus em suas atividades. Deus é onipresente, mas este fato somente se tornará efetivo quando puder sentir conscientemente aquilo como sendo verdade. As simples afirmações serão inúteis, pois com elas estará sendo considerado um Deus separado e apartado de você próprio. Estará sendo visto um Deus “lá fora”, ao invés de haver uma compreensão de que a vida, a verdade e o amor são a lei do próprio ser. Jesus referiu-se a seu Pai e a meu Pai da seguinte maneira:
Temos um Pai, que é Deus. (João 8: 41)
Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai . (João 14: 9)
O reino de Deus está entre vós. (Lucas 14: 21)
(...) e fará maiores obras do que estas. (João 14: 12)
Como poderia alguém realizar “maiores obras” sem que a mesma Presença e o mesmo Poder estivessem manifestados como o seu próprio ser?
NÃO HÁ PODER SEPARADO DA CONSCIÊNCIA
A cura espiritual se realiza através do silêncio divino, e não por meio de nossos pensamentos. Quando você se defrontar com algum pecado, doença, falta ou limitação, observe se de imediato você começa a lutar com aquilo mentalmente. Em caso positivo, o fato de você ficar negando-o, será a prova de que de alguma maneira você estará acreditando em sua realidade. Desse modo, você se tornará uma vítima em conformidade com o seu grau de aceitação.
Se a natureza da ilusão for conhecida, você não mais necessitará levantar seguidos protestos contra ela. É muito simples alguém sair dizendo: “Não sou doente”. Se um homem é rico, não ficará afirmando: “Eu não sou pobre”. Quando uma pessoa sai a declarar que não está doente, podemos saber que ela não está se sentindo muito bem, e julga que sua saúde integral será obtida com o emprego de tal declaração. O mesmo ocorre quando você diz para alguém não estar passando bem, e recebe como resposta o seguinte cliché: “Isto não é verdade”. Caso houvesse, de fato, uma consciência interna de que aquilo não fosse verdadeiro, nem seria preciso chegar a afirma-lo. A ilusão, sendo meramente um crença universal, é irreal. Ela é dissolvida pelo poder do silêncio.
Tanto as negações como as afirmações, por certo tempo, têm sua função, até que nos tornemos receptivos à verdade do ser. Entretanto, ambas deverão ser abandonadas frente ao reconhecimento de que Deus e ilusão não podem coexistir, e frente ao reconhecimento de que as aparências não podem mais nos enganar. Se estamos a demonstrar o Princípio como substância, lei e causa, não devemos aceitar a crença de que possa haver uma condição apartada de Deus, ou uma atividade além de Deus, a governar o universo. A posição correta seria a conscientização de que tais condições constituem impossibilidades, mediante um “Obrigado, Pai”, que traduz o reconhecimento da irrealidade de qualquer espécie de problema. O estado de consciência que não odeia e nem teme alguma aparência constitui a consciência curadora. Além disso, somente esta consciência será capaz de dizer: “Qual é o seu impedimento? Levante-se, e ande. Não existe poder algum apartado da consciência do seu próprio ser.”
No tanque de Betesda, os doentes e os aleijados permaneciam à espera da ação de um poder que fosse separado e apartado deles mesmos, e que pudesse vir e agir sobre eles, mas se tivessem percebido que todo poder está dentro do próprio ser, teriam se dirigido ao poder da própria consciência, e com tal conscientização não necessitariam mais do tanque. Enquanto estivermos acreditando na existência de um poder capaz de atuar sobre nós e separado do poder da nossa própria consciência, nós, também, estaremos no tanque de Betesda, “esperando o movimento das águas”, tendo de esperar por trinta e oito anos, como fizeram alguns, antes que alguém de consciência iluminada apareça para nos tirar dele.
Não é preciso aguardar por uma liberação integral. O necessário e importante é que nos ergamos o quanto for possível para o momento, mesmo que aquilo nos pareça muito pouco ainda. Devemos nos empenhar continuamente para conseguir o domínio disto e assim, gradativamente, a casca da crença será rompida – a crença na existência do poder do mal capaz de agir sobre nós. A única ação que há é a mente-ação. Se, neste instante, pudermos movimentar apenas um dedo, vamos então movimentá-lo, conscientizando que o poder e o domínio sempre estão no Espírito de Deus, na Consciência, e nunca no efeito. Mantendo essa atitude de aceitar somente este Poder único, e nunca separado de nossa própria consciência, aos poucos chegaremos à compreensão: “Eu sou a Vida, eu sou a verdade, eu sou o poder, em si.”
A idolatria vem a ser a crença de que existe um poder no efeito; é a fé naquilo que possui forma, e até de que o que está aparecendo como coisa externa possui, em si, algum poder. O mais importante que devemos conhecer é que somos a causa e não o efeito, e que a totalidade de Deus aparece como o nosso ser. Num sentido material não podemos ter quarenta bilhões de “tudos”, mas num sentido espiritual a Totalidade pode até ser multiplicada pelo infinito. Por exemplo, um indivíduo poderá ser totalmente honesto e nem por isso irá privar o seu próximo da honestidade. Alguém poderá ser cem por cento leal e sincero e mesmo assim não privará aos demais de apresentar estas qualidades. A totalidade de Deus está se manifestando individualmente como você e eu – toda a saúde, toda a riqueza, toda a paz, todo o domínio. O que é verdadeiro com relação a mim e a você deve ser verdadeiro para todo o restante do mundo. A Verdade, para ser legítima, deve ser universal. Portanto, como a vida é Deus, e Deus é a minha e a sua vida, deve ser também a vida de todos. No entanto, as alegrias e frutos dessa grande verdade são trazidos à nossa experiência individual somente na proporção da conscientização pessoal dela, quando é desenvolvido um conhecimento interior de Deus como Vida onipresente.
NÃO HÁ PODER NO EFEITO
Como consciência individual infinita, cada um de nós é um mundo em relação a si mesmo e cada um precisa se encontrar como sendo a lei da vida sobre a própria existência – o reino do seu próprio ser. Nada existe separadamente da consciência. O poder encontra-se na consciência que produz o efeito e não no efeito em si. Somente enquanto acreditarmos estar o poder no efeito é que continuaremos desejando demonstrar coisas.
Em 1948 veio um chamado para que eu fosse ao Havaí. O pedido de ajuda era o aparente motivo para que eu fizesse a viagem, mas, pela maneira como ela se desenvolveu, a ajuda serviu de isca, pois ocupou apenas uma pequena parcela da minha ida. Entre outras coisas, surgiu a oportunidade para que eu encontrasse um dos dirigentes do Havaí, que falou-me das dificuldades que seu povo vinha encontrando durante a depressão e da forma com que eles se reuniam na tentativa de redescobrir o princípio envolvido das demonstrações realizadas pelas tribos primitivas.
Certo dia, ao fazer ponderações sobre esta questão, veio-lhe a ideia de que se ele tivesse na água se afogando e conseguisse aproximar-se de uma jangada e se segurasse firmemente a ela, ele seria salvo. Assim ele pensou: “Imagine se em vez da jangada eu segurasse somente um punhado de folhas?” Com aquela ideia veio a conscientização de que o mesmo Espírito presente na jangada também estava presente nas folhas, e que aquele Espírito que o sustentaria não se encontrava nem na jangada e nem nas folhas em si, mas encontrava-se no Espírito em Si.
Se você compreender este ponto, irá notar que o poder, a substância e a vida nunca estão no efeito, mas sempre estão no Espírito em Si, a lei que produz o efeito. Uma vez notado que o suprimento não está em nenhum efeito, mas sim no Espírito, teremos o segredo de Jesus, da multiplicação de pães e peixes. E então será visto que o mesmo Espírito sustentador Se faz presente tanto em um dólar quanto em um milhão. Quando estava na cadeia, João Batista ficou a pensar se o Mestre realmente era o Cristo, e enviou-lhe a pergunta: “És tu aquele que havia de vir?” (Mateus 11: 3), ao que Jesus respondeu:
Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que se não escandalizar em mim. (Mateus 11: 4-6)
Se o princípio que realiza os milagres não for percebido, a verdade real estará perdida, e se você não perceber o princípio que realiza suas curas, nada irá receber além de um alívio temporário. É preciso que você compreenda que não é a “jangada” que o sustém, mas sim o Espírito de Deus aparecendo como jangada.
O ESPÍRITO ESTÁ NO ÂMAGO DE TODO EFEITO
Eddie Rickenbacker provou este princípio quando foi capaz de sentar-se quietamente, sem mesmo dizer o que sabia aos seus amigos no barco, e teve seu alimento voando em sua direção, peixe pulando para o barco e a chuva caindo de um céu sem nuvens. Ele demonstrou não ser o alimento ou a água, mas o Espírito de Deus – Onipresença, Onipotência, Onisciência – é que aparece a ele como pássaro, peixe e água, o Espírito de Deus aparecendo como a coisa necessária no momento. Nunca volte a olhar para o mundo ou para “coisas” achando estar necessitando de algo. É o onipresente Espírito de Deus que supre a necessidade, e se for preciso que apareça como dinheiro, aparecerá; se for na forma de alimento, saúde, lar ou companhia, aparecerá. A forma não faz nenhuma diferença, desde que exista a consciência de que a substância da forma é Espírito. A substância de toda forma é Espírito, e o Espírito é onipresente como cada um de nós, apenas aguardando o nosso reconhecimento. Deus é onipresente, mas Deus deve ser reconhecido, pois é o consciente reconhecimento do Espírito de Deus que faz com que Ele Se torne manifesto na forma necessária para o momento.
Uma vez de posse da conscientização de que Deus, Espírito, é a consciência do ser individual e que nada existe separado dessa consciência, notaremos que somos sustidos pelo Espírito de Deus presente nas “folhas” ou na “jangada”, que o Espírito de Deus na moeda é que pagaria a nossa passagem para algum lugar do mundo, que o Espírito de Deus nos pães e peixes é que alimentaria as cinco mil pessoas. Devemos começar a perceber que o suprimento não está no dinheiro, mas no Espírito de Deus que o produz. Isto nunca deve ser esquecido. Não devemos colocar nossa dependência em dinheiro ou ações, mas sempre no Espírito de Deus que os conduz até nós. Se perdêssemos tudo que possuimos num único sopro, aquele mesmo Espírito poderia produzi-lo novamente para nós. Enquanto não nos tornarmos unos com o Espírito de Deus aparecendo como efeito a ponto de nunca mais sermos tentados a acreditar que o poder está no efeito, não encontraremos o Espírito de Deus operando em nossa experiência e permaneceremos sob as flutuações do plano humano, tendo muito hoje e nada amanhã.
Até que haja uma consciência e reconhecimento do Espírito de Deus como a substância, poder e lei de todo efeito, será como se o Espírito de Deus não existisse. Há uma só maneira de experienciarmos a presença e poder de Deus, e esta é através do reconhecimento e conscientização de que o Espírito é a realidade de tudo aquilo que aparece, porém sempre com a compreensão de que a aparência em si não é realidade. O interesse pelo efeito persiste somente enquanto houver a crença de que o poder, a lei e a realidade estejam no efeito. No momento em que existir uma conscientização de que a Consciência, o Espírito de Deus, aparece como efeito, o interesse pelo efeito desaparecerá.
Deixemos que nosso lema seja: Reconhecer o Espírito como o âmago de todo efeito. Não dependamos de pessoas ou coisas, mas coloquemos toda a dependência no Espírito. Observe o Espírito, a Consciência, aparecendo como efeito – a sua consciência aparecendo como forma.
Cont...
Caro Amigo Gustavo!
ResponderExcluirExcelente este capítulo 3!...
Como dizia Viktor Frankl,"a Presença de Deus (normalmente) é ignorada".-aliás é o título de um de seus livros.
A Substância ("pano de fundo")sendo invisível à mente comum, é como se não existisse mesmo!
Mas...o Belo, o Real,"Aquilo" -que subjás-, "aparece COMO 0 "tudo fenomenal".
Consciência é tudo o que Há.
Tudo (sem aspas)É Consciência.
E só Consciência/Espirito É.
Grato por essas postagens!
Reverências!
Agradeço pelas palavras, e também por sua constante presença e participação aqui, SERgio.
ResponderExcluirRealmente, só a Consciência É. Ela é aquele "pano de fundo" que parece não existir. Mas é para a mente que parece não existir. A Consciência em si é infinita, e Joel Goldsmith frequentemente refere-se a ela como sendo o "Infinito Invisível", ao qual devemos aprender a recorrer. É o Infinito Invisível que aparece como cada ser e forma existente.
Grande Abraço!
Reverências!