sexta-feira, janeiro 10, 2014

Iluminação - Adyashanti


- Núcleo - 

Divinos personagens,

Mais uma vez, um vídeo evidenciando que Eu "apareço como", desta vez como o divino personagem desperto Adyashanti.

Notem que este divino personagem usa o termo "estado natural" para descrever a percepção da Consciência, percepção sem a lente do ego; sem lente mental.

Com esta percepção tudo é claramente perceptível como Eu "aparecendo como"!

Esta visão do Real sem distorções revela a glória divina, a qual se referiu Jesus como "Minha Glória", assim:

"Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo." (João 17:24)

Na página 140 do livro "Despertar Espiritual", de Masaharu Taniguchi, está escrito: Muitas pessoas pensam que "jobtsu" significa "tornar-se um buda", mas o significado verdadeiro é "ser buda desde o princípio". 

Em continuidade, Masaharu Taniguchi escreve algo em perfeita sintonia com o ensinamento compartilhado no Núcleo: de que somos todos "seres conscienciais" e que estamos vivendo na "Realidade consciencial", a "Consciência do Ser", o Ser único, que é nossa própria Verdade e Realidade.

No texto que se segue, a "Realidade consciencial" é chamada de "Terra Pura" (expressão do budismo); e os seres conscienciais são denominados "seres búdicos". Nossa real identidade é a de seres conscienciais ou búdicos e estamos desempenhado papéis na "representação", chamada no texto de "palco do mundo fenomênico". O que gera a identidade de nossos personagens é a mente, que é a máscara que vela nossa real identidade. Com a lente mental, chamada por Adyashanti de "lente do ego", entramos num estado alterado de percepção pelo qual nos vemos como seres individualizados e dotados de uma identidade separada do Ser Real, uma identidade distinta de Quem Somos. Feita essa observação, atentem ao que escreve Masaharu Taniguchi: 

O sábio monge budista Dogen ensinou que "todos os seres dotados de Vida possuem a natureza búdica". Todos somos seres búdicos desde o princípio, e se as bençãos não nos aparecem é apenas porque desconhecemos essa Verdade. Em "Anotações sobre Dainichikyo" (Mahavairocana Sutra) o grande mestre Kobo escreveu: "Todas as pessoas possuem diversos poderes que fazem parte de sua natureza verdadeira. Mas, por ter a mente obstruída pela ilusão, desconhecem essa verdade e, por essa razão, não conseguem promover a manifestação dessa força latente"

Somos todos seres búdicos desde o princípio. Podemos dizer que cada um de nós é um grande artista ou um grande dramaturgo, autor de inúmeras peças teatrais. Na realidade, nunca sofremos nem nos afligimos, mas, no "palco da vida", criamos diversas tragédias e as mostramos para as "plateias". O que acontece no palco não é real; é apenas uma encenação do ator. Nós, seres humanos, usamos "atores mentais" para apresentar no palco chamado "mundo fenomênico" cenas de acontecimentos fictícios. Por trás desse palco existe o mundo verdadeiro, o paraíso búdico. Na Sutra do Lótus existe um trecho do seguinte teor: "Mesmo quando chegar o dia em que o tempo da humanidade parecer ter se esgotado e este mundo estiver ardendo em chamas, a nossa Terra Pura, repleta de seres celestiais, permanecerá pacífica e aprazível". Podemos dizer que, mesmo quando estiverem sendo travadas batalhas sangrentas no "palco do mundo fenomênico", por trás desse palco existe o mundo real. Ou seja, o mundo da Imagem Verdadeira, e ali todos os protagonistas conversam alegremente em perfeita harmonia. 


No mundo da imagem Verdadeira não existem pessoas más nem coisas ruins, mas ela parecem existir no "palco do mundo fenomênico". Atuamos nesse palco usando a mente como intérprete. Aos olhos físicos, as cenas apresentadas no palco parecem reais. Mas nem as doenças, nem os infortúnios, nem as calamidades, nem a decrepitude, nem a morte existem de verdade. O que existe de verdade é unicamente o mundo da Imagem Verdadeira. Aqui e agora, já existe o paraíso. No entanto, não o enxergamos. Por isso, é necessário efetuar com frequência a prática meditativa que consiste em fechar os olhos, por um momento, para as coisas do mundo fenomênico e contemplar a Imagem Verdadeira. Caso contrário, tendemos a ver como realidade os aspectos ilusórios do mundo fenomênico. Na seita Shingon é realizada a prática meditativa denominada Ajikan, e na Seicho-No-Ie praticamos a Meditação Shinsokan, que consiste em contemplar a Imagem Verdadeira do mundo e do ser humano, que é perfeita e totalmente livre. A Imagem Verdadeira do ser humano não é matéria, não é corpo carnal. Somos existência espiritual, somos budas em pessoa, somos seres búdicos mesmo sendo humanos - é assim que contemplamos a nós próprios.

              
Com este texto, a oração de Jesus pode ser percebida e desfrutada assim:

"Pai, aqueles que me deste [que faz chegar até Mim] quero que, onde Eu estiver [onde Eu, o "Ser consciencial" que se percebe em Unidade divina, estiver] também eles estejam comigo [que percebam nossa Unidade, tal como expressou "Eu neles e Tu em Mim"] para que vejam a minha glória [a visão do Real, visão da Unidade de todos os mundos e todos os seres] que me deste; porque tu me amaste [assim como amaste a todos] antes da fundação do mundo [antes que houvesse qualquer "representação"]. (João 17:24)

Nota: A palavra "antes" não tem o sentido de antecedência temporal, mas sim, o de algo que "está antes", que "está por trás", ou seja, algo subjacente. O sentido é o de que a Realidade divina é subjacente à "representação". Deus nos ama. É isto que Jesus está orando para que todos percebam! Deus nos mantém em Unidade em Sua própria Consciência e Realidade! Esta Realidade divina não se altera em razão da representação vista pela mente.

Enfim, Jesus orou que todos percebam a Verdade, a Realidade divina da qual ele percebe ser Um com Deus, e que sejamos Um com ele nessa percepção de unidade; e que partindo dessa percepção unitária a desfrutem e compartilhem! 

Masaharu Taniguchi disse: Não pensem que "jobtsu" significa "tornar-se um buda"; percebam que o significado verdadeiro é "ser buda desde o princípio"! 

O pensamento leva os personagens à pretensão de se tornarem budas "um dia", ou seja, num tempo futuro. A percepção de "Quem Somos" revela que todos somos budas desde sempre! 

Portanto, não partam do pensamento (que está na realidade da mente, ou seja, na representação; e que é tão ilusório quanto a mente). Partam da "percepção" consciencial (que está na Realidade da Consciência, que é a própria Verdade!)

Ao dizer: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim", Jesus está compartilhando a percepção de sua natureza e identidade divinas, não para se enaltecer diante dos demais seres humanos, mas para despertar neles a percepção de unidade.   

Jesus disse: "Eu e o Pai somos Um". Então, dizer que "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" também quer dizer: "Por sermos Um, o próprio Pai é o Caminho, a Verdade e a Vida".

E dizer "Ninguém vem ao Pai senão por mim", também quer dizer: "Ninguém vem ao Pai senão por Quem Eu sou".

Ao orar "Eu neles e Tu em Mim, para que sejam perfeitos em unidade", Jesus revela que não podemos perceber a nossa Unidade divina partindo de nossos pensamentos mas somente partindo da percepção divina que existe em nós, que é chamada de fé no ensinamento cristão. Assim, é pela fé - e não pela razão - que podemos "ir ao Pai". Essa fé na presença do Filho de Deus em nós é que nos leva ao Reino de Deus.

Esse é o sentido do "nascimento" do Filho de Deus em nós. É o fenômeno da transubstanciação da hóstia sagrada, que é tomada como o "corpo de Cristo" na percepção do Cristo em nós e de nossa unidade com ele, em cumprimento a sua oração: "Eu neles e Tu em Mim, para que sejam perfeitos em unidade". 

Que todos tenham essa percepção do "nascimento" do Filho de Deus em nós; que a desfrutem e a compartilhem entre todos.


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