Osho
"O homem não tem um centro
separado do centro do todo.
Há apenas um centro na existência; os
antigos costumavam chamá-lo de Tao, Dharma. Essas palavras agora se tornaram
antigas; então, você pode chamar esse centro de verdade. Há apenas um centro de existência. Não
há muitos centros, do contrário o universo não seria realmente um universo,
seria um multiverso. Ele é uma unidade, por isso é chamado de "universo"; tem
apenas um centro.
Mas é preciso meditar um pouco sobre
isso. Esse único centro é o meu centro, o seu centro, o centro de todo mundo.
Esse único centro não significa que você é desprovido de centro, esse centro
significa simplesmente que você não tem um centro seu.
Cada um pode reivindicar esse centro
como sendo seu. E, de certa maneira, ele é o seu centro mas não é apenas seu. O
ego surge com a afirmação " O centro é meu, só meu. Não é o seu centro, é o meu
centro; sou eu". A ideia de um centro separado é a raiz do ego.
Quando uma criança nasce ela chega com
um centro próprio. Durante nove meses no útero da mãe ela funciona com o centro
da mãe como o sendo o seu centro; ela não é separada; aí ela nasce. Então é utilitário pensar
em si mesmo como tendo um centro separado; do contrário a vida vai se tornar
muito difícil, quase impossível; Para sobreviver e para lutar pela sobrevivência
na luta da vida, todos necessitamos de alguma ideia de quem são. E ninguém tem
nenhuma ideia. Na verdade ninguém pode ter nenhuma ideia, porque no âmago mais
profundo você é misterioso. Você não pode ter nenhuma ideia disso. No âmago mais
profundo você não é um indivíduo, você é universal.
Por isso se você perguntar a Buda:
"Quem é você?". Ele vai permanecer em silencio, não vai responder. Ele não pode
porque agora ele não está mais separado. Ele é o Todo. Mas na vida corriqueira,
até Buda tinha de usar a palavra "eu". Se ele sentisse sede, tinha de dizer: "Eu
estou com sede. Ananda traga-me um pouco de água. Eu estou com
sede". Para ser
exatamente correto, ele diria: "Ananda, traga um pouco de água. O centro
universal está com um pouco de sede". Mas isso pareceria um pouco estranho. E
dizer isso repetidas vezes – às vezes o centro universal está com fome, às vezes
o centro universal está cansado – seria desnecessário, absolutamente
desnecessário. Então ele continua a usar a velha palavra significativa "eu". Ela
é muito significativa: ainda que seja uma ficção, ela continua sendo
significativa; Muitas ficções são significativas.
Por exemplo, você tem um nome. Isso é
uma ficção. Você chegou sem um nome, não trouxe um nome com você – o nome lhe
foi dado. Então, pela repetição constante, você começa a se identificar com ele.
Você sabe que o seu nome é Sally, Rahim ou David. Isto está tão profundamente
arraigado em você que, se todas as três mil pessoas que estão aqui agora,
adormecerem e alguém chegar e chamar "Rahim, onde está você?", ninguém ouvirá,
exceto Rahim. Rahim vai dizer: "Quem me chamou?". Até mesmo no sono ele sabe o
seu nome; o nome atingiu o inconsciente, ele foi se infiltrando. Mas é uma
ficção.
Mas quando digo que ele é uma ficção,
não quero dizer que não seja necessário. É uma ficção necessária, é útil; do
contrário, como você iria se dirigir às pessoas? Se você quisesse escrever uma
carta para alguém para quem iria escrever? (...) Se ninguém tivesse um nome
seria difícil. Embora na verdade ninguém tenha um nome, ainda assim esta é uma
bela ficção, uma ficção útil.
Os nomes são necessários para os outros
poderem chamá-lo, o "eu" é necessário para você se referir a si mesmo, mas
também é uma ficção. Se você penetrar profundamente dentro de você, verá que
o nome desapareceu, a ideia de "eu" desapareceu; ficou apenas um puro Ser, uma
existência.
E esse Ser não é algo separado, não é
seu nem meu; Esse Ser é o Ser de Tudo. Rochas, rios, montanhas, árvores, tudo
está incluído. É totalmente inclusivo, não exclui nada. Todo passado, todo o
futuro, este imenso universo, tudo está ali incluído. Quanto mais profundo você penetrar em
si mesmo, mais descobrirá que as pessoas não existem, que os indivíduos não
existem. Então, o que
existe é uma pura universalidade.
Na circunferência nós temos nomes,
egos, identidades. Quando saímos da circunferência em direção ao centro, todas
essas identidades desaparecem. O ego é apenas uma ficção
útil. Use-o, mas não se
deixe enganar por ele."
Maravilhoso texto nuclear!
ResponderExcluirMeu divino Amigo, permita-me comentá-lo. Os comentários estarão entre chaves [...]
"O homem não tem um centro separado do centro do todo.” [Perfeito! O centro ou núcleo do homem/personagem é o centro ou núcleo do todo/Ser]
Há apenas um centro [apenas um núcleo] na existência; os antigos costumavam chamá-lo de Tao, Dharma [Quem Eu Sou também o chama de Núcleo...] Essas palavras agora se tornaram antigas [Então, Núcleo é uma palavra mais recente, mas o sentido e a essência são os mesmos; entra século e sai século e uma rosa permanece sendo uma rosa... qualquer que seja o nome que a dêem...] então, você pode chamar esse centro de verdade [ é também uma boa palavra, mas a palavra “núcleo” sugere um sentido de direção a seguir, por exemplo, se digo: Vá para o núcleo!] . Há apenas um centro de existência. Não há muitos centros, do contrário o universo não seria realmente um universo, seria um multiverso. Ele é uma unidade, por isso é chamado de "universo"; tem apenas um centro. [Mesmo que o universo físico/a “representação” seja vista como um multiverso o núcleo continua sendo único e o mesmo porque o “núcleo” está fora dos limites da representação. ]
Mas é preciso meditar um pouco sobre isso. Esse único centro é o meu centro, o seu centro, o centro de todo mundo. Esse único centro não significa que você é desprovido de centro, esse centro significa simplesmente que você não tem um centro seu. [perfeita descrição! O núcleo é algo impessoal.]
Cada um pode reivindicar esse centro como sendo seu. E, de certa maneira, ele é o seu centro mas não é apenas seu [ não no sentido pessoal, mas em certo sentido ele é seu, é meu, pois, é de Quem Somos!]. O ego surge com a afirmação " O centro é meu, só meu. Não é o seu centro, é o meu centro; sou eu". A ideia de um centro separado é a raiz do ego. [A concepção de um ego é produto da “mente do personagem” que se vê separado de tudo e percebe de forma dual, o que possibilita experienciar a representação. Quando estamos conscientes disso a representação revela ser algo extraordinariamente divino! Ao contrário do que muito imaginam Deus não quer acabar com a representação. Se quisesse ela não existiria... E até mesmo Jesus orou nesse sentido: “Pai, não te peço que os tire do mundo (da representação), mas que os livre do mal.”]
Quando uma criança nasce ela chega com um centro próprio. Durante nove meses no útero da mãe ela funciona com o centro da mãe como o sendo o seu centro; ela não é separada; aí ela nasce. Então é utilitário pensar em si mesmo como tendo um centro separado; do contrário a vida vai se tornar muito difícil, quase impossível; Para sobreviver e para lutar pela sobrevivência na luta da vida, todos necessitamos de alguma ideia de quem são. E ninguém tem nenhuma ideia. Na verdade ninguém pode ter nenhuma ideia, porque no âmago mais profundo você é misterioso. Você não pode ter nenhuma ideia disso. No âmago mais profundo você não é um indivíduo, você é universal. [ Perfeito! Você É o Ser Universal! ]
Por isso se você perguntar a Buda: "Quem é você?". Ele vai permanecer em silencio, não vai responder. Ele não pode porque agora ele não está mais separado. Ele é o Todo. Mas na vida corriqueira, até Buda tinha de usar a palavra "eu". Se ele sentisse sede, tinha de dizer: "Eu estou com sede. Ananda traga-me um pouco de água. Eu estou com sede". Para ser exatamente correto, ele diria: "Ananda, traga um pouco de água. O centro universal está com um pouco de sede". Mas isso pareceria um pouco estranho. E dizer isso repetidas vezes – às vezes o centro universal está com fome, às vezes o centro universal está cansado – seria desnecessário, absolutamente desnecessário. Então ele continua a usar a velha palavra significativa "eu". Ela é muito significativa: ainda que seja uma ficção, ela continua sendo significativa; Muitas ficções são significativas.
ResponderExcluirPor exemplo, você tem um nome. Isso é uma ficção. Você chegou sem um nome, não trouxe um nome com você – o nome lhe foi dado. Então, pela repetição constante, você começa a se identificar com ele. Você sabe que o seu nome é Sally, Rahim ou David. Isto está tão profundamente arraigado em você que, se todas as três mil pessoas que estão aqui agora, adormecerem e alguém chegar e chamar "Rahim, onde está você?", ninguém ouvirá, exceto Rahim. Rahim vai dizer: "Quem me chamou?". Até mesmo no sono ele sabe o seu nome; o nome atingiu o inconsciente, ele foi se infiltrando. Mas é uma ficção.
Mas quando digo que ele é uma ficção, não quero dizer que não seja necessário. É uma ficção necessária, é útil; do contrário, como você iria se dirigir às pessoas? Se você quisesse escrever uma carta para alguém para quem iria escrever? (...) Se ninguém tivesse um nome seria difícil. Embora na verdade ninguém tenha um nome, ainda assim esta é uma bela ficção, uma ficção útil.
Os nomes são necessários para os outros poderem chamá-lo, o "eu" é necessário para você se referir a si mesmo, mas também é uma ficção. Se você penetrar profundamente dentro de você, verá que o nome desapareceu, a ideia de "eu" desapareceu; ficou apenas um puro Ser, uma existência.
E esse Ser não é algo separado, não é seu nem meu; Esse Ser é o Ser de Tudo. Rochas, rios, montanhas, árvores, tudo está incluído. É totalmente inclusivo, não exclui nada. Todo passado, todo o futuro, este imenso universo, tudo está ali incluído. Quanto mais profundo você penetrar em si mesmo, mais descobrirá que as pessoas não existem, que os indivíduos não existem. Então, o que existe é uma pura universalidade. [Muito bonito este parágrafo! Profundo, perfeito!]
Beleza de comentário, Allah Silvano! Muito obrigado!
ResponderExcluirO tema desse post me lembrou a tabela... mente do personagem vs. Consciência do Ser. Enquanto a mente é do personagem (cada personagem tem a sua), a Consciência é do Ser, ou seja, é única. Ao mesmo tempo que pertence a todos, ela é de ninguém (impessoal).
Grande Abraço!!
Namastê!